sexta-feira, maio 31, 2013

Arrested Development - The Return of the Jedi's (ou Bluth's)


Regressou esta semana uma das minhas séries predilectas: "Arrested Development". A série tinha sido cancelada em 2006, mas devido a um fenómeno de culto voltou a ver a luz do dia. Acho que numa série live-action isto nunca ocorreu (Doctor Who não conta que mudou o elenco).

Sendo uma das minhas paixões televisivas, deixaram-me escrever sobre ela no TVDependente. É complicado por vezes criticar e dar uma nota a algo que temos tanto carinho. Espero não desiludir.

Podem ler sobre o primeiro episódio aqui.

quarta-feira, maio 29, 2013

Um Filme, Uma Mulher



No blog "Girl On Film" tem estado a decorrer desde a semana passada a rubrica "Um Filme, Uma Mulher", onde vários bloggers foram desafiados a participar.

Gosto desta ideia de a partir de várias escolhas irmos viajando pelos vários papéis da mulher na História do cinema, enaltecendo-a. O convite da Sofia Santos, a quem agradeço desde já, deixou-nos ter toda a liberdade que queríamos para pegar no tema, fosse através de textos, imagens, etc. A Sofia também nos deu uma boa margem de tempo, mas para variar lá estava eu à última hora a escrever isto.

Optei por pegar num tema em particular que começando no cinema acabo por segui-lo em outras explorações, caminhando sempre para trás no tempo em busca da sua origem. A escolha sobre se as minhas conclusões fazem sentido ou não passam de devaneios deixo-a a vocês que tenham curiosidade em ler. O texto pode ser lido aqui. Aproveito para aconselhar uma passagem por toda a iniciativa.

20th/21st Century Boys


Completar uma colecção traz sempre um misto de sabores, desdobrando-se entre um estupendo contentamento e uma melancólica despedida. Estamos a falar de um fim, de atingir uma meta e com ela descobrir, finalmente, o culminar de uma história, mas, como referi, não deixa de ser um fim, não deixa de ser um adeus. Após 22 volumes de "20th Century Boys" e mais 2 de "21st Century Boys" é hora de me despedir destes rapazes e prosseguir para novas aventuras. Mas antes de a despedida ser definitiva, vamos recordá-los.

Logo nas primeiras páginas lemos os acordes iniciais desse hino dos T-Rex também apelidado de "20th Century Boy". Se a obra de Naoki Urasawa aborda a passagem de séculos o seu título está mais que justificado. Porém, ele faz questão de não perder tempo em revelar a inspiração desta canção o que acaba por ser também uma introdução sobre o papel da música , em geral, nesta obra. Impressionante como a música tem tanta força numa BD, ou seja, num meio mudo. Mas a verdade é que tem, e tem mesmo muita.

A narrativa não é linear, o autor faz-nos saltar entre diferentes anos, especialmente entre a fase adulta e infantil dos protagonistas. Em miúdo Kenji e os seus amigos criaram um esconderijo secreto, um esconderijo onde se encontravam para ler mangá e sonhar com um futuro onde seriam heróis. Claro que para ser um herói é preciso haver um vilão e por isso Kenji e companhia imaginavam várias peripécias aterradoras das quais o mundo seria atacado. Anos mais tarde, a caminhar para o final do século XX, já todos estes rapazes (e uma rapariga) são adultos responsáveis, alguns casados e pais de familia, outros desaparecidos. Afastados dos seus sonhos de criança Kenji agora apenas se preocupa com o negócio da familia e com Kanna a sobrinha que ficou a criar. Porém, tudo muda quando Kenji começa a investigar a morte de um antigo amigo seu - Donkey - que estava a tentar avisá-lo dos perigos perpetados por uma seita intitulada "Os Amigos". O grande choque é quando Kenji se apercebe que este grupo está a seguir à letra os planos maléficos que ele inventou em criança e que usa como símbolo o mesmo que o seu amigo Otcho havia criado para o seu esconderijo secreto. A resposta só pode ser uma, a pessoas que está por detrás destes planos, "O Amigo" (como ele gosta de ser chamado), tem de, obrigatoriamente, ser alguém que teve contacto com o passado de Kenji. Mas quem?

É importanta salientar que os planos vilanescos foram criados por crianças e em adulto vê-los ganhar vida é muito curioso, principalmente porque há planos que só podiam mesmo ter saído da mente de miúdos.

Ao longo dos vários volumes Urasawa vai prendendo a nossa atenção como um mestre alternando cirurgicamente entre o que nos vai revelando no passado e no presente. A foma como planeia as pranchas é incrivelmente dinâmica e viciante, estamos sempre a querer saber o que vai decorrer na página seguinte. Apenas quando a identidade do amigo é descoberta é que conseguimos respirar um pouco, mas não por muito tempo pois rapidamente a história volta a carregar no acelerador. Para quem conhece os desenhos do autor, já saberá com a qualidade que pode contar, ou seja, fantástica. Urasawa volta-se aqui a afimar como um dos autores de mangá mais interessantes da actualidade, aliás, subtitua-se "de mangá" por "um dos autores de BD", ponto final.

O autor utiliza também um artífico engraçado na história, uma "realidade virtual" extremamente consistente e detalhada (e ficcional pois claro) criada a partir das memórias de alguém. Nesta realidade é possível no presente as personagens regressarem até à época em que eram crianças e até interagir com eles próprios. Uma forma de confrontar as duas realidades sem recorrer a viagens no tempo. Claro que na realidade virtual as personagens não deixam de ser programas de computador, mas como a sua autenticidade é tão grande é quase como se os jogadores tivessem mesmo voltado atrás no tempo.

Poder-se-à criticar a fraca memória que Kenji e companhia têm da sua infância, algo usado por motivos de tensão na história e por isso muito compreensível.

Para termos uma boa história precisamos de boas personagens e "20th century boys" reúne um valente grupo delas, na sua maioria homens e mulheres comuns que quando necessário se levantaram para serem os heróis que estavam destinados a ser (alguns levantaram-se mais tarde que outros). São tantos os momentos em que a emoção cresce quando os seguimos, em que tememos pelas suas vidas ou em que soltamos um forte grito de entusiasmo pelas suas peripécias. Acaba por ser também um enaltecimento aos bons, aos heróis, aqueles por quem passamos por vezes na rua sem sabermos. Fica o desafio a todos nós de sermos heróis também. Não é preciso combater o crime nas ruas para isso, basta olharmos à nossa volta, há sempre formas de ajudar. E se falharmos, há também sempre tempo de compensarmos, de corrigirmos. Vamos todos ser os melhores Homens que conseguirmos.



