sexta-feira, março 30, 2012

Ghost World - Special Edition



Por vezes sinto que obras que se focam na adolescência são vítimas de algum preconceito. Se é para e sobre adolescentes, então não vale a pena perder tempo com elas, pois não se tratam de obras com o peso e maturidade da idade adulta. Tal como muitas pessoas se esquecem de como é ser criança, parece que também se esquecem de como é ser adolescente. Pois bem, "Ghost World" é um livro de BD sobre a adolescência, mais especificamente sobre a fase final, e impossível de conter, em que se transita para a idade adulta. E, surpresa das surpresas (ou não), é excepcional.

Da autoria de Daniel Clowes, foi originalmente publicada na sua série de BD "Eightball" e corresponde aos números #11-18. Posteriormente foi compilada sob o nome "Ghost World"e é hoje o seu trabalho mais aclamado, o que certamente se deve em grande parte à sua adaptação cinematográfica realizada por Terry Zwigoff.

A história segue Enid Coleslaw e Rebecca Doppelmeyer, duas amigas inseparáveis que passam os dias a observar as pessoas da sua cidade sempre num tom cínico e crítico. Ao lê-las é impossível não sentir uma certa nostalgia de tempos que já passaram e não voltam. Ambas terminaram o liceu e ponderam o que fazer no futuro. Rebecca agarra-se à ideia de que as coisas não vão mudar, que ela e Enid irão manter-se unidas e continuar as suas vivências juntas, mas nada é para sempre e tal ilusão começa a quebrar-se cada vez mais quando esta descobre que Enid se está a candidatar para uma universidade fora da cidade, o que eventualmente as afastará de forma permanente.

Por muito que Enid se esconda por detrás das suas desculpas, apontando o pai como a única razão da sua candidatura. Por muito que ela tente convencer Rebecca de que também está motivada a manter a sua amizade inquebrável, a verdade é que tal está longe da realidade. Enid anseia por uma mudança na sua vida e por mais que ame a sua amiga, esta está terrivelmente associada ao passado com o qual pretende cortar. No final não dá para ter o melhor de dois mundos e Enid precisa de escolher qual o caminho que quer realmente seguir. As escolhas são uma constante da vida e nem sempre tomadas de ânimo leve, quem nunca sentiu na pele os seus receios e aquela vontade sonhadora de pegar nas malas e simplesmente partir?

Todos nós nos lembramos também das nossas grandes amizades de liceu, como terminámos e assegurámos uns aos outros que manteríamos contacto, que continuaríamos inseparáveis. Mas, as vivências do futuro levam-nos para sítios distintos e o afastamento tende a ser o percurso mais natural. O mais estranho é quando posteriormente e por alguma razão reencontramos esses antigos amigos, constatando o quão diferentes nos tornámos uns dos outros. Como é possível termos sido tão unidos e agora sermos tão díspares? Tão distantes? Talvez por isto mesmo Clowes tenha feito, em tom de brincadeira, possíveis encontros entre a Enid e Becca adultas e que podem ser vistos no início desta edição especial.

Uma das questões mais colocadas ao autor, só podia ter a ver com a forma como ele escreve tão bem duas mulheres adolescentes. Nas suas próprias palavras ainda deve, a algum nível, pensar como um adolescente inarticulado e que aparentemente a distãncia para uma versão feminina não é assim tão grande. Afinal de contas tanto Enid como Rebecca são versões da sua pessoa, principalmente a segunda. Enid é também inspirada em várias mulheres que conheceu, principalmente na sua esposa, Erika, a quem dedicou esta obra.

No que toca à coloração, esta sofreu várias alterações ao longo do tempo. Originalmente, ou seja, nos tempos de "Eightball", o autor experimentou trabalhar a história em tons de preto e azul e posteriormente preto e verde. Nesta versão toda a história se encontra com a tonalidade azul esverdeada e negra.
Em termos de traço as personagens também foram mudando à medida que o estilo gráfico de Clowes evoluía. Por isso mesmo, aquando da compilação, o autor alterou vários dos seus desenhos para manter assim uma coerência na obra.
Pessoalmente sou um grande fã do estilo deste autor, gosto muito da forma como retrata as suas personagens, assumindo por vezes um tom caricatural. A cor é algo bastante diferente do habitual e que dota a história com uma luz bastante pessoal, como se estivesse quase sempre a anoitecer.

Agora sobre a edição especial. Esta contém uma grande quantidade de material extra, em termos de páginas, consistem em cerca do triplo em comparação com a própria história. Desde apontamentos do autor, passando por uma grande galeria com várias ilustrações, tiras relacionadas com Enid (como a "Little Enid"), capas, esboços e páginas da BD a preto e branco ou rubylith.
Para terminar temos ainda material relacionado com o filme, tal como anotações tanto de Clowes como de Zwigoff, fotos, posters e, a cereja no topo do bolo, o guião do filme, na íntegra, o qual esteve nomeado para os óscares.

Para quem, como eu, adorar tanto a BD como o filme e todo o universo de Daniel Clowes, acho que o investimento nesta edição vale bastante a pena. Claro que o mais importante é ler a história por isso edição especial ou não, o que importa é partir à descoberta deste mundo fantasma.

A finalizar deixo aqui um vídeo com um preview desta edição.

quinta-feira, março 29, 2012

MONSTRA 2012

Mais uma edição deste festival de animação que passou. Ficam as memórias, para o ano há mais.
Para ler alguns apontamentos continuar aqui.

terça-feira, março 27, 2012

Grandes Duos da TV [7]


 
Christopher Moltisanti e Paulie 'Walnuts' Gualtieri (The Sopranos)


Christopher Moltisanti: We shoulda stopped at Roy Rogers.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: Yeah and I shoulda fucked Dale Evans but I didn't.


[Paulie and Christopher botched a killing and are now stranded in the woods]
Christopher Moltisanti: For all we know, he could be out there stalking us.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: With what? His cock?


[Christopher is urinating outside on Paulie's side of the van]
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: Ohhhh! Go do that by your own window! I don't wanna have to smell your piss all night!
Christopher Moltisanti: Fuck you, Paulie.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: What'd you say?
Christopher Moltisanti: You heard me.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: Don't make me pull rank on you, kid!
Christopher Moltisanti: Fuck you, Paulie! Captain or no captain, right now we're just two assholes lost in the woods.


Paulie 'Walnuts' Gualtieri: C'mon, Chrissy. All the shit we been through, you really think I'd kill ya?
Christopher Moltisanti: Yeah, I do.


Christopher Moltisanti: Russians? They're not all bad.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: How 'bout the Cuban Missile Crisis? Cocksuckers flew four nuclear missiles into Cuba, pointed them right at us.

Christopher Moltisanti: That was real? I saw that movie, I thought it was bullshit.

sexta-feira, março 23, 2012

Cosmopolis - Teaser Trailer


COSMOPOLIS - TEASER from Leopardo Filmes on Vimeo.

As primeiras imagens de "Cosmopolis" o mais recente projecto de David Cronemberg e produzido por Paulo Branco, apontam para um regresso ao Cronemberg Old School que tanto gosto. Adoro as suas novas incursões como "A History of Violence" ou "Eastern Promisses" mas ao ver estas imagens fiquei particularmente emocionado ou não fosse Cronemberg um dos meus favoritos.

Não pretendo comentar o filme baseando-me no trailer como parece que o novo programa do canal Hollywood vai ser, mas que estas imagens me aguçaram o apetite, sem dúvida. Aliás, criar expectativas ou previsões baseando-nos em trailers é uma arte praticada por muitos, criar um programa à volta disso é que é outra coisa totalmente diferente. Ao menos que fosse para ver quem acertou nas previsões, agora comentar filmes baseando-nos nos trailers... a sério é mesmo isso o programa?

Já agora, ouço muita gente dizer que este filme tem o Robert Pattison do "Twilight" mas daqui a 10 anos vai-se dizer que o "Twilight" é que tem o Robert Pattison do "Cosmopolis".

quinta-feira, março 22, 2012

MONSTRA 2012 - Sessão de Abertura


- Filme português, "Compositio III”, a homenagear a escola Bauhaus, ou não fosse este ano a Alemanha o país convidado;
- Dança e animação a trabalharem juntos no espectáculo "A Fábrica", fruto de um workshop planeado no festival do ano passado;
- Retrospectiva de Raimund Krumme, animador alemão, conhecido pelos seus jogos de perspectiva.

Este foi o programa que abriu, oficialmente, as portas para a MONSTRA. Os meus comentários podem ser vistos aqui.

quarta-feira, março 21, 2012

Cesário Verde - Antologia Poética

Uma vez que hoje é o dia mundial da poesia deixo aqui esta sugestão para preencher o dia. A antologia poética de Cesário Verde faz parte da colecção "13 luas" editada pela Faktoria K e cujo mote é:

"Treze poemas em cada livro,
treze poemas como treze luas,
como os treze poemas do calendário lunar.
A lua, esse ser cambiante que muda a sua face de
espelho circular. Senhora das marés, astro da
fecundidade. Ritmos lunares para dar medida ao
tempo, ao tempo poético."

