quinta-feira, abril 26, 2012

The Avengers


Para descrever o que este filme é para mim, vou pedir emprestadas as palavras mais proferidas por Abed Nadir de "Community" e que são: "Cool, cool, cool". "The Avengers" tem muita pinta e é pura diversão ao mais alto nível, é tudo aquilo que esperava de um filme deste calibre e que consegue a proeza máxima, aquilo que todos os filmes deste género deviam almejar, que é despertar a criança que há em nós.

Pela ambição, este projecto seria sempre lembrado, é afinal de contas, a primeira vez em Cinema que se junta uma equipa destas. Claro que já existem filmes de equipas de Super-Heróis, temos os "X-Men" com alguns títulos soberbos e os "Fantastic Four", infelizmente dispensáveis. Porém, todas estas nasceram já como equipas na BD, os Avengers não. Os Avengers, tal como a Liga da Justiça para a DC é aquela equipa com que todo o leitor de BD sonha, a equipa em que se reúnem os Super-Heróis individuais mais populares. Por isso mesmo foi uma sábia decisão terem introduzido todos os protagonistas em filmes individuais primeiro, tal como havia sido feito na BD. A espera para chegar até aqui foi mais longa, mas compensou, em "Avengers" não se perde tempo a introduzir as personagens, isso já foi feito e se fosse de outra maneira metade do filme seria gasto nisso.


Mas, vamos por partes. Porque é que este filme funciona assim tão bem? Na minha opinião vou salientar os factores que considero mais relevantes. Para começar "o homem do leme", Joss Whedon, temos aqui um senhor que percebe de BD, que aliás, já escreveu para BD e por isso sente-se que as personagens foram bem entregues, há não só respeito por elas como as suas personalidades são muito bem exploradas aos quais Whedon adiciona o seu toque de humor. Se há coisa que sempre apreciei neste senhor foi precisamente o seu sentido de humor aguçado que para quem está familiarizado com o seu trabalho ("Firefly", "Buffy") irá certamente reconhecer o seu toque neste filme também. Outra coisa importante é que Whedon sabe realizar filmes, como já provou em "Serenety" (sim é uma boca ao "Spirit"). As sequências de acção em "Avengers" são muito bem pensadas, ver esta equipa a lutar em todo o seu esplendor e glória é magnífico. Aliás todo o espírito de diversão da BD é algo que se sente muito neste filme, essa transposição ocorreu na perfeição, são vários os momentos icónicos a que assistimos, desde um Hulk a tentar levantar o Mjolnir ou um Tony Stark a experimentar a sua nova armadura.

O elenco é outro factor importantíssimo e onde felizmente foi feito o pleno. Robert Downey Jr. foi o primeiro nome a surgir nesta equipa, ele é Tony Stark. Era das escolhas mais óbvias, porque é das mais perfeitas. Dito isto como poderia falhar? A sua personagem aqui mantém-se igual a si própria porque não se mexe com a perfeição.


Chris Hemsworth interpreta novamente Thor, o deus nórdico do trovão, pessoalmente sou dos que gostou muito da escolha. O seu Thor é seguro, imponente, divertido e acima de tudo, com um sentido de honra fortíssimo. Neste filme gostei particularmente da forma como exploram a sua relação com Loki, pois para todos os restantes Loki é apenas o vilão, mas para Thor é o seu irmão também. Por falar no deus da trapaça o que dizer de Tom Hiddleston? Nada, além de elogios. Excelente escolha para vilão, de todos os filmes anteriores era o que tinha mais estofo para ameaçar uma super equipa destas. Hiddleston já tinha sido um dos pontos mais fortes no filme "Thor", aqui regressa à sua personagem, que anseia por vingança mais do que nunca, e volta a entregar-nos uma representação fascinante que o coloca no pedestal dos grandes vilões de BD adaptados ao cinema. Os seus discursos sobre a liberdade, focando que com a sua liderança o nosso mundo conheceria a verdadeira paz, tornam-no um vilão ainda mais interessante.

Na altura que Chris Evans foi escolhido para ser o Captain America, muitos expressaram o seu desagrado, não porque Evans não fosse capaz de interpretar Steve Rogers, mas, porque já tinha sido o Human Torch em "Fantastic Four". A mim Evans já me tinha convencido no seu filme a solo e aqui ainda gostei mais de o ver, porque senti ainda mais o espírito do Captain America. É uma personagem que praticamente não tem poderes ao pé dos outros, é juntamente com Black Widow e Hawkeye dos mais fracos e ao pé de deuses e "gigantes", fica sempre o receio de que passem para segundo plano. Contudo, Whedon, soube orquestrar esta equipa muito bem e todos têm um papel a desempenhar nela. O Captain America assume naturalmente o papel que sempre lhe foi destinado, o de líder e nunca em altura nenhuma isso soa a forçado. As suas cenas de luta são também fabulosas e compensam o facto de ter o fato mais piroso do filme...


De todos estes Super-Heróis, o mais mal tratado foi o Hulk, que é também a pedra no sapato deste franchise, não só por o "Incredible Hulk" de Louis Leterrier ser o pior de todos, mas porque o actor teve de mudar também. Claro que este factor inicialmente negativo acabou por ser muito bom, para mim Mark Ruffalo tem mais de Bruce Banner do que Edward Norton, não desfazendo o grande actor que este senhor é. E felizmente o Hulk surge aqui como a força da natureza que é, esqueçam o passado, este sim é o verdadeiro monstro verde que rouba todas as cenas em que entra e cuja voz volta a ser dada por Lou Ferrigno. Pessoalmente preferia que tivessem feito a ponte com o Hulk de Ang Lee, melhor filme e também com um bom Banner (Eric Bana), e essa ponte nem seria difícil de construir, os filmes facilmente se uniriam, não fosse pelo pequeno pormenor de dizerem que o Banner se transformou quando tentava recriar a fórmula do super soldado que criou o Captain America.


Por fim, temos Black Widow e Hawkeye, a espia e o sniper, os humanos e únicos membros da SHIELD a integrarem a equipa e que por isso partilham uma ligação maior entre eles os dois. Filme que é de Joss Whedon tem de ter uma rapariga jeitosa a distribuir quilos de porrada, Scarlett Johansson é essa rapariga e se não era nada uma escolha óbvia para esta personagem, tem cada vez mais ganho a minha simpatia. Jeremy Renner que tinha tido um cameo curto mais precioso em "Thor" regressa agora com bastante mais tempo de antena. O uso das suas variadas setas foi muito bem conseguido e sempre com muito estilo, dá realmente para acreditar que nos dias de hoje alguém ainda privilegie este tipo de armas.


A SHIELD revela-se finalmente neste filme, agora sim temos uma boa visualização do funcionamento desta equipa. Quando vemos a sua base de operações é um momento que qualquer fã da BD vai vibrar e por isso mesmo não me vou estender mais sobre o assunto para não estragar a surpresa. Nick Fury está de regresso e desta vez mais do que meros minutos. Há uma diferença muito significativa entre Samuel L. Jackson e os restantes actores. É que ao contrário dos outros, Jackson já tinha sido escolhido na própria BD como Nick Fury. Não na versão clássica, mas na versão "Ultimate" (ver aqui). Por falar em "Ultimates" as influências deste universo são muito notórias nas novas adaptações da Marvel, neste filme é-nos novamente recordado isso logo ao início quando revelam que o exército reunido por Loki é do povo Chitauri, nome pelo qual os Skrull são mais conhecidos na Terra do universo "Ultimate". Se gostaram deste filme, aconselho a espreitarem o segundo volume de "Ultimates" não só porque é bestial, mas porque a história também recai sobre a invasão dos Chitauri.

Como braço direito e esquerdo de Fury temos o já bem conhecido Agent Phil Coulson (Clark Gregg) e a estreante (em Cinema) Agent Maria Hill (Cobie Smulders). Phil é a personagem da SHIELD que estabeleceu maior ligação com os heróis como é visível nos filmes anteriores, pode ser uma personagem secundária mas a sua importância é tudo menos isso. Quanto a Cobie Smulders foi bom vê-la fora de "How I Met Your Mother" mesmo sendo uma aparição relativamente curta.


Esta é a história sobre a reunião da equipa de heróis mais poderosa da Terra. Indivíduos tão únicos e dispares que acabam por unir forças em prol de um bem maior. Banner diz a dada altura que isto não é uma equipa, é uma bomba-relógio, no final, fica a sensação de que mais do que isso, agora, é uma família e no fundo é tão simples quanto isso. Quem gosta deste tipo de filmes, não vai certamente sair desiludido, temos aqui aquele que será não só um dos melhores blockbusters do ano, mas também um dos melhores filmes do género feitos até à data. Isto sim é entretenimento do melhor e tendo sido o primeiro filme da Marvel a ser distribuído pela Walt Disney é caso para dizer que esta aquisição tem tudo para dar grandes frutos.