A título de curiosidade, existem três filmes de "20th Century Boys", que agora talvez espreite, pois fiz questão de ler primeiro, deixo também o mesmo conselho a todos vós. Mais do que ser surpreendente é a emoção que corre nas veias desta história, pois mesmo quando o argumento é previsível não deixa nunca de nos entusiasmar.

Este vai para a lista dos predilectos. Quanto às saudades, essas já começa a fazer-se sentir.

Sama no Festival Internacional de BD de Beja



Cada vez mais perto do festival surge a notícia de mais um autor a marcar presença no festival, falo do autor brasileiro Sama. O cartaz colocado é da autoria do próprio tendo sido elaborado para o festival.

Segue uma pequena biografia do autor:
 
Assim como o Dr. Jeckyll e o Sr. Hyde, Eduardo Filipe e o Sama ocupam o mesmo corpo. Eduardo passou pela televisão, teatro e cinema como ator e realizador. Em cinema foi protagonista nos filmes "Era uma vez...”(1991), ”Uma História do rio Paraguai”(1999), “A Cartomante”(2008) e no teatro participou em várias peças com ator, entre elas, “Os 12 trabalhos de Hércules ”(1989),”O Ateneu”(1990),”Picaretas”(1997) e assinou a cenografia e direcção de arte da peça “Zastrozzi”.


Primeiro lugar no Salão Carioca de humor na categoria 'Melhor Charge' em 2004 

Já Sama é artista visual premiado em salões de Arte Contemporânea e Bienais internacionais. Publicou cartoons, ilustrações e BD nas revistas: Piauí, Argumento, General, Bundas e nos livros: “A Imagem do Som”, "Clube da Leitura" e “Irmãos Grimm em Quadrinhos”. Ganhou o 1º lugar no XV Salão Carioca de Humor na categoria Charge com o polêmico Bin Laden Bank (também conhecido como Bradesco Bin Laden). Grafitou as instalações da SonyBMG no Rio de Janeiro, integrou as exposições coletivas “100 anos de Dercy” na casa de cultura Laura Alvim, “A Imagem do Som do Samba” no Paço Imperial do Rio de Janeiro, o “Piscinão da Benvinda de Carvalho” em Belo Horizonte e o XVII Salão de Arte Digital de Havana em Cuba. Depois de ser premiado no XV Salão Universidarte de arte contemporânea, realizou sua primeira individual “3 Caras e Uma Caixa” na Galeria Maria Martins no Rio de Janeiro. Assinou a Direção de arte e as instalações para o clipe “Esconderijo” realizado por Selton Mello.


Em 2011 lançou seu primeiro livro solo "A Balada de Johnny Furacão", que ficou entre as 10 melhores BDs do ano no Brasil. Em Março de 2012 participou com uma exposição no MAB Invicta -Festival Internacional de Multimédia, Artes e BD na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em Outubro de 2012 participou no festival internacional de Banda desenhada da Amadora, sendo um sucesso de vendas, irá este ano apresentar no festival internacional de Beja originais do seu novo work in progresso assim como uma reedição do 1º volume de "Os cadernos de Sama" com novos extras não incluídos na primeira edição assim como prefácio de André Azevedo e posfácio de Manuel Espirito Santo.

Extra nos "Cadernos de Sama"




Além do lançamento da 2º edição dos "Cadernos de Sama" o autor de "A Balada de Johnny Furacão" irá ter também uma exposição dedicada ao seu mais recente projecto (Zodíaco) que contará com a exibição de seis pranchas inéditas em Portugal.

 1º prancha de "Zodíaco" de Sama



De resto deixo mais alguns trabalhos do autor, nomeadamente a ilustração do seu primeiro encontro com a lenda Will Eisner:







 

domingo, maio 26, 2013

Adaptação de BD vence Palma d'Ouro


Hoje foi um dia em que se fez História - além do Vitória de Guimarães -, falo do vencedor da Palma d'Ouro ser pela primeira vez uma adaptação de BD. Vá na realidade não tenho a certeza se foi mesmo a primeira adaptação de BD a vencer um dos prémios mais prestigiados da indústria do Cinema e estragava-me o início do texto se assim não fosse, mas acho mesmo que sim que se trata da primeira vez que tal acontece e por isso um momento a assinalar na História do Cinema e da BD.

O filme em questão é o "La vie d'Adèle" de Abdellatif Kechiche e a BD é "Le bleu est une couleur chaude" de Julie Maroh (existe edição em espanhol e a edição em inglêsserá editada ainda este ano).

Aqui fica a lista dos vencedores com os títulos dos filmes em inglês.

Palme d’Or: "Blue is the Warmest Color"
Grand Prix: "Inside Llewyn Davis," Joel and Ethan Coen
Prix du Jury: "Like Father, Like Son," Hirokazu Kore-eda
Prix de la Mise en Scene (Best Director): Amat Escalante, "Heli"
Prix du Scenario (Best Screenplay): "A Touch of Sin," Jia Zhangke
Camera d’Or (Best First Feature): "Ilo Ilo," Anthony Chen
Prix d’interpretation masculine (Best Actor): Bruce Dern, "Nebraska"
Prix d’interpretation feminine (Best Actress): Berenice Bejo, "The Past"
Palme d’Or, Short Film: "Safe," Moon Byoung-gon
Special Mention: "37o4 S," Adriana Valerio; "Whale Valley," Gudmundur Arnar Gudmundsson

Mahou - Perdidos no Tempo


Festivais de BD costumam estar associados a lançamentos de novos livros no mercado, segue mais uma nota de imprenssa sobre mais uma novidade a ser lançada no Festival de Beja. Falo de  "Mahou - Perdidos no Tempo" de Ana Vidazinha (argumento) e Hugo Teixeira (desenho):

No livro anterior, na Origem da Magia, ficámos a saber que, há muitos, muitos anos, em Mahou, uma família descobriu um objeto dotado de poderes mágicos extraordinários e, através dele, obteve riqueza, domínio e conhecimento. Mas nada disto lhes trouxe alegria ou união e a desavença desta família fez com que a Guerra se alastrasse por todo o Mahou.

Neste tomo, decorrido mais de um ano após a visita de Bia - uma rapariga muito especial - ter finalmente sarado as feridas que a Guerra abriu, vamos acompanhar o Mago Mago numa viagem ao seu passado.

Vamos Aprender - Lançamento





Segue o comunicado de imprenssa sobre o livro "Vamos Aprender" editado pela Kingpin Books com argumento de Aida Teixeira e desenhos de Carlos Rocha e cujo lançamento irá decorrer no festival de Beja:

Vamos Aprender
Texto de Aida Teixeira
Desenhos de Carlos Rocha

“Vamos Aprender”, mas com diversão!

