terça-feira, abril 03, 2012

A Song of Ice and Fire: A Storm of Swords





















Por norma coloco sempre os títulos das obras que falo na língua em qual as vi. Digo isto para ficar claro porque coloquei o título deste livro em inglês quando no passado falei dos anteriores em português (volume 1 e volume 2). Gosto bastante das edições da Saída de Emergência, mas por questões económicas preferi começar a ler esta saga em inglês. A coincidência é que nas edições portuguesas os volumes são divididos em dois e logo quando salto para as edições inglesas calha ser no único livro em que tal também acontece uma vez que, até à data, "Storm of Swords" é o mais longo de todos.

Vou falar de acontecimentos que ocorreram nos volumes anteriores, por isso não é aconselhado ler este post a quem os desconhece. É apenas uma forma de avaliar na história o que até aqui se tem passado e os perigos que aguardam estas personagens. Uma boa altura já que a segunda temporada da série acabou de regressar.

São muitas as tramas que se desenvolvem neste mundo saído da mente de George R.R. Martin. Neste volume, por exemplo, perdemos Theon Greyjoy como uma das personagens a partir das quais a história é contada e com ele os Greyjoy ficam ausentes deste volume. Sabemos apenas que lutam entre si pelo trono após a morte do auto-intitulado Rei Balon, mas nada mais é explorado.

No entanto, em vez de Theon, há Jaime Lannister, que se torna, depois deste volume, automaticamente, uma das melhores personagens da saga. Sempre gostei do Jaime, nas poucas cenas em que aparecia tinha uma presença imponente, o diálogo com Catelyn Stark por exemplo foi prova disso. A única coisa que nos faz odiá-lo é sem dúvida alguma o que fez a Bran Stark. Neste volume ele é, secretamente, libertado por Catelyn que o envia juntamente com Brienne para Kingslanding a fim de o trocar pelas suas filhas reféns. Brienne após ter sido acusada injustamente de ter assassinado Renly Baratheon tem vindo a seguir religiosamente a viúva Stark e tudo fará para recuperar as suas filhas. Os laços que vão sendo criados entre Jaime e Brienne, que a início se odeiam, resultam num dos duetos mais fenomenais nesta história e dos mais improváveis. A partir deste enredo sabemos finalmente o que passou pela cabeça de Jaime em várias situações, conhecendo assim as razões das suas decisões nomeadamente aquela por qual é mais conhecido, a morte do Rei Aerys. Só por uma cena em particular em que estes dois estão envolvidos Jaime conquista o respeito de qualquer um, fantástico.

Para lá da muralha as coisas não estão nada fáceis também. A vida de Jon Snow tinha dado uma volta de 180º no final do volume anterior. Capturado pelos selvagens foi obrigado a lutar com Qhorin Halfhand que se deixou matar, ordenando-o que se juntasse aos selvagens para os espiar. Snow tenta assim convencer o rei para lá da muralha, Mance Rayder, de que é um desertor. É um percurso muito interessante o do bastardo mais popular de Winterfell. Envolve-se amorosamente com Ygritte, uma mulher beijada pelo fogo (ruiva), e trava até amizades com alguns dos selvagens. Talvez este povo não fosse exactamente aquilo de que ele estava à espera. No fundo, são tal como ele, simplesmente pessoas. Infelizmente pessoas que estão a montar-se como um exército para atravessar a muralha e atacar o sul. Para lá da muralha tudo é sul para este povo. Na sua mente Jon mantém-se fiél aos seus irmãos, a patrulha da noite, mas no futuro quando tiver de o mostrar, tais escolhas não serão tão fáceis de tomar, principalmente agora que está com Ygritte. Neste livro esta personagem está em grande, passa por muita coisa, é injustamente acusada e prova-se como um valente estratega e guerreiro. No final tudo isso será de certa forma recompensado. Uma coisa é certa, a vida de Snow nunca mais será a mesma.