Gostava era de ver as personagens da Marvel mais unidas no Cinema e não tão separadas por diferentes produtoras. Não seria excepcional ver cameos do Spider-Man, do Wolverine ou do (cof cof) Silver Surfer? Posso estar a sonhar alto, mas depois deste filme, como é possível não o fazer? Principalmente depois de ver o potencial vilão da sequela após os créditos finais.

sexta-feira, abril 20, 2012

Zona Nippon I - Lançamento


O colectivo "Zona" está de regresso, desta vez com aquele que será o primeiro volume de uma série que conta com um leque de histórias (curtas), todas elas inspiradas de alguma forma no oriente asiático. Neste volume volto novamente a participar aliado ao Fil, com quem já tinha trabalhado no "Cabaret Monstra". Para mais informações podem consultar o comunicado de imprensa aqui. Algumas amostras dos trabalhos integrantes encontram-se disponíveis aqui.

O lançamento oficial irá decorrer no dia 5 de Maio no Festival de BD Anicomics, para mais informações consultar o programa.

quinta-feira, abril 19, 2012

Harold Lloyd


Harold Lloyd foi a par com Charles Chaplin e Buster Keaton um dos grandes nomes da comédia muda. Dos três foi o que acabou por cair mais no esquecimento e pelo que sei a grande culpa disso acaba por ser sua, uma vez, que, devido a certas imposições da sua parte, bem como a exigência de elevadas quantias monetárias para passarem os seus filmes na tv, levaram a um menor acesso aos seus filmes. Ainda assim certamente a maioria já se terá deparado algures com a sua mítica imagem em "Safety Last" agarrado a um relógio (ver figura) e que foi usada no recente "Hugo" de Scorsese.

Como dá para ver nessa imagem, Lloyd, há semelhança de Keaton, era um comediante que prezava pelo uso de grandes proezas físicas na sua comédia. Proezas essas que lhe valeram a perda de dois dedos, num anúncio em (ainda) 1919, ou seja, quatro anos antes de "Safety Last".

Desde os anos 90 que os seus filmes têm tido uma maior divulgação e um renovado (e merecido) interesse tem surgido à sua volta. Eu apenas o conheci há poucos anos e aproveitei recentemente para adquirir uma colecção de 10 DVD's que supostamente contêm os seus melhores trabalhos e se encontra na FNAC a 25€. Pela curta amostra vislumbrada, posso dizer que estou a adorar descobrir a sua filmografia e que percebo porque o seu nome é colocado ao pé dos génios de Keaton e Chaplin, sendo este último, dos três, o único que sobreviveu à introdução do som no cinema, temática explorada pelo recente "The Artist".

quarta-feira, abril 18, 2012

terça-feira, abril 17, 2012

Shaman Warrior


Usando o blog como uma espécie de diário fui ver que iniciei a minha leitura  de "Shaman Warrior" em Novembro de 2010 tendo comentado o 1º volume aqui.
Agora venho aqui assinalar que finalmente concluí a leitura dos seus 9 volumes. Há sempre um misto de sentimentos quando se termina uma série, por um lado é uma enorme felicidade possuir toda a colecção na estante, mas, por outro, fica sempre aquela tristeza quando temos de dizer adeus àquelas personagens que nos acompanharam durante tanto tempo. Apesar de ter gostado desta série, não lhe vou sentir particular falta, não é como um "Sandman" em que realmente a despedida doeu, ainda assim é sempre um adeus.

Tudo o que tinha dito sobre o 1º volume se mantém para os restantes, "Shaman Warrior" é uma BD carregada de testosterona. Todos os volumes são compostos por doses massivas de pancadaria, havendo poucos avanços no desenvolvimento da trama. Para quem gosta de combates isto torna-se um verdadeiro espectáculo graças aos belíssimos traços de Park Joong-Ki. Como referi também na altura o autor desenvolve as batalhas de uma forma muito dinâmica mas também muito veloz, que por vezes resulta em pranchas soberbas, mas que noutras também dificulta a visão global e por conseguinte a compreensão dos movimentos.


A história em si é curta, simples e directa. Não há grandes surpresas aqui, mesmo em alturas de revelações. O retrato deste mundo fictício é também bastante superficial, sem grandes explorações políticas ou sociológicas. Esta é uma história de vingança, de sangue e suor, e não pretende nunca ser mais do que isso. A acção desenrola-se num ambiente arenoso e seco, a civilização é governada por um regime opressor onde a lei do mais forte impera. Há sítios, cuja existência é aceitável, onde miúdos são treinados desde criança para serem lutadores e assassinos. Não são sítios acolhedores e onde duvido que todos atinjam a idade adulta. Aliás, acolhedor é uma palavra que nunca se faz sentir nos vários locais por que passamos.

Tudo começa com o ataque a Yarong, um guerreiro Xamã. Este tipo de guerreiros tem poderes especiais e após deixarem de ter utilidade para o governo, começam a ser abatidos como cães, uma caça que se estende durante anos. Após a morte de Yarong, Batu, o seu fiel discípulo fica encarregue de cuidar de Yaki, a filha do seu mestre. Aqui fica claro que a história se irá debruçar muito no crescimento desta criança, também ela uma guerreira Xamã, e na consequente vingança pela morte do seu pai.


Pelo caminho outros guerreiros se juntam a Batu, tais como: Horakaan, um guerreiro Xamã, que também procura vingar a sua família toda ela assassinada pelos homens do General (o governante) ou Yatilla, um guerreiro extraordinário e filho do líder do clã Manutu, que pretende destronar o governo a fim de terminar com a sua tirania. Seja quais forem as razões de cada um, todos acabam por ter o mesmo inimigo e a união das suas forças é mais do que aconselhada.

No volume 9, o último, fica a sensação de o autor ter apressado a conclusão, talvez devido a problemas com os prazos, uma vez que, ele refere essa preocupação no seu diário de bordo (segmento que se encontra no final de cada volume). É que até alguns dos desenhos me parecem pouco trabalhados. Quanto à história, perde-se em combates e a resolução acaba por surgir de forma repentina. No fundo é apenas um final para a maioria das personagens, deixando em aberto o início da prometida revolução que fica nas mãos do jovem Yatilla. Se ele sucedeu é algo que provavelmente nunca saberemos, mas quanto a mim, gosto de pensar que sim.

segunda-feira, abril 16, 2012

Grandes Duos da TV [10]

 Nathan Young e Simon Bellamy ("Misfits")



Nathan: What about you, weird kid? Don’t take this the wrong way or anything, but you look like a panty sniffer.
Simon: I’m not a panty sniffer. I’m not a pervert… I tried to burn someone’s house down.


Nathan [Discussing a plan for dealing with the Virtue group]: Come on, Barry, you're good at this stuff. Think of something.
Simon: Who's Barry?
Nathan: You are.
Kelly: His name is Simon.
Nathan: Is it? I thought it was Barry.



Nathan [to Simon]: Didn’t you say you wanted to piss on her tits? Probably best to keep that kinda thing between you and your internet service provider.


Nathan: It's a cruel senseless waste. A young man taken from us in his prime, leaving us to pick up the pieces of our shattered lives, knowing that he's gone forever. So maybe we should have the rest of the week off, you know to cry, and grieve, and remember our dear friend...
Simon: Ollie.
Nathan: ... Ollie! Dear beautiful Ollie!


Nathan: See? Babies… that's why I always use a condom. And if the girl looks dirty I use two.


Nathan: Yeah, okay. Let’s rob a bank.
Shaun: What’s that?
Simon: Nothing.
Shaun: Really? That’s funny, innit? Cause to me it sounded like a plan to rob a bank.
Nathan: No, no. I said, uh, “Let’s have a big wank.” Communal masturbation. The old Circle Jerk. 


Nathan: When did you get balls?
Simon: I've always had balls you've just never seen them.
Nathan: That's the gayest thing I've ever heard


Simon: I just want you to know... being here with all of you... it's been the best time of my life.
Nathan: Ah, I had a week in Spain last year, that was way better.


Nathan [to Simon]: Save me Barry!!

sexta-feira, abril 13, 2012

Top 10 adaptações de BD ao Cinema (Pós-2000)


A convite do André Marques do Blockbusters elaborei a lista daqueles que para mim são os melhores filmes cuja origem parte de uma BD e que foram lançados após 2000, ano a partir de qual esta febre ganhou novo fôlego.