Este é um livro de Banda Desenhada para crianças, que teve na sua génese uma criança, a Sofia, que quando tinha 6 anos desenhava animais que a sua mãe Aida transformava em histórias. Histórias que saltam da página directamente para a nossa imaginação e que levam as crianças a pensar, ao invés de se limitarem a oferecer-lhes um resultado imediato.

O aspecto lúdico do livro leva os pequenos leitores a interiorizar ensinamentos comportamentais importantes, aliando isso ao enorme prazer visual que os desenhos expressivos e coloridos do Carlos Rocha proporcionam. Uma alegria para os olhos e para a imaginação pela mão de dois novos autores, que se propuseram a fazer estas seis histórias repletas de encanto para crianças e para adultos que nunca deixaram de o ser.

Uma aposta diferente da Kingpin Books e do editor Mário Freitas, que se iniciam assim num novo desafio editorial, a publicação de BD infantil, um segmento geralmente esquecido ou ignorado nos últimos anos em Portugal.

Capa dura, cor, 48 páginas, 19,6cm x 26,1cm
PVP: 11,99€  (PVP de lançamento no Festival Internacional de BD de Beja: 10€)
ISBN: 978-989-8673-00-8 
Kingpin Books, Junho 2013

Encomendas para: mario.m.freitas@gmail.com; diabbba@gmail.com; nmamado@gmail.com calotabd@gmail.com.



sexta-feira, maio 24, 2013

IX Festival Internacional de BD de Beja


Está a chegar o "IX Festival Internacional de BD de Beja" um dos grandes momentos do ano no que toca a Banda Desenhada. O festival começa no fim-de-semana de 1 de Junho e irá prolongar-se até 16 de Junho. Como é tradicional, é no primeiro fim-de-semana que se reunem os artistas convidados. É uma data complicada, principalmente este ano que compete com o "Primavera Sound" é pena. Mas, como já fiz a minha paz com este festival ao qual vou faltar, Beja aqui vou eu.

Segue a programação, roubada descaradamente da net:



O PROGRAMA DAS FESTAS
DIA 1 DE JUNHO, SÁBADO, NA CASA DA CULTURA



ESPAÇO EXTERIOR DA CASA DA CULTURA
DAS 8H00 ÀS 20H00 - MERCADO LIVRE – FEIRA DE VELHARIAS E LIVROS USADOS (ASSOCIAÇÃO ARRUAÇA)
12H30 - ABERTURA DAS TASQUINHAS COM ALMOÇOS E PETISCOS
14H30 - ABERTURA DO FESTIVAL COM OS MOCINHOS EM CANTE (ESCOLA MÁRIO BEIRÃO)
ABERTURA DO MERCADO DO LIVRO
ABERTURA DAS EXPOSIÇÕES
LANÇAMENTO DO SPLAFT!, CATÁLOGO DO FESTIVAL
LANÇAMENTO DO FANZINE OURO FORMIGAS (BEDETECA DE BEJA), DE ANDRÉ FERREIRA – PRÉMIO GERALDES LINO

BEDETECA DE BEJA, 1º ANDAR, ALA ESQUERDA
DAS 15H15 ÀS 15H30 - LANÇAMENTO DO LIVRO VAMOS APRENDER (KINGPIN BOOKS), COM CARLOS ROCHA, AIDA TEIXEIRA E MÁRIO FREITAS
DAS 15H30 ÀS 15H45 - LANÇAMENTO DO LIVRO OUTROS MUNDOS, COM JOÃO RAZ
DAS 15H45 ÀS 16H00 - LANÇAMENTO DO LIVRO MAHOU. PERDIDOS NO TEMPO (ASA), COM HUGO TEIXEIRA, VIDAZINHA E MARIA JOSÉ PEREIRA
DAS 16H00 ÀS 16H15 - APRESENTAÇÃO DA REVISTA OS ESCUDOS DA LUSITÂNIA, COM JOÃO FIGUEIREDO, JOÃO AMARAL E JOÃO RAZ
DAS 16h15 ÀS 16H30 - APRESENTAÇÃO DO LIVRO O BAILE (KINGPIN BOOKS), COM JOANA AFONSO, NUNO DUARTE E MÁRIO FREITAS
DAS 16H30 ÀS 17H00 - DOIS DEDOS DE CONVERSA – SAMA COM JORGE MACHADO-DIAS
DAS 17h00 ÀS 17H15 - APRESENTAÇÃO DO LIVRO PSICOSE (EL PEP), COM JOÃO SEQUEIRA, MIGUEL COSTA FERREIRA E PEPEDELREY
DAS 17H15 ÀS 17H30 - APRESENTAÇÃO DO LIVRO SUPER PIG: ROLETA NIPÓNICA (KINGPIN BOOKS), COM OSVALDO MEDINA E MÁRIO FREITAS

CAFETARIA, R/C, ALA DIREITA
DAS 15H15 ÀS 15H45 - VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO DE JEAN-CLAUDE MÉZIÈRES COM O AUTOR (ENCONTRO NA CAFETARIA)
DAS 15H45 ÀS 16H15 - VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO DE SAMA, COM O PRÓPRIO AUTOR (ENCONTRO NA CAFETARIA)

ARCADAS EXTERIORES DA CASA DA CULTURA
SESSÃO DE AUTÓGRAFOS
DAS 17h30 ÀS 18H30 - COM ANDRÉ FERREIRA, ANDREIA RECHENA, DAVID CAMPOS, JEAN-CLAUDE MÉZIÈRES, JO BONITO, JOÃO RAZ, JOÃO SEQUEIRA E MIGUEL COSTA FERREIRA, JORGE GONZÁLEZ, MÁRIO FREITAS E OSVALDO MEDINA
DAS 18H30 ÀS 19H30 - COM CARLOS ROCHA E AIDA TEIXEIRA, HUGO TEIXEIRA E VIDAZINHA, ILAN MANOUACH E PEDRO MOURA, JOANA AFONSO E NUNO DUARTE, JOÃO AMARAL, PEDRO ZAMITH E SAMA

ESPAÇO EXTERIOR DA CASA DA CULTURA
20H00 - REABERTURA DAS TASQUINHAS COM JANTARES E PETISCOS
TORNEIOS DE MATRAQUILHOS
ATELIÊ LIVRE DE SERIGRAFIA

BEDETECA DE BEJA, 1º ANDAR, ALA ESQUERDA
21H00 - APRESENTAÇÃO DOS PRÉMIOS PROFISSIONAIS DE BANDA DESENHADA, POR ANDRÉ OLIVEIRA, MARIA JOSÉ PEREIRA, MÁRIO FREITAS E NUNO AMADO
DAS 21H30 ÀS 22H30 - DOIS DEDOS DE CONVERSA – JEAN-CLAUDE MÉZIÈRES COM PEDRO MOTA

