É com este género de situações que John Wagner nos aborda no prefácio deste livro, questionando-nos sobre como pessoas comuns, pessoas como eu e tu reagiriam em situações extraordinárias. Nas suas próprias palavras, sempre detestou introduções que divulgassem metade da estória, preferindo que os eventos sejam uma surpresa tanto para as suas personagens como para o leitor. E por isso é óbvio que nenhuma destas situações extraordinárias fazem parte de “A History of Violence”.
A estória tem início em uma pequena cidade no Michigan. Tom McKenna é um cidadão local, gere um pequeno restaurante, é casado e tem dois filhos, aparentemente uma pessoa comum como outra qualquer. Num determinado dia, a monotonia do dia-a-dia é quebrada quando dois indivíduos decidem assaltar o seu restaurante. Com uma arma apontada à cabeça, ele sabe que tem apenas duas escolhas, matar ou morrer. Tom não hesita em escolher a primeira.
Após o sucedido a vida de Tom nunca mais será a mesma, passando de simples cidadão a herói local, é constantemente perseguido pela atenção da imprensa, atenção essa que acabará por despertar um passado há muito esquecido.
No dia seguinte, três estranhos aparecem no restaurante à procura de Tom. Três mafiosos de Nova Iorque que reconheceram a sua foto na televisão. O mais velho, Mr Torrino, veste um fato preto e usa óculos escuros para tapar um olho ferido, segundo ele, Tom não é o homem que afirma ser, mas antes um antigo conhecido seu de nome Joey. Apesar de este negar qualquer ligação a esse homem, Mr. Torrino está bastante convencido do contrário, pois podem ter passado 20 anos desde a última vez que o viu e até a sua visão não ser a mesma de antigamente, mas o facto de tanto Tom como Joey terem perdido um dedo, leva-o a pensar de outra forma. Extasiante a cena
Durante este primeiro capítulo do livro observamos a pressão exercida na vida de Tom por estes três mafiosos que procuram desesperadamente provar se ele e Joey são ou não a mesma pessoa.
Porém, ao contrário do que possa aparentar, o objectivo desta estória não é o de descobrir se Tom é ou não a pessoa mencionada, isso é bastante claro desde o princípio, não estamos perante esse tipo de mistério, nem dos jogos psicológicos que lhes estão associados. Mas Tom tem de facto um mistério e isso sim é o que se pretende desvendar ao longo da narrativa. Algo aconteceu há muito tempo atrás e Tom tem uma estória por contar, a sua “História de violência”.
Em 2004 “A History of Violence”, foi adaptado ao grande ecrã pelas mãos do genial David Cronenberg e com argumento de Josh Olson. Usando o livro de banda desenhada como influência, mas sabendo respirar e viver fora dele, “A History of Violence” resultou numa obra cinematográfica sublime e em uma das melhores adaptações de uma novela gráfica ao cinema.
John Wagner é conhecido pelo seu trabalho em “Judge Dredd”, que curiosamente também já foi adaptado ao cinema, num filme protagonizado por Sylvester Stallone, onde infelizmente o produto final não foi tão positivo.
O desenho está a cargo de Vince Locke, artista que trabalhou em “Sandman – Brief Lives”, e que opta aqui por usar um desenho cru, a preto e branco, não enveredando pelo caminho óbvio do vermelho sangue.
Publicado originalmente em Rua de Baixo (Fevereiro de 2007) por José Gabriel Martins (Loot)
6 comentários:
Nunca li esta BD, mas o filme foi dos melhores que já vi.
_loot_ já lá deixei a critica do Avp2, depois dá lá uma saltada.
Abraço
Menphis: A estória do filme segue um caminho diferente do da BD, vale a pena dar uma vista de olhos às duas obras. Gostei desse aspecto, mais do que simplesmente copiar literalmente o que se passa no livro, mas claro que para resultar temos de ter um realizador que saiba o que faz e Cronemberg é um desses realizadores.
Mauro: obrigado já lá fui ;)
Abraços
eu acho que já vi esse filme. vi um filme no sbt com o virgo mortessen que tem um roteiro bem parecido com o que voçê descreveu sobre history of violence. eu achei esse filme muito bacana1 bem dirigido. e o virgo( o nome deve tá com a grafia errada me desculpem!) é um excelente ator!
eu acho que vi esse filme no sbt. a historia do filme parece com o roeiro da revista que voçe descreveu. o virggo morthessen trabalhava no filme.
Sim existe a adaptação desta BD para o cinema, pelas mãos do mestre David Cronemberg.
Adorei o filme e como dizes o viggo mortensen é excelente. As suas colaborações como Cronemberg têm-lhe dado grandes papéis, tais como em Eastern promisses.
Já agora o filme e a BD são bastante diferentes, a BD tem 3 capitulos e o filme só segue a linha do 1º capitulo depois muda de rumo. Vale a pena conhecer os dois.
Abraço e obrigado pelos comentários
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