Como para mim a filmografia de Guillermo Del Toro tem sido uma descoberta recente, aproveitei para a ir partilhando aqui no blog há medida que via os seus filmes. Fiquei, como disse na altura, fascinado com o mundo fantasioso e sonhador que descobri em “El Laberinto del Fauno” e em “El Espinazo del Diablo”.
Na altura como apenas conhecia “Blade II” e baseando-me neste último tracei uma linha no cinema de Del Toro, colocando de um lado filmes como “Blade II” e “Hellboy”, obras mais Hoolywoodescas e do outro os dois mencionados acima, mais intimistas e mágicos. Sem dúvida estes últimos eram os que mais vontade tinha de conhecer.
Não que não tivesse gostado de “Blade II”, mas tal como “Hellboy” são adaptações do mundo de outros e naquele momento eu estava mesmo era interessado no seu “mundo”.
Um pensamento destes vem também do facto de na altura nunca ter lido a obra mais popular de Mike Mignola. Após ter lido uma BD e visto o primeiro filme percebo que “Hellboy” tem tudo para triunfar nas mãos de Del Toro, que é fã assumido do livro. Após a leitura acredito até que ao longo dos anos Mignola possa ter sido uma grande influência na criação de algumas das atmosferas nos filmes de Del Toro.
O primeiro filme sobre este diabo vermelho constitui uma adaptação da graphic novel “Hellboy: Seed of Destruction”, ou seja, este primeiro filme consistia na adaptação do mundo de Mike Mignola ao cinema pelas mãos de Del Toro, o homem ideal para trabalhar este herói.
Até aqui nada de estranho. Pois bem é aqui que entra “Hellboy II: The Golden Army”. Esta sequela não se trata da adaptação de nenhuma BD mas é antes uma história escrita tanto por Mignola como por Del Toro e que resulta numa mistura dos seus dois mundos.
Agora as personagens criadas por Mignola terão de deixar de parte os típicos vilões nazis para entrar no mundo de fantasia de Guillermo Del Toro e enfrentar as suas criaturas mágicas numa espécie de “Hellboy visita o Labirinto de Fauno” e o resultado é, além de visualmente fantástico, mesmo muito divertido.
Para quem não sabe Hellboy é um ser proveniente de outra dimensão. No ano de 1944 quando Grigori Rasputin (aliado aos Nazis) conseguiu abrir um portal entre dois mundos e antes que os aliados o conseguissem fechar, uma criatura vermelha ainda bebé conseguiu passar. Em vez de vir a ser destruído este pequeno demónio acabou por ser adoptado pelo exército dos U.S.A. e por toda a equipa da B.R.P.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense) mais especificamente pelo professor Trevor 'Broom' Bruttenholm (John Hurt). Como já perceberam este bebé é Hellboy.
Uma das grandes temáticas na BD de Mignola e com a qual somos novamente confrontados neste filme nem que seja por um muito breve momento, consiste no facto de Hellboy ser na verdade o Anticristo (apesar de tal palavra nunca ser mencionada nos filmes), o filho do Anjo caído cujo destino é o de destruir a Terra. Até agora Hellboy tem provado ser um digno defensor da mesma, mas até quando? Se o meio é de facto fundamental no desenvolvimento da personalidade, Hellboy tem sido até agora a prova viva disso. Eu cá continuo a acreditar no grandalhão.
Uma das suas características mais engraçadas consiste no facto de ele aparar os seus cornos na tentativa de se assemelhar mais aos humanos.
Quando Hellboy era ainda uma criança, o seu pai adoptivo contou-lhe a história sobre o exército dourado. Em tempos de guerra entre os Humanos e os seres do mundo fantástico, houve um Orc que ofereceu ao Rei do mundo místico, o Rei Balor (Roy Dotrice), construir-lhe um exército indestrutível. Seguindo o conselho do seu filho, o Príncipe Nuada o Rei aceitou. Para controlar o exército foi criada uma coroa que apenas poderá ser usada por aqueles que possuírem sangue real.
Os Humanos que até agora tinham sido os grandes vencedores desta guerra foram devastados quando o exército dourado se ergueu. Arrependido por ter cometido tal destruição o Rei Balor fez um tratado de tréguas com os Humanos deixando-os viver na Terra e ficando com o seu povo a ocupar as florestas. Além disso escondeu o exército dourado e partiu a coroa que os controlava em três pedaços, dois para o seu povo e um para os Humanos. Não compreendendo a decisão de seu pai o Príncipe Nuada exilou-se jurando regressar mais tarde quando o seu povo mais precisasse dele.
O problema das histórias é que algumas são verdadeiras.
Nos tempos presentes Nuala sente agora que é tempo de agir e fará tudo ao seu alcance para despertar o exército dourado e devolver a Terra ao seu povo. Claro que para conseguir concretizar o seu plano terá de enfrentar a super equipa da B.P.R.D.
Ron Perlman, Doug Jones e Selma Blair regressam novamente e muito bem a encarnar os papéis de Hellboy, Abe Sapien e Liz Sherman respectivamente. John Myers (Rupert Evans) que tinha sido criado de propósito para o primeiro filme não regressa nesta sequela.
A esta equipa juntar-se-á um novo líder, Johann Krauss um personagem absolutamente delirante, cuja voz é dada por Seth Mcfarlane, esse mesmo, o génio por detrás de “Family Guy”.
Luke Goss já tinha trabalhado com Del Toro em "Blade II" como Nomak e apesar de ainda não ter visto o terceiro arrisco-me a dizer que foi o melhor vilão da trilogia. Em “Hellboy II: The Golden Army” ele é o Príncipe Nuada e volta mais uma vez a criar um vilão de peso. Claro que chamar vilão a Nuada é exagerado, é certo que os seus meios não são os mais correctos, mas ele apenas luta para devolver o mundo ao seu povo, afinal de contas a Terra é tanto deles como nossa. É curioso que nunca vejo Luke Goss em mais nenhum filme, o que é pena pois pelo menos como vilão de acção, este actor tem muita classe e talento, o seu príncipe Nuada alia graciosidade a temor.
Doug Jones cada vez mais se torna “o” actor de Del Toro e juntos têm criado alguns personagens simplesmente maravilhosos. Além de ser um Abe Sapien formidável, nesta sequela Jones também interpreta “The Chamberlain” e “The Angel Of Death”, dois personagens que são visualmente impressionantes, como seria de esperar vindo desta dupla fantástica.
Hellboy junta-se assim a “Iron Man”, “The Dark Knight” e “Wall-E” no grupo dos grandes vencedores deste Verão. Filmes como “The Incredible Hulk” que eu até gostei, arriscam-se a ser esquecidos rapidamente tal a qualidade destas outras obras.
2 comentários:
grande filme, entra no meu top five de filmes deste ano.
fica bem
Na minha opinião também foi um dos melhores do ano.
Adorei.
Abraço
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