
"Quis custodiet ipsos custodes?"
("Who watches the watchmen?")
("Who watches the watchmen?")
Após a DC Comics ter adquirido os direitos da editora Charlton Comics em 1985, Alan Moore começou a desenvolver um projecto em que renovaria alguns dos Super-Heróis da extinta editora.
Apesar do editor Dick Giordano ter gostado das ideias de Moore, achou que a sua história iria afectar de uma forma drástica o destino de muitos desses Heróis inutilizando-os para futuros projectos. Desta forma tentou convencê-lo a criar novos personagens, algo que o autor não queria a início porque considerava que não iriam sensibilizar tanto os leitores. Felizmente para todos nós acabou por mudar de ideias, "Eventualmente apercebi-me que se escrevesse os personagens substitutos suficientemente bem, para que parecessem familiares em determinadas maneiras, se certos aspectos seus trouxessem uma certa ressonância ou familiaridade genérica de Super-Herói ao leitor, então poderia resultar" comentou Moore numa entrevista a Jon B. Cooke.
Para quem estiver interessado em saber mais sobre os personagens originais que Moore queria usar e nos quais acabou por se basear ao construir os "Watchmen" convido a dar uma vista de olhos às notas que tenho escrito na rubrica "Influências/Semelhanças" que se encontra ordenada no lado direito do blog.
Dave Gibbons que já tinha trabalhado com Moore no passado quis envolver-se neste projecto e após ler um pouco da história e de ter conversado com o editor entrou imediatamente a bordo trazendo consigo o colorista John Higgins. Com a junção do editor Len Wein o núcleo central de "Watchmen" estava formado.
No final dos anos 30 começaram a surgir vigilantes mascarados e apesar de utilizar o termo "Super Herói" a verdade é que de Super não tinham nada, sendo apenas pessoas comuns que por alguma razão optaram por se mascarar e patrulhar as ruas tentando livrá-las do crime. Os primeiros a surgirem acabariam por formar os "Minutemen" o primeiro grupo de Super-Heróis a existir no mundo. Apesar de a história não se centrar nestes Heróis mas sim nos da 2º geração, Moore ao longo do livro e principalmente através dos extras, providencia-nos muita informação sobre a vida destes personagens, dando-nos uma ampla visão de como estas pessoas poderiam afectar a sociedade e vice versa. Através destas temos também o conhecimento dos vários perfis psicológicos que levariam alguém a usar um uniforme, seja a procura por justiça no caso de uns ou a fama no caso de outros. Como as suas carreira já estão bem terminadas durante a acção principal de "Watchmen" podemos também verificar aonde este tipo de vida os levou e para alguns a resposta apesar de óbvia não deixa de ter um sabor bem realista, pois se existissem de facto pessoas como eu e tu que saíssem de noite para combater criminosos seria de estranhar que muitos de nós acabassem mortos ou dementes?

A sua existência alterou profundamente o percurso da História, os USA venceriam a guerra do Vietname e Nixon manter-se-ia na presidência ao longo de vários mandatos. A América desenvolver-se-ia então num país diferente daquele que hoje conhecemos e é nesta versão alterada da América que "Watchmen" se desenrola.
A sociedade eventualmente cansar-se-ia destes tipo de justiça mascarada e em 1977 após a greve das forças policiais o governo decidiu que era altura mais do que suficiente de lançar o Keene Act, uma lei que proibia a actividade de vigilantes mascarados, excepto se estes tivessem uma ligação ao governo como é o caso de Manhattan e Comedian.
A trama principal propriamente dita tem inicio em 1985 com a investigação do assassinato de Edward Blake a.k.a. The Comedian. Rorschach é agora o único vigilante que continua independente no activo, após uma curta investigação pelo apartamento de Blake começa a elaborar uma teoria de conspiração sobre alguém que pretende eliminar os vigilantes mascarados. O que começa por aparentar ser apenas um simples assassinato desenvolve-se em algo de proporções épicas que acabará por "obrigar" todos os Watchmen a tomarem um partido.