ESPAÇO EXTERIOR DA CASA DA CULTURA
DAS 23H00 À 1H30 - CONCERTO AO AR LIVRE COM VIRGEM SUTA, TERRAZA E JIBÓIA – ENTRADA LIVRE
TASQUINHAS COM JANTARES E PETISCOS
TORNEIOS DE MATRAQUILHOS
ATELIÊ LIVRE DE SERIGRAFIA
* A PARTIR DA 1H30 SEGUE A FESTA NO ESPAÇO OS INFANTES

BEDETECA DE BEJA, 1º ANDAR, ALA ESQUERDA
DAS 2H00 ÀS 3H30 - EXIBIÇÃO DO FILME O QUINTO ELEMENTO, DE LUC BESSON, ANTECIDIDO PELA ESTREIA NACIONAL DA CURTA O NEGO, DE MARKO AJDARIC

ESPAÇO EXTERIOR DA CASA DA CULTURA
4H00 - CALDO VERDE PARA OS RESISTENTES

2 DE JUNHO, DOMINGO, NA CASA DA CULTURA

10H00 - REABERTURA DAS EXPOSIÇÕES E DO MERCADO DO LIVRO NA CASA DA CULTURA (PARA OS OUTROS NÚCLEOS EXPOSITIVOS CONSULTAR OS HORÁRIOS)
11H00 - VISITA GUIADA À CIDADE COM FLORIVAL BAIÔA MONTEIRO (ENCONTRO NO LARGO DO MUSEU REGIONAL DE BEJA)
ESPAÇO EXTERIOR DA CASA DA CULTURADIA
12H30 - ABERTURA DAS TASQUINHAS COM ALMOÇOS E PETISCOS

BEDETECA DE BEJA, 1º ANDAR, ALA ESQUERDA
DAS 14H30 ÀS 14H45 - APRESENTAÇÃO DO FANZINE OURO FORMIGAS, (COLEÇÃO TOUPEIRA N.º 7, BEDETECA DE BEJA), COM ANDRÉ FERREIRA – PRÉMIO GERALDES LINO
DAS 14H45 ÀS 15H00 - GIBITECA DE QUATRO BARRAS: UM ABRAÇO ATLÂNTICO, COM ENÉAS RIBEIRO CORREA
DAS 15H00 ÀS 15H30 - DOIS DEDOS DE CONVERSA – ILAN MANOUACH E PEDRO MOURA
DAS 15H30 ÀS 15H45 - APRESENTAÇÃO DO FANZINE EFEMÉRIDE N.º, COM GERALDES LINO
DAS 15H45 ÀS 16H00 - APRESENTAÇÃO DO LIVRO ZAKARELLA, COM JO BONITO E NUNO AMADO
DAS 16H00 ÀS 16H30 - DOIS DEDOS DE CONVERSA – PEDRO ZAMITH COM PEDRO MOURA
DAS 16H30 ÀS 16H45 - APRESENTAÇÃO DO LIVRO KASSUMAI (CHILI COM CARNE), COM DAVID CAMPOS E MARCOS FARRAJOTA
DAS 16H45 ÀS 17H15 - DOIS DEDOS DE CONVERSA – JORGE GONZÁLEZ COM ANA DE FREITAS
DAS 17H15 ÀS 17H45 - DOIS DEDOS DE CONVERSA – TÓ TRIPS COM NUNO ARAÚJO
DAS 17H45 ÀS 18H00 - APRESENTAÇÃO DO PROJECTO EDITORIAL PARADOXA, POR ANDRÉ PIMENTEL E RICARDO ROSADO
DAS 18H00 ÀS 18H15 - LANÇAMENTO DO FANZINE ESPAÇO MARGINAL (LAB – ACM), POR ANA VELHINHO

CAFETARIA, R/C, ALA DIREITA
DAS 14H30 ÀS 15H00 - VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO DE STAN LEE COM PEDRO MOTA (ENCONTRO NA CAFETARIA)

SOCIEDADE CAPRICHO BEJENSE
22H00 - NOITE DE TERTÚLIA NA SOCIEDADE CAPRICHO BEJENSE (CAFÉS E BAGAÇO)

FIM DAS FESTAS DO 1º FIM-DE-SEMANA2 DE JUNHO, DOMINGO, NA CASA DA CULTURA

quinta-feira, maio 23, 2013

Crónicas de Arquitectura



Em “Crónicas de Arquitectura”, reúnem-se 12 pranchas de BD/ilustração de Pedro Burgos, publicadas previamente no Jornal de Arquitectos entre 2009 e 2012. O convite havia sido feito por Manuel Graça Dias, director do jornal nessa altura e o autor do excelente e informativo prefácio deste livro.

Como todas as edições do jornal são temáticas, cada prancha debruça-se sobre esse tema em particular, sempre estritamente ligado à arquitectura. E, seja o tema a crise financeira, o desemprego ou a educação, Pedro Burgos consegue, imediatamente, cativar a atenção do leitor com o seu traço recto e limpo e uma crítica social carregada de ironia e humor.

A acompanhar cada prancha temos um esboço preliminar do autor, que nos mostra como nasce a sua ideia no papel. É muito curioso assistir à evolução do caos, que são os seus primeiros “esquiços”, até resultarem no produto final, tão organizado e tão metódico.

A comunicação entre a BD e a arquitectura nunca havia sido tão explorada pelo autor como neste “Crónicas de Arquitectura”. Sendo tanto arquitecto como autor de BD, Pedro Burgos enveredou por um caminho onde, nas palavras do próprio, “o que era subterrâneo corre agora à superfície, abrindo novos caminhos e possibilidades”.

O livro foi editado pela Turbina, com chancela da Mundo Fantasma. É uma proposta aliciante, dirigida tanto aos apaixonados por arquitectura como aos apreciadores do fino humor dos cartoons. A descobrir.

Publicado originalmente na Rua de Baixo.





quarta-feira, maio 22, 2013

Man Of Steel - Fate Of Your Planet (Trailer)

Loverboy



Li finalmente a mítica trilogia do "Loverboy" personagem criada por Marte (Marcos Farrajota) em 93 para o fanzine "Mesinha de Cabeceira". A início, além do argumento, era desenhado também pelo próprio criador, tendo tido posteriormente um episódio desenhado por Miguel Falcato e um poster por Yip Sou. Em 96 entra João Fazenda para assumir o desenho de "Loverboy" num projecto mais longo e que resultaria em três livros: "O rebelde"; "A faculdade são dois ou três livros" e "[...]muda mas fica igual [...]".