Com Lord Snow fora da patrulha da noite, é agora a partir de Samwell Tarly que vamos tendo um vislumbre do que acontece deste lado. São poucos os capítulos de Tarly mas muito relevantes. A vida não está fácil para os "corvos". Enquanto nos 7 reinos os lordes guerrilham pelo trono de ferro, perigos mais sombrios despertam a norte da muralha. Uma das razões pelas quais os próprios selvagens se decidiram mover agora, prende-se com os constantes ataques dos "The Others" criaturas do gelo, criaturas da morte e capazes de trazer os cadáveres de volta. Pela primeira vez saberemos como se pode matar um "The Other", algo que até fez bastante sentido. Serão estas as forças do outro deus cujo nome não pode ser pronunciado segundo Melisandre a sancerdotisa do deus do fogo, R'hllor? Que os sancerdotes vermelhos detêm poder disso não há dúvidas, como já tinhamos visto também em Jaqen H'ghar. Mas até o próprio nome da saga "A song of Ice and Fire" parece indicar que se caminha para um confronto entre fogo e gelo. E se os Others parecem criaturas das trevas a verdade é que Melisandre, apesar da beleza, também.

Por falar nela, Stannis Baratheon aparece menos neste volume, depois da valente derrota em Kinglanding, graças ao anão mais popular do mundo, Stannis regressou a Dragonstone para recuperar as suas forças. Felizmente Davos safou-se durante a batalha, terminei "A Clash of Kings" a pensar que ele tinha ido desta para melhor. Gosto de determinados pormenores aos quais Martin presta atenção, por exemplo em relação a Davos que apesar de ter perdido a bolsa que ostentava ao pescoço com os seus dedos cortados continua a tentar segurá-la com as mãos como antes fazia, apesar de esta já lá não estar. Um pouco há semelhança de Jon Snow que desde que feriu a mão continua a movimentá-la da forma que o Maester lhe aconselhou. Somos criaturas de hábitos e por isso estas cenas têm um sabor muito real quando as leio, é como se as personagens existissem de facto. Voltando ao cavaleiro das cebolas é uma grande personagem e aparentemente o único capaz de chamar à razão Stannis, mesmo que nem sempre consiga. Não pensem no entanto que Stannis está quebrado, o rei pode encontrar-se mais fragilizado, mas nenhum dos seus objectivos mudou, a abordagem a eles é que sofreu algumas alterações.

Noutro continente Daenerys Targaryen continua a sua jornada. Agora com navios à sua disposição tem a oportunidade de regressar a Westeros e iniciar os seus planos para reconquistar os 7 reinos. Claro que há um ligeiro problema... Dany não tem um exército. Esta mulher tem crescido crescido muito tornando-se cada vez mais uma verdadeira líder. Para isso decide dirigir-se até às cidades de escravos, especificamente Astapor onde os leais Unsullied são vendidos. Os Unsullied são um grupo de eunucos guerreiros treinados desde miúdos para serem os escravos lutadores perfeitos. Apesar de ter adorado a forma como Dany ganhou este exército, custa-me que os seus treinadores nunca tivessem antecipado tal situação uma vez que me parece tão óbvia. Vamos culpar a sua ganância para tal ter acontecido.
Uma coisa que gosto em Dany é que se está a preparar bem antes de seguir para Westeros. Conquistando outras cidades e libertando os seus escravos pelo caminho, mas mais importante a aprendizagem que é necessária para se saber governar. De que lhe vale ser rainha dos 7 reinos se não o souber fazer? É neste volume também que finalmente sabemos quem é Whitebeard e quem tem vendido os seus segredos a Varys aka The Spider.

Ainda voltando a Theon a forma como este foi manipulado pelo bastardo de Bolton, agora já legitimizado como Ramsay Bolton foi épica. Por sua culpa Bran e Rickon perderam Winterfell, mas graças a ele estão também dados como mortos o que é uma vantagem para se protegerem dos seus inimigos. Os irmãos haviam-se separado para terem uma melhor forma de prevalecer. Rickon partiu com Osha enquanto Bran foi, nas costas de Hodor, com os irmãos Reed. E claro cada um com o seu respectivo lobo. É por Bran que descobrimos que há wargs na família Stark. Wargs têm a capacidade de entrar na mente de animais e é Bran o primeiro a descobrir, no final do volume anterior, que os sonhos em que era Summer, afinal foram todos reais. Com a ajuda de Jojen tem treinado essa habilidade que graças à paralisia nas suas pernas lhe abriu um novo rumo de possibilidades. Também Arya, sem saber, é um warg, penso que isso é claro pela descrição dos seus sonhos em que deve entrar dentro da perdida Nymeria. Jon igualmente, apesar de dos três ser aquele que menos usou essa capacidade. Possivelmente todos os irmãos podem ser wargs, mas a Lady de Sansa morreu logo no primeiro volume e não lemos nunca a partir do ponto de vista de Robb e Rickon.

