SPOILERS
É preciso dar mérito a Fringe pela sua ambição na ficção científica. Temos aqui um cocktail delirante onde se exploram tanto os universos paralelos, como as viagens no tempo e até capacidades paranormais. A exploração destes temas tem aumentado ao longo do tempo e nesta quarta temporada atingiu níveis de maior exagero, com o Peter a ser removido da linha temporal e as capacidades de Olivia atingirem um nível de energia nada menos do que extraordinário.
No final da temporada anterior, depois da brilhante revelação de quem são os primeiros homens, o Peter ao optar por ajudar os dois universos em vez de destruir um pelo bem do outro, acabou por desaparecer da linha temporal ao criar uma ponte entre os dois universos. Aparentemente tudo corre conforme os observadores planearam, a fim de corrigir o erro de September. Porque é que Peter teve de ser removido? Se September não tivesse feito asneira ele estaria vivo, mas como não sabemos qual seria o seu destino, fica naquele poço das questões cuja resposta não é suposto sabermos.
Além da componente científica - ficcional, muito ficcional - de Fringe, a série também dá destaque a questões religiosas e ainda mais àquilo que mais nos distingue enquanto humanos, os nossos sentimentos. Com isto não quero separar a ciência destes aspectos, a emoção humana é algo extremamente poderoso, tal como a fé, a crença em algo, mesmo que esse algo exista apenas na nossa cabeça. Isto tudo para dizer que Peter não foi totalmente removido do universo, segundo September, graças ao amor que os seus entes queridos sentem por ele. A fim de corrigir isto September tem a função, que ignora, de eliminar por completo Peter.
Sem a existência do Bishop Jr. nesta linha temporal, o mundo de Fringe tal como o conhecemos é diferente. A início são diferenças pequenas, pontuais, mas que com o tempo se acentuam mais. O desaparecimento de Peter teve consequências mais drásticas do que se antecipava. Jones está vivo e William Bell é um homem diferente, onde os seus delírios de grandeza ainda são maiores. Faz sentido que Bell esteja vivo, afinal de contas, Olivia nunca partiu em busca de Peter ao outro lado, logo Bell nunca os ajudou.
O Coronel Broyles do outro lado está vivo, uma vez que nunca ajudou a nossa Olivia, mas não tem um final feliz também, destino talvez. Ainda assim apesar de ter "vendido a alma ao diabo" é bom ver como esta personagem se mantém honrável. Nutro grande respeito pelo Broyles, por ambos.
A início esta mudança na linha temporal custou, primeiro o desaparecimento de Peter e depois o facto de nos apercebermos que também o seu filho com a Olivia do outro lado, já não existe mais. Afinal esta criança só existiu com o único propósito de o Walternate poder usar a máquina do outro lado. Isto foi sem dúvida o que me custou mais, esperava mais da história para esta criança, que foi tão curta. Claro que sempre pensei que todos iam recuperar a memória certa dos eventos, que Peter e Walter corrigiriam isto, que a quarta temporada ia ser uma fase passageira, que os argumentistas não iam fazer desaparecer as memórias de Walter sobre o seu filho, mas estava enganado, as coisas mudaram de vez, e o Peter já se pode dar satisfeito por Olivia ter recuperado as suas, mas ela é especial, muito especial.
Assim sendo a início Fringe surge-nos quase como um começar de novo, uma repetição do que nos foi dado, mas com uma colaboração entre os dois universos. Afinal os inimigos agora são outros e há medida que avançamos na histórias vamos descobrindo o real perigo, William Bell pretende colidir os dois universos para criar um novo, povoado com as suas espécies alteradas e sem a dedada do Homem. Eu disse que os seus delírios de grandeza eram ainda mais exagerados.
Gostei da aparição de Bell no final, para nos mostrar que havia vida além de Jones, ainda assim Jones foi o vilão que marcou presença a maior parte do tempo, merecia um desfecho melhor. Por falar em desfechos, caramba que pena a morte do Lincoln (do outro lado), esperava que a sua morte fosse mais épica, mas acredito que foi um catalisador para agravar a consciência de Broyles (do outro lado) e que o levou a entregar-se no fim. Já agora que diferentes os Lincolns, há que destacar os actores. Anna Torv por exemplo domina cada vez mais a interpretar diversas versões da sua personagem e até mesmo o próprio William Bell como se viu na temporada anterior quando foi "possuida".
E por falar no outro lado? O Charlie onde anda? Há alterações, como esta, que não me parecem muito justificáveis de ocorrer só porque o Peter não existe mais. Mas com o tempo temos estas vantagens, basta atirarmos uma bola para o lado contrário e TUDO pode mudar. Mas, mesmo assim esta temporada suscitou muitas questões e dúvidas. No final a forma como Walter chega a Bell é demasiado rebuscada, Olivia de repente já domina os poderes com grande confiança, sem falar no exagero que é ela ser a fonte energética para os universos colidirem.
O final da quarta temporada soube a desfecho, foi uma conclusão e após uma curta pesquisa percebi porquê. A série corria o risco de ser cancelada e assim sendo havia um final para os espectadores. Daí a introdução do episódio passado no futuro (Desmond is back). Este será o novo conflito a invasão dos carecas.
Para terminar quero reforçar que quero um final feliz para o Peter e a Olivia, eles merecem. Normalmente os protanogistas só se juntam mais perto do final, mas Peter e Olivia juntaram-se logo no final da segunda temporada e por isso desde aí tem sofrido contra tudo e todos para se manterem juntos. É mais que merecido o final feliz, e o facto de este final de 4º temporada quase ter sido o final da série, leva-me a reforçar esta ideia pois ambos acabam bem.
4 comentários:
Quando vires a 5ª temporada vais perceber a cena toda do September ter salvo o Peter... é alto mindfuck
Mindfuck soa-me bem. Conto começar a 5º ainda hoje :D
É pena ser mais pequena.
Abraço
Pequena mas das melhores.
;)
Melhor ainda :)
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