Fiquei imediatamente fã deste Loverboy (parece que é mesmo o nome dele) uma personagem que nos é apresentada como um engatatão filha da mãe, capaz de seduzir uma mulher só para mais tarde a ridicularizar numa situação qualquer. No primeiro tomo, "Rebelde", acompanhamo-lo a ele e aos seus amigos durante uma noite de concertos. Como o público alvo feminino deste evento não parece estar muito interessado em Loverboy - parece que é um betinho - a noite não lhe corre nada bem, acabando por jurar formar uma banda para se vingar delas. De destacar também os seus amigalhaços, nomeadamente, o satânico Astarot que fez uma cruz invertida na testa com um ferro em brasa, esta personagem é qualquer coisa de espectacular. Quanto aos fãs de um género musical mais voltado para o rock e o metal estejam atentos aos inúmeros nomes de bandas que por aqui passam, todos trocadilhos com bandas reais e alguns dos quais hilariantes.


A fusão de estilos é que vai criar um som inovador! O que seria dos Rage Against The Working Class se não misturassem sons diferentes?

Leonardo


Loverboy podia ser perfeitamente uma personagem parada no tempo, no entanto, o autor optou por desenvolvê-lo e evoluí-lo (excelente opção). Se no primeiro tomo temos a personagem no fim do liceu, em "A faculdade são dois ou três livros" assistimos Loverboy a ingressar no ensino superior e mais importante ainda a apaixonar-se. Nunca antes este rapaz se havia preocupado com alguém, nem sentido o carinho que sente por esta rapariga. Claro que numa incursão pelo mundo universitário não podiam faltar as habituais praxes, aulas e - pois claro - as tunas.



Todas as tunas académicas são asquerosas e esta é a mesma merda.
Loverboy


Quanto a "[...]muda mas fica igual [...]" apanhamos Loverboy numas férias após ter tido o coração partido. Este livro é todo uma grande trip de ácidos e questiono-me se será por isso que Fazenda mudou o registo do desenho, mas arrisco-me a dizer que não. De qualquer das formas o seu traço é claramente distinto neste livro quando comparado com os outros, menos detalhado e pormenorizado, mas que assenta muito bem no tom psicadélico da história. E não posso deixar passar despercebida a aparição do "Pato Otário" a primeira personagem criada por Marte.



FUCK POSEURS!!! ALL HAIL METAL!!!
Astarot



Como já referi fiquei fã deste grupo de amigos, gostei das personagens criadas por Marte e das suas pequenas sátiras às várias comunidades, sejam os melómanos ou os universitários, entre outros. Quanto ao João Fazenda, já tinha gabado o seu storytelling em "Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos" e volto a fazê-lo aqui, que num registo completamente distinto volta a marcar pontos. Quanto mais conheço dele mais pena tenho que não tenha editado BD nos últimos tempos.

Todos os livros foram editados pela Polvo e o segundo volume recebeu uma menção honrosa para melhor álbum português no festival internacional de BD da Amadora em 98.



terça-feira, maio 21, 2013

Afterschool (2008)


Em 2008 António Campos trouxe-nos a sua primeira longa-metragem intitulada "Afterschool". É um filme que se debruça sobre a geração dos vídeos cibernautas, a "geração youtube". O desenvolvimento da tecnologia tem repercurssões na nossa forma de estar, tanto pessoal como profissional. Os nossos hábitos mudaram com a  introdução da internet, dos telemóveis, etc. Vivemos tempos de grande e rápida expansão tecnológica e por isso quanto mais rápido esse desenvolvimento maior o poço que separa as gerações umas das outras.

Campos focou-se então num aluno em particular, Robert, que tem um grande interesse e fascínio por vídeos. Vídeos com aspecto caseiro e artesanal, vídeos que pareçam genuínos e que com eles pareça que estamos a assistir a uma qualquer verdade ao contrário do mestre das ilusões, o cinema. E a maioria desses vídeos são de facto realistas, outros, fica a questão no ar.

Quando se envolve no clube de vídeo da escola, Robert acaba por filmar em directo a overdose de duas gémeas, uma tragédia que irá colocar a sua escola em alerta vermelho. Esta situação tem uma influência muito grande, mas inicialmente contida, em Robert, são várias as vezes que este assiste ao seu vídeo, onde o próprio aparece a ir ter com as gémeas nos seus últimos momentos, numa cena que tem o seu quê de intrigante e misteriosa.

Ao longo do filme vamos tentando compreender o que se passa dentro da sua mente e a forma como este acontecimento o marcou, há medida que vamos conhecendo também outros alunos e determindadas particularidades na gestão de uma escola privada - nada surpreendentes. Se "Afterschool" vale a pena pela mensagem e pela exploração destes temas, vale também pelo fantástico desempenho de Ezra Miller no papel de Robert, que já aqui mostrava ser um "natural born actor".

 "Afterschool" tem um tom algo experimental, uma aproximação, em termos de estilo, entre a ficção e o documentário. Talvez criando uma ligação aos mesmos vídeos que tenta explorar. É muito curiosa a cena em que Robert mostra o seu vídeo de homenagem das gémeas que morreram. Também o seu vídeo é altamente experimental causando estranheza e repugnancia a um dos directores da escola que acaba por desenvovler outro projecto, mais tradicional, mais óbvio e banal. Este director podia ser a persononificação de Hollywood a recusar um filme destes que certamente teria uma abordagem bem distinta ao contar esta história, e que atenção, não teria de ser má, são cinemas distintos e é apenas isso que quero realçar.

segunda-feira, maio 20, 2013

E assim começa a aventura


"Em suma, enfrascou-se com tanto em sua leitura, que se lhe iam as noites lendo de uma assentada, e os dias de sol a sol; e assim, de pouco dormir e do muito ler, se lhe secou o cérebro de maneira que acabou por perder o juízo."

em Dom Quixote De La Mancha de Miguel de Cervantes

quinta-feira, maio 16, 2013

Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos


Se a capa de um livro é importante a fim de captar a nossa atenção, o título também terá um papel a desempenhar nesse sentido. São, afinal de contas, estes os primeiros contactos que temos com um livro e que nos poderão fazer pegar nele e folheá-lo. Claro que se não devemos julgar um livro pela capa, também não o devemos fazer pelo título. Isto para dizer que Pedro Brito (argumento) e João Fazenda (desenho) escolheram um título certeiro para esta BD. Há qualquer coisa de imensamente atractivo quando lemos as palavras "Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos", onde rapidamente a nossa curiosidade é despertada, pelo menos foi o que aconteceu comigo.

