terça-feira, fevereiro 25, 2014

Doctor Who: The Time of The Doctor (especial Natal 2013)



SPOILERS

Yes, I am dying. You've been trying to kill me for centuries, and here I am, dying of old age. If you want something done, do it yourself.
The Doctor


O Doctor já tinha avisado que não deveemos conhecer o nosso futuro, pois isso dificultará a sua alteração. Para salvar os seus amigos, na temporada passada, ele viajou até Trenzalore, o planeta que será o seu túmulo. Ele sabe onde irá morrer e fugir disso agora torna as coisas muito mais complicadas, mas se alguém o consegue, é o Doctor.

Com a introdução do War Doctor os números mudaram, Matt Smith poderá ser sempre o 11º Doctor, mas só no nome, pois na realidade ele é o 12º. Depois temos o caso extraordinário de David Tennant o único Doctor que conseguiu manter o corpo após uma regeneração (devia ter cortado novamente uma mão se queria continuar). somando isto tudo temos as 12 regenerações feitas. Não me recordo de nesta nova fase da série este assunto já ter sido mencionado, mas aqui Smith explica a Clara que um Time Lord só consegue regenerar-se 12 vezes e por isso ele chegou à sua última vida. Percebemos também porque no final da sétima temporada, na linha temporal do Doctor, só vimos versões passadas e não futuras. É suposto o Doctor morrer nesta vida e em Trenzalore. Claro que o especial anterior já nos mostrou um novo Doctor e por isso o seu salvamento nunca esteve em dúvida.

Em "The Time of The Doctor" Moffat fecha todas as linhas narrativas que tinha aberto desde o primeiro episódio da 5º temporada. As rachas no fabrico do espaço e do tempo continuam e contêm do outro lado Gallifrey que tem vindo a perguntar constantemente a grande questão que pairou sempre nestas temporadas: Doctor Who?

Várias espécies, incluindo praticamente todos os inimigos do Doctor, movem-se para Trenzalore a fim de destruirem o planeta e não deixarem os Time Lords regressarem. Felizmente a "Church of the Papal Mainframe" chegou primeiro e protegeu o planeta, deixando o Doctor ser o primeiro a visitá-lo. Tudo a partir daqui começa a encaixar. Esta ordem religiosa é a responsável pela ordem dos Silence e um grupo deles decidiu viajar ao passado para impedir o Doctor justificando tudo que aconteceu nas temporadas passadas. Melhor ainda, ao viajarem no passado e, por exemplo, rebentarem com a Tardis, acabaram por ser os responsáveis pela própria fenda que queriam impedir. Foi muito bom, mas por se tratar de tanta coisa talvez um episódio duplo tivesse dado mais tempo para desenvolvimentos mais amplos. Moffat encerra assim o ciclo de Matt Smith, uma decisão que faz todo o sentido e que coloca uma conclusão nesta enorme aventura, mas que também nos deixa as portas abertas para uma nova.

O Doctor permanece assim em Trenzalore protegendo o planeta e ameaçando fazer regressar os Time Lords caso o planeta seja atacado. Claro que não há coisa que este Time Lord mais queira do que ver o regresso do seu planeta natal, contudo se o fizer, não só traria os Time Lords de volta como a Time War também e uma que envolveria ainda mais forças destrutivas.

Enganando Clara, para a proteger, o Doctor fica centenas de anos em Trenzalore (também porque fica sem a Tardis), envelhecendo com aquela comunidade que jurou proteger. Quando Clara regressa, ele é um homem muito mais velho e ver Smith neste papel é mais um momento de puro encantamento. Este homem é sempre tão bom neste papel e o que eu me ri no início quando ele sacou da peruca. Nesta aventura além de Clara contou com uma cabeça de um Cyberman como Companion e não é que nos marca muito apesar de a sua aparição só ter a duração de um episódio? Handles vais deixar saudades também.

No final temos a guerra prometida, onde o Doctor luta lado a lado com os Silent. Quem diria que estes dois se uniriam no futuro? Tudo decorre da forma que esperamos, mas perto do fim Clara faz o impossível (ou quase), o que lhe fica muito bem, afinal de contas, ela É a "Impossible Girl". Clara consegue mudar o futuro do Doctor ao pedir ajuda aos Time Lords. Num acto de tremenda ajuda os Time Lords - através da fenda - concendem ao Doctor nova energia de regenração (no que parece ser um novo ciclo). 

O 9º Doctor regenerou-se de forma algo pacífica. Já o 10º rebentou com a Tardis. Aqui notou-se que foi uma metáfora para toda aquela explosão de sentimento que tanto eles como nós sentíamos na despedida. Confesso que achei que não voltaria a ver uma explosão tão grande na regeneração, mas estava enganado. O 11º usa a energia da regeneração para rebentar com as naves dos Daleks. O fogo de artíficio ainda foi maior.

Claro que para termos um momento de despedida, o 11º não mudou logo aí, o corpo ainda ficou a trabalhar e assim, com Clara, seguimo-lo até à Tardis. Este homem fez quase o impossível. Ele conseguiu substituir Tennant e tornar instantaneamente a personagem sua. A despedida de Tennant tinha sido o momento mais emotivo para mim e quando Smith surgiu conseguiu enxugar-me as lágrimas e colocar-me um sorriso na cara logo a seguir. Agora, também a sua despedida me deixa novamente de rastos. O seu discurso é particularmente tocante porque acaba por ser tanto o da personagem como o seu, enquanto actor e é o melhor discurso de despedida que vi até agora. Após proferir a súltimas palavras surge a imagem de Amy Pond e é aqui que se torna impossível suster tanta emoção. Quem tem coração e seguiu as aventuras destes dois não conseguirá ver este momento sem sentir um qualquer aperto cá dentro. Que momento maravilhoso, que momento mágico.

Entra - sem contarmos - Peter Capaldi como o 12º Doctor. Uma entra inesperada a mais que um nível. O Doctor parece ter-se esquecido de como pilotar a Tardis. Amnésia? A despedida é triste, mas o futuro com Capaldi e Gallifrey nos planos parece promissor. A 8º temporada que chegue e depressa.

Estes textos começaram por ser uma forma de ir registando o meu acompanhamento desta série. Com o tempo acabei por ir escrevendo cada vez mais sobre as temporadas, pois se por um lado a paixão pela série era cada vez maior, por outro, quanto mais conhecia da mitologia mais tinha algo a apontar. Também o facto de Moffat ter criado enredos mais complexos ao longo da temporada, me fizeram exigir mais das suas conclusões. Se ele nos deixa tão em êxtase com as suas premissas é normal que tal aconteça, ao contrário de Davies que era mais subtil nas pistas, não tendo um planeamento tão intrincado e a longo prazo, mesmo que as suas conclusões também fossem explosivas a todos os níveis e com enredos mirabolantes (faz parte). Com isto quero dizer que os dois showrunners são claramente diferentes, ambos têm fortes qualidades e os seus respectivos defeitos, como é natural. Uma coisa é certa, tanto com um como com outro, foi um privilégio ter acompanhado estas novas aventuras de “Doctor Who”. Que continuem por muitos mais anos.

All the Doctor's change. When you think about it, they all are differente people, all through their lives. And that's ok, that's good, they gotta keep moving. So long as you remember all the people that they used to be. I will not forget one line of the 11th. Not one single hat or bowtie (the coolest ever). I swear Raggedy Man that I will always remember, when the Doctor was you.

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