sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Viridiana (1961)



Esta será talvez a maior imagem de marca de "Viridiana" de Luis Buñuel, onde o realizador recriou a cena da última ceia a partir de um grupo de sem abrigos que abusa da hospitalidade oferecida. 10 anos depois de "Susana" o realizador espanhol surge-nos com um filme cuja crítica social não se encontra tão escondida, tão subtil.

Após a sua visualização - que já decorreu há muito tempo perdoem qualquer falta de memória - entrou logo para o leque de favoritos do realizador, que tendo em conta a qualidade do mesmo é dizer muito. A crítica social e religiosa em "Viridiana" - carregada de simbologia - é fortíssima e mostra-nos o quanto este realizador consegue ser ácido e severo, mas nunca descurando o humor ainda que seja negro.

Uma das cenas que mais me marcou foi a do cão que se encontra preso a uma carroça. A personagem Jorge, para o salvar tem de o comprar, mas ao fazê-lo surge-lhe novamente a mesma situação com outro cão. Pessoalmente considero esta uma metáfora muito rigorosa do nosso mundo. É aquela sensação de que a solução para o problema não está numa qualquer ajuda individual, ainda que esta seja relevante. Uma boa acção é melhor que nenhuma. Mesmo assim sentimos-nos esmagados com o peso do mundo onde mudá-lo é como remar contra a maré.

2 comentários:

Jorge Teixeira disse...

Sem dúvida, grande filme e grande cineasta. Defino, muitas vezes, Buñuel como um realizador que surpreende a cada nova investida que lhe dedicamos. É enorme.

Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo

Loot disse...

São elogios bem empregues. Desde o primeiro que vi que tem sido um viagem soberba a de conhecer este realizador. Od filmes dele têm muito "sumo" e é alguém muito atento à forma como transmitir a sua mensagem através de imagens.

Abraço