Em 12 anos foram muitas as produções deste género, acabaram por ficar de fora filmes como "Iron Man", "Kick Ass", "Les aventures extraordinaires d'Adèle Blanc-Sec", "Hellboy" ou até mesmo "Sin City", "300" e "Watchmen".

Sem mais demoras deixo o link para o meu top aqui.

quinta-feira, abril 12, 2012

terça-feira, abril 10, 2012

Happy Sex


Philippe Chappuis mais conhecido por Zep é um conhecido autor de BD, criador do divertidíssimo Titeuf. Há cerca de dois anos foi editado pela ASA o seu livro "Happy Sex" e ao qual só pus a vista em cima ontem. Zep é característico por ter um humor bastante sexual, algo que já é claro em "Titeuf", mas que num livro dedicado exclusivamente a isso (como o próprio título indica) e só para adultos (assim dita o autocolante na capa) ganha uma outra dimensão.

A familiaridade de algumas tiras, tenham-se de facto vivido ou não pois certamente já todos pensaram nalgumas delas, aliado a um humor simples mas certeiro fazem com que "Happy Sex" seja um caso de diversão assegurada.
O único aspecto negativo de livros como este é que são de um consumo extremamente rápido ficando sempre a vontade de ler mais qualquer coisa. Espero que isto tenha aberto as portas para futuras edições de Zep, nem que seja para mais desta colecção, tais como "Happy Girls" ou "Happy Rock".

segunda-feira, abril 09, 2012

Grandes Duos da TV [9]

Jesse Pinkman and Walter White (Breaking Bad)


Jesse: Yo, I get I shouldn't call, but I'm in a situation over here, and I need my money.
Walt: I just gave you $600.
Jesse: Yeah, and thanks, Daddy Warbucks, but that was before my housing situation went completely testicular on me, okay?


Jesse: You either run from things, or you face them, Mr. White.
Walt: And what exactly does that mean?
Jesse: I learned it in rehab. It's all about accepting who you really are. I accept who I am.
Walt: And who are you?
Jesse: I'm the bad guy.


Walt: [On phone at hospital with Skyler looking on] Well yes, I will be sure and pass your best wishes on to everyone. Thank you and goodbye.
Jesse: [On phone back at meth lab] Oh yeah. And tell that douche bag brother-in-law of yours to go towards the light.


Jesse: Dude, you scared the shit out of me. When you say it's contamination. I mean, I'm thinking like... an ebola leak or something.
Walt: Ebola.
Jesse: Yeah, it's a disease on the Discovery Channel where all your intestines sort of just slip right out of your butt.
Walt: Thank you, I know what ebola is.


Jesse: [about drug dealers using kids to sell methamphetamine] Hearts and minds, right? Get them young and they'll be yours forever


Walt: You clearly don't know who you're talking to, so let me clue you in: I am not in danger, Skyler. I am the danger. A guy opens his door and gets shot, and you think that of me? No! I am the one who knocks!

terça-feira, abril 03, 2012

A Song of Ice and Fire: A Storm of Swords





















Por norma coloco sempre os títulos das obras que falo na língua em qual as vi. Digo isto para ficar claro porque coloquei o título deste livro em inglês quando no passado falei dos anteriores em português (volume 1 e volume 2). Gosto bastante das edições da Saída de Emergência, mas por questões económicas preferi começar a ler esta saga em inglês. A coincidência é que nas edições portuguesas os volumes são divididos em dois e logo quando salto para as edições inglesas calha ser no único livro em que tal também acontece uma vez que, até à data, "Storm of Swords" é o mais longo de todos.

Vou falar de acontecimentos que ocorreram nos volumes anteriores, por isso não é aconselhado ler este post a quem os desconhece. É apenas uma forma de avaliar na história o que até aqui se tem passado e os perigos que aguardam estas personagens. Uma boa altura já que a segunda temporada da série acabou de regressar.

São muitas as tramas que se desenvolvem neste mundo saído da mente de George R.R. Martin. Neste volume, por exemplo, perdemos Theon Greyjoy como uma das personagens a partir das quais a história é contada e com ele os Greyjoy ficam ausentes deste volume. Sabemos apenas que lutam entre si pelo trono após a morte do auto-intitulado Rei Balon, mas nada mais é explorado.

No entanto, em vez de Theon, há Jaime Lannister, que se torna, depois deste volume, automaticamente, uma das melhores personagens da saga. Sempre gostei do Jaime, nas poucas cenas em que aparecia tinha uma presença imponente, o diálogo com Catelyn Stark por exemplo foi prova disso. A única coisa que nos faz odiá-lo é sem dúvida alguma o que fez a Bran Stark. Neste volume ele é, secretamente, libertado por Catelyn que o envia juntamente com Brienne para Kingslanding a fim de o trocar pelas suas filhas reféns. Brienne após ter sido acusada injustamente de ter assassinado Renly Baratheon tem vindo a seguir religiosamente a viúva Stark e tudo fará para recuperar as suas filhas. Os laços que vão sendo criados entre Jaime e Brienne, que a início se odeiam, resultam num dos duetos mais fenomenais nesta história e dos mais improváveis. A partir deste enredo sabemos finalmente o que passou pela cabeça de Jaime em várias situações, conhecendo assim as razões das suas decisões nomeadamente aquela por qual é mais conhecido, a morte do Rei Aerys. Só por uma cena em particular em que estes dois estão envolvidos Jaime conquista o respeito de qualquer um, fantástico.

Para lá da muralha as coisas não estão nada fáceis também. A vida de Jon Snow tinha dado uma volta de 180º no final do volume anterior. Capturado pelos selvagens foi obrigado a lutar com Qhorin Halfhand que se deixou matar, ordenando-o que se juntasse aos selvagens para os espiar. Snow tenta assim convencer o rei para lá da muralha, Mance Rayder, de que é um desertor. É um percurso muito interessante o do bastardo mais popular de Winterfell. Envolve-se amorosamente com Ygritte, uma mulher beijada pelo fogo (ruiva), e trava até amizades com alguns dos selvagens. Talvez este povo não fosse exactamente aquilo de que ele estava à espera. No fundo, são tal como ele, simplesmente pessoas. Infelizmente pessoas que estão a montar-se como um exército para atravessar a muralha e atacar o sul. Para lá da muralha tudo é sul para este povo. Na sua mente Jon mantém-se fiél aos seus irmãos, a patrulha da noite, mas no futuro quando tiver de o mostrar, tais escolhas não serão tão fáceis de tomar, principalmente agora que está com Ygritte. Neste livro esta personagem está em grande, passa por muita coisa, é injustamente acusada e prova-se como um valente estratega e guerreiro. No final tudo isso será de certa forma recompensado. Uma coisa é certa, a vida de Snow nunca mais será a mesma.

Com Lord Snow fora da patrulha da noite, é agora a partir de Samwell Tarly que vamos tendo um vislumbre do que acontece deste lado. São poucos os capítulos de Tarly mas muito relevantes. A vida não está fácil para os "corvos". Enquanto nos 7 reinos os lordes guerrilham pelo trono de ferro, perigos mais sombrios despertam a norte da muralha. Uma das razões pelas quais os próprios selvagens se decidiram mover agora, prende-se com os constantes ataques dos "The Others" criaturas do gelo, criaturas da morte e capazes de trazer os cadáveres de volta. Pela primeira vez saberemos como se pode matar um "The Other", algo que até fez bastante sentido. Serão estas as forças do outro deus cujo nome não pode ser pronunciado segundo Melisandre a sancerdotisa do deus do fogo, R'hllor? Que os sancerdotes vermelhos detêm poder disso não há dúvidas, como já tinhamos visto também em Jaqen H'ghar. Mas até o próprio nome da saga "A song of Ice and Fire" parece indicar que se caminha para um confronto entre fogo e gelo. E se os Others parecem criaturas das trevas a verdade é que Melisandre, apesar da beleza, também.

Por falar nela, Stannis Baratheon aparece menos neste volume, depois da valente derrota em Kinglanding, graças ao anão mais popular do mundo, Stannis regressou a Dragonstone para recuperar as suas forças. Felizmente Davos safou-se durante a batalha, terminei "A Clash of Kings" a pensar que ele tinha ido desta para melhor. Gosto de determinados pormenores aos quais Martin presta atenção, por exemplo em relação a Davos que apesar de ter perdido a bolsa que ostentava ao pescoço com os seus dedos cortados continua a tentar segurá-la com as mãos como antes fazia, apesar de esta já lá não estar. Um pouco há semelhança de Jon Snow que desde que feriu a mão continua a movimentá-la da forma que o Maester lhe aconselhou. Somos criaturas de hábitos e por isso estas cenas têm um sabor muito real quando as leio, é como se as personagens existissem de facto. Voltando ao cavaleiro das cebolas é uma grande personagem e aparentemente o único capaz de chamar à razão Stannis, mesmo que nem sempre consiga. Não pensem no entanto que Stannis está quebrado, o rei pode encontrar-se mais fragilizado, mas nenhum dos seus objectivos mudou, a abordagem a eles é que sofreu algumas alterações.