A colecção teve início com Fernando Pessoa em 2009, seguindo-se por Florbela Espanca em 2010. A primeira vez que tive conhecimento desta colecção foi precisamente com este livro editado no final de 2011. Andava precisamente com Cesário Verde na cabeça, poeta que não lia há já muitos anos e que me apetecia revisitar para o conhecer melhor. Ao me deparar com esta edição não deixei escapar a oportunidade.

Outro factor que me chamou a atenção para o livro é que é ilustrado por José Manuel Saraiva. Um desenho por poema que decoram muito bem a poesia nele contida.
Cesário Verde foi uma espécie de cronista do seu tempo, relatando o quotidiano através dos seus poemas. Esta era de todas a sua temática favorita, deambular pelas ruas e vida das pessoas. Citadino mas eterno saudosista pelo campo foi um dos primeiros grandes poetas nacionais cujo trabalho era amplamente reconhecido e valorizado pelos seus futuros colegas entre os quais Fernando Pessoa. Digo futuros colegas porque tenho a sensação que foi mais um dos incompreendido no seu tempo.

Impressionista e romântico, entre as suas influências destaco o francês Baudelaire (nota mental, comprar Les Fleurs du Mal). Infelizmente foi mais uma vítima da tuberculose, tendo falecido em 1855 com apenas 31 anos.

Tenho de referir que este livro já é editado ao abrigo do novo acordo ortográfico. Nem me lembrei disso na altura que o comprei que esta se tratava de uma nova edição e por isso a escrita seria revisitada. O "pára" que é agora "para" continua a fazer-me comichão, mas seja nesta versão ou noutra fica a minha sugestão de ler Cesário Verde no dia de hoje e para isso aqui fica o link para um dos seus clássicos "O Sentimento dum Ocidental".

terça-feira, março 20, 2012

O Último Segredo


Muito se fala actualmente, para o bem e para o mal (mais para o mal), dos romances de José Rodrigues dos Santos, comparado por muitos aos de Dan Brown. Esta comparação surge na sequência dos seus thrillers religiosos e não é de todo descabida.

Até à data nunca tinha lido nada deste autor, mas nem que fosse para formar uma opinião pessoal sobre o seu trabalho, largamente falado, precisava de ter algum conhecimento. Acabei por decidir lê-lo quando "O último Segredo" foi editado. Escolhi este livro por algumas razões que se prendem todas com religião. A religião Cristã prende-me o interesse e é um assunto sobre o qual gosto de pesquisar e ter algum conhecimento em termos históricos.
Nesse sentido, este livro prometia conter algumas informações relevantes e "chocantes" sobre a Bíblia e uma ideia inovadora e teoricamente possível que iria abalar o alicerces do mundo se concretizada. José Rodrigues dos Santos pega nestas ideias todas e constrói uma história de ficção à volta delas, um dos problemas é que a história soa a uma desculpa só para mencionar tais ideias e o seu papel além de puramente secundário é irrelevante.

A trama tem início em Roma e faz-nos acompanhar o historiador português, Tomás Noronha, cujos serviços são requisitados por Valentina, uma investigadora da polícia judiciária italiana, a fim de resolver um assassinato de uma conhecida sua. A ajuda de Tomás prova-se ser crucial quando o português resolve hábil e facilmente um enigma deixado pelo assassino. A mensagem em questão tem um símbolo e uma palavra escritas numa folha em branco o qual a polícia não consegue ler. Que a polícia não tenha conhecimentos teológicos e linguísticos faz-me sentido, mas não terem sequer virado a folha ao contrário para verem que ALMA estava lá escrito já me parece muito rebuscado. Tal é descoberto apenas pelo português.
De resto continuamos a acompanhar Tomás e Valentina enquanto se movem pelo mundo tentando decifrar futuras pistas de futuros assassinatos. Essas pistas são todas voltadas para os supostos "erros" que se encontram na Bíblia.

Não gostei da escrita, o autor recorre constantemente ao facilitismo do adjectivo nas descrições, salvo um par de ocasiões em que estas são bem conseguidas. Os diálogos do Tomás Noronha são sofríveis, sempre que ele fala de outra coisa que não a Bíblia é um suplício. As suas constantes investidas de engate em Valentina estão a par com os famosos piropos da construção civil. Ela que também deixa muito a desejar enquanto personagem.
Os capítulos alternam muitas vezes entre os investigadores e o assassino de forma a criar tensão e a lembrar a velha dinâmica entre Langdon e Silas no "Código Da Vinci".
A própria investigação de uma forma geral me parece ser fracamente conduzida.

As partes mais interessantes acabam por ser as questões sobre as quais Tomás se debruça ao discutir os enigmas. Aparentemente o Novo Testamento tal como hoje se encontra escrito terá algumas adulterações quando comparado com versões mais antigas. Palavras alteradas e excertos acrescentados parecem ser alguns dos exemplos. Veja-se uma das mais famosas histórias de Jesus, que é a do apedrejamento e que segundo o historiador é forjada. Também a palavra virgem quando referenciada a Maria mãe de Jesus é algo que é colocado posteriormente, bem como outras passagens que têm o intuito de fazer a ponte entre Jesus e antigas previsões judaicas de forma a coroá-lo como o Rei dos Judeus e como o Messias, o Cristo.

A descrição de Jesus é por vezes diferente entre os quatro evangelhos. O que aqui se discute é que muitos dos segmentos que nos transmitem o Jesus que hoje é conhecido por "ter dado a outra face" são na realidade passagens acrescentadas ou alteradas e que na realidade os textos mais fidedignos são precisamente as passagens que mostram um Jesus conservador e mais ortodoxo em relação à religião judaica. Que Jesus era judeu e não cristão sempre me pareceu óbvio, o cristianismo é algo posterior a ele que supostamente foi fundando com base na sua mensagem. A surpresa será em ver um Jesus como um pregador apocalíptico cuja mensagem era preparar as pessoas para o Reino de Deus fazendo-as arrependerem-se e abdicarem das suas posses.

Hoje o mais importante no Cristianismo, penso que seja a mensagem de Jesus, aquela que é hoje professada, a que vem cortar com a do Velho Testamento afastando a imagem de um Deus castigador, mostrando-o antes misericordioso. Se esta era de facto a mensagem ou não, a verdade é que não teria sido suficiente para tornar o Cristianismo na religião que é hoje em dia, praticada pela maioria da população mundial. Haverá provavelmente mais factores mas vou salientar três sem os quais tal não teria acontecido. O primeiro é a ressurreição, verdadeira ou apenas mito, a verdade é que se Jesus não ressuscita o povo Judeu não o veria como o Messias. O segundo é São Paulo o apóstolo mais importante na propagação da mensagem, é graças a ele que se cortam determinadas ligações às práticas judaicas que afastavam outros povos da conversão, nomeadamente a circuncisão e a proibição da ingestão de carne de porco. A terceira razão prende-se com o Imperador Constantino que implementou esta religião em Roma. Há quem defenda até que parte dele a ideia de divinizar Jesus, até à altura apenas seguido como um homem, descendente de David e filho de Deus no sentido em que todos nós somos filhos de Deus, ou, na altura talvez apenas os Judeus, estamos a falar, afinal de contas, do "povo escolhido".

Apesar das várias citações do Novo Testamento usadas é sempre preciso contextualizar o que estamos a ler. Nada é mais perigoso que uma frase solta. No entanto, e do que me recordo do Novo Testamento há realmente muitas referências que levantam questões, sempre levantaram. No que toca às traduções mais antigas conterem outras palavras e por serem mais antigas, serem mais válidas, aí vou ter de confiar na pesquisa do autor até porque lhe reconheço maior valor enquanto jornalista e até porque nada do que aqui apresenta é novo e pode ser encontrado em livros técnicos. Isto lembra-me sempre que tenho mesmo de pegar na Bíblia e lê-la por completo.

Se esta parte é realmente a mais (única) interessante no livro, não deixa também de ficar a sensação de que o autor se estende muito nas suas explicações caíndo até na repetição. É um debitar de informação massivo cuja linguagem se justificaria mais num livro técnico.

Sobre o final, aquele que prometia ser épico, vou debruçar-me em seguida, até porque é responsável por arruinar tudo o que se passou para trás que já por si era frágil.


SPOILERS


A conclusão de "O Último Segredo" está associada a descoberta de um túmulo em Talpiot, Jerusalém, que continha 10 ossários e onde se crê que um deles é o de Jesus de Nazaré, mais conhecido hoje por Jesus Cristo. As razões prendem-se com os nomes presentes nos outros ossários que se crê serem os de José, Maria, Maria de Madalena e dois possíveis irmãos de Jesus. James Cameron produziu um documentário sobre esta descoberta, "The Lost Tomb of Jesus", para quem estiver interessado.

Nesta história ao analisarem os restos mortais de Jesus conseguem recuperar uma amostra de ADN. Encontram duas células danificadas, mas danificadas em locais diferentes conseguindo assim recriar uma célula completa que contém, como todas, o nosso código genético por inteiro.
A partir disto é fácil ver onde querem chegar. O plano é clonar Jesus (quando a clonagem humana for possível). Dizermos em voz alta estas palavras, "clonar Jesus", chamam claramente a atenção, mas será isto algo assim tão grandioso? Assumindo tal como no livro que seria possível.

