quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Into The Wild

"Into the wild" foi o primeiro filme que vi no cinema em 2008 e agora não consigo imaginar melhor forma de começar este ano cinematográfico que promete ser memorável.
A carreira de Sean Penn no mundo da representação dispensa apresentações é sem dúvida nenhuma um dos grandes actores da sua geração. Porém a sua carreira como realizador é muito mais recente e também menos conhecida. Agora depois de ter visto este filme só tenho a dizer ao senhor para não se concentrar apenas na sua vida de actor, pois é também um realizador notável e não tenho dúvidas que nos trará novas obras tão apaixonantes como esta.
O argumento também foi escrito por Penn que decidiu adaptar o livro de Jon Krakauer baseado na história verídica de Christopher McCandless e da sua grande aventura até ao Alaska.
Em 1992 após se ter licensiado na Universidade de Emory, Christopher McCandless decide que chegou a altura de cortar relações com a sociedade em que vive e após um último jantar com os seus pais e irmã, decide partir para a viajem da sua vida. Com apenas uma mochila às costas desfaz-se de todas as suas economias doando $24,000 para a caridade e cortando todos os seus cartões de crédito e documentos. Assume uma nova identidade, a de Alexandre Supertramp (super vagabundo), para assim destruir qualquer ligação que tinha com a sua vida passada e de forma a que não possa ser encontrado por ninguém, mais especificamente, pelos seus pais, que vamos descobrindo ao longo do filme não possuem uma das melhores relações com os seus filhos nem um com o outro.
Christopher cedo traça como objectivo da sua jornada, o Alaska. Não a cidade mas o Alaska selvagem e como ele próprio diz "When you want something in life, you just gotta reach out and grab it" e foi exactamente o que ele fez.
Durante o seu percurso vai encontrando uma série de pessoas cujas vidas ele marcará para sempre. O casal hippie Jan Burres (Catherine Keener) e Rainey (Brian Dierker) que vêem em Christopher um filho, ou Wayne Westerberg (Vince Vaughn, num muito divertido papel de patrão) que encontra um verdadeiro amigo, um irmão, ou Tracy (Kristen Stewart) que pensa encontrar um namorado e por fim Ron Franz (Hal Holbrook) que quer ver em Christopher um neto, num dos papeis mais emocionantes do filme.
"Into the Wild" além de ser uma peça de cinema exemplar é ao mesmo tempo um filme que tem um gosto muito pessoal. Quem nunca teve por momentos a vontade de pegar na mochila e simplesmente partir? Eu sei que sim, tal como Christopher, gostaria de partir numa demanda onde procuramos encontrar-nos, conhecer-nos, no que pode ser apelidada por alguns, uma viagem espiritual. Independentemente do caminho percorrido por Christopher não tenho dúvidas que a dada parte da sua viajem ele sentiu-se verdadeiramente livre, e quantos de nós podem dizer o mesmo? No entanto nunca tive a sua coragem, o máximo que consegui foi pegar na mochila e ir de comboio, mas não estava sozinho e não estava sem dinheiro. Um estilo de viajem diferente sim, mas memorável também.
Apesar de nutrir uma certa admiração por estas viagens não estou a aconselhar ninguém a fazer uma nas mesmas condições que Christopher fez a dele. Não só pela dificuldade em sobreviver num ambiente selvagem como o do Alaska, mas também porque o Homem não foi feito para viver sempre sem contacto humano, como a dada altura ele escreve no livro "Happiness only real when shared", uma frase que fica connosco muito tempo depois de o filme já ter acabado.
O elenco secundário é também ele incrível, além dos já mencionados tenho de salientar William Hurt e Marcia Gay Harden, no papel de pais de Christopher, mas é Emile Hirsh (Christopher McCandless) a grande revelação do filme. O seu olhar nesta cena (ver acima) enquanto ele contempla um grupo de animais é emocionalmente esmagador e sabemos logo no início do filme que se encontra aqui uma das grandes representações de 2008.
A banda sonora que nos acompanha ao longo desta caminhada é também ela uma das grandes mais valias do filme, as maravilhosas canções de Eddie Vedder estão carregadas de uma enorme beleza e ainda hoje passado quase um mês se mantêm a tocar na minha aparelhagem.