Noutro continente Daenerys Targaryen continua a sua jornada. Agora com navios à sua disposição tem a oportunidade de regressar a Westeros e iniciar os seus planos para reconquistar os 7 reinos. Claro que há um ligeiro problema... Dany não tem um exército. Esta mulher tem crescido crescido muito tornando-se cada vez mais uma verdadeira líder. Para isso decide dirigir-se até às cidades de escravos, especificamente Astapor onde os leais Unsullied são vendidos. Os Unsullied são um grupo de eunucos guerreiros treinados desde miúdos para serem os escravos lutadores perfeitos. Apesar de ter adorado a forma como Dany ganhou este exército, custa-me que os seus treinadores nunca tivessem antecipado tal situação uma vez que me parece tão óbvia. Vamos culpar a sua ganância para tal ter acontecido.
Uma coisa que gosto em Dany é que se está a preparar bem antes de seguir para Westeros. Conquistando outras cidades e libertando os seus escravos pelo caminho, mas mais importante a aprendizagem que é necessária para se saber governar. De que lhe vale ser rainha dos 7 reinos se não o souber fazer? É neste volume também que finalmente sabemos quem é Whitebeard e quem tem vendido os seus segredos a Varys aka The Spider.

Ainda voltando a Theon a forma como este foi manipulado pelo bastardo de Bolton, agora já legitimizado como Ramsay Bolton foi épica. Por sua culpa Bran e Rickon perderam Winterfell, mas graças a ele estão também dados como mortos o que é uma vantagem para se protegerem dos seus inimigos. Os irmãos haviam-se separado para terem uma melhor forma de prevalecer. Rickon partiu com Osha enquanto Bran foi, nas costas de Hodor, com os irmãos Reed. E claro cada um com o seu respectivo lobo. É por Bran que descobrimos que há wargs na família Stark. Wargs têm a capacidade de entrar na mente de animais e é Bran o primeiro a descobrir, no final do volume anterior, que os sonhos em que era Summer, afinal foram todos reais. Com a ajuda de Jojen tem treinado essa habilidade que graças à paralisia nas suas pernas lhe abriu um novo rumo de possibilidades. Também Arya, sem saber, é um warg, penso que isso é claro pela descrição dos seus sonhos em que deve entrar dentro da perdida Nymeria. Jon igualmente, apesar de dos três ser aquele que menos usou essa capacidade. Possivelmente todos os irmãos podem ser wargs, mas a Lady de Sansa morreu logo no primeiro volume e não lemos nunca a partir do ponto de vista de Robb e Rickon.

Por falar em Arya Stark, muitos caminhos tem percorrido esta jovem corajosa, infelizmente nenhum desses percursos a tem levado aonde deseja. Graças a ela encontramos finalmente a "Brotherhood Without Banners". Lembram-se do lorde  Beric Dondarrion, cujo falecido Ned Stark enviou para capturar a montanha que dá pelo nome de Gregor Clegane? Bem tudo indicava que Dondarrion tinha sido morto, mas graças aos "poderes" de Thoros de Myr, mais um dos que reza ao deus vermelho, foi ressuscitado e continua-o a ser vezes sem conta. Dondarrion é então o líder deste grupo de guerreiros que ainda luta pelo reino do falecido Robert Baratheon. Um grupo que dará ainda muito que falar certamente. Entre eles e Sandor Clegane, Arya terá muitos desafios para enfrentar e quiçá se decida finalmente a rever o misterioso  Jaqen H'ghar.

Em Kingslanding, tudo parece bem, o lorde Tywin, mão do Rei é acima de tudo um brilhante estratega tanto fora como dentro do campo de batalha. Planeando casamentos entre os Lannister's e os Tyrell e os Martell vai ganhando aliados poderosos e aparentemente tudo os favorece nesta grande guerra. Joffrey continua igual a si próprio, ou seja, um asno. E a pobre Sansa é obrigada a cumprir tudo que a sua "nova" familia lhe indica. Aqui custa ver a pouca gratidão que todos têm a Tyrion Lannister sem o qual a última grande batalha poderia ter um desfecho totalmente diferente. Este é também o livro em que Tyrion será mais posto à prova, os desafios que irá enfrentar poderão ser-lhes letais. Felizmente o "Imp" mantém-se firme nas qualidades que fazem dele uma das melhores personagens.

Por fim, falta mencionar Robb Stark, cuja história continua a ser seguida por nós a partir dos olhos da sua mãe. Depois de Catelyn ter libertado Jaime, Robb foi obrigado a castigá-la mantendo-a "prisioneira" nos aposentos do seu moribundo avô o lorde Hoster Tully. Tal acção não foi vista com bons olhos por alguns dos seus homens que ansiavam pela morte do regicida. Robb é um corajoso guerreiro, até à data invicto, nas batalhas que trava, mas ainda é um miúdo, um jovem sonhador que em aspectos do coração fraqueja. São as decisões baseadas nas suas emoções que o colocam em maior perigo.

"A Storm of Swords" é um banho de sangue e veneno. Traições e mortes são elevadas ao extremo. É um livro também de revelações, finalmente sabemos quem matou Jon Arryn e quem ordenou o ataque a Bran, entre outras coisas. Em relação ao ataque de Bran foi a revelação que menos apreciei, não lhe vi grande necessidade mesmo vindo de quem vem. Temos finalmente o regresso de Lord Baelish que tem estado desaparecido. Ainda que só mais para o final a presença de Littlefinger é muito bem recebida da minha parte, este homem é um senhor e um dos reis da conspiração.

Desde "Game of Thrones" que George R.R. Martin tem sido capaz de nos prender a atenção com estas aventuras. Faz-nos amar e odiar personagens como se de amigos se tratassem e pelo menos até este terceiro volume não me parece ter dado nenhum passo em falso, pois valem todos bem a pena o tempo que lhes é dispendido.

segunda-feira, abril 02, 2012

Grandes Duos da TV [8]

 
Bender e Fry (Futurama)


Bender: Bite my shiny metal ass!


Fry: It's just like the story of the grasshopper and the octopus. All year long, the grasshopper kept burying acorns for the winter, while the octopus mooched off his girlfriend and watched TV. But then the winter came, and the grasshopper died, and the octopus ate all his acorns. And also he got a racecar. Is any of this getting through to you?


Bender: Hey Fry, I'm steering with my ass.
Fry (leaps out of chair): That's the best thing I ever saw.


Leela: That was the worst mission yet.
Fry: Yeah. I'm never going to any planet called Cannabilon.
Bender: Me too. Food was good, though.


Leela: Fry, we have a crate to deliver.
Fry: Well let's just dump it in the sewer and say we delivered it.
Bender: Too much work. Let's we burn it and *say* we dumped it in the sewer.


Bender: Fry come quick its an emergency!
Fry (runs in):WHAT! WHAT!
Bender: shut up already! Calculons on t.v.!


Bender: I'm so embarrassed. I wish everybody else was dead

sexta-feira, março 30, 2012

Ghost World - Special Edition



Por vezes sinto que obras que se focam na adolescência são vítimas de algum preconceito. Se é para e sobre adolescentes, então não vale a pena perder tempo com elas, pois não se tratam de obras com o peso e maturidade da idade adulta. Tal como muitas pessoas se esquecem de como é ser criança, parece que também se esquecem de como é ser adolescente. Pois bem, "Ghost World" é um livro de BD sobre a adolescência, mais especificamente sobre a fase final, e impossível de conter, em que se transita para a idade adulta. E, surpresa das surpresas (ou não), é excepcional.

Da autoria de Daniel Clowes, foi originalmente publicada na sua série de BD "Eightball" e corresponde aos números #11-18. Posteriormente foi compilada sob o nome "Ghost World"e é hoje o seu trabalho mais aclamado, o que certamente se deve em grande parte à sua adaptação cinematográfica realizada por Terry Zwigoff.