O presidente Israelita de uma fundação em Israel é a personagem do livro que esboça este plano. A sua ideia é resolver os conflitos entre Israel e Palestina e quem melhor do que Jesus para trazer a paz ao mundo? Porém, quando começa a investigar a sua personalidade fica surpreso por descobrir que o homem do qual estamos a falar era um judeu ultra-conservador. Seria este homem, aquele que ele procura para trazer a paz?

Ora isto é totalmente descabido, um clone não é mais do que uma pessoa como o mesmo código genético de outra, a clonagem tem ocorrido desde os primórdios dos tempos quando as pessoas têm gémeos por exemplo. Não estamos a falar de um Jesus que nasceu há 2000 anos atrás. Que tipo de preocupações são estas vindo de um suposto líder de uma organização de investigação?
Tudo bem que logo em seguida alguém corrige esta ideia constatando o óbvio. Jesus foi um produto da sua cultura tal como este clone será um produto da actual. Agora a ideia é outra, ao clonar Jesus iria-se educá-lo de forma a servir os propósitos desta fundação que até aqui aparentam ser totalmente altruístas. Admito que se dissermos que um clone de Jesus vai falar, as pessoas são capazes de parar para ouvir, apesar de... não ser Jesus. A não ser que ele comece a replicar pães (adeus fome no mundo).

Podíamos ficar por aqui, mas a insistência em tratar o clone como um Jesus Cristo com memórias de há 2000 anos atrás persiste. Há duas organizações que se aliam para destruir este projecto, uma judaica e uma cristã. A cristá, a P2 (Propaganda Due), não quer a existência deste clone porque se Jesus tem conhecimento daquilo em que a igreja católica se tornou iriam haver problemas... Novamente, será que têm noção do que é um clone?
A minha visão é muito científica reconheço, como seria este acontecimento visto pelo olhos de alguém crente? Se "o" filho de Deus fosse clonado, veriam-no como a um Deus? Membro da santíssima trindade e por conseguinte o mesmo Jesus, com a mesma alma? Provavelmente até poderiam considerar o acto como herético.

O pior ainda acho que é quando descobrimos que Valentina pertence à P2 e sabia desde o início qual a fundação que estava à frente deste projecto. A única informação que lhe faltava era o local onde guardavam a amostra de ADN. Tudo isto deita por terra a investigação conduzida. Os 3 assassinatos, a ajuda de Tomás Noronha, tudo isto é completamente desnecessário, uma manobra muito rebuscada para descobrir onde se encontra o Santo Graal da genética. Valentina que trabalha em conjunto com um membro da polícia israelita podia arranjar formas muito mais simples, rápidas e limpas de ameaçar o presidente da fundação a revelar pura e simplesmente onde está a amostra. Toda a história se torna completamente obsoleta no final.
Por falar em final, o típico clichê em que o vilão revela o plano ao herói, aqui é levado a um outro nível de absurdo.

Mas, ainda há mais. Então membros de organizações tão distintas e poderosas acham que só haveria uma amostra? Não acham que ao recuperar o ADN, não iriam replicar a célula guardando várias amostras em locais distintos, uma vez que se trata de algo tão importante?
Talvez por ter algum conhecimento científico em relação a estas questões esteja a ser mais exigente, pois pessoalmente acho as acções destas personagens francamente descabidas.

Concluindo, acho que o livro recorre a vários artifícios, explora temas sensíveis para se fazer passar por algo grandioso, quando na verdade, se olharmos com atenção, vemos que é tudo menos isso.

segunda-feira, março 19, 2012

The Uncanny X-Men: The Dark Phoenix Saga


Serão muitas, mas "The Dark Phoenix" conquistou definitivamente o seu lugar como uma das sagas mais clássicas da Marvel em geral e dos X-Men em particular.

Actualmente a Phoenix Force é conhecida como uma das mais poderosas forças cósmicas do universo Marvel, sendo descrita como: "The embodiment of the very passion of Creation – the spark that gave life to the Universe, the flame that will ultimately consume it" [1]. Trata-se de uma manifestação da força universal da vida e da paixão, imortal e, quiçá, além do Criador, invencível. Porém, nem sempre foi assim.

Originalmente a entidade Phoenix, criada por Chris Claremont e Dave Cockrum em 1976 é na sua génese, pura e simplesmente, uma mulher, uma mutante, de seu nome, Jean Grey. Quando Jean atinge o seu potencial máximo, torna-se neste ser de pura energia, renascendo como a Phoenix. Tal ocorre quando os X-Men regressavam de uma missão espacial e Jean pilotava a nave danificada. Estando a morrer devido à radiação de uma explosão solar à qual foi exposta, Jean dá tudo por tudo para salvar Cyclops e os seus amigos e é aqui que o seu poder é levado ao extremo. Quando emerge victoriosa da sua tarefa, já não é a Marvel Girl que temos à nossa frente, mas a Phoenix. Num estalar de dedos Jean deixa de ser o membro mais fraco da equipa para se tornar o mais poderoso [2].

É muito importante ter estes conceitos ao ler estas histórias porque mudam significativamente a nossa percepção da leitura. É que a possessão de Jean Grey por uma entidade cósmica, a Phoenix Force (tal como é considerado oficial hoje em dia), torna todas as suas acções nesta história desculpáveis. Se tivermos em conta que na altura Chris Claremont e John Byrne escreveram isto apenas com a Jean Grey em mente, mesmo que uma Jean levada à loucura pela imensidão do seu poder, as coisas são totalmente diferentes e o final muito mais trágico.


Assim fica muito mais clara a importância que esta história teve na década de 80. Os X-Men foram muito importantes, neste género de BD, ao introduzirem fortes personagens femininas e heróis humanos, com falhas, tal como tu e eu. "The Dark Phoenix" foi mais um desses marcos na História desta editora e que ainda hoje é relembrada como um dos seus pontos altos. Na sua génese estamos perante uma história que aborda a corrupção pelo poder, como Jean Grey se deixa consumir por uma força demasiado poderosa para ela conter e como isso afecta a sua vida e a de todos. É curioso constatar, no entanto, que apesar de originalmente a Phoenix se tratar apenas de Jean Grey nem todos olhavam para ela da mesma forma. Já durante este arco um dos autores, John Byrne afirmava ver a personagem de Jean como um ser possuído por uma outra entidade, que não simplesmente o seu lado negro. E tal visão acaba por fazer-se sentir ligeiramente ao ler a história.

Os membros dos X-Men, durante esta fase são: Cyclops (o líder), Phoenix (Jean Grey), Wolverine (o melhor naquilo que faz), Colossus (o tanque metálico), Nightcrawler (o demónio azul) e a bela Storm (deusa do tempo). As personagens com que estamos a lidar fazem toda a diferença numa história e felizmente estamos perante um dos tempos mais gloriosos desta equipa, até porque o Beast (nesta altura Avenger), um dos meus favoritos, também surge a dada altura tal como o Angel. Ficou só a faltar o Iceman para vermos os membros originais reunidos. O ausente professor Xavier, também regressa neste arco à equipa. O seu afastamento dos X-Men fragilizou-lhe a auto-confiança e ego, fazendo-o comportar-se por vezes de uma forma bastante infantil, nomeadamente com o seu protegido, Cyclops. Felizmente há medida que a história progride também a personalidade de Xavier.

Podemos dividir "The Dark Phoenix Saga" em duas partes. A primeira prende-se com o arco do "the Hellfire Club" que faz aqui a sua primeira aparição dos X-Men, um grupo de poderosos mutantes que usam as suas ligações para reunir poder. Hoje em dia são um grupo que dispensa apresentações e escolhido para integrar o mais recente filme desta saga, "X-Men: First Class".
Jason Wyngarde, misterioso membro deste clube elitista tem a seu cargo o controle do membro mais poderoso dos X-Men e que seria uma mais valia para o clube. Wyngarde é na realidade um antigo vilão bem conhecido desta equipa e que usa os seus dotes para manipular a mente de Jean de forma a ela acreditar que é a sua mulher e a Black Queen do Hellfire Club. Porque a White Queen é um cargo já ocupado por Emma Frost (mal ela sabe aqui que um dia irá estar lado a lado dos X-Men e a partilhar a cama com Cyclops).
Jean por sua vez vai sentido estas interferências na sua mente, mas quando ocorrem fica impotente acreditando em tudo que Wyngarde lhe diz. Os seus poderes são também cada vez mais incríveis, através da sua telequinésia é capaz de ordernar os átomos na forma que quer alterando assim a matéria. Cyclops teme pela vida da sua amada sempre que a vê usar os seus poderes a um nível tão divino.


