quinta-feira, agosto 09, 2012

Capitão América: A Lenda Viva


Nunca fui grande leitor do Capitão América, sempre privilegiei outros super-heróis em prol deste, afinal de contas, não dá para os ler a todos. Com o 3º volume da colecção "Heróis Marvel" voltei a recordar-me do porquê, realmente de todos foi o volume que menos me entusiasmou, até ao momento. O que não quer dizer que não estejam aqui algumas das melhores histórias do Capitão da década de 80, confiando na selecção feita, e que certamente agradará aos fãs desta personagem.

O Capitão América (safou-se do nome Super-América) é uma das primeiras personagens da Marvel (na altura Timely Comics), criado na década de 40 por Joe Simmon e Jack Kirby. É, como todos, filho do seu tempo e neste caso em particular isso é algo ainda mais acentuado. O Capitão surge como um herói de propaganda e inspiração para o povo americano aquando da 2º guerra mundial, período durante o qual foi a personagem com maior sucesso da editora. No entanto, com o final da guerra, também a sua popularidade se desvaneceu resultando na "reforma" do herói na década de 50. Parecia o fim para esta personificação do símbolo da liberdade, mas não. Anos mais tarde, mais precisamente em 1964, Stan Lee teve a ideia de trazer o Capitão de volta, tendo sido encontrado pela super-equipa "The Avengers" congelado no Árctico (processo ao qual sobreviveu devido às propriedades do soro de super soldado).

Talvez por tudo isto muitos não o vejam hoje com os melhores olhos, afinal de contas é um "herói fora do seu tempo", questionando a sua relevância na actualidade. O facto de o Capitão personificar o espírito Americano nem sempre tem abonado a seu favor, mas estamos a falar de Super-Heróis, não vale a pena escrutinar este herói por questões político-sociais norte-americanas, o Capitão não representa, nem pretende representar, o governo Americano, o seu objectivo é lutar pela liberdade e sonho americano e isso é algo que ele irá manter em qualquer tempo e altura, até ser necessário. Por isso sentem-se, fiquem confortáveis e desfrutem do que ele vos pretende oferecer, aventuras.

As histórias são todas da equipa criativa, Roger Stern, John Byrne e Josef Rubinstein. Byrne foi de todos o nome que mais me interessou, o senhor é uma referência na história dos comics americanos e é sempre um prazer viajar pelas suas pranchas. Stern também tem algumas ideias interessantes, em particular a história em que o Capitão tem a possibilidade de concorrer à presidência dos Estados Unidos, foi de todas a minha predilecta, pela ousadia em abordar a questão tão directamente, afinal de contas estamos perante o super-herói mais respeitado na Terra. Seria interessante ver, para variar, um Super-Herói debater-se com outro tipo de questões como a paz e a fome no mundo. Afinal de contas os Super-Heróis, tecnicamente, só contribuem para manter o mundo como ele está.
No universo da DC Comics a comunidade de Super-Heróis é bastante apreciada pela população (de uma forma geral), já na Marvel não é tanto assim, o Aranha para muitos é um criminoso, o Hulk um perigo e depois há toda a questão à volta dos mutantes. No entanto, há pelo menos dois grupos de heróis altamente respeitados, o Quarteto Fantástico e os Vingadores. Neste segundo o Capitão é talvez o mais respeitado, por tudo o que simboliza e também pelos tempos da 2º guerra. Não estou nada habituado a ver um Super-Herói ostentar o seu uniforme em plena luz do dia, mas se alguém pode é o Capitão, ninguém o julga, ninguém o incomoda, ele é um símbolo de liberdade e todos o respeitam e admiram por isso.

As qualidades que fazem do Capitão o herói que é estão bem presentes nestas histórias, bem como o seu desfasamento temporal, ele é um saudosista como diz a dada altura a alguém (um novo interesse amoroso) a quem não pode revelar a sua identidade. Por isso sim, Steve Rogers é de facto um homem "fora do seu tempo" e essa foi sempre a ideia de Stan Lee quando decidiu trazê-lo de volta e integrá-lo nas histórias daquela altura.

A última história, comemorativa do 50º aniversário, faz uma boa retrospectiva da vida do Capitão, desde os tempos em que era um jovem franzino até ter sido encontrado pelos Vingadores.

Em relação à edição, parece-me que voltámos aos problemas de tradução que já tinha sentido no primeiro volume. É pena, porque de resto é tudo bastante bom.

2 comentários:

Optimus Primal disse...

Por acaso este tpb (ao contrario de outros desta colecção X-men,Thor) até tem um conjunto de boas histórias desde Mecanus o Super-Computador que só queria morrer e que enquanto estava vivo só foi um vilão esquecido do Demolidor que morreu e ninguém sentiu a falta.Mas na sua 2a vida como Mecanus podia ser o vilão mais duro de roer se não estivesse farto dessa existência.
O Vilão que só queria vingança contra o seu ex sócio Cobra,Hyde que fugiu como muitos da prisão com a ajuda do Batroc,um vilão a moda antiga.E por fim o Barão Sangue que queria se vingar do seu irmão de sangue e de toda a sua família,e de brinde ai tem a história revista que inspirou em Parte o filme Capitão América o 1 Vingador que acabei de ver.

E não esquecer que apesar de o governo o usar como panfleto nacionalista ele é o 1 a opor-se a governos ou comissões duvidosas em The Capitan e Civil War,e numa fase antiga e que eu nunca li aonde foi o 1 Nomade.
Também na Extensa Fase Gruenwald o "Certinho" Cap abateu a tiro 1 terrorista e ficou com remorsos.

Loot disse...

Não discordo de nada do que dizes Optimus. Ainda não li o Thor, em relação ao dos X-Men, gostei da edição, tem o nr 1, que não é a melhor história mas que vale por ser o primeiro e tem a origem deles que eu até acho que começa muito bem, mas depois espalha-se um pouco, é pena.

Eu achei esta edição, tirando a tradução, muito boa e com grandes histórias da altura. Simplesmente o Cap não é de todo das minhas personagens predilectas, o que não quer dizer que não tenha excelentes BD's, mas como em miúdo nunca me entusiasmou muito é também dos que conheço menos e nesse sentido este volume foi uma boa mais valia.

Quanto à parte do nacionalismo, eu quis salientar isso e separar as coisas.

Abraço