Bruce Springsteen vem cá tocar? E vem com E Street Band? Então nem se questiona há que ir ver isto. Quando se junta o nome de James ao cartaz a decisão ainda se fez sentir como mais acertada.
Há vários tipos de público festivaleiro, ou pelo menos dois ou três. Eu sou daqueles que vai aos festivais, única e exclusivamente, pelos concertos. Nunca me preocupei o local onde estes eram executados. Hoje em dia vejo-me cada vez mais a ponderar isso, porque a localização atrai determinado tipo de público e isso remete-me para Beirut no Super Bock do ano passado e para o Sudoeste pois claro. Mas, vamos ao que interessa, concertos e concertos.
Kaiser Chiefs
Nunca os tinha visto ao vivo mas a banda fez jus à sua reputação. Foram cerca de 45 minutos muito bem passados onde o vocalista foi um grande entertainer, se bem que por vezes mais preocupado com a câmara do que com o público que estava realmente lá.
A dada altura o vocalista desata a correr até ao slide para passar por cima da multidão enquanto entoava uma qualquer canção. O momento alto do concerto. a banda também mostra bom gosto, gostei do toque Dire Straits no ínicio do concerto, até pensei que fossem cantar a canção em questão, a Money for Nothing.
Foi um belo início para o dia que prometia ser memorável.
James
Adoro James e com o vasto leque de canções que têm, dificilmente não dariam um grande concerto. Faltou a Born of Frustration, mas de resto foi fantástico, para mim o segundo melhor concerto da noite. Soube a pouco claro, foi quase uma hora onde ainda houve tempo para falar do país e para Tim Booth recordar a primeira vez que viu Boss ao vivo, foi uma bela homenagem ao homem que nasceu nos USA.
Por falar em Booth, o homem estava em êxtase por vezes até pensei que estava a ter um ataque epiléptico, mas claramente era alguma forma de dança contemporânea.
Xutos e Pontapés
Comprei o bilhete para o festival o ano passado pela altura do Natal e depois desliguei-me de tudo em relação a isto. Ou seja, só na mesma semana soube que Kaiser Chiefs e Xutos iam tocar no mesmo dia. Esta é uma das bandas que tem marcado presença em todas as edições, se não estou em erro. Vê-los no alinhamento após James fez-me pensar que seria uma decisão tomada por estes serem uma banda portuguesa e este um festival em Portugal. Uma forma de valorizar e realçar o que temos, apesar de eu achar que devemos sempre colocar-nos na mesma balança que os outros, pois criar sub-grupos para realçar os portugueses por vezes transmite a sensação de que o que temos não consegue competir com o internacional, algo que não concordo, falo por exemplo de tops dos melhores álbuns nacionais. Por outro lado também entendo que os façam.
Depois de assistir ao concerto, vi que estava totalmente errado. Os Xutos estão, afinal de contas, no lugar que lhes faz sentido. Eu posso preferir de longe James, mas a adesão do público foi bastante mais forte neste concerto. E a banda, claramente muito emocionada, fez aquilo que sabe melhor e que os caracteriza. Um concerto à Xutos e para fãs de Xutos.
Bruce 'Boss' Springsteen & The E Street Band
Claramente o concerto da noite, quiçá do ano. Não só porque Springsteen é realmente um Boss mas porque toda a E Street Band é qualquer coisa de fenomenal. Vê-los todos juntos no palco durante duas horas e meia de concerto foi monstruoso, memorável.
Lentamente quando entram no palco começamos a reconhecer algumas caras nem que seja a de Max Weinberg, baterista do programa de Conan O' Brien e Steven Van Zandt, o Silvio de Sopranos. No lugar de Clarence Clemons, o falecido saxofonista, esteve o seu sobrinho, Jake Clemons, o que foi a melhor escolha possível para homenagear Clarence Clemons. No final quando passaram imagens do mesmo, ver Jake Clemons lado a lado com Springsteen foi uma das partes mais emotivas da noite.