Durante este arco temos alguns momentos muito interessantes, uma vez que mostram as primeiras aparições das futuras X-Women, Kitty Pride (Shadowcat) e Alison Blaire (Dazzler). Ambas acabam por ter um papel importante no primeiro arco, especialmente Kitty com apenas 13 anos, ainda que não seja desta que integram a equipa.
O confronto com o Hellfire Club é também um grande momento de aventura. É a primeira vez que tanto nós como os X-Men têm conhecimento do que Sebastian Shaw e companhia são capazes o que a início dificulta os heróis. Wolverine é talvez o X-Men que brilha mais nesta parte tendo até um monólogo digno de Dirty Harry. Atente-se que em toda a história nunca fazem sequer uma única menção ao seu factor de cura, o seu poder mutante mais relevante, estamos portanto bem distantes dos tempos actuais em que este é usado até à exaustão.

No final acaba por ser graças à força do amor de Jean por Cyclops que ela quebra a interferência de Wyngarde, mas estragos maiores foram feitos e parecem ser agora irreversíveis. Uma nova personagem emerge da mente de Jean auto intitulando-se de Dark Phoenix e ao contrário da antiga, esta não se preocupa com nada além da sua fome por poder.
Wolverine é de todos o primeiro a ver que esta nova personna a não se trata mais de Jean Grey e por isso o primeiro a ter noção do que é necessário fazer. Porém, sempre que a Phoenix se mostra como Jean, Logan hesita. Ele não é capaz de matar a mulher que ama e sabe-o. É curioso vê-lo, no futuro, a colocar esta missão nas mãos de Colossus. O problema é que o coração de Colossus é demasiado puro para este atacar a sua velha amiga de forma letal. E na realidade qual o X-Men que é capaz de o fazer?

Xavier, que se trata de um dos mais poderosos telepatas da Terra, acaba por ser o único a conseguir acalmar a Phoenix ao esconder a sua personalidade negra na mente de Jean. Mas, quanto tempo isto durará? Os X-Men estão dispostos a correr o risco, mas o Império Shi'ar, após assistir à devastação causada pela Phoenix, não.
É nesta aventura que a tropa real dos Shi'ar enfrenta o X-Men num confronto pela vida de Jean Grey. A tropa real Shi'ar, não são meros adversários, prova disso é o seu líder, o confiante Gladiator, uma espécie de Superman do universo Marvel.

Conseguirão os X-Men salvar um dos seus? Pior ainda, existe salvação possível para um ser como a Dark Phoenix? A resposta está aqui, naquele que é uma das melhores e mais grandiosas aventuras deste grupo de mutantes.

Algumas coisas que nos chamam imediatamente a atenção ao iniciar esta leitura é a forma como esta história é contada, bem diferente da BD mais moderna. Falo especificamente da existência de um narrador. Em "The Dark Phoenix" os autores narram todos os passos do enredo e quando digo todos são mesmo todos. O simples acto de Wolverine libertar as suas garras tem de ser mencionado ou na narração ou pela personagem. Ora a utilização de imagens que mostram isso tornam essas notas obsoletas e hoje em dia é uma prática que deixou de existir. Os desenhos são também diferentes, estamos numa época mais tradicional onde os programas digitais não eram tão privilegiados. Byrne o artista a cargo do desenho tem aqui mais um dos seus notáveis trabalhos e por isso não é de estranhar que, hoje, o seu nome dispense qualquer tipo de apresentações.


Como é comum, nenhum dos autores envolvidos fazia ideia na altura das repercussões que esta história viria a ter. Tanto Claremont como Byrne estavam apenas entusiasmados a escrever mais uma grande aventura dos X-Men e uma das razões que a tornou tão épica, o final, nem sequer fazia parte dos planos originais.
Como considero interessante contextualizar todo este cenário vou debruçar-me sobre este assunto em seguida e para isso terei de revelar o final. Penso que a grande maioria, mesmo quem não tenha lido a história, já o conhecerá. Contudo, tal como Stan Lee diz no prefácio da edição que li, não vou arriscar a arruiná-lo para ninguém. A partir daqui avance quem quiser.


[SPOILERS]


A ideia dos autores por detrás da criação da Phoenix era a de dar um "peso pesado" à equipa dos X-Men, aquilo que o Thor é para os Avengers. Só que no feminino uma vez que a maioria dos heróis mais poderosos eram masculinos.
O problema é que a personagem foi ficando cada vez mais poderosa e isso levantava problemas, na opinião de Byrne e do editor Jim Salicrup. "The Dark Phoenix Saga", como viria a ser apelidada no final, é a história que lida com essa questão, a de como o poder de Jean ficou demasiado grande para um ser humano conseguir suportar e como esse poder a levou à loucura, a levou à criação do seu lado sombrio, a Dark Phoenix. É de realçar, no entanto, que o vilão Mastermind teve um papel a desempenhar nesta conversão ao mexer com a mente de Jean.
Porém, nunca a Claremont e Byrne passou pela cabeça matar Jean Grey no final da história. A ideia seria tirar-lhe os poderes a este nível divino para assim integrar novamente os X-Men como sempre havia feito.

Só que algo aconteceu entretanto, Byrne, a dada altura teve a ideia de colocar a Phoenix a consumir um sol que resultou na morte de um sistema solar que era habitado. A doce Jean era agora responsável pela morte de um planeta inteiro com vida inteligente. Após ter lido isto e conhecimento do final planeado, o editor Jim Shooter não o aceitou. Na sua opinião Jean tinha de ser tida como responsável pelos seus actos. Claremont que na altura não ficou contente com isto procurou formas de alterar a história. Uma delas seria ter Jean a ser julgada pelo Império Shi'ar e condenada. Contudo, os X-Men jamais deixariam de lutar por ela. A única conclusão estava à vista de todos, por mais que custasse, Jean tinha de morrer [3].

Na altura havia também uma grande discussão à volta da personalidade da Jean Grey e da Phoenix. como referi na sua génese a Phoenix e a Jean foram criadas para serem uma única entidade. Porém, há medida que a história de "The Dark Phoenix" progride esta visão vai sendo colocada em questão. Byrne por exemplo via a Dark Phoenix como uma outra entidade que possuía Jean Grey. Isto nota-se bem na história, a dada altura parece que os próprios X-Men espelham a personalidade dos autores. Wolverine é como Byrne e separa Jean da Phoenix, Claremont como Colossus que reconhece o poder destrutivo que a Phoenix causou mas mesmo assim prefere lutar com amor e salvar a sua colega e Shooter que é mais como a Storm, ama a personagem mas não consegue ultrapassar o resultado dos seus actos, os quais abomina e vão contra tudo o que acredita.

Se de facto Jean e Phoenix fossem entidades separadas esta era a razão perfeita para desculpabilizar a personagem dos seus actos, mas Shooter não a via assim e não abdicou da sua decisão. A história é muito boa e o final culminando na morte de Jean muito mais intenso, ela suicida-se num breve momento de sanidade pois tem noção do quão perigosa se tornou e de como os seus amigos se recusam a fazer o que é necessário.

O problema aqui é que nesta altura matar uma personagem tinha mais impacto do que hoje em dia em que já ninguém acredita que a morte é eterna na BD. E Jean era uma personagem amada que muitos queriam ver regressar.
Muita conversa foi gerada em torno de um possível regresso, novamente, para Shooter a única maneira de Jean regressar era arranjar forma de a absolver dos seus pecados. Foi então em 1986, passados 6 anos da morte de Jean, que se tornou oficial a existência da Phoenix Force como uma entidade separada e a trouxeram de volta à vida.

Não chegava ficar por aqui? A existência de uma entidade que possui Jean não é suficiente para justificar a sua inocência? Para mim a resposta é um grande sim. Até porque o final continua a ter impacto uma vez que os X-Men desconhecem tal facto. Mas, infelizmente, não foi para todos. E por isso além desta decisão foi "inventado" que quando a Phoenix Force possuiu a Jean, após esta aceitar a sua ajuda para salvar os seus amigos, criou uma cópia do seu corpo deixando o original num casulo a curar-se dos ferimentos. A Phoenix Force faz com que esta "cópia" da Jean possua a essência da original que acredita tratar-se do seu verdadeiro corpo. Concluindo, todos os actos em "The Dark Phoenix" são protagonizados por um clone de Jean Grey possuído pela Phoenix Force, o que foi quanto a mim uma decisão bastante infeliz e desnecessária [4].



Nota: "The Dark Phoenix Saga" compila os números 129-138 dos "The Uncanny X-Men" editados originalmente em 1980.

sexta-feira, março 16, 2012

quinta-feira, março 15, 2012

JLA: #1-6 (New 52)


Este foi o livro que mais me fez questionar os problemas relacionados com o reboot da DC Comics. Problemas porque a editora não fez um reboot total pelo que sei. Falo de Green Lantern e Batman por exemplo. Todos os títulos relacionados com o Green Lantern parecem estar no universo antigo, seguindo os eventos após "Blackest Night" e "Brightest Day". No caso do Batman também parece estar tudo igual excepto com Stephanie Brown e Barbara Gordon que agora voltou a andar mas sem nenhum tipo de explicação.