A história segue Enid Coleslaw e Rebecca Doppelmeyer, duas amigas inseparáveis que passam os dias a observar as pessoas da sua cidade sempre num tom cínico e crítico. Ao lê-las é impossível não sentir uma certa nostalgia de tempos que já passaram e não voltam. Ambas terminaram o liceu e ponderam o que fazer no futuro. Rebecca agarra-se à ideia de que as coisas não vão mudar, que ela e Enid irão manter-se unidas e continuar as suas vivências juntas, mas nada é para sempre e tal ilusão começa a quebrar-se cada vez mais quando esta descobre que Enid se está a candidatar para uma universidade fora da cidade, o que eventualmente as afastará de forma permanente.

Por muito que Enid se esconda por detrás das suas desculpas, apontando o pai como a única razão da sua candidatura. Por muito que ela tente convencer Rebecca de que também está motivada a manter a sua amizade inquebrável, a verdade é que tal está longe da realidade. Enid anseia por uma mudança na sua vida e por mais que ame a sua amiga, esta está terrivelmente associada ao passado com o qual pretende cortar. No final não dá para ter o melhor de dois mundos e Enid precisa de escolher qual o caminho que quer realmente seguir. As escolhas são uma constante da vida e nem sempre tomadas de ânimo leve, quem nunca sentiu na pele os seus receios e aquela vontade sonhadora de pegar nas malas e simplesmente partir?

Todos nós nos lembramos também das nossas grandes amizades de liceu, como terminámos e assegurámos uns aos outros que manteríamos contacto, que continuaríamos inseparáveis. Mas, as vivências do futuro levam-nos para sítios distintos e o afastamento tende a ser o percurso mais natural. O mais estranho é quando posteriormente e por alguma razão reencontramos esses antigos amigos, constatando o quão diferentes nos tornámos uns dos outros. Como é possível termos sido tão unidos e agora sermos tão díspares? Tão distantes? Talvez por isto mesmo Clowes tenha feito, em tom de brincadeira, possíveis encontros entre a Enid e Becca adultas e que podem ser vistos no início desta edição especial.

Uma das questões mais colocadas ao autor, só podia ter a ver com a forma como ele escreve tão bem duas mulheres adolescentes. Nas suas próprias palavras ainda deve, a algum nível, pensar como um adolescente inarticulado e que aparentemente a distãncia para uma versão feminina não é assim tão grande. Afinal de contas tanto Enid como Rebecca são versões da sua pessoa, principalmente a segunda. Enid é também inspirada em várias mulheres que conheceu, principalmente na sua esposa, Erika, a quem dedicou esta obra.

No que toca à coloração, esta sofreu várias alterações ao longo do tempo. Originalmente, ou seja, nos tempos de "Eightball", o autor experimentou trabalhar a história em tons de preto e azul e posteriormente preto e verde. Nesta versão toda a história se encontra com a tonalidade azul esverdeada e negra.
Em termos de traço as personagens também foram mudando à medida que o estilo gráfico de Clowes evoluía. Por isso mesmo, aquando da compilação, o autor alterou vários dos seus desenhos para manter assim uma coerência na obra.
Pessoalmente sou um grande fã do estilo deste autor, gosto muito da forma como retrata as suas personagens, assumindo por vezes um tom caricatural. A cor é algo bastante diferente do habitual e que dota a história com uma luz bastante pessoal, como se estivesse quase sempre a anoitecer.

Agora sobre a edição especial. Esta contém uma grande quantidade de material extra, em termos de páginas, consistem em cerca do triplo em comparação com a própria história. Desde apontamentos do autor, passando por uma grande galeria com várias ilustrações, tiras relacionadas com Enid (como a "Little Enid"), capas, esboços e páginas da BD a preto e branco ou rubylith.
Para terminar temos ainda material relacionado com o filme, tal como anotações tanto de Clowes como de Zwigoff, fotos, posters e, a cereja no topo do bolo, o guião do filme, na íntegra, o qual esteve nomeado para os óscares.

Para quem, como eu, adorar tanto a BD como o filme e todo o universo de Daniel Clowes, acho que o investimento nesta edição vale bastante a pena. Claro que o mais importante é ler a história por isso edição especial ou não, o que importa é partir à descoberta deste mundo fantasma.

A finalizar deixo aqui um vídeo com um preview desta edição.

quinta-feira, março 29, 2012

MONSTRA 2012

Mais uma edição deste festival de animação que passou. Ficam as memórias, para o ano há mais.
Para ler alguns apontamentos continuar aqui.

terça-feira, março 27, 2012

Grandes Duos da TV [7]


 
Christopher Moltisanti e Paulie 'Walnuts' Gualtieri (The Sopranos)


Christopher Moltisanti: We shoulda stopped at Roy Rogers.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: Yeah and I shoulda fucked Dale Evans but I didn't.


[Paulie and Christopher botched a killing and are now stranded in the woods]
Christopher Moltisanti: For all we know, he could be out there stalking us.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: With what? His cock?


[Christopher is urinating outside on Paulie's side of the van]
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: Ohhhh! Go do that by your own window! I don't wanna have to smell your piss all night!
Christopher Moltisanti: Fuck you, Paulie.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: What'd you say?
Christopher Moltisanti: You heard me.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: Don't make me pull rank on you, kid!
Christopher Moltisanti: Fuck you, Paulie! Captain or no captain, right now we're just two assholes lost in the woods.


Paulie 'Walnuts' Gualtieri: C'mon, Chrissy. All the shit we been through, you really think I'd kill ya?
Christopher Moltisanti: Yeah, I do.


Christopher Moltisanti: Russians? They're not all bad.
Paulie 'Walnuts' Gualtieri: How 'bout the Cuban Missile Crisis? Cocksuckers flew four nuclear missiles into Cuba, pointed them right at us.

Christopher Moltisanti: That was real? I saw that movie, I thought it was bullshit.

sexta-feira, março 23, 2012

Cosmopolis - Teaser Trailer


COSMOPOLIS - TEASER from Leopardo Filmes on Vimeo.

As primeiras imagens de "Cosmopolis" o mais recente projecto de David Cronemberg e produzido por Paulo Branco, apontam para um regresso ao Cronemberg Old School que tanto gosto. Adoro as suas novas incursões como "A History of Violence" ou "Eastern Promisses" mas ao ver estas imagens fiquei particularmente emocionado ou não fosse Cronemberg um dos meus favoritos.

Não pretendo comentar o filme baseando-me no trailer como parece que o novo programa do canal Hollywood vai ser, mas que estas imagens me aguçaram o apetite, sem dúvida. Aliás, criar expectativas ou previsões baseando-nos em trailers é uma arte praticada por muitos, criar um programa à volta disso é que é outra coisa totalmente diferente. Ao menos que fosse para ver quem acertou nas previsões, agora comentar filmes baseando-nos nos trailers... a sério é mesmo isso o programa?

Já agora, ouço muita gente dizer que este filme tem o Robert Pattison do "Twilight" mas daqui a 10 anos vai-se dizer que o "Twilight" é que tem o Robert Pattison do "Cosmopolis".

quinta-feira, março 22, 2012

MONSTRA 2012 - Sessão de Abertura


- Filme português, "Compositio III”, a homenagear a escola Bauhaus, ou não fosse este ano a Alemanha o país convidado;
- Dança e animação a trabalharem juntos no espectáculo "A Fábrica", fruto de um workshop planeado no festival do ano passado;
- Retrospectiva de Raimund Krumme, animador alemão, conhecido pelos seus jogos de perspectiva.

Este foi o programa que abriu, oficialmente, as portas para a MONSTRA. Os meus comentários podem ser vistos aqui.

quarta-feira, março 21, 2012

Cesário Verde - Antologia Poética

Uma vez que hoje é o dia mundial da poesia deixo aqui esta sugestão para preencher o dia. A antologia poética de Cesário Verde faz parte da colecção "13 luas" editada pela Faktoria K e cujo mote é:

"Treze poemas em cada livro,
treze poemas como treze luas,
como os treze poemas do calendário lunar.
A lua, esse ser cambiante que muda a sua face de
espelho circular. Senhora das marés, astro da
fecundidade. Ritmos lunares para dar medida ao
tempo, ao tempo poético."

A colecção teve início com Fernando Pessoa em 2009, seguindo-se por Florbela Espanca em 2010. A primeira vez que tive conhecimento desta colecção foi precisamente com este livro editado no final de 2011. Andava precisamente com Cesário Verde na cabeça, poeta que não lia há já muitos anos e que me apetecia revisitar para o conhecer melhor. Ao me deparar com esta edição não deixei escapar a oportunidade.