Ainda há pouco tempo tive uma conversa sobre a forma como algumas pessoas olham a BD. Parece que muitos encaram-na não como uma arte com a sua própria identidade, mas antes como um género da literatura. Tal como existe o terror, o drama ou a comédia, existe também a BD. Ora nada mais errado, a BD é uma arte que tal como a literatura possui vários géneros e é normal, como em tudo o resto, que não se gostem de todos, isso não faz com que não se goste de BD. Por isso é que acho que a maioria das pessoas que o afirma, são as que menos a conhecem. Partilho esta conversa que tive porque ao iniciar este livro o protagonista, Tomás, também a tem com um amigo, foi como se me estivesse a "ouvir".

Tomás está neste momento a batalhar com os seus pensamentos em busca de inspiração para escrever um argumento para BD. A sua relação amorosa tem vindo a denegrir com o tempo, Elsa, a sua mulher, uma pintora ansiosa por receber reconhecimento, tem-se afastado cada vez mais dele, fechando-se num mundo ao qual ele não sente pertencer. Entretanto, enquanto continua a sua demanda em busca de uma musa inspiradora, parece vir a encontrá-la nos seus sonhos. Sonhos esses que parecem ter uma qualquer ligação a uma estranha planta que comprou no meio da rua. O mais estranho é que a musa que lhe surgiu em sonhos lhe acabará por surgir à sua frente no comboio. Será possível sonharmos com alguém que nunca antes vimos? Ou haverá algo mais neste acontecimento? Magia? Ou pura e simplesmente o destino?

Gostei da história e dos diálogos, apenas acho que o "destino" facilita muito a vida de Tomás no final. Todos os seus problemas se concluem de forma rápida e eficaz, principalmente o do seu casamento com Elsa, cuja dinâmica poderia ter sido mais explorada.

Conheci o trabalho de João Fazenda com as suas ilustrações para os textos da Visão de Ricardo Araújo Pereira e que deram o livro "Boca do Inferno". Quando soube que tinha feito BD comecei a procurar os seus trabalhos dos quais este foi o primeiro que li. O exercício que Fazenda fez neste livro é muito interessante e mostra como podemos fazer algo bom e diferente sem precisar de ter grandes custos de impressão. O livro é desenhado a preto-e-branco, usando em determinados momentos uma coloração vermelha, por exemplo, em algumas peças, de roupa, no fumo de um cigarro, ou no, mais óbvio, sangue. A combinação entre a cor vermelha e o traço negro de Fazenda resultam numa mistura singular que só por si já fazem desta uma leitura que merece a nossa atenção.

"Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos" foi editado pela "Polvo" e venceu os prémios de "Melhor álbum português" e "Prémio Juventude" em 2001 no Festival Internacional de BD da Amadora, e "Livro do ano 2000 em BD" pelo Diário de Notícias.

quarta-feira, maio 15, 2013

Cem Anos de Solidão



Pablo Neruda apelidou "Cem anos de Solidão" como a maior revelação na literatura de língua espanhola desde "Dom Quixote" de Cervantes. Escolhi começar o texto por esta frase não tanto pelo elogio de Neruda, mas pela curiosidade de que - no seguimento do clube de literatura - Dom Quixote foi o livro que calhou ser lido imediatamente após este.

Além de ser um dos livros mais conhecidos da língua espanhola, é também um dos mais conhecidos do género do "realismo mágico", que segundo o crítico Franz Roh, é um estilo de escrita "em que o sobrenatural é apresentado de forma mundana e o mundano de forma sobrenatural ou extraordinária" [1]. De facto a forma como Gabriel García Márquez introduz os elementos fantásticos surge-nos de uma forma tão terrena como outra actividade qualquer que respeite as leis da física. Não existe nunca um enaltecimento ou deslumbramento no tom da escrita quando se aborda o mágico, mantendo-se sempre a mesma sobriedade ou loucura, para abordar qualquer assunto, o que torna o ambiente narrativo numa mistura natural entre o real e o fantástico.

Esta é a história da família Buendía, encabeçada no início por José Arcádio Buendía - fundador da aldeia Macondo (situada algures na América do Sul) - e a sua mulher Úrsula Iguarán. Logo a inicio o tema do incesto surge quando sabemos que Úrsula e José Arcádio Buendía são primos, o que leva a mulher a recusar as primeiras investidas do marido por temer que os seus filhos nasçam com rabo de porco. Eventualmente Úrsula vê-se obrigada a aceder aos pedidos do marido, de forma a não causar maiores estragos dando início à descendência dos Buendía, com o nascimento do primogénito José Arcádio, do observador Aureliano e posteriormente da rancorosa Amaranta. Contudo o tema do incesto não se fica por aqui, marcando sempre uma forte presença ao logo das várias gerações.

São duas grandes personagens estas que dão início à história, de um lado temos o sonhador impulsivo que é José Arcádio Buendía, o homem das tarefas mirabolantes, e do outro uma das personalidades mais fortes de toda a história, a imbatível Úrsula, que se mantém firme e resistente contra todas as adversidades.

No fundo, "100 anos de Solidão" pode ser visto quase como um conjunto de várias curtas histórias, uma vez que começamos com a de José Arcádio Buendía e Úrsula, mas continuamos com as dos seus descendentes que vão chegar até à sétima geração. Ao longo do livro vamos notando algumas similaridades nas personagens e nas suas aventuras e desventuras, algo que Úrsula irá captar e vincar a dada altura. É como se a hístória dos Buendía estivesse condenada a repetir-se, porque o tempo não é uma linha recta mas antes um círculo. Tal pode ser visto também em algumas personagens que ao partilharem o nome partilham também determinadas características tais como os José Arcadios (fortes e impulsivos) e os Aurelianos (mais solitários e obecadados). Isto parece assumir um papel tão forte que quando tal não ocorre, falo dos gémeos José Arcádio Segundo e Aureliano Segundo, Úrsula prontamente afirma que se trocaram quando eram miúdos, o que muito provavelmente é verdade e dá um gosto especial ao final das suas histórias.

Existe também uma forte carga política no livro - onde Macondo representa a Colômbia - que começa logo com o patriarca José Arcádio Buendía, mas que assume proporções maiores na história do seu filho, aquele que dará nome a uma rua, o Coronel Aureliano Buendía. Quando o seu sogro lhe revelou as diferenças entre o conservadorismo e o liberalismo, Aureliano percebeu que ao contrário dele era um convicto liberal. Esta é uma decisão que irá colocá-lo no caminho das revoluções e da guerra. Foram várias as batalhas que travou onde todas elas terminaram em derrotas, derrotas não só físicas mas também de espírito, quando a linha que separa os valores do liberalismo e do conservadorismo não parece tão carregada e intensa como no início. A par dos seus pais, o Coronel Aureliano é uma dos melhores personagens cujo final ficará sempre cravado na minha memória.

