quarta-feira, março 07, 2007
El Laberinto del Fauno
O meu conhecimento da filmografia de Guillermo del Toro é minúscula. Ia começar por dizer que nunca tinha visto nenhum dos seus filmes, mas lembrei-me à pouco que o "Blade 2" foi realizado por ele.
Claro que ver o "Blade 2" não chega para ter uma pequena noção do que este senhor é capaz de conquistar em cinema. Mesmo assim "Blade 2" pode não ser um grande filme, mas até tem alguns pormenores engraçados que associo ao sentido de humor de del Toro, como a cena em que muito descontraídamente Blade dá a entender que fuma erva.
Enfim, por falta de oferta ou porque simplesmente não comprei nenhum dos seus filmes (a tv não ajuda, nem os clubes de video), a verdade é que ansiava por conhecer alguns dos seus projectos, e quando "El Laberinto del Fauno" estreou em Portugal, sabia que não podia deixar passar esta oportunidade.
Depois de ter visto este filme, senti que agora sim, pela primeira vez e finalmente fui apresentado ao verdadeiro trabalho de Guillhermo del Toro, e senti-me honrado.
A estória de "El Laberinto del Fauno" ocorre após a guerra civil de Espanha em 1944.
Ofélia juntamente com sua mãe encontra-se a caminho de uma aldeia no norte de Espanha, para lá viverem junto com o seu padastro, o Capitão Vidal. Alguém escreveu "Franco não foi fascista, foi pior", penso que será uma frase também muito bem aplicada à personagem de Vidal, um homem excessivamente severo e ameaçador.
São tempos duros e cada pessoa sobrevive da melhor forma que conhece. A mãe de Ofélia procura segurança num marido, enquanto outros se arriscam a ajudar os rebeldes, ou porque acreditam que Espanha poderá ser livre de novo, ou porque simplesmente não podemos voltar as costas áqueles que mais amamos. E Ofélia sobrevive através da fantasia.
Há muitos anos atrás a princesa do reino subterrâneo ansiava por conhecer o mundo dos Humanos, um dia conseguiu fugir até à superficíe nunca mais regressando. Diz a lenda que a alma da princesa voltará um dia, e quando esse dia chegar ela voltará para junto de seus pais para governar o seu reino por muitos e muitos séculos.
Certo dia Ofélia decide seguir uma fada através de um labirinto, lá ela encontra uma das muitas criaturas mágicas da Natureza, um Fauno. Segundo a profecia ela terá de cumprir três tarefas antes que a lua fique cheia, para assim poder regressar ao reino subterrâneo.
Guillermo del Toro faz um trabalho excepcional, alternando a estória entre dois mundos tão distantes e tão próximos ao mesmo tempo. Pois também este mundo de fantasia consegue ser negro e assustador por vezes.
Queria também elogiar a representação de Ivana Baquero, a jovem rapariga que interpreta Ofélia e Doug Jones (Silver Surfer em fantastic four 2) numa interpretação fabulosa de Fauno e assustadora como o homem que tem os olhos na mão. Tenho ideia que ele não sabia falar nada de espanhol e cumpriu o papel muito bem. A produção está também ela fabulosa, os meus parabéns a todos.
Quando o filme terminou, recordei-me de "A vida é bela" de Roberto Benigni, pois também nele uma criança sobrevive num mundo de fantasia, neste caso um mundo criado pelo seu pai. São tipos de fantasia completamente diferentes eu sei, mas muito interessantes estas duas abordagens distintas, sobre a vida de duas crianças em tempos que deveriam ter sido melhores.
Dotado de uma enorme sensibilidade e beleza. "El Laberinto del Fauno" é triste, meigo, e acima de tudo, mágico.
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11 comentários:
epá, :))) tb fui ver na 2f e fiquei maravilhado!
Não fui sozinho e, cm é óbvio n tinha dito q o film era espanhol :P.Então, mal lá começou ouvi logo um resmungo!:P
Mas fiquei fascinado, a menina no mundo dos sonhos onde s escondia fantasiado misturado com a realidade degradada e horrível é brutal lenvando-nos, pelo menos a mim, a recantos só meus na minha imaginação!
não consigo explicar mto bem!:P
mas tá muito bom e aconselho a toda a gente! (s é q alguém lê isto!hihi)
Mentiste sobre a língua do filme para arranjares amigos que fossem contigo és um sacana :P
Agora a sério, aposto que no fim todos te agradeceram.
E o mais importante é sempre sentir, conseguindo explicar ou não :)
Já agora este filme foi o vencedor do Grande Prémio para Melhor Filme no FantasPorto.
e, já agora, também ganhou 3 óscares:
MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA
MELHOR FOTOGRAFIA
MELHOR CARACTERIZAÇÃO
E, Eu não menti.. apenas omiti!ehehe
e já agora, acham que irei entender?
Conheci o trabalho deste senhor quando um dia mandei vir da net um filme intitulado "el espinazo del diablo" (2001) e devo dizer que apreciei o ambiente, a história passada num orfanato, e ainda com algumas boas interpretações (a grande senhora Marisa Paredes por exemplo). Posteriormente reecontrei Guillermo del Toro em Blade II, como referiste, e ainda em Hellboy. Parece-me ser um realizador peculiar e bastante versátil.
Lamy: Agora estas a mentir a ti próprio :P
Cube: Acho que sim, conseguiste ver o Volver sem problemas, este também é falado em Castelhano por isso penso que vais entender.
Lua: Aconselharam-me esse ("el espinazo del diablo") e o cronos. O hellboy quando deu na tv não consegui ver, mas sei que tem o Doug Jones.
O meu problema é que a única maneira que vejo de arranjar esses dois filmes é comprando e não se pode comprar tudo :(
quase q aposto q s pode comprar no emule!! :P
fabuloso filme..fui vê-lo no último sábado e fiquei MARAVILHADO
e já agora, sabem que Fauno e Pan não são a mesma coisa?
"O Labirinto do Fauno", "Pan's Labyrinth" ...
O Labirinto do original espanhol é do Fauno, mas os americanos passaram-no para Pan e o realizador não se queixou. Ainda que as duas criaturas sejam muito próximas de aspecto, Pan é um Deus Grego e o Fauno pertence à mitologia romana e nem é Deus.
Pan é filho de Zeus ou de Hermes com uma ninfa, conforme os relatos. Infelizmente, a parteira não estava disponível para esclarecimentos.
Os faunos da mitologia romana não eram deuses nem se confundiam com o Pan grego, mas mais com os sátiros gregos. Criaturas do bosque, vivem pela liberdade e pela bebida. mas se ambos tinham o aspecto de bodes da cintura para baixo e cornos na testa, os sátiros tinham pés humanos e os faunos cascos. Mas os romanos tinham um Deus Faunus e uma Deusa Fauna, também com aspecto de bodes. Devia ser um animal popular...
a crítica a este filme encontram-na em www.axasteoque.blogspot.com
Sim sabia, aliás um dos meus poetas favoritos tem poemas em que fala de Pan, falo de Ricardo Reis.
Além dos pés de bode também uma das suas referências de marca era o facto de tocar flauta.
Também gosto muito de mitologia greco-romana.
apesar do homem com os olhos nas maos ser descrito como "Pale Man" acho qu pode ser uma versão (bastante assustadora) do Papão.
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