Outro factor que me chamou a atenção para o livro é que é ilustrado por José Manuel Saraiva. Um desenho por poema que decoram muito bem a poesia nele contida.
Cesário Verde foi uma espécie de cronista do seu tempo, relatando o quotidiano através dos seus poemas. Esta era de todas a sua temática favorita, deambular pelas ruas e vida das pessoas. Citadino mas eterno saudosista pelo campo foi um dos primeiros grandes poetas nacionais cujo trabalho era amplamente reconhecido e valorizado pelos seus futuros colegas entre os quais Fernando Pessoa. Digo futuros colegas porque tenho a sensação que foi mais um dos incompreendido no seu tempo.

Impressionista e romântico, entre as suas influências destaco o francês Baudelaire (nota mental, comprar Les Fleurs du Mal). Infelizmente foi mais uma vítima da tuberculose, tendo falecido em 1855 com apenas 31 anos.

Tenho de referir que este livro já é editado ao abrigo do novo acordo ortográfico. Nem me lembrei disso na altura que o comprei que esta se tratava de uma nova edição e por isso a escrita seria revisitada. O "pára" que é agora "para" continua a fazer-me comichão, mas seja nesta versão ou noutra fica a minha sugestão de ler Cesário Verde no dia de hoje e para isso aqui fica o link para um dos seus clássicos "O Sentimento dum Ocidental".

terça-feira, março 20, 2012

O Último Segredo


Muito se fala actualmente, para o bem e para o mal (mais para o mal), dos romances de José Rodrigues dos Santos, comparado por muitos aos de Dan Brown. Esta comparação surge na sequência dos seus thrillers religiosos e não é de todo descabida.

Até à data nunca tinha lido nada deste autor, mas nem que fosse para formar uma opinião pessoal sobre o seu trabalho, largamente falado, precisava de ter algum conhecimento. Acabei por decidir lê-lo quando "O último Segredo" foi editado. Escolhi este livro por algumas razões que se prendem todas com religião. A religião Cristã prende-me o interesse e é um assunto sobre o qual gosto de pesquisar e ter algum conhecimento em termos históricos.
Nesse sentido, este livro prometia conter algumas informações relevantes e "chocantes" sobre a Bíblia e uma ideia inovadora e teoricamente possível que iria abalar o alicerces do mundo se concretizada. José Rodrigues dos Santos pega nestas ideias todas e constrói uma história de ficção à volta delas, um dos problemas é que a história soa a uma desculpa só para mencionar tais ideias e o seu papel além de puramente secundário é irrelevante.

A trama tem início em Roma e faz-nos acompanhar o historiador português, Tomás Noronha, cujos serviços são requisitados por Valentina, uma investigadora da polícia judiciária italiana, a fim de resolver um assassinato de uma conhecida sua. A ajuda de Tomás prova-se ser crucial quando o português resolve hábil e facilmente um enigma deixado pelo assassino. A mensagem em questão tem um símbolo e uma palavra escritas numa folha em branco o qual a polícia não consegue ler. Que a polícia não tenha conhecimentos teológicos e linguísticos faz-me sentido, mas não terem sequer virado a folha ao contrário para verem que ALMA estava lá escrito já me parece muito rebuscado. Tal é descoberto apenas pelo português.
De resto continuamos a acompanhar Tomás e Valentina enquanto se movem pelo mundo tentando decifrar futuras pistas de futuros assassinatos. Essas pistas são todas voltadas para os supostos "erros" que se encontram na Bíblia.

Não gostei da escrita, o autor recorre constantemente ao facilitismo do adjectivo nas descrições, salvo um par de ocasiões em que estas são bem conseguidas. Os diálogos do Tomás Noronha são sofríveis, sempre que ele fala de outra coisa que não a Bíblia é um suplício. As suas constantes investidas de engate em Valentina estão a par com os famosos piropos da construção civil. Ela que também deixa muito a desejar enquanto personagem.
Os capítulos alternam muitas vezes entre os investigadores e o assassino de forma a criar tensão e a lembrar a velha dinâmica entre Langdon e Silas no "Código Da Vinci".
A própria investigação de uma forma geral me parece ser fracamente conduzida.

As partes mais interessantes acabam por ser as questões sobre as quais Tomás se debruça ao discutir os enigmas. Aparentemente o Novo Testamento tal como hoje se encontra escrito terá algumas adulterações quando comparado com versões mais antigas. Palavras alteradas e excertos acrescentados parecem ser alguns dos exemplos. Veja-se uma das mais famosas histórias de Jesus, que é a do apedrejamento e que segundo o historiador é forjada. Também a palavra virgem quando referenciada a Maria mãe de Jesus é algo que é colocado posteriormente, bem como outras passagens que têm o intuito de fazer a ponte entre Jesus e antigas previsões judaicas de forma a coroá-lo como o Rei dos Judeus e como o Messias, o Cristo.

A descrição de Jesus é por vezes diferente entre os quatro evangelhos. O que aqui se discute é que muitos dos segmentos que nos transmitem o Jesus que hoje é conhecido por "ter dado a outra face" são na realidade passagens acrescentadas ou alteradas e que na realidade os textos mais fidedignos são precisamente as passagens que mostram um Jesus conservador e mais ortodoxo em relação à religião judaica. Que Jesus era judeu e não cristão sempre me pareceu óbvio, o cristianismo é algo posterior a ele que supostamente foi fundando com base na sua mensagem. A surpresa será em ver um Jesus como um pregador apocalíptico cuja mensagem era preparar as pessoas para o Reino de Deus fazendo-as arrependerem-se e abdicarem das suas posses.

Hoje o mais importante no Cristianismo, penso que seja a mensagem de Jesus, aquela que é hoje professada, a que vem cortar com a do Velho Testamento afastando a imagem de um Deus castigador, mostrando-o antes misericordioso. Se esta era de facto a mensagem ou não, a verdade é que não teria sido suficiente para tornar o Cristianismo na religião que é hoje em dia, praticada pela maioria da população mundial. Haverá provavelmente mais factores mas vou salientar três sem os quais tal não teria acontecido. O primeiro é a ressurreição, verdadeira ou apenas mito, a verdade é que se Jesus não ressuscita o povo Judeu não o veria como o Messias. O segundo é São Paulo o apóstolo mais importante na propagação da mensagem, é graças a ele que se cortam determinadas ligações às práticas judaicas que afastavam outros povos da conversão, nomeadamente a circuncisão e a proibição da ingestão de carne de porco. A terceira razão prende-se com o Imperador Constantino que implementou esta religião em Roma. Há quem defenda até que parte dele a ideia de divinizar Jesus, até à altura apenas seguido como um homem, descendente de David e filho de Deus no sentido em que todos nós somos filhos de Deus, ou, na altura talvez apenas os Judeus, estamos a falar, afinal de contas, do "povo escolhido".

Apesar das várias citações do Novo Testamento usadas é sempre preciso contextualizar o que estamos a ler. Nada é mais perigoso que uma frase solta. No entanto, e do que me recordo do Novo Testamento há realmente muitas referências que levantam questões, sempre levantaram. No que toca às traduções mais antigas conterem outras palavras e por serem mais antigas, serem mais válidas, aí vou ter de confiar na pesquisa do autor até porque lhe reconheço maior valor enquanto jornalista e até porque nada do que aqui apresenta é novo e pode ser encontrado em livros técnicos. Isto lembra-me sempre que tenho mesmo de pegar na Bíblia e lê-la por completo.

Se esta parte é realmente a mais (única) interessante no livro, não deixa também de ficar a sensação de que o autor se estende muito nas suas explicações caíndo até na repetição. É um debitar de informação massivo cuja linguagem se justificaria mais num livro técnico.

Sobre o final, aquele que prometia ser épico, vou debruçar-me em seguida, até porque é responsável por arruinar tudo o que se passou para trás que já por si era frágil.


SPOILERS


A conclusão de "O Último Segredo" está associada a descoberta de um túmulo em Talpiot, Jerusalém, que continha 10 ossários e onde se crê que um deles é o de Jesus de Nazaré, mais conhecido hoje por Jesus Cristo. As razões prendem-se com os nomes presentes nos outros ossários que se crê serem os de José, Maria, Maria de Madalena e dois possíveis irmãos de Jesus. James Cameron produziu um documentário sobre esta descoberta, "The Lost Tomb of Jesus", para quem estiver interessado.

Nesta história ao analisarem os restos mortais de Jesus conseguem recuperar uma amostra de ADN. Encontram duas células danificadas, mas danificadas em locais diferentes conseguindo assim recriar uma célula completa que contém, como todas, o nosso código genético por inteiro.
A partir disto é fácil ver onde querem chegar. O plano é clonar Jesus (quando a clonagem humana for possível). Dizermos em voz alta estas palavras, "clonar Jesus", chamam claramente a atenção, mas será isto algo assim tão grandioso? Assumindo tal como no livro que seria possível.