Tal como "Superman", "Wonder Woman" entre muitos outros, esta Justice League of America (JLA) faz parte do famoso reboot e é de todos os comics que li o único que começa mesmo do zero, ou seja, com a formação da equipa algo que muitos gostarão de ler. O que me faz pensar, terá este novo Hal Jordan a ridícula fraqueza à cor amarela como nos tempos antigos? Ainda não se sabe mas dúvido, uma das melhores coisas que fizeram quando criaram o Kyle Ryner foi verem-e livres disso. Porém, Geoff Johns até soube dar uma boa utilização a essa fraqueza, falo de Parallax e esta entidade mantém-se no universo do Green Lantern. Isto tudo para dizer que é estranho ter dois Hal Jordan's distintos, um na JLA e outro no título dos lanternas. E quando decidirem misturar histórias não complicará? Ou então serão abordados como universos paralelos, como me parece que vá ser o caso da JSA que terá as suas aventuras noutro universo tal como foi no passado antes da "Crisis on Infinite Earths", sim o multiverso está de volta. Dá-me a sensação que estamos perante dois universos DC actualmente, o do reboot e o antigo, fica a questão se os estão a pensar fundir num só ou não. Por exemplo, as histórias da série do Batman poderiam estar a decorrer num futuro em relação a estas e assim não alterando nada do Morcego ele pertenceria a este novo universo. O mesmo para o Lanterna, apesar de me parecer mais complicado e que resultará em pontas soltas e buracos no argumento.

É esperar para ver, porque há uma ligação clara entre este universo e o antigo, ou seja, há um plano maior nisto tudo que ainda não foi revelado. Prova disso é a introdução de uma misteriosa figura de capuz nos vários títulos e que está relacionada com os eventos de "Flashpoint" a última grande saga da DC antes do novo início. Será esta estranha personagem a causadora do reboot? No final de JLA assistimos a um encontro seu com o Phantom Stranger, resta-nos aguardar pelos próximos números para descobrirmos mais sobre isto.

A DC como é habitual, gosta de complicar e isso não me parece que atraia muito novos leitores, que é precisamente o objectivo. Claro que ligações entre as personagens e os universos aparte o que realmente interessa e faz a diferença é a qualidade dos comics em si. E nisso as coisas parecem estar a correr bem, tanto pelo que li, como pelo número de vendas. Já há muito tempo que a DC não destronava a Marvel. Gostava de saber em relação a esses valores é quantos são novos leitores.

Do que li o único que me desiludiu foi o já falado "Superman". Tanto este "JLA" como o "Detective Comics" são bons e o "Action Comics" e "Batman" muito bons. Este último então o melhor de todos e completamente indispensável para os fãs do Morcego.

Mas voltando à JLA que chamou logo a atenção por unir Geoff Johns e Jim Lee. O talento de Lee para desenhar super-heróis é bem conhecido e aplaudido. Já Johns é um dos homens do momento na DC Comics. O seu trabalho com o Green Lantern tem dado imensos frutos os quais serão a maior razão para não terem optado pelo dito reboot. Muito trabalhinho seria mandado às urtigas se o tivessem feito. Sim, porque a grande vantagem do que Johns fez não foi simplesmente alterar o passado da personagem quando lhe convinha, ele foi procurar espaço no passado para introduzir os conceitos que queria usar no presente.

Se Johns escreve um grande Lanterna, o mesmo não se pode dizer do seu Batman, sempre que surge nas suas histórias... Digamos que a maior vantagem de "Blackest Night" para Johns foi o Batman estar morto. E tratando-se da JLA ver o nome dele à frente do título foi um misto de contentamento com apreensão. Até porque já por si o Batman não é um "super" herói ao lado dos seus companheiros.

Como já referi, gostei desta primeira apresentação da Liga. Johns levou o seu tempo e apresentou as personagens uma a uma, sabendo dar tempo a cada uma, gostei disso ao invés de aparecerem todos no primeiro número como alguns defendiam. Há que saborear. Tirando um número em particular, penso que o 3º, aquele em que surge a Wonder Woman, são todos uma leitura divertida. Este que menciono perde-se em porrada não contando nada. Atenção, porrada desprovida de interesse e que não interessa nem ao menino Jesus.

Em relação ao Batman, não esteve mal. De uma forma geral todas as personagens foram ainda pouco aprofundadas, aquele mais explorado é o Cyborg porque é neste número que a personagem enquanto super-herói nasce, uma vez que todos os outros já enveredam o respectivo manto. Há um par de momentos com o Morcego bastante engraçados e gostei do facto de ele ser abordado como uma lenda urbana, tanto o Lanterna como o Flash ficaram surpresos ao descobrirem que ele existia e de queixo caído quando souberam que ele não tinha poderes.
Há apenas uma cena em que estranho uma decisão do Batman. Para entrar no seu círculo de confiança é muito complicado e não vejo aquilo acontecer, mas tempos desesperados pedem medidas desesperadas, talvez fosse necessário, no entanto, não me pareceu.

Hal Jordan e Flash mostram bem a forte amizade que os une. Jordan está bem longe do lutador que conhecemos, aqui acabou de receber o anel e ainda é muito principiante, desconcentrando-se com relativa facilidade. Ele que tem o potencial para ser dos super-heróis mais poderosos aqui ainda leva facilmente uma forte tareia do Homem de Aço. O Flash, Barry Allen, é dos meus predilectos nesta equipa, sempre foi e ainda bem que há coisas que não mudam. O seu sentido de humor está lá e claro a sua velocidade. A reacção do Super quando descobre que é mais lento que o Flash é um dos melhores momentos.

Por falar no Homem de Aço, de momento ele é o peso pesado da Liga, para já não há dúvidas. É retratado como sempre devia ser, ou seja, uma força da natureza a ter em consideração e respeito. Claro que para azar da equipa o primeiro vilão que enfrentam juntos é nada mais nada menos que um dos mais temíveis do universo DC Comics. Se quiserem saber quem cliquem aqui.

Tanto Diana como Arthur, não têm muito tempo de antena. O Aquaman tenta fazer uma entrada triunfante com o uso dos seus poderes, mas estes não têm o efeito pretendido, não em mim. Adorei no entanto quando ele explica que o seu fato é tradicional de Atlantis pois ele nunca escolheria o amarelo. A Wonder Woman além de se revelar como uma valente mulher de armas pouco ou nada dela sabemos mais. No entanto, ainda proporciona dois dos momentos mais engraçados juntamente com Hal Jordan.

Por fim o Cyborg. Não o conheço muito bem, tem uma história trágica e agora ao invés de se aliar aos Teen Titans vem brincar com os adultos. Não está mal o rapaz, mas continua-me a custar vê-lo lá em vez do Marciano. Pelo menos que o J'onn fundasse a Liga como sempre fez e depois sim trocavam-no pelo Cyborg. Bem falta vai fazer com os seus poderes telepáticos. Agora o único telepata é o Aquaman e bem a sua telepatia é mais para os peixes.

Os desenhos estão ao nível que Jim Lee nos habituou e para quem gosta certamente não ficará desiludido.

No final 7 heróis vêm-se juntos a unirem forças para proteger um bem maior, a vida de todos nós. Nenhum tinha intenções de formar um grupo ou qualquer tipo de parceria, mas as forças do destino assim os juntaram na mesma. Dêem as boas vindas aos "The Super Seven" (O Flash prometeu pensar num nome melhor mais tarde).

quarta-feira, março 14, 2012

Shame


Steve McQueen estreou-se com "Hunger" protagonizado por Michael Fassbender. Filme após o qual ambos saltaram para a ribalta. Mesmo que Fassbender já tivesse chamado a atenção no cinema, lembro-me dele em "300", foi com "Hunger" que se apresentou ao mundo como um dos melhores actores da sua geração.
Três anos depois, entre os quais nos brindou com mais algumas grandes personagens, Fassbender volta a juntar forças com McQueen, dupla esta que volta a reforçar a fé depositada neles anteriormente.

Depois de "Shame" não haverá dúvidas (se é que alguma vez houve além dos membros da academia de Hollywood) de que Michael Fassbender é um portento de actor. A forma como se entrega ao seu Brandon, como se revela "nú" face à câmara, e não falo de tirar a roupa, será certamente um dos melhores momentos de representação do ano. Porque "Shame" nunca seria metade do filme que é sem um protagonista capaz de nos dar um Brandon como Fassbender deu.

Não é de admirar portanto que McQueen já tenha planos para um terceiro filme, novamente com Fassbender, porque sempre me ensinaram que em equipa vencedora não se mexe. É bom ver uma dupla destas com tamanha química em cinema surgir.


"Shame" debruça-se sobre a vida de Brandon, particularmente sobre o seu vício pelo sexo. Seja através de prostitutas, pornografia ou engates de uma noite, Brandon tem uma necessidade compulsiva em relação ao sexo, uma necessidade que, como qualquer outra, precisa de ser satisfeita. Quando a sua irmã Sissy (Carey Mulligan), que ele tem vindo a ignorar, lhe surge em casa para passar uns dias com ele, toda a sua rotina, organizada de forma tão metódica, é abalada. À superfície é um encontro entre caos e ordem. Pior, a irmã liga-o a uma vida que ele quer esquecer, esconder debaixo do tapete e que nunca nos é revelada.