Surgindo-nos como uma história sobre a desconstrução do Super-Herói, "Watchmen" vai evoluindo em algo muito maior, tornando-se principalmente em uma história sobre a Humanidade. Moore afirmou numa entrevista a Vincent Eno e El Csawza que pretendia criar uma espécie de "Moby Dick dos Super-Heróis” e tenho a forte sensação de que conseguiu.

Pessoalmente acho a arte de Gibbons muito boa e extremamente rica a salientar pormenores e simbolismos. Em relação à estrutura os autores optaram por usar maioritariamente um formato de 9 quadrados por prancha.
Antes de terminar tenho de salientar a fantástica ideia de ter uma história de BD dentro de outra. Falo obviamente de "Tales of the Black Freighter" o conto que é lido por um rapaz ao longo desta obra e que retrata a vida do único sobrevivente de um naufrágio causado pelo temível grupo de piratas do "Black Freighter". Assustado com a ideia de que os piratas se dirigem à sua terra para matar todos os seus habitantes onde se incluem a sua mulher e filhos, decide usar todos os meios ao seu dispôr para regressar naquela que se tornará a viagem mais negra da sua vida. Além da história viver só por si funciona também como uma alegoria a algumas situações de "Watchmen" sendo talvez a principal o percurso pela escuridão de um homem com com um dos mais nobres dos objectivos.
"Watchmen" foi um dos livros que mais revolucionou a forma como se olha para a BD no mundo e não é à toa que é considerado pela "Time" como um dos 100 melhores romances do séc. XX. A única BD a ter tido tal reconhecimento.
13 comentários:
se na altura que li a bd, tivesse uma intro assim... :0)
vou tentar ver o filme hoje...
hugs!
Grande post looT!
Fizeste um bom apanhado da estória ao redor do livro, e afloraste o plot da melhor maneira, isto é, sem spoilers... :)
Abraço
Conheço a BD, que li há uns anos atrás, e a apresentação feita está mesmo muito boa.
Deixa-me vontade de ir ver o filme.
Espero não sofrer nenhuma desilusão, porque gosto muito das histórias de Allan Moore.
Conheço a BD, que li há uns anos atrás, e a apresentação feita está mesmo muito boa.
Deixa-me vontade de ir ver o filme.
Espero não sofrer nenhuma desilusão, porque gosto muito das histórias de Allan Moore.
Excelente artigo. De resto, não poderia não o ser tal a tua paixão pelos comics (ou graphic novels).
Mas gostei muito de ler. Não tinha conhecimento de algumas coisas. Outras conhecia e partilho da tua opinião. A profundidade narrativa e complexidade de Watchmen fazem dele uma obra digna de registo. E é como dizes, o facto de desenvolver as personagens, leva-nos a identificar mais com elas.
Pessoalmente, a nível de capítulos, apesar de gostar muito de todos, tenho especial apreço pelo que engloba discussão entre Doc Manhattan e Silk Spectre acerca da humanidade, aquele que explora o passado de Rorchach e, claro, aquele final surpreendente.
E já agora, quanto ao filme?
Ainda não viste?
Na outra banda: Bem acho que o Moore disse que "Watchmen" é livro para ser ler 5 vezes por isso não faltarão oportunidades :P
Bongop: Obrigado, era mesmo essa a ideia que tinha em mente quando o escrevi. Porque vontade de falar na obra não falta.
csa: Obrigado. Sobre o filme não sei, depende de cada um mas pelo menos é bom distanciarmos-nos um pouco do livro, ter a noção de que era impossível experenciar tudo o que se leu em BD num filme.
Fifeco: Mas quando a paixão é assim tão grande ainda custa mais escrever, estava sempre com receio de não fazer jus à obra.
