quarta-feira, abril 23, 2014

The Grand Budapest Hotel


Os bilhetes para o "país das maravilhas" de Wes Anderson já estão disponíveis. Ver um novo Anderson é sempre como mergulhar num outro Universo, um que o realizador tem desenvolvido e alargado ao longo da sua carreira. A cada filme, cada vez conhecemos mais locais e mais personagens que povoam esse mundo que se encontra dentro da mente deste criador.

Nota-se que cada vez mais o realizador tem tido um comportamento algo obsessivo-compulsivo com os seus filmes. Tudo é cada vez mais controlado e não há um respirar fora do sítio. Os planos são medidos ao milímetro e desta vez até os cenários expressam uma maior artificialidade. Como o João Lameira escreveu no À Pala de Walsh, também eu acredito que não deve existir quase diferença nenhuma entre o plano idealizado na mente de Anderson e aquele que acaba por ser filmado. Nem todos poderão gostar disto, mas a verdade é que até agora Anderson tem triunfado sempre naquilo a que se propõe filmar e "The Grand Budapest Hotel" é mais uma peça de valor para a sua colecção.

O gang de Anderson marca todo (ou pelo menos a maioria, não conheço todos os filmes) presença, nem que seja por escassos segundos. Existe uma ligação entre estes actores e o realizador, onde todos ganham com estas aventuras. Ralph Fiennes estreia-se neste Universo e imeditamente se integra nele como se sempre tivesse feito parte do mesmo. O seu M. Gustave é uma personagem 100% Andersiana e Fiennes interpreta-o com a maior das graças. Este cavalhaeiro, que é a prova de que ainda existem homens bons em tempos bárbaros, vai-se tornar, se não o fez já, uma das personagens mais icónicas do realizador.

Gustave ao lado de Tony Revolori parte numa série de aventuras mirabolantes, que envolvem uma prisão um templo de monges e até uma sociedade secreta de membros da hotelaria (a verdadeira maçonaria). Esta dupla de protagonistas são quase uma espécie de "Dom Quixote e Sancho Pança" se este fosse escrito por Anderson (com as respectivas diferenças claro).

Os vilões a cargo de Adrian Brody e William Dafoe são tenebrosos, em particular o segundo. Sempre que surgem em cena mancham o ecrã com a sua aura negra, cobrindo todo o rosa e roxo harmoniosos do hotel e dos protagonistas. O humor esse continua no topo, sempre dito nos momentos certos com um simplicidade que apenas contribui ainda mais para a sua graça.

Wes Anderson está de volta e que boa notícia que isso é.

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