O presidente Israelita de uma fundação em Israel é a personagem do livro que esboça este plano. A sua ideia é resolver os conflitos entre Israel e Palestina e quem melhor do que Jesus para trazer a paz ao mundo? Porém, quando começa a investigar a sua personalidade fica surpreso por descobrir que o homem do qual estamos a falar era um judeu ultra-conservador. Seria este homem, aquele que ele procura para trazer a paz?

Ora isto é totalmente descabido, um clone não é mais do que uma pessoa como o mesmo código genético de outra, a clonagem tem ocorrido desde os primórdios dos tempos quando as pessoas têm gémeos por exemplo. Não estamos a falar de um Jesus que nasceu há 2000 anos atrás. Que tipo de preocupações são estas vindo de um suposto líder de uma organização de investigação?
Tudo bem que logo em seguida alguém corrige esta ideia constatando o óbvio. Jesus foi um produto da sua cultura tal como este clone será um produto da actual. Agora a ideia é outra, ao clonar Jesus iria-se educá-lo de forma a servir os propósitos desta fundação que até aqui aparentam ser totalmente altruístas. Admito que se dissermos que um clone de Jesus vai falar, as pessoas são capazes de parar para ouvir, apesar de... não ser Jesus. A não ser que ele comece a replicar pães (adeus fome no mundo).

Podíamos ficar por aqui, mas a insistência em tratar o clone como um Jesus Cristo com memórias de há 2000 anos atrás persiste. Há duas organizações que se aliam para destruir este projecto, uma judaica e uma cristã. A cristá, a P2 (Propaganda Due), não quer a existência deste clone porque se Jesus tem conhecimento daquilo em que a igreja católica se tornou iriam haver problemas... Novamente, será que têm noção do que é um clone?
A minha visão é muito científica reconheço, como seria este acontecimento visto pelo olhos de alguém crente? Se "o" filho de Deus fosse clonado, veriam-no como a um Deus? Membro da santíssima trindade e por conseguinte o mesmo Jesus, com a mesma alma? Provavelmente até poderiam considerar o acto como herético.

O pior ainda acho que é quando descobrimos que Valentina pertence à P2 e sabia desde o início qual a fundação que estava à frente deste projecto. A única informação que lhe faltava era o local onde guardavam a amostra de ADN. Tudo isto deita por terra a investigação conduzida. Os 3 assassinatos, a ajuda de Tomás Noronha, tudo isto é completamente desnecessário, uma manobra muito rebuscada para descobrir onde se encontra o Santo Graal da genética. Valentina que trabalha em conjunto com um membro da polícia israelita podia arranjar formas muito mais simples, rápidas e limpas de ameaçar o presidente da fundação a revelar pura e simplesmente onde está a amostra. Toda a história se torna completamente obsoleta no final.
Por falar em final, o típico clichê em que o vilão revela o plano ao herói, aqui é levado a um outro nível de absurdo.

Mas, ainda há mais. Então membros de organizações tão distintas e poderosas acham que só haveria uma amostra? Não acham que ao recuperar o ADN, não iriam replicar a célula guardando várias amostras em locais distintos, uma vez que se trata de algo tão importante?
Talvez por ter algum conhecimento científico em relação a estas questões esteja a ser mais exigente, pois pessoalmente acho as acções destas personagens francamente descabidas.

Concluindo, acho que o livro recorre a vários artifícios, explora temas sensíveis para se fazer passar por algo grandioso, quando na verdade, se olharmos com atenção, vemos que é tudo menos isso.

segunda-feira, março 19, 2012

The Uncanny X-Men: The Dark Phoenix Saga


Serão muitas, mas "The Dark Phoenix" conquistou definitivamente o seu lugar como uma das sagas mais clássicas da Marvel em geral e dos X-Men em particular.

Actualmente a Phoenix Force é conhecida como uma das mais poderosas forças cósmicas do universo Marvel, sendo descrita como: "The embodiment of the very passion of Creation – the spark that gave life to the Universe, the flame that will ultimately consume it" [1]. Trata-se de uma manifestação da força universal da vida e da paixão, imortal e, quiçá, além do Criador, invencível. Porém, nem sempre foi assim.

Originalmente a entidade Phoenix, criada por Chris Claremont e Dave Cockrum em 1976 é na sua génese, pura e simplesmente, uma mulher, uma mutante, de seu nome, Jean Grey. Quando Jean atinge o seu potencial máximo, torna-se neste ser de pura energia, renascendo como a Phoenix. Tal ocorre quando os X-Men regressavam de uma missão espacial e Jean pilotava a nave danificada. Estando a morrer devido à radiação de uma explosão solar à qual foi exposta, Jean dá tudo por tudo para salvar Cyclops e os seus amigos e é aqui que o seu poder é levado ao extremo. Quando emerge victoriosa da sua tarefa, já não é a Marvel Girl que temos à nossa frente, mas a Phoenix. Num estalar de dedos Jean deixa de ser o membro mais fraco da equipa para se tornar o mais poderoso [2].

É muito importante ter estes conceitos ao ler estas histórias porque mudam significativamente a nossa percepção da leitura. É que a possessão de Jean Grey por uma entidade cósmica, a Phoenix Force (tal como é considerado oficial hoje em dia), torna todas as suas acções nesta história desculpáveis. Se tivermos em conta que na altura Chris Claremont e John Byrne escreveram isto apenas com a Jean Grey em mente, mesmo que uma Jean levada à loucura pela imensidão do seu poder, as coisas são totalmente diferentes e o final muito mais trágico.


Assim fica muito mais clara a importância que esta história teve na década de 80. Os X-Men foram muito importantes, neste género de BD, ao introduzirem fortes personagens femininas e heróis humanos, com falhas, tal como tu e eu. "The Dark Phoenix" foi mais um desses marcos na História desta editora e que ainda hoje é relembrada como um dos seus pontos altos. Na sua génese estamos perante uma história que aborda a corrupção pelo poder, como Jean Grey se deixa consumir por uma força demasiado poderosa para ela conter e como isso afecta a sua vida e a de todos. É curioso constatar, no entanto, que apesar de originalmente a Phoenix se tratar apenas de Jean Grey nem todos olhavam para ela da mesma forma. Já durante este arco um dos autores, John Byrne afirmava ver a personagem de Jean como um ser possuído por uma outra entidade, que não simplesmente o seu lado negro. E tal visão acaba por fazer-se sentir ligeiramente ao ler a história.

Os membros dos X-Men, durante esta fase são: Cyclops (o líder), Phoenix (Jean Grey), Wolverine (o melhor naquilo que faz), Colossus (o tanque metálico), Nightcrawler (o demónio azul) e a bela Storm (deusa do tempo). As personagens com que estamos a lidar fazem toda a diferença numa história e felizmente estamos perante um dos tempos mais gloriosos desta equipa, até porque o Beast (nesta altura Avenger), um dos meus favoritos, também surge a dada altura tal como o Angel. Ficou só a faltar o Iceman para vermos os membros originais reunidos. O ausente professor Xavier, também regressa neste arco à equipa. O seu afastamento dos X-Men fragilizou-lhe a auto-confiança e ego, fazendo-o comportar-se por vezes de uma forma bastante infantil, nomeadamente com o seu protegido, Cyclops. Felizmente há medida que a história progride também a personalidade de Xavier.

Podemos dividir "The Dark Phoenix Saga" em duas partes. A primeira prende-se com o arco do "the Hellfire Club" que faz aqui a sua primeira aparição dos X-Men, um grupo de poderosos mutantes que usam as suas ligações para reunir poder. Hoje em dia são um grupo que dispensa apresentações e escolhido para integrar o mais recente filme desta saga, "X-Men: First Class".
Jason Wyngarde, misterioso membro deste clube elitista tem a seu cargo o controle do membro mais poderoso dos X-Men e que seria uma mais valia para o clube. Wyngarde é na realidade um antigo vilão bem conhecido desta equipa e que usa os seus dotes para manipular a mente de Jean de forma a ela acreditar que é a sua mulher e a Black Queen do Hellfire Club. Porque a White Queen é um cargo já ocupado por Emma Frost (mal ela sabe aqui que um dia irá estar lado a lado dos X-Men e a partilhar a cama com Cyclops).
Jean por sua vez vai sentido estas interferências na sua mente, mas quando ocorrem fica impotente acreditando em tudo que Wyngarde lhe diz. Os seus poderes são também cada vez mais incríveis, através da sua telequinésia é capaz de ordernar os átomos na forma que quer alterando assim a matéria. Cyclops teme pela vida da sua amada sempre que a vê usar os seus poderes a um nível tão divino.