O vício de Brandon é como um buraco sem fundo, uma fome à qual se entrega dia após dia sem nunca a conseguir saciar. A sua vida no âmago é vazia, mesmo no sexo, não existe qualquer tipo de intimidade além da óbvia. Na única relação que tem no filme, ao começar a sentir uma breve brisa da realidade, deixa automaticamente de funcionar. Brandon pode ter uma mulher todas as noites, mas, sente-se inevitavelmente condenado à solidão. A vergonha em relação à sua vida e tão explícita no título é a dele.

A cena em que termina a noite com duas mulheres, após o confronto com a irmã, é de uma intensidade aterradora. Aquele grande plano na sua face foi um dos momentos mais trágicos a que assisti e a ousadia de toda a cena para a mostrar só valoriza mais o trabalho de McQueen.


A carreira de Carey Mulligan está também em ascensão, ainda há pouco a vimos em "Drive" e o seu próximo projecto é já no promissor "The Great Gatsby" de Baz Luhrmann. Neste filme a sua presença não passa despercebida. Se a início a sua personagem parece tão distante da do irmão com o tempo vemos que ambos partilham sérios problemas emocionais. Também Sissy tem uma necessidade que nunca consegue saciar que se manifesta numa enorme dependência pelos outros, algo que nunca acaba bem. Como será ver a nosso própria irmã humilhar-se perante terceiros? Brandon sabe bem que se há coisa que não é sensual, é o desespero.

Há ainda duas personagens cruciais neste filme. Uma é a cidade de Nova Iorque, onde aparentemente as práticas sexuais nas grandes vitrinas desta metrópole são actualmente práticas de culto, a outra é a banda sonora. A composição principal de Harry Escott e que já podia ter sido ouvida no trailer é arrebatadora, simplesmente perfeita na forma como ajuda a criar a atmosfera do filme e se torna parte dela.

terça-feira, março 13, 2012

Rurouni Kenshin - Trailer

Superman: #1-6 (New 52)


Como já havia mencionado aqui, estou a seguir algumas das novas séries da DC Comics.
Normalmente aguardava sempre pelo tradepaperback, uma vez que é mais económico e fácil de arrumar, mas este novo começo estimulou-me a ter a colecção do Batman neste formato. Acabei por comprar mais alguns e deixar outros para ler aquando da compilação, porque não há dinheiro para tudo.

O título do Superman não estava nos meus planos. Tenho um imenso respeito e consideração pela personagem, mas nunca foi das minhas leituras predilectas. Aliás, muitas das melhores histórias do Super são histórias fora da cronologia como "All Star Superman" entre outras.

Olhando para trás vejo que o que me levou a adquirir esta série mensalmente foi uma série de razões das quais bastaria uma falhar para tal não acontecer.
A primeira é obviamente o reboot, o facto de poder ter um número 1 do Superman. Porém, podia apenas comprar o número 1 e não seguir a série, sinceramente nem tinha essa intenção, mas é sem dúvida uma forte razão, pois não fosse o novo reboot e nem consideraria esta compra.
A segunda razão prende-se com o escritor do "Action Comics", o grande Grant Morrison. Ora em "Action Comics" está-se a contar a juventude de Kal-El, quando ele chega a Metropolis e ainda nem sequer tem os poderes todos. Foi este o livro que me fez querer ler "Superman". Se Morrison não estivesse a escrever o "Action Comics" eu não estaria a ler "Superman".
Por fim a terceira razão. Disseram-me que iria haver ligações entre ambas as séries o que me fez querer seguir as duas, simples mas eficaz.

Se "Action Comics" está a ser uma das melhores leituras deste universo, "Superman" por sua vez está a ser, infelizmente, a pior.


A série tem início com a informação de que o "Daily Planet" foi comprado. O jornal que conhecemos como a "casa" dos jornalistas Clark Kent e Lois Lane não será mais o mesmo. Há aqui um grande foco em como a imprensa está diferente e nesse sentido o comic tem um sabor bastante actual, sabendo acompanhar a mudança dos tempos.

Apesar de Superman só recentemente ter desenvolvido todos os seus poderes é já bem conhecido pelos habitantes de Metropolis, para ver esse percurso de integração da personagem há que seguir "Action Comics".
Mas, voltando às mudanças, estando perante um "novo" início não será inesperado que Lois Lane e Clark Kent não passem de colegas, neste universo ainda não se casaram. Porém, a "surpresa" surge (bem maior e mais chocante que o desaparecimento das cuecas vermelhas) quando se descobre que Jonathan e Martha Kent já faleceram. Esta é a mudança mais drástica na vida desta personagem e que só contribui para um maior isolamento da mesma.
Tanto em "Action Comics" como em "Superman" se aborda muito a questão de Kal-El ser um extraterrestre, de não pertencer originalmente à Terra a qual está a abraçar como a sua nova casa. Mas será que esta nova casa o abraça de volta?

Durante os três primeiros números Kal-El combate contra três estranhas criaturas que falam numa língua alienígena. O que é estranho aqui é que não existem dados que indiquem ter ocorrido algum tipo de invasão extraterrestre no nosso planeta. De onde vêm estas estranhas criaturas que não são originalmente da Terra? A resposta mais provável é que já se encontravam abrigadas aqui.

Tudo isto se desenrola de forma relativamente banal. Dá a sensação que o mesmo podia ser contado em muito menos tempo. Apenas no final do 4º livro surge uma revelação que nos faz pela primeira vez querer descobrir mais sobre este mistério.


Em relação às ligações entre o "Action Comics" e o "Superman" existem de facto mas não são nada de essencial nem de especial na leitura. Existem aliás, referências a toda a família Superman, tal como o Superboy e a Supergirl. Por um lado é sempre uma forma de aliciar as pessoas a lerem os outros (propaganda pura), mas, por outro também me faz todo o sentido que as haja se a ideia é transmitir que estamos perante um universo em que todas estas personagens co-existem e cujos acontecimentos se desenrolam ao mesmo tempo.
Por falar em Supergirl de salientar o seu aparecimento no número 6 que foi também um dos pontos mais altos.

Em relação aos desenhos, são bastante bons e competentes, acho que onde pecam mais é mesmo em algumas das capas que podiam ser bem mais interessantes, nomeadamente a primeira e última deste arco.

O facto de a dupla de autores George Pérez (argumento) e Jesus Merino (desenho) terem sido substituídos, a partir do #7 será Keith Giffen e Dan Jurgens, leva-me a crer que não fui o único a ter ficado desapontado com este "Superman".

Com esta mudança e uma capa que promete referências ao Universo Wildstorm vou continuar a seguir o Homem de Aço. Merece pelo menos mais uma oportunidade.

MONSTRA 2012


A Monstra está de regresso.

Para mais informações deixo o link para o texto que escrevi na Rua de Baixo, aqui.
E para mais detalhe consultem o programa aqui.

domingo, março 11, 2012

Avengers VS X-Men - Adenda

Ainda estou muito longe de me aproximar deste evento. De momento estou a ler "Dark Phoenix Saga", ou seja, não estava brincar quando disse que ia visitar o passado e sendo esta saga sobre a Phoenix que melhor maneira de começar? OK talvez pela saga da Phoenix que vem antes desta. Mas esta também não está mal.

No entanto, como achava, algumas das coisas que escrevi no post anterior já não são como eu as imaginava. Estando tão distante destas personagens nada de surpreendente. Por isso volto a referir que as coisas que menciono podem não estar actualizadas. Apenas estou a usar o blog para ir partilhando esta viagem pessoal no universo Marvel. O meu "regresso" a ele.



Em relação às novas descobertas queria apenas referir:

- O Dr. Strange aparentemente sofreu um downgrade, já não é o ser tão poderoso que eu recordava. Este era das personagens que eu considerava mais mortíferas nos Avengers, sendo assim a balança ganha mais peso nos X-Men do que antecipei. A irmã do Colossus também faz parte dos X-Men actualmente e lida com magia.

- O Thor vai estar no espaço, juntamente com Miss Marvel e Captain Britain no início deste confronto. O Thor é novamente um dos grandes trunfos. Vá mas certamente ainda chega a tempo de dar uma martelada em alguém.

- O Sentry morreu... Avengers grande perda...

- O Colossus tem agora o poder do Juggernaut!!!! Por esta não esperava. The Thing, Red Hulk, esqueçam. Colossus for the win. A grande besta verde vai ser mesmo necessária. Poucos são aqueles que derrotam o poder do Juggernaut em confronto físico. Hulk faz parte dessa minoria.

- A sala de perigo dos X-Men assumiu forma humanóide e também combate. Aparentemente é uma daqueles "bestas" de poder enorme.

- A equipa do Wolverine parece ter mutantes de um poder incrível. Mas não sei onde se vão colocar.


Concluindo. A balança dos X-Men ganhou muito mais peso depois destas descobertas. Sem falar que em termos de telepatia eles têm a grande vantagem. O poder físico dos Avengers por muito grande que seja, não é suficiente. Nesse aspecto a grande vantagem destes continua a ser no facto de terem os grandes cérebros da humanidade. Tecnologia que protege de telepatia e anula o gene mutante.