Por falar em Arya Stark, muitos caminhos tem percorrido esta jovem corajosa, infelizmente nenhum desses percursos a tem levado aonde deseja. Graças a ela encontramos finalmente a "Brotherhood Without Banners". Lembram-se do lorde  Beric Dondarrion, cujo falecido Ned Stark enviou para capturar a montanha que dá pelo nome de Gregor Clegane? Bem tudo indicava que Dondarrion tinha sido morto, mas graças aos "poderes" de Thoros de Myr, mais um dos que reza ao deus vermelho, foi ressuscitado e continua-o a ser vezes sem conta. Dondarrion é então o líder deste grupo de guerreiros que ainda luta pelo reino do falecido Robert Baratheon. Um grupo que dará ainda muito que falar certamente. Entre eles e Sandor Clegane, Arya terá muitos desafios para enfrentar e quiçá se decida finalmente a rever o misterioso  Jaqen H'ghar.

Em Kingslanding, tudo parece bem, o lorde Tywin, mão do Rei é acima de tudo um brilhante estratega tanto fora como dentro do campo de batalha. Planeando casamentos entre os Lannister's e os Tyrell e os Martell vai ganhando aliados poderosos e aparentemente tudo os favorece nesta grande guerra. Joffrey continua igual a si próprio, ou seja, um asno. E a pobre Sansa é obrigada a cumprir tudo que a sua "nova" familia lhe indica. Aqui custa ver a pouca gratidão que todos têm a Tyrion Lannister sem o qual a última grande batalha poderia ter um desfecho totalmente diferente. Este é também o livro em que Tyrion será mais posto à prova, os desafios que irá enfrentar poderão ser-lhes letais. Felizmente o "Imp" mantém-se firme nas qualidades que fazem dele uma das melhores personagens.

Por fim, falta mencionar Robb Stark, cuja história continua a ser seguida por nós a partir dos olhos da sua mãe. Depois de Catelyn ter libertado Jaime, Robb foi obrigado a castigá-la mantendo-a "prisioneira" nos aposentos do seu moribundo avô o lorde Hoster Tully. Tal acção não foi vista com bons olhos por alguns dos seus homens que ansiavam pela morte do regicida. Robb é um corajoso guerreiro, até à data invicto, nas batalhas que trava, mas ainda é um miúdo, um jovem sonhador que em aspectos do coração fraqueja. São as decisões baseadas nas suas emoções que o colocam em maior perigo.

"A Storm of Swords" é um banho de sangue e veneno. Traições e mortes são elevadas ao extremo. É um livro também de revelações, finalmente sabemos quem matou Jon Arryn e quem ordenou o ataque a Bran, entre outras coisas. Em relação ao ataque de Bran foi a revelação que menos apreciei, não lhe vi grande necessidade mesmo vindo de quem vem. Temos finalmente o regresso de Lord Baelish que tem estado desaparecido. Ainda que só mais para o final a presença de Littlefinger é muito bem recebida da minha parte, este homem é um senhor e um dos reis da conspiração.

Desde "Game of Thrones" que George R.R. Martin tem sido capaz de nos prender a atenção com estas aventuras. Faz-nos amar e odiar personagens como se de amigos se tratassem e pelo menos até este terceiro volume não me parece ter dado nenhum passo em falso, pois valem todos bem a pena o tempo que lhes é dispendido.

2 comentários:

Snow disse...

Grande descrição dos eventos do storm.

É ainda o meu favorito :) (ai as cenas do Jaime e da Brienne hehe).

Mas e que tal? Preferiste ler em inglês?

Loot disse...

Obrigado, acho que os 3 livros estão bastante bem. A passagem de volume para volume tem sido muito bem conseguida.

Em relação ao inglês, o único ponto negativo é que demorei mais tempo a ler o livro. Também contém umas quantas palavras que não conhecia, principalmente nas descrições, mas isso também aconteceu em português, sobre algumas plantas.
Ou seja, deu mais trabalho mas no final recompensou e o balanço é positivo.

Gostei das traduções não me pareceram nada más, mas gostei de ler o George R.R. Martin em bruto e vou continuar a fazê-lo.

Agora o volume 4 não tem é o Snow e o Tyrion como personagens POV :S