"Las Serpientes Ciegas" viria a nascer da vontade que Bartolomé Seguí (desenhador e ilustrador) tinha em desenhar uma história que se desenrolasse durante a guerra civil espanhola mas também numa Nova Iorque dos anos 30. Tendo dito isto a Felipe Hernández Cava (autor de BD, guionista para TV, crítico de arte e director editorial), este começou a orquestrar a trama que juntasse estes elementos. Inicialmente, Seguí, pediu a Gabi Beltrán para coloriar a BD, mas eventualmente acabaria por ser o próprio a fazê-lo.
A história começa em 1939 com a chegada de um adversário a Nova Iorque. Conta-nos que se encontra ali porque está em busca de um homem chamado Ben Koch. No entanto nunca nos revela o seu nome e qual a razão da sua perseguição. Encontra-se muito bem vestido, envergando um fato e um chapéu, vermelhos. Será este homem um detective da policia ou um investigador contratado por terceiros? Independentemente da resposta o que podemos concluir é que este misterioso homem não se preocupa em chamar a atenção, nem tem particular pressa em encontrar o seu alvo, instalando-se confortávelmente na pensão de um amigo de Koch e esperando que este venha até si enquanto conhece a cidade.
Em paralelo conhecemos a história do perseguido, Ben Koch, que curiosamente também se encontra em busca de alguém, Curtis Rusciano. A História de Ben vai alternando entre o presente e o passado, de modo a nos dar a conhecer qual a relação entre Ben e Curtis, como ambos se conheceram num grupo comunista em 1936 em Nova Iorque e como se voltaram a encontrar em Barcelona quando Ben foi combater na guerra civil espanhola.
Este foi o primeiro trabalho que conheci de ambos os autores e fiquei muito bem impressionado.
O argumento de Felipe Hernández Cava está muito bem construído, dividindo a história em 7 capitulos cada um com 8 páginas. A história surge-nos a início como um thriller policial e tal como um bom detective, há medida que a vamos descobrindo, cada vez mais mergulhamos numa outra temática, a das ideologias politicas de cada um e como podem ser perigosas quando levadas ao extremo.
A arte de Bartolomé Seguí também não fica nada atrás na qual reconheço influências de Miguelanxo Prado. Adorei o seu retrato de Nova Iorque para o qual usou como referência as fotografias de Berenice Abbott. Pelo que descobri sobre o autor costuma dedicar-se mais ao preto e branco aventurando-se aqui por um caminho menos comum ao ter decidido colori-la. Percebe-se perfeitamente o porquê da escolha pois é uma BD que ganha muito simbolismo na cor e ainda bem que o autor decidiu fazê-lo pois o resultado é espantoso.
Foi uma obra que não passou despercebida em Espanha tendo arrecadado vários prémios em 2009 e tendo sido também considerada em França como uma das melhores 15 BD´s em 2008.
Comprei-o o ano passado quando passei por Madrid. Gosto sempre de procurar pela BD de um país quando o estou a visitar. Claro que em certos locais a língua dificulta ou impossibilita a leitura, mas felizmente o castelhano não é um problema.
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