Enfim, que seja uma grande história. E provavelmente não vai acontecer mas o que gostava de ver Doom e Surfer envolvidos nisto.

sábado, março 10, 2012

Moebius (1938-2012)


Seja como Jean Giraud ou Moebius (Pseudónimo dos seus trabalhos de ficção científica) este senhor é uma das maiores referência na Banda Desenhada.

Criador de Blueberry, Arzach (na imagem), Incal, Garagem Hermética, entre outros.

A sua falta será sentida.

Grandes Duos da TV [6]

Homer Simpson and Duff Beer (The Simpsons)


All right, brain. You don't like me and I don't like you, but let's just do this and I can get back to killing you with beer.

Bart, a woman is like beer. They look good, they smell good, and you'd step over your own mother just to get one!

I've figured out an alternative to giving up my beer. Basically, we become a family of traveling acrobats.

You've been rubbing my nose in it since I got here! Your family is better than my family, your beer comes from farther away than my beer, you and your son like each other, your wife's butt is higher than my wife's butt! You make me sick!

Homer no function beer well without.

Beer: The cause of, and solution to, all of life's problems.

Alcohol is a way of life, alcohol is my way of life, and I aim to keep it.

I'm in no condition to drive...wait! I shouldn't listen to myself, I'm drunk!

sexta-feira, março 09, 2012

Filmes no Fantasporto 2012

Keyhole (2011)


Um dos cineastas da actualidade que tinha mais curiosidade em conhecer é o canadiano Guy Maddin, conhecido por evocar o estilo do cinema antigo, nomeadamente a era do mudo, mas não só.
Quando soube que a sua última longa-metragem ia ser exibida no Fantasporto tentei não a perder.
"Keyhole" é inspirado levemente na "Odisseia" de Homero e em "Ulisses" de Joyce. Conta a história de, Ulysses Pick (Jason Patric), um gangster que ao regressar a casa para junto do s seus se aventura por uma viagem fantástica e surrealista dentro da sua própria casa.
Jason Patric, Isabella Rosselini e Udo Kier são alguns dos nomes bem conhecidos a protagonizarem esta viagem.
O ambiente do filme é um dos seus pontos fortes, o surrealismo por vezes a evocar David Lynch, a claustrofobia, afinal de contas a casa é uma das grandes personagens do filme, e o humor são mais do que suficientes para tornarem o filme uma das viagens mais alucinantes que tive em cinema nos últimos tempos.




Het varken van Madonna (2011)


Em inglês, "Madonna's Pig", é uma simpática comédia fantástica oriunda da Bélgica e realizada por Frank Van Passel.
Tony Roozen (Kevin Janssens) é um jovem vendedor que devido a uma competição na sua empresa se vê obrigado a alterar os seus planos de fim-de-semana. Devido a um acidente acaba por ficar "preso" numa pequena aldeia que não o recebe da forma mais carinhosa, até porque neste momento os aldeões têm problemas maiores na sua cabeça.
Se a esta premissa juntarmos um fantasma e um porco robot, de nome Porky que emana feromonas capazes de transformar qualquer chiqueiro num bordel, já temos um filme menos vulgar.
Gosto deste género de histórias, gostei das personagens e ri-me bastante ao longo do filme. Dispensava a cena final, mas também não me incomodou e tendo em conta tudo que se viu para trás nunca podia sair da sala desiludido.
Ainda abordou levemente o facto de grandes indústrias pagarem a criadores de porco para...não criarem porcos.
Aconselhado.

quinta-feira, março 08, 2012

Avengers VS X-Men


"Avengers VS X-Men" ou "AvX" é a mais recente aposta da Marvel em uma das suas grandes sagas. Terá início em Abril e irá debruçar-se sobre o regresso da Phoenix Force ao nosso planeta.

Duas das maiores equipas de super-heróis vão estar aparentemente em desacordo no que toca às medidas a tomar em relação à Phoenix Force o que despoletará este confronto. Existem algumas personagens que pertencem a ambas as equipas e será curioso ver para o lado que pendem. Falo por exemplo do Wolverine e do Beast.

Tenho andado completamente a leste da Marvel, salvo a excepção do Moon Knight. Recentemente também voltei ao Daredevil nomeadamente na saga "Shadowland". Mas no que toca a Avengers e X-Men ando meio perdido e vou ter de me actualizar para seguir esta saga. Porque vamos ser sinceros, quem gosta de ler este tipo de BD, gosta de ler porrada da boa e quem nunca quis colocar os bons a lutar uns contra os outros? Por isso é que "Civil War" chamou tanto a atenção.

Quanto à premissa aparentemente a Phoenix Force está a caminho da Terra como foi relatado pelo Nova. Deve vir à procura de um novo hospedeiro e tudo indica que esse hospedeiro dá pelo nome de Hope Summers (filha adoptiva do Cable). Hope é a primeira mutante a nascer depois da saga "House of M" e considerada por muitos como o Mutante Messias que os salvará da extinção.
Nesse sentido Cyclops e a sua equipa (agora há outro grupo liderado pelo Wolverine) vão fazer de tudo para a proteger.
Por outro lado os Avengers não querem correr riscos com a Phoenix Force, pois sabem do que é capaz e temem pela destruição do planeta. Espero sinceramente que o plano dos Avengers não passe por matar a Hope isso seria péssimo, não aprenderam nada com a "Civil War"? Além de que hospedeiros não faltam. Quererão os X-Men usar a Phoenix Force então? Não sei.

Tenham em conta que escrevo estas linhas estando a leste do que se tem passado, nem sequer conhecia a Hope. Para mim é estranho a Phoenix vir procurá-la quando já usou durante anos a fio a Rachel Summers como hospedeira e que continua viva e activa. Se calharam zangaram-se ou então Hope Summers é a reencarnação da sua hospedeira favorita, Jean Grey.

Há medida que for lendo conto ir relatando por aqui. De momento até vou andar mais para trás para ler alguns dos clássicos e ir assim subindo gradualmente até este mega evento que esperemos não venha a desiludir como "Secret Invasion" e afins.

Vou aproveitar para deixar algumas considerações sobre as vantagens de cada equipa, o que vai ser difícil porque tenho dúvidas em quais os membros que as vão constituir e porque tendo estado ausente posso estar completamente errado. Corrijam à vontade.


- Força Física/ Poder Destrutivo



Inclino-me para os Avengers. Eles têm o Thor e o Hulk. Não sei se o verde os vai ajudar já li que não se sabe ainda e já vi publicidade que o coloca nesta equipa. De qualquer das maneiras os Avengers também têm o Hulk vermelho. Penso que o Sentry actualmente não faz parte da equipa. Este senhor é o Superman da Marvel. Demasiado forte e rápido para qualquer um dos X-men.
Agora o Namor faz parte dos X-men o que é problemático e o Colossus também é uma força a ter em conta. Mas o Colossus talvez conseguisse derrotar o The Thing, agora o Hulk? e o Namor o Thor? No Way in Hell.
Ainda há Miss Marvel VS Rogue, este de certeza que vai acontecer.
O Magneto também tem um poder que pode ser altamente destrutivo, ele que agora faz parte dos X-Men e fará de tudo para salvar a sua espécie. Ainda assim contra o Mjolnir e apostando que o Iron Man tem tecnologia para se precaver de ataques magnéticos...
Quem controla o tempo controla o campo de batalha, vantagem do lado de Storm. Porém, dúvido que a Storm consiga controlar o relâmpago quando o Mjolinr está em cena.
Não faço ideia onde anda o Quicksilver, mas o Northstar anda pelos X-Men se não estou em erro e eu privilegio sempre os speedsters em combate são importantíssimos.



- Telepatia


Se há coisa que os X-Men sempre tiveram foi telepatas. Emma Frost e Psylocke sei que fazem parte da equipa. Não sei se a Rachel vai estar lá a ajudá-los, mas, é bem possível. O Xavier não sei onde anda e se usarem a máquina Cerebro ainda pior.
Os Avengers podem vencer num confronto físico mas se as suas mentes forem controladas pelos X-Men esqueçam.




- Estratégia


O Cyclops pode ter crescido muito nos X-Men e ser um líder a ter em conta, mas neste campo dificilmente bate o Captain America. Tanto como líder como a delinear estratégias de ataque. Os Avengers levam esta.




- Corpo a Corpo


Avengers novamente. Captain America, Iron Fist, Daredevil, Moon Knight, Black Widow e quem sabe se o Black Panther não aparece também. Os melhores praticantes de artes marciais estão deste lado. Mas num confronto contra seres como Colossus, Magneto, Storm, Emma Frost, etc. Isto vale de muito pouco a roçar o nada.





