Li finalmente a mítica trilogia do "Loverboy" personagem criada por Marte (Marcos Farrajota) em 93 para o fanzine "Mesinha de Cabeceira". A início, além do argumento, era desenhado também pelo próprio criador, tendo tido posteriormente um episódio desenhado por Miguel Falcato e um poster por Yip Sou. Em 96 entra João Fazenda para assumir o desenho de "Loverboy" num projecto mais longo e que resultaria em três livros: "O rebelde"; "A faculdade são dois ou três livros" e "[...]muda mas fica igual [...]".
Fiquei imediatamente fã deste Loverboy (parece que é mesmo o nome dele) uma personagem que nos é apresentada como um engatatão filha da mãe, capaz de seduzir uma mulher só para mais tarde a ridicularizar numa situação qualquer. No primeiro tomo, "Rebelde", acompanhamo-lo a ele e aos seus amigos durante uma noite de concertos. Como o público alvo feminino deste evento não parece estar muito interessado em Loverboy - parece que é um betinho - a noite não lhe corre nada bem, acabando por jurar formar uma banda para se vingar delas. De destacar também os seus amigalhaços, nomeadamente, o satânico Astarot que fez uma cruz invertida na testa com um ferro em brasa, esta personagem é qualquer coisa de espectacular. Quanto aos fãs de um género musical mais voltado para o rock e o metal estejam atentos aos inúmeros nomes de bandas que por aqui passam, todos trocadilhos com bandas reais e alguns dos quais hilariantes.
A fusão de estilos é que vai criar um som inovador! O que seria dos Rage Against The Working Class se não misturassem sons diferentes?
Leonardo
Loverboy podia ser perfeitamente uma personagem parada no tempo, no entanto, o autor optou por desenvolvê-lo e evoluí-lo (excelente opção). Se no primeiro tomo temos a personagem no fim do liceu, em "A faculdade são dois ou três livros" assistimos Loverboy a ingressar no ensino superior e mais importante ainda a apaixonar-se. Nunca antes este rapaz se havia preocupado com alguém, nem sentido o carinho que sente por esta rapariga. Claro que numa incursão pelo mundo universitário não podiam faltar as habituais praxes, aulas e - pois claro - as tunas.
Todas as tunas académicas são asquerosas e esta é a mesma merda.
Loverboy
Quanto a "[...]muda mas fica igual [...]" apanhamos Loverboy numas férias após ter tido o coração partido. Este livro é todo uma grande trip de ácidos e questiono-me se será por isso que Fazenda mudou o registo do desenho, mas arrisco-me a dizer que não. De qualquer das formas o seu traço é claramente distinto neste livro quando comparado com os outros, menos detalhado e pormenorizado, mas que assenta muito bem no tom psicadélico da história. E não posso deixar passar despercebida a aparição do "Pato Otário" a primeira personagem criada por Marte.
FUCK POSEURS!!! ALL HAIL METAL!!!
Astarot
Como já referi fiquei fã deste grupo de amigos, gostei das personagens criadas por Marte e das suas pequenas sátiras às várias comunidades, sejam os melómanos ou os universitários, entre outros. Quanto ao João Fazenda, já tinha gabado o seu storytelling em "Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos" e volto a fazê-lo aqui, que num registo completamente distinto volta a marcar pontos. Quanto mais conheço dele mais pena tenho que não tenha editado BD nos últimos tempos.
Todos os livros foram editados pela Polvo e o segundo volume recebeu uma menção honrosa para melhor álbum português no festival internacional de BD da Amadora em 98.
2 comentários:
Ouvi uns zun-zuns que vai sair algo novo do personagem num evento que substitui a Feira Lacia, a Zero Hora no Parque de Monsanto no dia 29 de Junho.
A diferença é que em vez do Fazenda agora será o Jorge Coelho (Polarity).
Dia 29 logo se vê se será verdade ou não.
Obrigado pela dica Diogo.
Por acaso esqueci-me de mencionar no texto que gostava que tivessem continuado com a personagem, por isso essa notícia é mesmo muito boa a confirmar-se.
O Jorge Coelho é fantástico por isso o Loverboy ficará bem entregue :)
Abraço
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