quarta-feira, janeiro 11, 2012

Drive


É uma história simples, mas uma que nunca cansa. Rapaz gosta de rapariga e rapariga gosta de rapaz. O triunfo de "Drive" é precisamente na maneira como nos conta esta história. Nicolas Winding Refn consegue pegar neste argumento, baseado no livro de James Sallis, e transformá-lo em Cinema, em grande Cinema.

Ryan Gosling no papel do condutor sem nome fala pouco com a boca mas muito com os olhos. Um papel nada fácil e que não funcionando arruína todo o filme com ele. Um peso que Gosling suporta como de uma pluma se tratasse.
A cena inicial, ao som dos The Chromatics, onde num breve monólogo nos explicam tudo que precisamos saber, com Gosling numa janela de costas a usar o seu emblemático casaco escorpião (e nunca um homem de palito na boca conseguiu ser tão sexy), é provavelmente a melhor cena inicial do ano passado, junte-se a isto o melhor beijo também. A cena do elevador, entretanto já mítica, entre o "condutor" e a bela Irene (Carey Mulligan) é de uma intensidade avassaladora. Tal como Ewan Mcgregor nos contou em "Big Fish", o amor por vezes até faz o tempo parar. Naquele momento todas as mulheres desejaram ser beijadas assim.

O elenco de secundários é seguro com um momento "Breaking Bad" meets "Sons of Anarchy", falo obviamente de Bryan Cranston no papel de patrão do "condutor" e Ron Pearlman (novamente o safado) como mafioso. Albert Brooks também dá ares de sua graça como o sócio mais racional de Perlman, aquele que normalmente limpa a porcaria que o seu amigo faz.

A evocar os anos 80 seja na estética ou na grandiosa banda sonora, o filme tem assumidamente influências de outros como "Bullit" ou "Day of the Locust". Tendo sido dedicado em tom de tributo a Alejandro Jodorowsky, do qual sou mais conhecedor como argumentista de BD do que como realizador de cinema.
O filme visualmente está todo ele muito bem conseguido. A intensidade de todas as cenas, as perseguições de carro, essenciais num filme deste género, são executadas com mestria. Como disse as influências estão lá e não são desaproveitadas.
O que poderá fazer alguns torcer o nariz ou até mesmo tapar os olhos será a forma como a violência é filmada sempre de uma forma muito estilizada à semelhança do que Cronemberg havia feito em "A History of Violence" e que eu gosto muito.

De uma forma geral é um filme de extremos ou se ama ou se odeia e dificilmente alguém lhe será indiferente que no fundo é talvez a pior coisa que se pode ficar em relação a um filme. Eu felizmente estou no primeiro grupo, sou assumidamente um dos que ficou sob o feitiço de "Drive".

Um filme para os românticos (que não têm problemas com doses massivas de ultra-violência). Um filme que citando os REM "goes out to the one I love".


6 comentários:

Jubylee disse...

Concordo com todas as palavras que usaste (excepto algumas influências, porque não conheço, por exemplo Alexander Jodorowsky...). É de facto um dos filmes do ano, para mim. E, como já tinha escrito no meu cantinho, do qual só se poderá tirar maior partido numa sala de cinema. Sem qualquer dúvida. :)

P disse...

Para mim é O filme do ano.
Adorei e até fui vê-lo duas vezes ao cinema. ;)

Loot disse...

Jubylee: Sei que ele dedica o filme ao Jodorowsky que é um autor muito reconhecido na BD, os seus trabalhos no cinema não conheço mas diz quem viu que valem bem a pena.
E sim isto em sala de cinema é outra coisa :)


Patxi: Nem mais. Eu ando a ver se consigo ir uma segunda antes que saia.

bjs

A Bola Indígena disse...

É o chamado filme do c... 5/5 *

Abç

Loot disse...

Não diria melhor André :)

cube disse...

I'm giving you a night call to tell you how I feel, I want to drive you through the night and down the hills.