Devido ao isolamento de Macondo em relação ao resto do mundo, a cidade começa como se estivesse parada no tempo, deslumbrando-se com as novidades que os ciganos trazem de tempos a tempos. Eventualmente a cidade sofrerá várias alterações que a vão colocando em maior contacto com artigos e costumes de outras culturas, como quando Úrsula descobre o caminho que o seu marido procurou e nunca encontrou e que fará a ligação a outras localidades trarzendo novos visitantes. As mudanças tornam-se mais drásticas quando os caminhos de ferro chegam a Macondo e com eles o "progresso". Atente-se quando um dos muitos visitantes, o Sr. Brown, dá início ao negócio de plantação de bananeiras, o que resulta na criação de uma sociedade aparte de Macondo e separada por arame. Um segmento onde o capitalismo e as leis do trabalho são explorados, resultando num terrífico confronto que para sempre assombrará uma das personagens do livro. Aqui García Márquez foca também o quanto a passagem da História para as futuras gerações está dependente dos vencedores para a contarem, algo mais desenvolvido e explorado no livro anterior o "1984" de George Orwell.

É um belo e muito divertido livro, que nos faz viajar pela História de uma terra imaginária, desde os seus primeiros tempos, até aos finais. O final é tocante e mágico, onde o cigano Melquíades ainda tem uma palavra a dizer, a partir dos seus famosos pergaminhos que nos revelam o encerrar de um ciclo de 100 anos de solidão. Uma solidão que esteve muito presente na família Buendía e que chega enventualmente, como todas as coisas, ao fim.

terça-feira, maio 14, 2013

Jagten


SPOILERS

Já me tinham prevenido que "Jagten" de Thomas Vinterberg é uma das melhores estreias do ano e, após a sua visualização, só posso concordar.

Temos aqui um grande argumento de Tobias Lindholm eThomas Vinterberg que toca em uma das questões mais sensíveis para o ser humano, o do abuso de menores. As crianças são os inocentes do nosso mundo, aqueles que protegemos acima de tudo e aqueles a quem não toleramos que sofram acima dos outros. Vinterberg opta por explorar não o lado do abuso, mas o que uma acusação deste calibre pode fazer a alguém.

Lucas (excelente Mads Mikkelsen) é um professor que trabalha num jardim de infância. É um homem amado na sua comunidade e pelas crianças com que trabalha também. O pior da sua vida é a luta pelo seu filho, cuja custódia perdeu. Porém, tudo está prestes a mudar quando Klara, a filha do seu melhor amigo, profere à frente da directora da escola que viu o pénis duro de Lucas. Tais palavras e imagens, vieram do seu irmão e de um colega que as viam no ipad. A directora, contudo, não sabe isto e fica em alerta. A situação começa a escalar e assume proporções gigantescas e, a dada altura, Lucas é acusado de ter abusado de várias crianças da turma.

Quando a própria Klara admite ter inventado tudo, já todos pensam que é o trauma que a faz mentir e quase a convencem, por sugestão, do que aconteceu conLucas foi verdade. A sugestão é algo muito delicado, não me surpreendia que no filme Klara surgisse após 20 anos a acreditar que tinha sofrido um abuso de Lucas.

A grande força do filme é este forte realismo que sentimos ao assisti-lo. Esta é uma história que poderia acontecer a qualquer um. Basta uma criança proferir tais palavras e todos ficamos alarmados e desconfiados. A problemática maior é que é possível que uma criança também minta quando foi abusada e a dada altura como ficamos a conhecer a verdade? De fora ainda poderemos conseguir manter algum sangue frio, mas e se fosse o nosso filho? Por muito que crítique a atitude da directora, principalmente no aviso a todos os pais onde espalha um pânico desnecessário, a verdade é que facilmente podemos cair no lado da injustiça e sem grandes esforços. É que se por acaso for verdade...

Claro que uma mancha destas na vida de alguém é algo que por muito que se limpe, nunca sai verdadeiramente, como se mostra no final do filme. Para sempre Lucas terá a vida injustamente manchada.

Um filme duro de ver, novamente, pela sua abordagem tão real, que o elevam a uma das propostas mais interessantes do ano.

segunda-feira, maio 13, 2013

Dire Straits - Once Upon A Time In The West



Reza a lenda que após ter visto o filme de Sergio Leone, um Mark Knopfler embriagado compôs uma pérola musical com o mesmo nome do filme.

Em "Alchemy", um álbum ao vivo, os Dire Straits presenteiam-nos com uma versão longa desta mesma canção. São 12 minutos de magnificência musical.

Alguém dizia uma vez que os álbuns ao vivo nunca eram tão bons pois as canções perdiam qualidade sonora quando comparadas com as dos álbuns de estúdio. Faz sentido, ou melhor, faz sentido para bandas que não acrescentem nada ao vivo, que simplesmente se limitem a tocar um álbum tal e qual como o gravaram. Mas, quando falamos de bandas como os Dire Straits, a história é outra e "Alchemy" é a prova disso. Tome-se como outro exemplo a célebre "Sultans of Swing" que aqui conta com 10 minutos e um solo ainda mais impressionante saído das mãos desse mestre que toca sem palheta, Mark Knopfler.

Zona Nippon 2


O 2º tomo da Zona Nippon, dedicada a temas e estilos japoneses, já se encontra disponível para comprar.

O lançamento decorreu no passado sábado no festival Anicomics.

O libro tem 90 páginas e conta com a participação de 19 autores:


Este número conta também com uma entrevista a Selma Pimentel.
A capa é da autoria de Paula Almeida.
Para mais informações podem consultar o blog oficial.

sexta-feira, maio 10, 2013

Paradoxa - Novo Projecto de BD Nacional em Crowdfunding


O crowdfunding parece consolidar-se cada vez mais como um veículo para a produção de obras que veio para ficar. O Kickstarter tem dado que falar pelos seus inúmeros projectos que deram e irão dar frutos. Veja-se o caso do já aqui mencionado "Fairy Quest" ou da velocidade com que se atingiu o orçamento para o filme de "Veronica Mars".

Tiago Pimentel (desenho) e Ricardo Rosado (argumento) são dois autores portugueses que decidiram utilizar este veículo a fim de publicar a BD "Paradoxa" usando para isso a plataforma massivemov. Em tom de curiosidade o Kickstarter exige ter alguém a residir nos Estados Unidos (ou algo similar).

Desta forma podem consultar o projecto e se estiverem interessados ajudá-lo aqui.

Também podem consultar a página no facebook. De resto deixo uma sinopse do trabalho e algumas imagens divulgadas pelos autores.

