Encontra-se já disponível há alguns meses, a edição portuguesa de “Freaks”. Depois de “30 dias de noite” e “Dias Sombrios” a Devir continua (e muito bem) a apostar em trabalhos de Steve Niles, que troca agora a sua saga de vampiros, por uma viagem sombria pela América rural. A arte fica desta vez, a cargo de Greg Ruth, que através dos seus desenhos consegue transmitir em perfeição, o ambiente lúgubre e melancólico característicos deste conto.
Quando entramos no mundo de “Freaks” por momentos parece que nos encontramos num filme de Carpenter, onde numa aldeia distante, num dia como outro qualquer, sem explicação ou razão aparente, todas as mulheres engravidaram. E todas as crianças que nasceram fruto do que aconteceu nesse dia nasceram um pouco “diferentes”. Chamadas pelos pais de “aberrações” algumas delas apresentavam características (físicas) de animais e eram todas aos olhos dos mesmos, seres hediondos e monstruosos.
E como o que não é compreendido facilmente é temido, rapidamente se decidiu por um termo à vida destas crianças: cada pai teria de se “livrar” do seu filho. Mas consegue um pai matar um filho? Mesmo não compreendendo como uma “aberração” poderia algum dia ter sido gerada por ele? Consegue um pai matar sangue do seu sangue? A resposta não foi imediata para todos, e assim a maioria manteve em segredo estas crianças, fechadas em sótãos ou celeiros a serem tratadas e alimentadas como animais.
A estória começa por contar a relação de Trevor, uma das crianças “normais” com o seu irmão mais novo Will, uma das crianças “diferentes”. É Trevor quem vai alimentar Will ao celeiro, é ele quem de noite foge para o libertar, para que protegidos pelo manto da escuridão possam brincar, conversar, serem irmãos e por uns breves momentos serem livres.
Para uma estória que retrata de forma tão sombria, o modo de agir de uma comunidade perante os seus receios, “Freaks” não deixa de surpreender ao terminar este conto não com um sentimento de tragédia, mas sim de esperança.
Publicado originalmente em Rua de Baixo (Maio de 2006) por José Gabriel Martins (Loot)
4 comentários:
Mais uma que eu acho que so vale a peba pelos desenhos,a historia é igual aqueles filmes de terror da decada nde 70,e é muito basica.
Grimlock
Eu gostei do caminho que a história levou, apesar da trama base não ser nada de fantástico. A arte sim é um espanto e já vale a edição toda. A edição da Devir também é muito boa, o que ajuda muito.
Grimlock: Sim a estória é simples mas tocou-me. Os desenhos são muito bons como dizes. E como digo no texto uma parte da estória faz lembrar um filme do Carpenter :P
Celtic: Se criasse uma lista das minhas Bds favoritas esta não estaria provavelmente no top 20, como dizes não é genial, mas eu gostei como já disse comoveu-me.
Eu tenho a edição da Devir, apesar de preferir edições originais o preço/qualidade da devir convenceu-me na altura :)
Abraço aos dois
o desenho do greg ruth é fantastico! o cara é um gênio! quero muito comprar essa revista. todos tememos o desconhecido o "feio" aquilo que é diferente, bizarro. falar de pessoas que são deformadas e sofrem com o desprezo da sociedade é um tema polemico e sempre atual. devemos olhar o outro com sensibilidade e rspeito antes de fazermos julgamentos só através da aparencia.
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