quinta-feira, maio 29, 2014

It's a Good Life, If You Don't Weaken


This business of 'kidding yourself' worries me. I don't even know how much self-deception I'm involved in. It's hard to get down to the truth about yourself. Any time I feel like I'm finally being honest with myself I wonder if there's some deeper truth I'm shying away from. It amazes me how I can know something and avoid it at the same time.

Seth

Com este It's a Good Life, If You Don't Weaken regresso aos cartunistas canadianos. O que é engraçado é que Seth, o autor deste livro, e Chester Brown, já falado aqui, são bons amigos e como esta se trata de mais uma história autobiográfica, vamos contar com a presença desse autor enquanto personagem. Aliás a força que Brown deu a Seth não é esquecida nos agradecimentos.

Seth não é uma daquelas pessoas alegres, passando grande parte do seu tema a deambular pelos seus dilemas existenciais. É um saudosista consciente, digo consciente porque apesar de Seth ser um aficcionado pelo passado, tem perfeita noção da falácia que é dizer "como eu seria mais feliz se tivesse vivido numa época passada". Esta paixão pelo antigo tornou-o um ávido coleccionador de antigos cartunes e é durante uma dessas visitas a livrarias e/ou antiquários, que descobre Kalo, um cartunista com quem imediatamente se identifica (aparentemente o traço de ambos é próxima). A partir daqui Seth inicia a sua investigação em torno de Kalo um autor que se revela também de origem canadiana e cuja carreira parece ter sido demasiado curta, para um homem que aparentava ter tanto talento.

Um livro que acaba por nos contar não só a vida de Seth e as suas preocupações, como nos faz mergulhar na sua investigação também conhecendo o percurso de vida do cartunista Kalo, tentando juntar peças de um puzzle para descobrir a vida que levou e como o cartune a influenciou. It's a Good Life, If You Don't Weaken acaba por ser assim sobre a vida de dois autores. Será que Seth persegue Kalo na esperança de descortinar respostas para a sua própria vida? Respostas que, da maneira que as idealizamos, talvez não existam.


Gostei muito da escrita de Seth, muito literária e corajosa. Este nível de exposição deve ser assustador para um escritor como ele e agradeço-lhe por ter tido a vontade em escrever este livro. É um livro profundo e que merecia uma análise bem mais detalhada do que esta. Mas fica a sugestão, pelo menos.

Uma vez que Seth foi um ávido consumidor de BD, são várias as referências que inundam este livro. como o próprio autor diz, há determinados acontecimentos na vida que ele associa imediatamente a uma determinada tira. Não posso dizer que não me identifique, seja BD ou outra coisa qualquer, são muitos os paralelismos que cosntruo entre realidade e ficção.

2 comentários:

Luis disse...

Fico sempre feliz (não encontro palavra melhor) quando encontro nos blogs, e particularmente blogs de pessoal que conheço, referencias a livros e autores que sigo com atenção. Se falares em quem desenha ou escreve o homem aranha ou o super homem estou longe, e deve haver muita gente que está perto. Seth, não sendo um segredo, é mais intímo. Como a sua escrita. Este é muito bom.
Até sábado?
Luis

Loot disse...

Mais íntimo é uma excelente palavra para descrever o seu trabalho :)

Os heróis é outro campo, este já é um trabalho mais sério e maduro(claro que há trabalhos adultos sobre super-heróis mas por norma são histórias de entretenimento). O que quero salientar é que mesmo dentro deste género o Seth sobressaiu, lembro-me que senti o mesmo quando li o Fun Home, que estava perante algo mesmo muito bom.

E sim, até Sábado :)