PARADOXA
 
Paradoxa é um mundo alternativo. Uma realidade alternativa. Animalia paradoxa é um termo assim baptizado para descrever aqueles animais aos quais Lineus não fora capaz de incluir numa das suas classificações do reino animal. A fénix, a hidra e por aí em diante. Rapidamente descartou essa classificação, a classificação do inclassificável. Aqui retomamo-la. Pandora é uma mulher que algures na sua vida se fundiu com um gato, contra sua vontade, o assimilou ao seu estômago. Esse gato é membro de uma organização secreta denominada iLeus votada a descobrir traços de pura humanidade no universo, algo raro, pois a miscigenação entre o ser humano e o ser animal é elevada. Mas ficamos aí no que toca a Hicks (deve ser lido como um soluço) o gato. A história, este primeiro volume, descreve a vida de P. (Pandora) e o mito de criação original deste universo, segundo consta terá sido criado por dois deuses, o Deus Para e o Deus Doxa. Paradoxa é um evento, um evento que: esporadicamente; e inexplicavelmente leva à fusão dos seres, animais e humanos.






LISBON FETISH WEEKEND 2013



O "Lisbon Fetish Weekend" está de regresso para a sua 2º edição a decorrer de 30 de Maio a 2 de Junho em Lisboa.. O festival é organizado pela  ConSenSual e apresentado como sendo de cariz artístico, cultural e científico dedicado ao universo fetichista e kink.


Para mais informações deixo o respectivo comunicado de imprenssa:

Ao lado de outras metrópoles europeias como Paris (Semaine Demonia), Berlim (German Fetish Ball), Barcelona (Barcelona Fetish Weekend) e Londres (London Fetish Weekend), Lisboa encontra-se já definida no roteiro da cena Fetichista internacional na sequência da primeira edição deste evento no ano passado. A adesão e sucesso do evento em 2012 levou a sua promotora ConSenSual a reeditá-lo dentro do mesmo espírito.

As principais actividades integradas no Lisbon Fetish Weekend 2013 compreendem:

I – COLÓQUIO: “BD[SM]: Um Mundo de Emoções”



Neste Colóquio pretendem abordar-se as emoções que o BDSM encerra e desperta, tendo em conta diferentes perspetivas, da psicologia às neurociências, da linguagem à comunicação, da arte à perceção exterior. Para tal, vão estar presentes académicos e profissionais de diferentes áreas do saber, incluindo a Psicologia, a Sexologia, as Ciências da Comunicação, o Jornalismo e as Artes Plásticas, que irão debater este tema de forma séria, sem preconceitos e tendo em conta o estado atual do conhecimento científico e social. Fábrica de Braço de Prata – 30 Maio/19h00.

II – MOSTRA LITERÁRIA

O Lisbon Fetish Weekend 2013 englobará uma Mostra Literária incluindo obras de ficção e de não ficção, desde as mais antigas às contemporâneas, dedicadas ao Fetichismo e ao BDSM. Fábrica de Braço de Prata – 30 Maio a 2 Junho.

III - II Edição do CONCURSO DE FOTOGRAFIA FETICHISTA

Na sequência da primeira edição em 2012, são convidados a concorrer com obras inéditas subordinadas aos temas Fetichismo, Erotismo e Kink, fotógrafos profissionais e amadores, bem como alunos das escolas de arte e de fotografia. Concurso aberto de 15 de Março a 15 de Maio de 2013 e regulamento disponível no site do evento.

IV – EXPOSIÇÃO DE ARTE

O Lisbon Fetish Weekend 2013 apresentará uma Exposição de Arte dedicada ao BDSM e Fetichismo incluída no Mês do Erotismo promovido pela Fábrica de Braço de Prata, a qual contará com a exposição dos premiados do Concurso de Fotografia Fetichista. Fábrica de Braço de Prata - 30 Maio a 29 Junho.

  V - CINEMA

No seguimento de Londres, Copenhaga, Örebro, Viena e Amesterdão, a screening tour do Fetisch Film Festival passará por Lisboa pela mão do Lisbon Fetish Weekend 2013. O evento será o anfitrião para o screening de 5 vencedores do Fetisch Film Festival 2012. Este certame é a mais conceituada atribuição anual de prémios a filmes com teor erótico-fetichista e BDSM e realiza-se em Kiel, na Alemanha. Fábrica Braço de Prata - 31 de Maio, 22h30.

VI - WORKSHOPS

O Lisbon Fetish Weekend 2013 abrirá espaço para dois workshops, um de Desenho (Live Kinky Drawing) e outro de Shibari/Kinbaku, erotizando a antiga arte japonesa de atar com cordas. O workshop de Desenho será lecionado por Telmo Alcobia, e versará sobre técnicas de desenho à vista de construções de shibari as quais serão feitas ao vivo para os alunos. Por sua vez, o workshop de Shibari/Kinbaku será leccionado por Riccardo Wildties (Kinbaku Luxuria) e versará sobre a prática desta arte de imobilização com cordas. Fábrica Braço de Prata - Live Kinky Drawing: 1 Junho, 14h às 18h; Shibari/Kinbaku: 2 Junho, 14h às 18h.

VII – PERFORMANCE de SHIBARI

O Lisbon Fetish Weekend 2013 tem a honra de apresentar uma performance de Shibari por Kinbaku LuXuria (Riccardo Wildties e Redsabbath). Os espectáculos da Kinbaku LuXuria são conhecidos pela sua intensidade e erotismo extremos, resultado de uma profunda e íntima ligação entre ambos.. Podemos antever uma experiência fascinante uma vez que Riccardo Wildties e Redsabbath são considerados dos melhores artistas de Shibari/Kinbaku a nível Europeu. Fábrica de Braço de Prata - 1 de Junho, 22h 30.

VIII – KINKY RENDEZ-VOUS (Play Party)

O lado festivo não deixará de estar presente neste certame e será num ambiente Fetish Glamour, aberto a qualquer pessoa, que o Lisbon Fetish Weekend 2013 apresentará uma festa temática.. Para se ser admitido, no entanto, os participantes deverão respeitar o rigoroso dress code, como é “norma” neste género festas. Fábrica Braço de Prata – 1 Junho, 24h00.

Sobre a ConSenSual

A ConSenSual, promotora do evento, é uma organização que tem por objetivo ajudar a desmistificar opções e estilos de vida alternativos ligados ao BDSM e Fetichismo. Um espaço educacional aberto a todos e que aborda e analisa temas conceptuais, de saúde e jurídicos. O site da promotora pode ser visitado em www.consensual.org.pt.

Mais informações disponíveis em: www.lisbonfetishweekend.com, no Facebook em www.facebook.com/LisbonFetishWeekend ou através do e-mail geral@consensual.org.pt