13 comentários:

cube disse...

Sem nada saber embarquei nesta aventura "into the wild" e, sinto que também eu caminhei ao lado de Christopher McCandless, acompanhando os seus passos por entre florestas, rios e neve.

Aqui senti a alegria de "freedom" e testemunhei a importância de "sharing".

Maria del Sol disse...

Quero tanto ver! Toda a gente diz maravilhas do filme, já começa a ser coicidência a mais ;)

Anónimo disse...

Já vi o filme e se me impressionou a atitude e a coragem de Chris, também me impressionou o quão descuidado foi e como demorou a entender que a reclusão do ser humano só enlouquece a alma. Um must see! Abraço

Loot disse...

Cube: Sabes que na altura tinha mais vontade em ver outro filme, ainda bem que fomos ver este é maravilhoso.

Maria; Não é coincidência. E pelo que conheço de ti a partir do que escreves, tenho a certeza que vais adorar.

Ricardo: Alguns comportamentos que ele tinha quando estava sozinho devem ser mesmo assim, eu já me imagino a ter alguns devaneios simplesmente porque não estou a ser observado, quanto mais passado algum algum tempo completamente isolado de contacto humano.

Cataclismo Cerebral disse...

Este filme insere-se na categoria de obras cinematográficas que nos dão lições de vida assim como quem não quer a coisa. Continua a ser um dos grandes filmes do ano, na minha opinião. Pode ter sido esquecido nos Óscares, mas a sua vitória pessoal testa-se pelas excelentes reacções que tem provocado nos espectadores.

Abraço!

Loot disse...

Sem dúvida, um filme não precisa ter óscares para ser reconhecido. E Into The Wild é um filmão. Na minha opinião merecia mais destaque nos
óscares, mas não é por isso que se torna um filme menor.

Não percebi mesmo foi a nomeação de três canções do enchanted e zero deste filme.

Abraço

Anónimo disse...

A banda sonora do "into the wild" toca na minha aparelhagem desde Outubro (mais coisa menos coisa) e ainda não me fartei.... simplesmente fantástica, como quase tudo o que o Eddie Vedder faz... não sou nada tendenciosa :P

Quanto ao fato de surf, tenho um que te pode servir...estou a combinar com a cris e ir um dia destes, devias juntar-te a nós.

Beijinho

Loot disse...

Tendência por Pearl Jam mais especificamente Eddie Vedder a inês? Jamais :P

Eu junto-me, contem comigo.

bjs

Unknown disse...

É filmaço, mesmo!
Para quem ainda não viu, apressem-se. Vão adorar.
E sim, não entendo o porque da falta de nomeações para os Oscars. Tanto o filme como a banda sonora, arrebanhavam uma estatueta na boínha. Mas, mal de nós se os Oscars ditassem tudo o que é bom. Estavamos bem tramados.

Anita disse...

Filme maravilhoso! é incompreensível o seu "esquecimento" nos óscares!!!

Quanto à Banda sonora, magnifíca...comprei-a mesmo antes de assistir ao (excelente) filme!

Loot disse...

Estou a ver que estamos todos de acordo e é fácil perceber porquê Into the Wild é de facto um filmão.

Quanto aos Óscares têm a tarefa árdua de nomear apenas cinco numa lista maior e é impossível agradarem a todos, mas como o Mauro disse, mal de nós se os Óscares ditassem tudo o que é bom.

Acho que foi o Francisco Mendes do Pasmos Filtrados que disse uma vez "Nem tudo que Luz é Óscar".

Snow disse...

"Quem nunca teve por momentos a vontade de pegar na mochila e simplesmente partir?"

Mesmo.

Hoje estive a rever o "Into the Wild" e ainda bem que recuperei a sanidade mental antes de me por a caminho de “não sei onde”. A sensação de liberdade que o filme dá é fantástica e são ainda precisas umas boas horas para ela nos sair do sistema.

Loot disse...

Eu costumo acompanhar essa sensação com a banda sonora que também me acompanha durante um bom tempo :)