Father and Daughter
Como nos têm vindo a habituar, as sessões de abertura deste festival são sempre muito bem pensadas e cuidadas, primando também pela diversidade artística sempre conectada com a animação. Como o próprio Francisco Galrito menciona, a MONSTRA é um festival de animação que pretende ser também um encontro entre diversas formas de arte.
Ao nos sentarmos na sala somos presenteados com uma pequena lanterna, “fará parte do espectáculo” alguém nos profere. É caso para dizer que a sessão ainda antes de começar já entusiasmava e aguçava ainda mais a curiosidade do público.
Segue-se então o espectáculo Pika Pika oriundo do Japão (um dos países cujo cinema de animação tem mais destaque nesta edição a par com o convidado, Holanda). A ideia consiste em usarmos o feixe de luz das nossas lanternas para desenharmos algo no ar enquanto o nosso movimento é captado por uma câmara (“também funciona com a luz do telemóvel” avisava a tradutora). No final criou-se um efeito de animação entre todos os desenhos elaborados, um espectáculo que divertiu todo o auditório.
Este ano a apresentação deixou de estar a cargo de Fernando Galrito para passar a ser responsabilidade do comediante Luis Franco Bastos, bem conhecido pela sua capacidade de imitação de figuras públicas. Foi uma boa aposta dotando toda a sessão de um pouco mais de humor.
Para terminar e como não podia deixar de ser, veio o cinema de animação em todo o seu esplendor e glória, coma exibição de quatro curtas do Holandês Michael Dudok de Wit: “Tom Sweep”; “The Monk and the Fish”, “The Aroma of Tea” e “Father and Daughter”.
As duas primeiras mais voltadas para a comédia rapidamente conquistaram as gargalhadas da plateia. A terceira e mais experimental, “The Aroma of Tea” consiste na sua última curta que é inteiramente feita usando chá, impressionante. Dudok de Wit é um mestre, não havia dúvidas disso por esta altura, mas se me pedissem para eleger o momento mais alto desta sessão foi sem dúvida o final de “Father and Daughter”, talvez o filme mais premiado do realizador. Esta história ternurenta sobre uma filha que após se separar do pai o aguarda durante toda a vida, arrebatou a audiência que fez questão de o demonstrar naquela que foi a salva de palmas mais sonora e sentida da noite.
A MONSTRA começou e que bom que isso é.
Publicado em Rua de Baixo por Gabriel Martins (Loot)
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