sábado, junho 16, 2012
Primavera Sound - Primeiro Round
O tão aguardado festival Primavera Sound tinha chegado finalmente. Houve percalços pelo caminho sendo os dois maiores, o cancelamento de Bjork e Explosions in the Sky. Nada que nos faça duvidar da compra, o cartaz deste festival era demasiado prolífico para isso. Porém, quando à entrada do recinto nos dão um papel a anunciar um concerto de Bjork em Santiago de Compostela no dia 20 de junho (ou próximo) há um certo sentimento de raiva reprimida que começa a subir à tona. Para piorar descobrimos logo a seguir que a entrada de comida é proibida. A malta paga bilhete, vem de fora do Porto, alguns ainda pagam estadia e agora querem obrigar a comprar comida lá dentro. Felizmente, no meu caso, tive 90% de sorte e 10% de perspicácia nesse aspecto, mas tenho de manifestar o meu desagrado, até porque houve comida a ir para o lixo. No terceiro dia, pelo menos, já se podia guardar no bengaleiro e recolher à saída, menos mal.
Começo pelos pontos negativos logo para despachar, pois não fiquem a pensar que não apreciei esta pequena aventura musical. Foram três dias fantásticos e que colocam o Primavera como um dos festivais mais interessantes da actualidade no nosso país. A começar pelo espaço, os jardins do parque da cidade. Que belíssima escolha, a relva, as inclinações que nos deixaram ver muitos concertos ou em pé ou sentados, ou até mesmo deitados. Neste aspecto a organização acertou em cheio.
Neste primeiro dia, o mais calmo, só dois dos quatro palcos estavam a funcionar. Dois palcos lado a lado que funcionavam alternadamente, hoje era pacífico pois dava para assistir a todos os concertos. E assim foi, salvo a excepção dos primeiros, os portugueses StopEstra! que se auto intitulam como a maior banda o mundo. Quando chegámos já estavam a concluir o seu concerto e realmente o palco parecia estar cheio de pessoas.
Segue-se o concerto de Bigott. Uma banda que me era desconhecida e já aqui do nosso país vizinho. Concerto vitorioso para os Bigott que nos receberam tão bem no festival. Um misto de várias sonoridades e um vocalista, Borja Laud, que nunca passou despercebido ou indiferente a quem chegava ao recinto. No final ficámos todos a entoar o hino "Cannibal Dinner", canto esse que se prolongou por todos os dias (e cá em casa ainda continua). Uma banda a conhecer melhor.
De seguida, dirigimos-nos para o outro palco para assistir a Atlas Sound outro projecto novo para mim, mas do qual ouvi falar muito bem. Para minha surpresa a banda consiste apenas numa pessoa, Bradford Cox. Sozinho com a sua viola leva-nos a pensar que Cox ganharia muito mais numa Aula Magna, ainda assim correu bastante bem, havia muitos interessados e a adesão foi boa. O recinto começava agora a ficar mais composto.
Yann Tiersen era para mim um dos nomes mais aguardados do dia e, felizmente, não desiludiu. Pelo menos não a mim, pois fiquei com a sensação que houve alguma pelo recinto, talvez porque esperassem ver um Tiersen mais "Amélie Poulain" coisa que já se sabia que não iria acontecer. O francês dedicou-se mais ao seu último trabalho, onde deambula pela electrónica, e arrepiou a plateia no seu solo de violino possivelmente o ponto alto do concerto.
Fiquei com a sensação que The Drums era das bandas mais aguardadas do dia. É uma banda nova e penso que isso se notou no palco. Não foi um mau concerto, mas muito longe de memorável. Faltam quilómetros aos rapazes de Brooklyn, certamente daqui a uns anos quando voltarem, estarão melhores.
Agora é a vez dos velhos dizem alguns. É verdade Suede já teve o seu tempo, mas caramba se são bons, por alguma razão ainda hoje são recordados. Eu adoro a banda que na sua altura surgiu com uma sonoridade bem distinta. Brett Andersen continua em forma e juntamente com a banda deram um espectáculo que para os fãs foi muito bom. Foi talvez o meu concerto preferido da noite, afinal de contas era das bandas que conhecia melhor e mais apreciava. Foi também o único concerto, salvo erro, que contou com encore. Nem estava à espera, não me pareceu que o público estivesse ao rubro, mas eu fiquei bem agradecido, não queria ir para casa sem ouvir a "Beautiful Ones".
Os substitutos de Explosions in the Sky foram os Mercury Rev. Lembro-me de ter ouvido qualquer coisa deles há uns valentes anos, mas nunca cheguei a explorar. Vi o concerto de longe e fiquei com boa impressão. Nalgumas que reconheci ainda fui lá para a frente ( se calhar só numa agora que penso melhor).
Para terminar a noite, The Rapture. Dos melhores da noite, grandes canções rock, muito bem tocadas. Sem artifícios foi um concerto de puro rock e nisso a banda não desiludiu. No final ficou um sabor amargo porque contava que os últimos a tocar, o fariam por mais que uma hora. Mas estava enganado, de uma forma geral os concertos eram de uma hora apenas, inclusive as bandas que terminavam a noite. Se nesse dia estranhei não terem feito um encore, isso acabaria por mudar, afinal nenhuma das bandas que encerrou os fez também.
Nota: Fotos por Cube
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