sexta-feira, setembro 27, 2013

Utopia - Temporada 1


 Where is Jessica Hyde?

“Utopia” parece-me ter um dos mais imponentes pilotos de que me recordo. Que excelente forma de nos introduzir a esta série carregada de teorias da conspiração e que tem uma BD no centro de toda a acção. Eu não costumo largar uma série apenas pelo piloto, mas no caso de “Utopia” não há perigo nenhum disso acontecer, antes pelo contrário, desafio alguém a não querer continuar depois de o assistir. Logo aquele início na loja de BD, com Arbie e Lee, é de uma tensão capaz de gelar o sangue nas veias - particularmente porque envolve uma criança também -, e é uma cena tão bem executada que logo aí percebemos que estamos perante grandeza televisiva.

Um grupo de pessoas comuns com vidas bem distintas umas das outras, acabam por cruzar-se por terem algo em comum. Todos eles são fãs da BD “Utopia” ou se preferirem da novela gráfica “Utopia”. Toda a sua criação bem como interpretação está envolta numa aura de mistério. O seu criador aparentemente produziu-a quando estava num manicómio após a qual se suicidou. Há quem acredite que em “Utopia” se encontram muitos dos segredos do mundo, e não sendo um livro que atinja grandes índices de popularidade, a verdade é que tem um forte culto entre alguns leitores. Ora quando um deles afirma num fórum ter adquirido as páginas do volume 2 (nunca publicado) a curiosidade de alguns membros dispara.

O problema é que existe realmente verdade em “Utopia” e uma organização que dá pelo nome de The Network, também se encontra desesperadamente à procura desse manuscrito, matando sem dó nem piedade quem lhes aparecer pelo caminho. Assim, sem fazerem ideia no que se haviam metido, Ian, Becky, Wilson Wilson e Grant, passam de cidadãos comuns a pessoas procuradas e em constante fuga. Já agora, Grant deve ser das personagens criança mais fantásticas de sempre.

Enquanto Ian e companhia tentam desvendar o que se passa e como melhor agir em prol do mundo e deles próprios, muitas outras coisas se vão revelando e entramos naquele esquema de paranoia em que ninguém parece ser de confiança e mais vale estar prevenido em todos os ângulos e direcções. Em termos de teorias da conspiração “Utopia” sabe fazer o seu jogo muito bem.

Paralelamente temos a história de Michael, um secretário do ministro da saúde, que se vê envolvido numa teia de chantagens onde é “forçado” a ajudar os objectivos da Network. Mas Michael no seu âmago é um bom homem, a questão que se coloca é se terá forças suficientes para lutar pelos seus ideais ou se simplesmente se irá render à opressão da Network.

Os dois assassinos que procuram o manuscrito, os já mencionados, Arbie e Lee, são também personagens a destacar em especial Arbie, cujo passado vai sendo revelado ao longo da série sendo tanto uma surpresa para nós como para ele. De certeza que Arbie ainda terá muito a dizer nesta série.


São apenas 6 episódios no seu total, mas qualidade e quantidade nunca foram sinónimos. “Utopia” é tremendamente bem escrita (por Dennis Kelly), com uma realização e fotografia muito cuidadas e com uma banda sonora que ainda hoje me assombra a mente de vez em quando. Para mim foi uma das grandes descobertas do ano em termos televisivos e fico ansioso a aguardar pela segunda temporada (em 2014).

Em relação ao plano da Network, que optei por não revelar para o texto ficar livre de SPOILERS, é uma ideia “curiosa” e foca determinados problemas que o mundo se encontra a enfrentar. A Network mostra-se a agir com o objectivo de proteger o mundo, não olhando a meios para chegar aos seus fins - a lembrar uma certa personagem de Watchmen. Claro que este plano, além da componente desumana tem riscos severos e que até são apontadas na própria série. Além de nunca concordar com ele ainda o acho demasiado perigoso pois vejo um cenário que pode conduzir à extinção da raça humana se as coisas não correrem bem. O meu apoio está, portanto, com os protagonistas. Mas se o plano é realmente este – aqui já não me admiro de nada – confirmaremos na segunda temporada, para já tudo indica que sim.

Agora uma curiosidade geek que me apercebi quando via isto. Nathan Stewart-Jarrett é o actor que interpreta Ian nesta série. É curioso que na série anterior em que participava, “Misfits”, a sua personagem chamava-se Curtis. Unindo os dois nomes temos Ian Curtis, uma coincidência curiosa no mínimo. Adorei também a particularidade de Alice dar Dostoiévski na escola, ver uma criança com cerca de 10 anos a discutir - muito bem - o "Crime e Castigo" foi muito engraçado.



1 comentário:

Anita disse...

Eu ainda hoje tenho a música no ouvido.Foi uma excelente surpresa esta Utopia. Gostei mesmo muito. E também espero que o Arbie tenha ainda muito a dizer já que quero muito acreditar que nos "enganaram" com o desfecho dele. É um dos meus vilões preferidos do ano (aquela cena na escola está tão bem feita!). Venha daí a season 2 :D