terça-feira, janeiro 15, 2013

The Crow: Skinning the Wolves #1


"The Crow" é uma obra que dispensa apresentações, onde a grande maioria já passou, certamente, a vista pelo seu nome. A obra nasce na BD pelas mãos de  James O’Barr, que o escreveu e desenhou após a morte da sua namorada (por atropelamento). Sabendo disto compreende-se melhor a dor que está embutida neste trabalho, onde James O’Barr usou a história de Eric Draven para confrontar os seus próprios demónios. Todo o livro é um processo de luto e por isso, mais do que o argumento em si, é a emoção que transborda das suas páginas que nos marca para sempre. Metaforicamente é como se "The Crow" tivesse sido desenhado em sangue.

No entanto, não seria graças a esta grande peça de BD, que o nome da obra alcançaria fama mundial. Tal deveu-se ao filme de culto dos anos 90 realizado por Alex Proyas. Filme que além da qualidade, também ficaria conhecido por ser o último de Brandon Lee que, infelizmente, morreu durante as filmagens. Seja na Bd ou em Cinema, "The Crow" ficaria sempre ligado à morte, tanto na ficção como na realidade, e isso conferiu - ainda mais - uma certa aura negra e tenebrosa à obra.

Como tudo que tem sucesso se tenta repetir (para mal de muitos pecados), também "The Crow" ganhou várias sequelas na BD e no Cinema, tendo direito até a uma série de TV. Tirando a série seriam todas novas histórias, pegando na mitologia criada e aplicando-a a outras almas sofredoras que não a de Eric Draven. Na BD não segui nenhuma, mas no cinema ainda vi o segundo, ficando-me por aí. Não tenho ideia das críticas das BD's, mas quanto aos filmes, digamos que ninguém fala deles ao contrário do original de Proyas.

Tudo isto para falar da nova abordagem de "The Crow" na BD, este "Skinning the Wolves", que me captou a atenção por se tratar do regresso de James O'Barr à obra que o consagrou. Desta vez O'Barr alia-se, no argumento e desenho, a Jim Terry, para contar a história de um novo "Crow", desta vez situada algures na segunda guerra mundial. A escolha da acção será uma das mais óbvias, quando pensamos em almas torturadas que deveriam regressar em busca de vingança, um dos nomes que nos vem automaticamente à memória é o do holocausto. Infelizmente, há muitos outros períodos negros da história, que poderiam figurar igualmente neste quadro e que não devem ser esquecidos. Não pretendo - de longe - criticar a escolha, até porque histórias destas nunca são demais, porém, queria salientar que existem outras situações desumanas além dos campos alemães que me parecem muitas vezes esquecidas. Nem saindo do tema dos campos de concentração, porque não relembrar mais vezes os campos russos de Estaline? ou os actuais na Coreia do Norte?

O que estranhei mais neste regresso foi o facto de ser um muito breve, "The Crow: Skinning the Wolves" contará apenas com três comics, o que me parece pouco, principalmente após a leitura do primeiro. É uma introdução interessante, mas rápida, dando a sensação que ainda poderá haver tanto para contar. Claro que isso só poderei confirmar no final. Comentar apenas um comic é ingrato, são poucas páginas e ainda tanta coisa pode acontecer, é preciso dar tempo ao autor para desenvolver a sua história, por isso o texto prende-se mais em dar a conhecer o livro e em aproveitar a oportunidade para falar de uma obra que gosto tanto.

De qualquer das maneiras parece-me uma proposta interessante, pelo menos para os fãs da mitologia, além de que este primeiro capítulo voou num piscar de olhos à minha frente, deixando-me curioso em saber mais.

Espreitem a capa alternativa aqui, que está bem bonita.

6 comentários:

João Campos disse...

Não sendo, nem de perto, um dos melhores filmes que já vi, "The Crow" de Alex Proyas é capaz de ser um dos meus filmes preferidos. Toda a atmosfera do filme sempre me fascinou. E sim, vi o segundo e fiquei-me por aí (por muito que simpatize com a Mia Kirshner).

A banda desenhada original não conheço, mas se calhar vale a pena dar uma vista de olhos.

Loot disse...

O The Crow não é normalmente um filme que se vê nas listas dos melhores, sem dúvida, mas foi um que marcou muitos de nós. Tornou-se filme de culto. E grandes tempos do Proyas, quando realizou este e o Dark City.

Já nem me lembrava era da Mia Kirshner no segundo, personagem que faz ligação com o primeiro. Ahh a Mia :)

Eu acho que vale muito a pena conhecer a BD, que é fácil de encontrar. É diferente do filme, nota-se que não há uma preocupação tão grande em criar uma narrativa, por exemplo, os bandidos nunca tiveram hipótese, ao contrário de no filme. E a vingança do Draven estende-se além dos envolvidos. Sem falar que a sua personagem bem como a namorada, sofrem muito mais. O'Barr faz questão que Eric Draven sofra o mais possível, numa espécie de auto-martírio. É intenso...

João Campos disse...

É mesmo um filme de culto. Pessoalmente, acho que é também um filme muito sólido. Não, não é um "The Green Mile", mas nem por isso deixa de ser muito bom.

A ver se encontro a BD.

Loot disse...

O filme é mto bom, bem como o Dark City. Gosto do Proyas, destes tempos negros dele, depois perdeu-se um pouco. por exemplo, o I Robot já não é do mesmo calibre destes dois...

Mas olha que prefiro ver o Crow do que o Green Mile em qualquer dia. Se ainda fosse o Shawshank Redemption pensava duas vezes :P

A BD acho que foi reeditada o ano passado, uma edição comemorativa acho

Loot disse...

Queria também acrescentar que a banda sonora do filme é mto boa e deu-me a conhecer uma série de excelentes bandas :)

http://alternative-prison.blogspot.pt/2007/03/crow-ost.html

João Campos disse...

A banda sonora é excelente. E sim, o Proyas teve uma fase muito boa - ainda que o Dark City não me tenha convencido em pleno, é um filme muito interessante. Talvez o problema resida nas expectativas, não sei.

O Shawshank Redemption é formidável (vi-o pela primeira vez há poucas semanas), mas também gosto muito do toque de sobrenatural do Green Mile.