segunda-feira, janeiro 03, 2011

Cândido ou O Optimismo



Passado alguns anos, depois de ter lido “O Ingénuo”, regressei aos textos de Voltaire neste “Cândido ou o Optimismo”, num regresso que peca apenas por tardio.
Gosto muito a escrita de Voltaire, se é que posso dizer isto uma vez que o leio traduzido. Mas adoro as suas ideias a forma como as desenvolve sempre cheias de bom humor e ironia. Além de que Voltaire não poupa ninguém, desde instituições religiosas até a um simples crítico que não apreciou a sua obra. Ninguém é esquecido nesta obra, uma das mais populares do autor e considerada por muitos como o seu melhor conto filosófico.

Cândido é um rapaz muito inocente que vê a sua vida a andar para trás ao ser expulso do castelo em que residia na Vestefália. Expulso apenas por ser apanhado aos beijinhos com a sua amada, Cunegundes. A partir daqui o doce e ingénuo Cândido, ao embarcar numa grande aventura povoada por desgraças e tristezas, irá descobrir que o mundo é bem diferente daquele que o seu mentor, o filósofo Pangloss, lhe tinha ensinado, cujo mote era: "tudo é pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis". Mas aconteça o que acontecer Cândido nunca perderá a esperança em reencontar a sua doce Cunegundes com quem deseja estar acima de tudo no mundo.

O ritmo do livro é frenético, Voltaire conta muita coisa em tão poucas páginas, com um ritmo alucinante. No final, fica a lição: "...mas é preciso cultivar o nosso jardim". Nunca se esqueçam disso, Cândido também não o esquecerá.

Esta edição da Tinta-da-China é traduzida a partir de um exemplar da primeira edição, o responsável, Rui Tavares, teve por objectivo a reabilitação do texto na sua versão original, pois existem vários exemplares desde que este polémico livro foi editado na clandestinidade em 1759. Mas tudo isto está muito bem explicado na secção de "notas e comentários". Secção essa muito bem executada providenciando-nos alguma informação importante para uma melhor compreensão às várias referências que Voltaire faz.

Para nos aliciar ainda mais, esta edição conta com ilustrações de Vera Tavares, uma por capítulo (ao todo 30). Os seus traços simples e bem humorados são um belo complemento ao texto.

Concluindo temos aqui um excelente conto numa excelente edição. A colecção a que pertence tem vários títulos de renome e fica bem em qualquer estante. Para já tenho este e o "Vento dos Salgueiros", mas estou a pensar sériamente em completá-la.

Sendo assim neste meu desejo de um excelente 2011 para todos, relembro que é preciso não nos esquecermos de cuidar do nosso jardim e se possível ajudar a cuidar do dos outros também.

6 comentários:

David Martins disse...

Já o li há muitos anos, mas recordo que foi dos livros que me deu mais prazer ler, precisamente pelo descompromisso e politicamente incorrecto

Loot disse...

É muito bom :)

Em poucas páginas Voltaire consegue contar tanto e tão bem.
De uma forma, como dizes, descomprometida e sempre com grande humor.

Foi uma leitura que me divertiu mesmo muito.

Abraço

Menphis disse...

Nunca o li, mas já vi essa edição que me pareceu muito bonita. É uma obra a ter debaixo de olho,salvo seja :)

Loot disse...

É sim, é um daqueles casos em que as edições não se medem aos palmos :P

K disse...

Comecei ontem a ler, e em busca de uma capa para fazer um post, vim aqui parar. Gostei bastante deste teu resumo/artigo/post :) Obrigada.

Loot disse...

Nesse caso bem-vinda :)

Espero que gostes é um livro muito divertido onde Voltaire goza literalmente com tudo e todos e nem portugal escapa :P

bjs