Durante este arco temos alguns momentos muito interessantes, uma vez que mostram as primeiras aparições das futuras X-Women, Kitty Pride (Shadowcat) e Alison Blaire (Dazzler). Ambas acabam por ter um papel importante no primeiro arco, especialmente Kitty com apenas 13 anos, ainda que não seja desta que integram a equipa.
O confronto com o Hellfire Club é também um grande momento de aventura. É a primeira vez que tanto nós como os X-Men têm conhecimento do que Sebastian Shaw e companhia são capazes o que a início dificulta os heróis. Wolverine é talvez o X-Men que brilha mais nesta parte tendo até um monólogo digno de Dirty Harry. Atente-se que em toda a história nunca fazem sequer uma única menção ao seu factor de cura, o seu poder mutante mais relevante, estamos portanto bem distantes dos tempos actuais em que este é usado até à exaustão.

No final acaba por ser graças à força do amor de Jean por Cyclops que ela quebra a interferência de Wyngarde, mas estragos maiores foram feitos e parecem ser agora irreversíveis. Uma nova personagem emerge da mente de Jean auto intitulando-se de Dark Phoenix e ao contrário da antiga, esta não se preocupa com nada além da sua fome por poder.
Wolverine é de todos o primeiro a ver que esta nova personna a não se trata mais de Jean Grey e por isso o primeiro a ter noção do que é necessário fazer. Porém, sempre que a Phoenix se mostra como Jean, Logan hesita. Ele não é capaz de matar a mulher que ama e sabe-o. É curioso vê-lo, no futuro, a colocar esta missão nas mãos de Colossus. O problema é que o coração de Colossus é demasiado puro para este atacar a sua velha amiga de forma letal. E na realidade qual o X-Men que é capaz de o fazer?

Xavier, que se trata de um dos mais poderosos telepatas da Terra, acaba por ser o único a conseguir acalmar a Phoenix ao esconder a sua personalidade negra na mente de Jean. Mas, quanto tempo isto durará? Os X-Men estão dispostos a correr o risco, mas o Império Shi'ar, após assistir à devastação causada pela Phoenix, não.
É nesta aventura que a tropa real dos Shi'ar enfrenta o X-Men num confronto pela vida de Jean Grey. A tropa real Shi'ar, não são meros adversários, prova disso é o seu líder, o confiante Gladiator, uma espécie de Superman do universo Marvel.

Conseguirão os X-Men salvar um dos seus? Pior ainda, existe salvação possível para um ser como a Dark Phoenix? A resposta está aqui, naquele que é uma das melhores e mais grandiosas aventuras deste grupo de mutantes.

Algumas coisas que nos chamam imediatamente a atenção ao iniciar esta leitura é a forma como esta história é contada, bem diferente da BD mais moderna. Falo especificamente da existência de um narrador. Em "The Dark Phoenix" os autores narram todos os passos do enredo e quando digo todos são mesmo todos. O simples acto de Wolverine libertar as suas garras tem de ser mencionado ou na narração ou pela personagem. Ora a utilização de imagens que mostram isso tornam essas notas obsoletas e hoje em dia é uma prática que deixou de existir. Os desenhos são também diferentes, estamos numa época mais tradicional onde os programas digitais não eram tão privilegiados. Byrne o artista a cargo do desenho tem aqui mais um dos seus notáveis trabalhos e por isso não é de estranhar que, hoje, o seu nome dispense qualquer tipo de apresentações.


Como é comum, nenhum dos autores envolvidos fazia ideia na altura das repercussões que esta história viria a ter. Tanto Claremont como Byrne estavam apenas entusiasmados a escrever mais uma grande aventura dos X-Men e uma das razões que a tornou tão épica, o final, nem sequer fazia parte dos planos originais.
Como considero interessante contextualizar todo este cenário vou debruçar-me sobre este assunto em seguida e para isso terei de revelar o final. Penso que a grande maioria, mesmo quem não tenha lido a história, já o conhecerá. Contudo, tal como Stan Lee diz no prefácio da edição que li, não vou arriscar a arruiná-lo para ninguém. A partir daqui avance quem quiser.


[SPOILERS]


A ideia dos autores por detrás da criação da Phoenix era a de dar um "peso pesado" à equipa dos X-Men, aquilo que o Thor é para os Avengers. Só que no feminino uma vez que a maioria dos heróis mais poderosos eram masculinos.
O problema é que a personagem foi ficando cada vez mais poderosa e isso levantava problemas, na opinião de Byrne e do editor Jim Salicrup. "The Dark Phoenix Saga", como viria a ser apelidada no final, é a história que lida com essa questão, a de como o poder de Jean ficou demasiado grande para um ser humano conseguir suportar e como esse poder a levou à loucura, a levou à criação do seu lado sombrio, a Dark Phoenix. É de realçar, no entanto, que o vilão Mastermind teve um papel a desempenhar nesta conversão ao mexer com a mente de Jean.
Porém, nunca a Claremont e Byrne passou pela cabeça matar Jean Grey no final da história. A ideia seria tirar-lhe os poderes a este nível divino para assim integrar novamente os X-Men como sempre havia feito.

Só que algo aconteceu entretanto, Byrne, a dada altura teve a ideia de colocar a Phoenix a consumir um sol que resultou na morte de um sistema solar que era habitado. A doce Jean era agora responsável pela morte de um planeta inteiro com vida inteligente. Após ter lido isto e conhecimento do final planeado, o editor Jim Shooter não o aceitou. Na sua opinião Jean tinha de ser tida como responsável pelos seus actos. Claremont que na altura não ficou contente com isto procurou formas de alterar a história. Uma delas seria ter Jean a ser julgada pelo Império Shi'ar e condenada. Contudo, os X-Men jamais deixariam de lutar por ela. A única conclusão estava à vista de todos, por mais que custasse, Jean tinha de morrer [3].

Na altura havia também uma grande discussão à volta da personalidade da Jean Grey e da Phoenix. como referi na sua génese a Phoenix e a Jean foram criadas para serem uma única entidade. Porém, há medida que a história de "The Dark Phoenix" progride esta visão vai sendo colocada em questão. Byrne por exemplo via a Dark Phoenix como uma outra entidade que possuía Jean Grey. Isto nota-se bem na história, a dada altura parece que os próprios X-Men espelham a personalidade dos autores. Wolverine é como Byrne e separa Jean da Phoenix, Claremont como Colossus que reconhece o poder destrutivo que a Phoenix causou mas mesmo assim prefere lutar com amor e salvar a sua colega e Shooter que é mais como a Storm, ama a personagem mas não consegue ultrapassar o resultado dos seus actos, os quais abomina e vão contra tudo o que acredita.

Se de facto Jean e Phoenix fossem entidades separadas esta era a razão perfeita para desculpabilizar a personagem dos seus actos, mas Shooter não a via assim e não abdicou da sua decisão. A história é muito boa e o final culminando na morte de Jean muito mais intenso, ela suicida-se num breve momento de sanidade pois tem noção do quão perigosa se tornou e de como os seus amigos se recusam a fazer o que é necessário.

O problema aqui é que nesta altura matar uma personagem tinha mais impacto do que hoje em dia em que já ninguém acredita que a morte é eterna na BD. E Jean era uma personagem amada que muitos queriam ver regressar.
Muita conversa foi gerada em torno de um possível regresso, novamente, para Shooter a única maneira de Jean regressar era arranjar forma de a absolver dos seus pecados. Foi então em 1986, passados 6 anos da morte de Jean, que se tornou oficial a existência da Phoenix Force como uma entidade separada e a trouxeram de volta à vida.

Não chegava ficar por aqui? A existência de uma entidade que possui Jean não é suficiente para justificar a sua inocência? Para mim a resposta é um grande sim. Até porque o final continua a ter impacto uma vez que os X-Men desconhecem tal facto. Mas, infelizmente, não foi para todos. E por isso além desta decisão foi "inventado" que quando a Phoenix Force possuiu a Jean, após esta aceitar a sua ajuda para salvar os seus amigos, criou uma cópia do seu corpo deixando o original num casulo a curar-se dos ferimentos. A Phoenix Force faz com que esta "cópia" da Jean possua a essência da original que acredita tratar-se do seu verdadeiro corpo. Concluindo, todos os actos em "The Dark Phoenix" são protagonizados por um clone de Jean Grey possuído pela Phoenix Force, o que foi quanto a mim uma decisão bastante infeliz e desnecessária [4].



Nota: "The Dark Phoenix Saga" compila os números 129-138 dos "The Uncanny X-Men" editados originalmente em 1980.