sexta-feira, julho 13, 2012

Thorgal - O Filho das Estrelas


Thorgal é uma das séries de BD mais populares da dupla Rosinski e Van Hamme. Uma história carregada de fantasia (e um pouco de ficção científica) que decorre nos tempos dos Vikings, Recentemente a parceria ASA/Público está a lançar uma colecção desta BD e que terá a sua conclusão na próxima semana. Era uma daquelas colecções pelas quais eu fazia figas para acontecer, um muito obrigado aos envolvidos. A colecção em si corresponde aos volumes #14-29. Esta escolha foi feita tendo em conta que para trás já existem edições em português (umas mais fáceis de encontrar do que outras) e porque a ASA tem planos de editar as lacunas dessa primeira metade. Em relação ao número 29 marca a despedida de Van Hamme da série bem como do seu protagonista uma vez que as aventuras a partir daqui são com o filho.

Numa primeira colecção com o Público, bem antes desta, e que pretendia dar a conhecer algumas obras europeias, Thorgal já tinha sido alvo de atenção com a publicação de 2 volumes entre os quais este "O Filho das Estrelas". Este volume apesar de ser o #7 é uma escolha que faz todo o sentido para aliciar novos leitores uma vez que nos conta a origem do protagonista. No primeiro volume, "A Feiticeira Traída" somos introduzidos a este bravo guerreiro aquando de um confronto seu com Gandalf o Louco. Aparentemente este chefe dos Vikings, Gandalf, quer terminar com a vida de Thorgal por este estar apaixonado pela sua filha e não ser um Viking de verdade. É aqui que sabemos que Thorgal foi encontrado à deriva no mar quando bebé. Este órfão seria chamado de Thorgal Aegirnson, em homenagem aos deuses Thor e Aegir. No segundo volume "Na ilha dos mares gelados" o passado de Thorgal é-lhe finalmente revelado pela Feiticeira que dá nome ao primeiro volume e não é nada daquilo que eu estava à espera. Van Hamme situa-nos num ambiente altamente fantasioso para nos puxar o tapete com uma história de ficção científica de fundo.

E agora após esta breve contextualização, vamos ao volume em questão.


SPOILERS

Este "O Filho das Estrelas" conta com três histórias separadas. A primeira revela-nos detalhadamente a descoberta de Thorgal que foi, a início, encarado como um sinal dos deuses (Aegir e Thor). O "berço" em que esta criança se encontrava era algo nunca antes visto pelo povo Viking e já indício de que Thorgal não é um mero bebé abandonado.

A segunda história acaba por ser a primeira aventura vivida pelo herói, aqui ainda um jovem rapaz. Há mil anos atrás o chefe dos anões perdeu o seu nome num jogo de damas com a serpente Nidhogg. Para o reaver precisa de encontrar "o metal que não existe", ora como se encontra algo que não existe? Essa é a missão do anão mais valente, que tem mil anos para executar esta tarefa, caso contrário o seu povo está condenado. Próximo do fim acaba por encontrar Thorgal, uma criança possuidora de uma peça de metal (o que sobrou da cápsula em que foi encontrado) nunca visto no planeta Terra. É a partir deste anão que pela primeira vez Thorgal ouve a possibilidade de que ele não é deste planeta. Será Thorgal, um alienígena? Bem, tecnicamente sim e não. Graças à coragem de Thorgal o povo dos anões é salvo e é nesta história que o seu destino irá ficar para sempre ligado ao da sua amada, Aaricia (que nasce no final).

Por fim vem a terceira história e aquela que revela finalmente a origem do herói. Um jovem Thorgal numa missão em busca de um deus, acaba por encontrar... o seu avô... e com ele as tão esperadas respostas. Há muitos anos atrás, um grupo de homens viajou para o espaço, após um cataclismo que atacou a Terra. Adoptando um novo planeta continuaram a evoluir enquanto civilização. No entanto, a Terra voltou a prosperar e agora os seus filhos pródigos querem regressar a casa, até porque já estão a esgotar as fontes de energia do seu novo planeta (a surpresa).


Durante esta viagem gera-se um grande confronto entre aqueles que viriam a ser o avô e o pai de Thorgal. O primeiro quer respeitar os povos que vivem agora na Terra, enquanto o segundo quer que governem como deuses, algo que seria relativamente fácil, uma vez que estes "extra-terrestres" não só são muito mais avançados tecnologicamente, como também são possuidores de capacidades sobre-naturais (que não nos são reveladas ainda).

O avô de Thorgal perde contra o seu genro e é obrigado a exilar-se na Terra. A ironia é que a nave em que o seu povo viajava tem problemas na aterragem ficando permanentemente arruinada. Mais sobre o que lhes acontece é revelado no já mencionado, "Na ilha dos mares gelados". No que toca ao seu avô, são e salvo manteve-se por perto por causa deste dia. Com o objectivo de que o seu neto viva uma vida normal entre os Vikings, elimina todas estas memórias da sua mente bem como os seus poderes (fiquei com essa sensação). Porém, a sede de conhecimento e aventura de Thorgal não é saciada e a busca por respostas continuará dando origem a muitas aventuras. Quanto aos poderes, podem ter sido eliminados dele, mas não do seu código genético, uma vez que o seu filho irá possuí-los.

Concluindo, esta é uma belíssima série que vale a pena espreitar. Os desenhos de Rosinski são maravilhosos, a imensidão das paisagens, o retrato dos Vikings em contraste com os do "povo das estrelas" é todo muito bem conseguido. Aliado a isto juntam-se as palavras de Van Hamme que tão bem sabe criar uma aventura aliciante como esta curiosa e distinta origem.

Em relação às primeiras edições é ir procurando em alfarrabistas e lojas e esperar que a ASA edite as que faltam. Eu aventurei-me com o primeiro volume em francês. Não correu assim tão mal, mas também não correu assim tão bem. Quando os encontrar em português não hesito, mas, caso contrário não me importo de investir nos que me faltam em francês, pode ser que assim me force a aprender melhor a língua o que é sempre bom de uma forma geral e na BD em particular.

2 comentários:

Nuno Amado disse...

Mais um convertido!
:D
O último foi espectacular! Kriss de Valnor! Não estava à espera do desenvolvimento!
;)

Loot disse...

Converti-me precisamente com este quando saiu com o jornal. E reparei que nunca tinha falado da obra aqui, então porque não começar pelo meu início :P
Foi uma excelente escolha que agora resultou numa belíssima edição que fica mesmo bem na estante com o desenho da lombada. Há semelhança do Blake and mortimer e do Gaston. Venham mais destas :)

Ainda estou à espera de ver Bongop aí escrito mas depois é Nuno Amado :P

Abraço