Bananas

Até agora ainda só tinha visto um filme da fase "pré-Annie Hall" de Woody Allen, o Every Thing You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask que se trata de um conjunto de divertidíssimas curtas.
Já tinha visto algumas cenas de determinados filmes também e adorado este tipo de humor que Allen praticava.
Bananas foi portanto um sucesso. O filme é hilariante do início ao fim.
Fielding Mellish (Woodie Allen) envolve-se amorosamente com uma fogosa activista. Quando o seu relacionamento termina, Fielding decide partir para a América do Sul até um país em opressão cujo grupo de rebeldes era apoiado pela sua ex-namorada (apoiado ideologicamente).
Fielding acaba por se encontrar envolvido numa disputa governamental entre a força ditatorial governante e a força libertadora rebelde que provam não ser tão diferentes assim. Um filme onde o humor é capaz de atingir níveis de parvoíce lendários (e digo isto como elogio) mas não descurando a crítica.
De salientar ainda que este é um dos primeiros filmes em que participa Stallone, futuro herói de acção, que aparece numa curta mas memorável cena.
Se rir é o mote então este é o filme a escolher.
Crimes and Misdemeanors

Costumo referir que considero Match Point o melhor filme de Woody Allen "pós-2000". Profiro tal afirmação por algumas razões. Nomeadamente porque, na minha opinião, é simplesmente o melhor filme de todo esse leque e porque é também o mais diferente da sua filmografia. O tom é mais negro que o habitual, o jazz é substituído pela clássica e não temos nenhuma personagem a encarnar Woody Allen, seja interpretado pelo próprio ou por outro.
Logo a seguir (depois do Scoop) veio Cassandra's Dream que se toca com Match Point em alguns pontos, principalmente no tom negro. Este não foi tão amado e concordando que não é melhor que o outro é bem capaz de ser o meu segundo favorito dele (de 2000 para a frente volto a lembrar). Ah e reforçou a minha ideia que o Colin Farrel é bom actor.
Isto tudo para dizer que desconhecia que Allen já tinha enveredado no passado por tais caminhos tão obscuros. Crimes And Misdemeanors já o tinha feito uns bons anos antes e com muita qualidade também.
Crimes and Misdeameanors divide-se em duas histórias. Numa temos Judah Rosenthal (Martin Landau) um famoso oftalmologista que começa a ter problemas com a sua obcecada amante e terá de decidir entre quebrar os seus ideais ou quebrar o seu casamento.
Do outro lado temos Cliff Stern (Woody Allen) um realizador de documentários que se vê obrigado a ter de realizar um sobre o seu pedante cunhado (Alan Alda).
No fundo temos aqui dois filmes completamente distintos que se tocam no final numa breve conversa entre a personagem de Landau e de Allen. De salientar que Martin Landau é um actor excepcional e aqui volta a brindar-nos com mais uma excelente interpretação.
Na primeira história temos então o "Match Point". Judah após ter consentido no assassinato da sua amante para preservar a sua vida, começa a ser assombrado pela sua educação judaica. Sente que lhe é impossível retomar a sua vida, pois nenhum ser humano tem o direito de tirar a vida a outro. Como pode alguém recuperar de um acto tão cruel? Tudo isto acaba por culminar numa fantástica resolução do seu espírito humano, onde o tempo assume uma importância fulcral.
A segunda história é uma típica aventura de Woody Allen, onde este deambula entre um casamente falhado e uma paixão intelectualmente estimulante. Tudo isto enquanto ridiculariza o seu cunhado pelo caminho e vai discutindo os problemas da sua vida com aquela que melhor o compreende... a sobrinha.
Whatever Works

A minha maior vontade em ver este filme prendia-se com a curiosidade de ver Larry David trabalhar com Woody Allen. Afinal David é uma lenda televisiva graças ao seu trabalho em Seinfeld, uma das maiores séries de comédia de sempre.
A sua personagem, Boris Yellnikoff, é um reformado professor de física e ávido defensor da teoria das cordas que após um divórcio e tentativa falhada de suicídio se encontra a viver sozinho.
Sozinho mas sempre na companhia da sua arrogância, fobia de doenças e desilusão pelo mundo. Boris diz logo ao início que não é alguém com quem vamos simpatizar, tal como Alvy Singer o fez em Annie Hall, Boris também quebra a barreira que divide espectador e filme. Boris é portanto uma pessoa com uma visão muito pessimista da vida e dos outros, mas sempre com um toque de humor nas suas tiradas certeiras e por vezes letais.
No entanto a sua vida está prestes a sofrer uma severa mudança quando decide dar abrigo a Melodie St. Ann Celestine uma rapariga do Mississipi cuja cultura entra em choque com a de Boris. Com o tempo e a influência de Boris ela acaba por se apaixonar por esta figura que assumiu um papel de mentor na sua vida. E é aí que depois chega a sua família em peso e as coisas ainda se tornam mais divertidas.
Um dos aspectos mais engraçados do filme é ver como a vida em Nova Iorque afecta esta família oriunda do Mississipi que foi educada de uma forma muito religiosa e conservadora.
Claro que o melhor está mesmo em Boris. Vê-lo interagir com os outros é sempre um momento a reter, inlusivé crianças., ninguém escapa aos seus rotativos psicológicos.
Midnight In Paris

Já que estou a escrever um post intensivo deste realizador vou aproveitar para falar do seu mais recente, também visto há pouco tempo.
Eu gostei bastante deste novo filme, que de uma forma leve e descontraída nos faz visitar Paris numa época (duas até) em que a arte fervilhava por todos os poros da cidade, conseguindo juntar nomes como F. Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Ernest Hemingway, Cole Porter, Salvador Dali, Luis Buñuel, T.S. Elliot, entre outros.
Gosto do Owen Wilson, ele é sempre uma mais valia nos filmes do Wes Anderson e gosto dele em Midnight in Paris a fazer de Woody Allen. Sim ele não é o Woody Allen, esse só há um, mas também não tinha de o ser.
É verdade que o filme segue um caminho relativamente óbvio em certos aspectos, a sua relação amorosa por exemplo, mas nunca nada disto me fez sentir que o filme perde por isso, até porque óbvio ou não é um caminho que faz sentido percorrer.
A personagem "pedante" volta a marcar presença, Allen deve adorá-los. Em Crimes And Misdemenors era Alan Alda, aqui é Michael Sheen. Uma daqueles personagens que nos faz questionar como podem ser tão populares entre o meio feminino.
Outra personagem que é preciso salientar é Paris. Uma cidade tão bela como esta dificilmente fica mal como pano de fundo seja em que situação for.
Já agora com um poster tão bonito é curioso que Van Gogh não surja a dada altura no filme, ao lado de Toulouse Lautrec. Era a oportunidade perfeita.