Fico contente que tenham gostado de ler. Sobre os personagens também não me estendi muito não só por causa dos spoilers mas porque aproveitei o facto de estar a abordar mais a fundo a personalidade de cada um no influências/Semelhanças (devia arranjar um nome mais giro para isto lol).
Há uma data de capítulos marcantes nem consigo escolher só um mas sem dúvida que o que mencionas é genial e já quando vemos Manhattan em Marte pela primeira vez e toda a sua noção do tempo é qualquer coisa de extraordinário.
Depois há o passado negro de Rorschach, obviamente o final, etc.
Já vi o filme, não o achei equilibrado pois alterna entre momentos geniais e outros um pouco parvos. Por exemplo todas as canções da banda sonora são excelentes mas algumas não gostei da forma como foram usadas principalmente a cena em que entra a "Hallelujah" do Leonard Cohen não gostei nada.
Depois o resto prende-se mais com pormenores coisas que eu escolheria fazer de forma diferente, mas isso cada um teria a sua opinião. E não falo do final que primeiro estranhei mas depois entranhei, acho que funciona muito bem e se não fosse por um pormenor diria que funcionava tão bem como o da BD.
Falo é da cena que envolve o "verdadeiro nascimento" do Rorschach que não entendi porque a mudaram, uma conversa entre Ozymandias e o Doctor Manhattan, entre outras. Mas são pormenores estou a ser picuinhas provavelmente.
Adorei o Rorschach e o Comedian os actores estavam perfeitos.
No geral acho que há aqui bastante mérito, "Watchmen" é uma obra muito complicada de adaptar pois uma das coisas que a BD tem de melhor é a forma como a história é contada e isso era impossível de adaptar à letra.
Claro que existem inúmeros momentos memoráveis. Mas era impossível transporta-los todos. Pois, ninguém gostou mesmo da cena entre Silk e Nite Owl. Já vi que fui o único mesmo.
Mas como ja disse varias vezes, espero mesmo pelo director's cut.
Quanto ao rorschach, sim, também não gostei dessa parte.. mas foi praticamente a única :p As restantes alterações pareceram-me muito bem conseguidas.
Abraço
Vai ter uma resenha do filme. Fico achando que a música que deveria tocar quando sobem os créditos deveria ser Live or let die, tamanha paixaõ que gera o filme em seus prós e contras.
Valeu Loot.
Enquanto eu não leio este post, visto que ainda não li a BD nem vi o filme, responde ao desafio que te deixei AQUI. Já sei que és repetente ;)
**
Fifeco: A frase que o Manhattan diz a alguém na BD tem muito mais impacto do que no filme que é dita através da conversa do Nite Owl II e da Silk Spectre II. A expressão na cara de...
Mas são pormenores claro, estou a ser picuinhas.
Adorei por exemplo a violência com que foi filmado aqui não perdoaram.
E nota-se que foi um trabalho feito com muita paixão e respeito, eu gostei do filme.
Queiroz: Eu quero ver a edição em dvd isso é garantido principalmente pela curta do "tales of the Black Freighter"
Izzi: Vou espreitar :)
Antes de mais parabéns pelo texto!! Demonstra na perfeição toda a tua devoção e conhecimento sobre o livro. Espero que faças igualmente um texto sobre o filme, tenho mesmo curiosidade em ler a tua opinião completa apesar de já teres deixado aqui alguns "pózinhos" ;))
Eu gostei bastante do filme!!Não me decepcionou, bem pelo contrário, fiquei surpreendida pela positiva!!é claro que não perfeito mas, mesmo assim acho que é foi a melhor adaptação que já vi!!
Beijinho
Muito Obrigado :D
Sim a ideia é escrever também um texto para o filme que até gostava de ver novamente agora livre de expectativas.
Eu gostei do filme é bom e nota-se respeito e paixão pela obra.
No entanto não é uma obra prima, mas como já foi dito trata-se de uma adaptação herculeana.
bjs e boas férias ;)
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