- Cérebro


Novamente inclino-me para os Avengers. Beast (se ficar do lado dos X-Men) e o Magneto são dos mais inteligentes no grupo dos mutantes, mas, os grandes cientistas estão do outro lado. De momento temos o Tony Stark e o Hank Pym. O primeiro construiu a armadura robótica mais desenvolvida na Terra e o segundo a inteligência artificial mais poderosa (Ultron).
Se o Bruce Banner aparecer, se pedirem ajuda ao Reed Eichards e se por alguma razão Victor Von Doom achar que a Phoenix Force é uma ameaça ao "seu" planeta e decidir dar uma mãozinha então sim os X-Men estão definitivamente perdidos.
Há tecnologia que elimina os poderes dos mutantes e ataques telepáticos. Os Avengers têm essa tecnologia.
Se o Forge viesse ajudar os X-Men seria certamente muito bem-vindo neste campo, ainda assim não acho que suficiente.




- Poderes exóticos


Para já inclino-me para os Avengers porque têm o Dr. Strange. É verdade que ele é escrito de forma inconstante mas não há dúvidas que as suas artes mágicas são uma das maiores forças do Universo Marvel. E a partir da Magia ele consegue proteger a sua mente e entrar na dos outros. Claro que a Scarlet Witch vai aparecer e pode mudar as coisas, mas, de que lado ela estará? Da sua equipa? ou da sua raça? Ela que teve um papel crucial em "House of M" ela que é a causadora de os mutantes estarem hoje à beira da extinção.
Além do Strange ainda temos o Mjolnir do Thor capaz de feitos extraordinários como abrir portais e espetar os X-Men para outra dimensão. Porém, não posso deixar de referir o Magneto, o Iceman e a Storm. O primeiro que consegue controlar o ferro no sangue das pessoas nunca pode ser substimado. É quanto a mim um grande trunfo e se atacasse para matar causaria demasiados estragos com apenas um piscar de olhos. Era preciso era ter tomates a escrever isto.
O Iceman é nível Omega, nem sei se dá para matar o tipo actualmente e a Storm controla o tempo (metereologicamente falando).





- Piadolas


Sim há sempre a possibilidade de vencer através do riso. Aranha e Hawkeye do lado dos Avengers e Iceman ( e possivelmente) Deadpool do lado dos X-men. Vai ser complicado mas como o Deadpool é imortal o mais certo é nunca se calar. Os X-Men levam esta. Quem ganha somos nós.





- Balanço Final


Como já deu para perceber inclino-me para a vitória dos Avengers, são a equipa mais poderosa da Terra por alguma razão. Isto se não existisse uma coisa chamada Phoenix Force. Tudo o que eu disse vai directamente para as urtigas se a Phoenix chegar à Terra e ajudar os X-Men. Estamos a falar de uma entidade capaz de fazer Galactus tremer. Com ela os X-Men saem vitoriosos. Só mesmo com a união das grandes mentes talvez lá encontrem forma de a conter, mas vai ser muito complicado.

Isto assumindo que a Phoenix vem mesmo pela Hope, porque neste campo haverá certamente surpresas... espreitem aqui se quiserem por conta e risco. Não creio que tal vá acontecer pelo menos em definitivo mas haverá surpresas certamente, tem de haver.

terça-feira, março 06, 2012

Penguin: Pain and Prejudice


No mês passado terminou a mini-série dedicada ao Penguin da autoria de Gregg Hurwitz (argumento) e Szymon Kudranski (desenho), composta por cinco comics.

O título é um óbvio trocadilho com o romance de Jane Austen. Não sei se ela iria apreciar a brincadeira, quem sabe, se a autora tivesse nascido noutro tempo até poderia ser uma ávida leitora das aventuras do cavaleiro das trevas. De qualquer das maneiras o título não está lá só porque fica bonito, ele faz todo o sentido, afinal de contas se há personagem neste universo que sofre com o preconceito desde que nasceu, essa personagem terá de ser Oswald Cobblepot.

Há quem diga que um herói só é tão bom quanto os seus vilões o forem. Nesse aspecto Batman tem uma galeria de arqui-inimigos invejável e é sem dúvida alguma um dos aspectos mais ricos nas suas histórias o que certamente também contribui para ele ser eleito como um dos melhores super-heróis do mundo, tal como aconteceu recentemente na revista Comic Heroes ou mais importante ainda neste blog aquando do torneio de melhor personagem de BD norte-americana.

Precisamente por termos aqui vilões que são acima de tudo excelentes personagens, aprecio bastante as investidas que fazem quando contam histórias dos seus pontos de vista. Neste aspecto a mais conhecida será "The Killing Joke" de Alan Moore e Brian Bolland que se debruça sobre aquele que é o vilão mais icónico, o Joker. Personagem que voltaria a protagonizar uma BD no mais recente "Joker" de Brian Azzarello e Lee Bermejo.


Agora chegou a vez de esta honra calhar a Oswald Cobblepot mais conhecido por "The Penguin" criado por Bob Kane e Bill Finger em 1941, tratando-se de um dos vilões mais clássicos e importantes na história do Morcego.

people hate what is ugly, what is weak.
it is a mirror of their own worst fears.
a reminder of what awaits us all.
sickness. frailty. death. the existential joke.

Esta mini-série tem uma estrutura narrativa similar à "The Killing Joke" no sentido em que alterna entre o presente e o passado do Penguin abordando a sua transição para o lado negro da vida. Prevejo por isso algumas comparações entre ambos os livros o que poderá até levar a abordagens do mesmo género para outras personagens e isso seria muito bem-vindo.

No que toca ao seu passado a personagem é-nos dada a conhecer a partir do seu nascimento, para nos mostrar que desde a sua primeira aparição neste mundo que a sua vida é manchada por preconceito. Oswald nasceu diferente e por isso é considerado por muitos uma aberração, incluindo o seu próprio pai. Tirando a sua mãe, Oswald nunca foi amado por mais ninguém e por isso não é de admirar que tenha desenvolvido uma relação muito dependente dela que se encontra hoje aos seus cuidados. Com o desenrolar da história vamos conhecendo como foi crescer naquele seio familiar e o que o levou a seguir por caminhos mais obscuros. Desde cedo Penguin consegue ser das personagens mais cruéis e ao mesmo tempo mais carinhosas de "Batman".

Actualmente Oswald Cobblepot é um dos grandes senhores do crime organizado de Gotham City e um dos mais temidos também. Devido à fortuna que herdou e às suas capacidades intelectuais conseguiu construir um império que impõe respeito, não se privando a nenhum dos seus caprichos. What Oswald wants. Oswald gets.

Pelo meio conhece Cassandra, uma jovem cega com quem ele cria uma ligação precisamente por ela não ser capaz de ver nele aquilo que o diferencia dos outros. E tratando-se ele de um verdadeiro cavalheiro rapidamente consegue cativar esta bela mulher.


Gosto particularmente da forma como focam a sua personalidade. Penguin não é certamente dos vilões mais físicos (mesmo que ele não se veja assim), mas é certamente dos mais cruéis sendo capaz de destruir a vida de qualquer um só por lhe dirigirem mal uma palavra. Mas, é também alguém que reconhece a bondade dos outros mostrando ser capaz de a valorizar e recompensar. Se a sua alma não estivesse tão contaminada pelo ódio que tem ao mundo, ele poderia ultrapassar os seus receios e criar uma nova vida. A conclusão da sua história amorosa, ainda que rápida, é intensa sendo um dos pontos altos desta história e que mostra o quão assustador ainda é para ele o preconceito dos outros.

pinguins can´t fly.
they are awkward on land. slow moving. uncoordinated.
so they adapt.
make do with what they have. play to their strenghs.
of all birds, they swim the fastest. dive the deepest.

Também gosto de ler o Batman a partir da perspectiva de outras personagens. Estamos na sua cidade e a qualquer momento ele pode mostrar os ares da sua graça. Desta vez não seguimos nenhuma investigação, Batman apenas aparece e mostra-nos aquilo em que ele é melhor. E o guardião de Gotham consegue ser ainda mais assustador quando estamos do outro lado.

Há ainda tempo para um convidado especial. Apesar de não ter nada a ver com a história há uma determinada personagem que faz um par de divertidíssimos cameos ao longo da trama. Cameos esses que são cada um mais esquisito que o outro, não fosse ele...

Aquilo que menos me entusiasmou nesta série foi a sua conclusão. Apesar de ter um grande momento, acabou por ser demasiado apressada e isso ressente-se no seu todo. Os desenhos de Kudranski são magníficos e o seu uso das sombras espelham bem o ambiente negro e gótico de Gotham bem como a alma torturada do Penguin, no que é uma excelente parceria entre o desenhador e o colorista John Kalisz. O mesmo vale para as capas, todas da autoria de Kudranski. Há momentos no último comic que o excesso de escuridão talvez esteja num tom demasiado carregado, mas fora isso, a arte é imaculada.

Hurwitz é um nome muito conhecido na literatura e que ganhou notoriedade graças aos seus vários thrillers. Mais recentemente esteve envolvido também na série "V". A sua carreira na BD é ainda curta mas tem dado nas vistas tendo já escrito "Punisher", "Moon Knight" e "Wolverine", entre outros.
Agora pela primeira vez entrou no Universo da DC Comics e logo pela porta da frente, naquela que é uma das suas sagas mais entusiasmantes, a do Batman.