Springsteen logo no início começou por preferir algumas frases em português, algo que continuou a fazer posteriormente. O alinhamento alternou entre vários clássicos, canções do novo álbum Wrecking Ball e ainda a cover de "Twist and Shout". Springsteen até foi buscar alguns papeis à audiência onde se pediam
determinadas canções e, fugindo ao alinhamento (como é costume),
tocaram-nas. Mesmo assim faltaram clássicos (Human Touch por exemplo), costuma ser desta forma quando estamos presentes de uma banda com esta longevidade
O cantor que até estava ligeiramente rouco, nunca baixou os braços estando constantemente a provar-nos porque ganhou a sua alcunha. Sempre muito simpático, interagiu com o público, levou uma criança ao palco para cantar e dançou com duas senhoras que eu nem vi como conseguiram chegar ao palco.
Mesmo quando a produção do festival lançou o fogo de artifício pensando que a noite havia terminado, Boss e companhia regressam para tocar mais umas ao mesmo tempo.
Ao abandonar o recinto vamos com aquele sorriso que Tim Booth havia descrito antes, porque uma coisa é saber e outra, totalmente diferente, é viver o momento.
A multidão era tanta (81 mil) que ir ver concertos ao palco secundário era mentira. Teve de ser afinal estava num lugar muito bom.
5 comentários:
Eu depois digo-te como é que elas conseguiram subir ao palco, por acaso ando no mesmo ginásio onde anda uma dela. E ela é uma hiper-mega-fã de Springsteen e planeou o momento. Parece que teve sorte :)
não há nada como ver um concerto ao vivo. para quem é fã de música, momentos assim, valem ouro :)
bom fds!!
Cristina Ferra:
olá, parabéns pelo seu texto. Vejo que gostou do concerto do Bruce e fico feiz por isso. Eu fui uma das "senhoras" que subiu ao palco. Nesta música, é costume ele chamar alguém, alguém que tenha um cartaz com uma frase sugestiva que lhe chame a atenção. E eu tinha! O meu cartaz dizia "Does The Boss have the Balls to dance with 2 portuguese girls?" Era mesmo para ele reagir :)
E agora só umas pequenas correcções ao seu texto: O Jake Clemons não é filho do Clarence mas sim sobrinho.
O alinhamento é costume ser alterado. Ele recolhe alguns cartazes do público e toca "a pedido" :)É uma das coisas que faz com qua cada concerto seja único!
Em relação às covers, a única que fez foi a Twist and Shout no final e em jeito de prendinha para Lisboa, pois desde que a tourné começou e até ao dia 3 de Junho, a música de encerramento dos concertos foi sempre a Tenth Avenue Freeze-Out para que os fãs possam homenagear o Clarence.
Já agora convido-o a visitar Ss seguintes páginas do Facebook: BRUCE SPRINGSTEEN PORTUGAL e Badlands PT dedicadas ao Bruce e partilhar da nossa bruceleira :)
BRUUUUUUUUUUUCE!!!!!!!
Olá Cristina, obrigado pela história, porque realmente passou-me ao lado, de um momento para o outro estava a acontecer. Claro que gostei do concerto é uma grande banda e será muito possivelmente o concerto do ano para mim.
Quanto às correcções a que me custou mais ler foi a do Jake Clemons, confiei na informação dada e não fui pesquisar, vou já corrigir.
Em relação aos pedidos nos cartazes mencionei isso como descrição do concerto, não quis passar a ideia que só tinha acontecido aqui.
Em relação às covers tinha ideia que tinha sido pelo menos mais uma, mas é possível que tenha feito confusão com a "Because The Night" que pensava ser original da Patti Smith e só após o concerto soube que a canção foi composta por Springsteen. Porque a primeira versão a sair da canção se não estou em erro foi a da Smith que também é co-autora da mesma.
Muito obrigado pelo comentário e sugestões :)
De nada, sempre às ordens!
Também imaginei que se referia à Because de Night..Foi escrita pelo Bruce mas como não conseguiu acabá-la (diz ele que por falta de inspiração!), ofereceu-a à Patti Smith e ela é que acabou de a escrever. A Patti disse numa entrevista que foi o maior sucesso de toda a sua carreira. Esta música também foi tocada pelos 10000 Maniacs..
Cristina
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