sexta-feira, maio 16, 2014

He Done Her Wrong


The Great American Novel - sem palavras e sem música - diz o subtítulo desta pérola dos anos 30 da autoria de Milt Gross.

Fantástico livro por Gross, que sabe trabalhar como um mestre a linguagem da BD, para nos trazer um verdadeiro portento no campo do humor pastelão (em inglês é a conhecida comédia slapstick). No cinema este tipo de comédia ficou muito popularizada graças a obras de Chaplin, Keaton, Laurel & Hardy, entre muitos outros. Ora Milt Gross era bom amigo de Chaplin e trabalhou com ele em The Circus (1928), influências que se sentem na leitura desta peça.



He Done Her Wrong narra a história de amor de um casal. Ela uma cantora e ele um homem do campo,  fisicamente sobredotado que, como um super-herói, a salva logo no início do ataque de um grupo de homens que estavam claramente mais interessados em outras partes da artista que não a voz.

O que este homem do campo tem em força, acaba por ter também em ingenuidade e deixa-se enganar com demasiada facilidade por um vilão explorador, que o consegue afastar da mulher, fingindo-lhe funeral e tudo. A partir daqui o herói andará a viajar em busca da sua amada, busca essa que o levará a Nova Iorque, onde passará por mirabolantes e excessivas situações, todas muito divertidas. Temos aqui espalhado também a situação do confronto entre o campo e a cidade, quando o nosso herói entra na grande metrópole.

Uma das minhas partes favoritas tem de ser a primeira vez que o herói e a amada estão prestes a cruzar-se ao virar da esquina. Precisamente no momento certeiro um cartaz gigante intromete-se entre os dois, e ambos passam um pelo outro sem se ver. Tão perto, tão distantes. Mais uma cena que me remeteu a determinadas situações cinematográficas.

Este é mesmo muito aconselhado.



4 comentários:

Pedro Cleto disse...

Sem dúvida um livro muito aconselhado, Loot, que para mais existe em edição portuguesa da Libri Impressi de Manuel Caldas.

Boas leituras!

Loot disse...

É esse mesmo que li Pedro. É simultâneamente a edição portuguesa e espanhola (o título de maior destaque está em espanhol, mas vem tudo traduzido em ambas as línguas, por tudo entenda-se o prefácio e posfácio, claro).

O trabalho do Manuel Caldas é fantástico, uma pena não termos muitas mais coisas editadas por ele :)

Abraço Pedro

Anónimo disse...

belas descobertas neste blogue!!!
como consegue estas pérolas? foi também na tal mediateca?
já vi esse Caldas, muito bom material editado! Krazy Kat e Kin-der!!! nem sabia que estava editado cá em Portugal essas obras primas!!!
obrigado a este blogue por mostrar BDs que são mesmo boas!
JC

Loot disse...

Olá João

Foi na bedeteca sim, aquilo é o paraíso de qualquer leitor e assim não há mesmo desculpas para não ler boa BD, pois é tudo grátis. Quando posso e encontro acabo por comprar, gosto sempre de ter na estante, mas há muito material, que é díficil de arranjar e nisso uma biblioteca salva-nos sempre.

Não conheço todo o trabalho do Caldas, mas ele é imensamente gabado e pelo que tenho lido por aí a sua edição do príncipe valente é bastante superior à da fantagraphics. Pena não termos mercado de BD, não é à toa que ele edita para Espanha também.

Abraço