quinta-feira, janeiro 10, 2013
Anna Karenina
Mais do que um dos filmes do ano, queria que "Anna Karenina" fosse um dos melhores filmes de sempre... não é, provavelmente nem do ano. Mas, também não é nada mau.
Joe Wright deslumbra-nos logo ao início ao nos revelar que utilizará os artíficios de um grande teatro para narrar esta história. Esta opção estética funciona maravilhosamente, tanto a nível visual, como também, enquanto analogia a esta sociedade Russa (funcionaria para outras igualmente bem).
O Conde Vronsky (Aaron Taylor-Johnson) - é mesmo o miúdo do "Kick Ass"? - foi sincero quando disse a Anna Karenina que não haveria paz para os dois, apenas miséria e a maior das felicidades. Vronsky arrebata por completo Karenina, fá-la experenciar emoções que nunca julgou possíveis e com uma intensidade que nos fazem questionar se ela algum dia teve uma escolha. Infelizmente, a dada altura, o filme perde alguma força, afastando-o de patamares mais elevados - mesmo que a intenção estivesse lá. Ainda assim são vários os momentos de brilho a destacar, como a primeira dança entre os dois, ou a corrida de cavalos. Julgo também que há uma expressão que me parece muito bem conseguida por Aaron Taylor-Johnson no trailer do filme, mas que, infelizmente, não foi o take escolhido para a peça final.
De salientar também Jude Law, impecável como Karenin. Um homem político e religioso, com uma reputação que o precede e que se vê mergulhado num mundo repleto de emoções, onde a maior parte delas, não são nada fáceis de digerir.
Contudo, há vida além deste romance, a história de Levin (excelente Domhnall Gleeson) - é mesmo um dos gémeos do Harry Potter? - é de igual importância e sempre que a sua personagem surge no ecrã o filme ganha novo fôlego. É capaz, também, de - juntamente com Alicia Vikander - ter a cena mais romântica de todo o filme.
Há ainda o irmão de Karenina, um divertídissimo Matthew Macfadyen, cujo próprio casamento seria também ele um alvo importante de análise, uma outra visão sobre o grande tema do filme, mas cuja passagem é breve. Imagino que no livro estes dois arcos mencionados devem ser muito mais explorados, afinal de contas o livro não está restringido por 2 horas.
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5 comentários:
Eu começo a desconfiar que fui o único a não gostar desta abordagem. Acho que tem piada, mas cansa passado pouco tempo. Apesar de considerar que tecnicamente até está bem conseguida.
No início o efeito é muito giro, depois do efeito surpresa acaba por se tornar mais "normal", mas não achei cansativo. E tecnicamente sim, muito bom.
Mas não és o único a não gostar, de qualquer das formas valorizo a ideia do homem, experimentou algo diferente e que até faz sentido, todos aqueles indivíduos têm o seu "papel" e toda aquela sociedade é um teatro. Aliás as cenas fora de portas são só no campo, onde é tudo mais genuíno que em qualquer salão de Petersburgo ou Moscovo :P
Eu já li o livro e também estava muito curiosa sobre como seria a adaptação ao cinema. Eu acho que está muito bem feito e a abordagem, apesar de estranha e diferente e também confusa inicialmente, depressa entra no nosso conceito do filme e torna-o bastante mais interessante do que se fosse narrada na forma tradicional. Eu gostei e penso que está um trabalho bastante competente.
Não sabia que o Levin era um dos gémeos do Harry Potter! Também o achei muito bem :)
Devo começar a ler o livro ainda esta semana. Tenho a tradução da europa-américa, que me desiludiu logo na 1º frase (falta uma parte). Estive para esperar que arranjasse a da relógio de água, mas acho que vou é ler os dois, porque não me apetece esperar até ter o outro...
Quanto à adaptação, não sei se o que o realizador fez torna o filme mais interessante do que se fosse narrado de forma tradicional, mas torna-o diferente sem dúvida. E se é para ser uma nova adaptação então que o seja mesmo. Gostei da abordagem e valorizo a iniciativa. O Levin é do melhor no filme, mas eu por acaso até gostei de todos. Já li que casal foi mau casting, mas convenceram-me.
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