segunda-feira, setembro 29, 2014

50 anos de Mafalda


Não é todos os dias que se fazem 50 anos, felizmente, quem tem uma máquina do tempo pode viajar atrás e corrigir esse esquecimento.

Hoje a criança mais activista comemora 50 anos de publicação. Um grande obrigado a Quino, não só por Mafalda, mas por todos os seus trabalhos, tão divertidos, tão educativos e tão inspiradores.

Será sempre um dos maiores.


terça-feira, setembro 23, 2014

Alice no país das maravilhas



Would you tell me, please, which way I ought to go from here?
That depends a good deal on where you want to get to, said the Cat. 
I don't much care where – said Alice. 
Then it doesn't matter which way you go, said the Cat. 
– so long as I get somewhere, Alice added as an explanation. 
Oh, you're sure to do that, said the Cat, if you only walk long enough.

Há quem diga que é um livro para crianças e há quem diga que é só aconselhado a adultos. Pois bem, e porque não, um livro para todos?

A magia do país das maravilhas é enorme e cabemos todos nela. Porque Lewis Carrol era um escritor imensamente talentoso, conseguiu criar o local perfeito para nos perdermos, cheio de mensagens, de símbolos, de magia.

Sempre um clássico (as ilustrações originais são de John Tenniel - ver imagem acima).

segunda-feira, setembro 22, 2014

Lançamento de "Primeiros Capítulos" e "Primeiros Contos" da Escrever Escrever


É já nesta quarta que este projecto da "Escrever Escrever" vai ver a luz do dia. Conto-me entre o leque de convidados que participaram, nomeadamente com um primeiro capítulo.

A todos os interessados fica aqui o convite. Estarei por lá.

quarta-feira, setembro 17, 2014

Doctor Who: Uma Viagem Pelo Espaço e Tempo


Durante a exibição da sua 8º temporada, o “TVDependente” vai prestar uma atenção especial a “Doctor Who” com um conjunto de artigos que vão além das críticas semanais (o confronto entre os vilões ainda continua diariamente, não se esqueçam de votar).

A ideia desta “Viagem Pelo Espaço e Tempo” é a de recordarmos alguns dos momentos mais importantes da série, desde que esta regressou em 2005. Para este efeito, todas as semanas irá sair um artigo onde escolherei as três histórias com maior impacto em cada uma das suas temporadas, procedendo de igual modo em relação à 8º, após o seu término. Em relação aos episódios especiais, incluindo os de Natal, não serão contabilizados em nenhum temporada, criando-se posteriormente um artigo específico para eles. 

Apesar da dificuldade nas escolhas é bom constatar que ela existiu, mostrando que “Doctor Who” tem uma variedade de grandes e ecléticos episódios. Sem contar com as alterações que a série pode sofrer quando se regenera, cada temporada tem um leque de episódios de géneros distintos o que contribui ainda mais para a tornar única, algo que espero que também seja bem vincado nestes artigos. É claro que é complicado gerir 50 anos de viagens ao longo do tempo e do espaço (a série original começa em 1963), algo que por vezes se poderá notar na continuidade ou fraca coerência de alguns episódios, ainda assim é também essa liberdade que faz com que tudo seja possível aqui e onde a única limitação é a imaginação de cada argumentista.

Para verem o primeiro sobre a primeira temporada cliquem aqui.

Fahrenheit 451

 
"Fahrenheit 451" ou "Celsius 233" para os amigos, é a adaptação do livro de Ray Bradbury, por François Truffaut. A história de mais uma distopia, uma em que o governo proíbe a leitura de livros. Os bombeiros são quem assume o papel de perseguição e queima de livros, numa inversão do verdadeiro papel do bombeiro.

A governação de um povo menos culto ou emotivo é sempre mais fácil para as ditaduras e este tipo de abordagem é uma que continua a ser feita ainda hoje, como no "Equillibrium" de 2002.

Gostei muito do filme e queria só reforçar que seja em que género for, François Truffaut continua a fortalecer-se como um dos realizadores que mais aprecio. Talvez não seja à toa que, por enquanto, o meu filme favorito de Godard tem argumento seu, falo do "À bout de Souffle".

quarta-feira, setembro 10, 2014

Os heróis também usam BI – #4

Giuda Ballerino!

O BI dos heróis na BD está de regresso ao "Deus Me Livro", debruçando-se desta vez sobre um dos grandes detectives do oculto, o inconfundível Dylan Dog.

Cliquem aqui para lerem mais sobre ele.

terça-feira, setembro 09, 2014

Os Labirintos da Água


O mar rumoreja nos troncos de madeira que servem de pilares ao cais, arrasta-se pela praia e molha os pés escuros dos homens deitados. O sol cai sobre os campos onde as mulheres recolhem a bosta ressequida. As crianças matam, e as lagartixas morrem.

É uma ilha em forma de cão sentado.

Herberto Hélder 


"Os Labirintos da Água" de Diniz Conefrey é mais um livro de BD português que conta com apenas 500 exemplares de tiragem (devem ser quase todos nos dias de hoje). Foi editado o ano passado, mas tenho ideia que se trata de uma espécie de reedição, com mais material.

Encontra-se em poucas livrarias (só o encontrei em duas), mas pode ser sempre adquirido a partir do site da editora "Quarto de Jade".

Neste livro Conefrey adapta três textos de Herberto Hélder e adapta-os aos três de forma diferente. Não é que o autor invente a roda, mas para quem se interessa pelos caminhos diferentes que a BD explora, esta é uma proposta de bastante valor. A 1º é a adaptação do conto "Aquele que dá vida" e é a mais tradicional, transformando a linguagem narrativa de Hélder para a da Banda Desenhada. O segundo "(uma ilha em sketches)" já retrata uma história sem o uso a palavras, sendo literalmente "uma ilha em sketches". Para complementar ou ajudar na percepção desta história Conefrey disponibiliza o excerto do texto original, "Sonhos", no início. Por fim, temos a ilustração de excertos do poema "Última Ciência". Neste poema Conefrey mistura ilustração com fotografia, brincando com as imagens da mesma forma que Hélder brincou com as frases que escreveu, misturando-as vezes sem conta na ordem que criava a seu bel-prazer. Aqui assistimos à contemplação do mundo e do Homem, da Vida, pelas palavras do poeta, sempre apoiado nas fortes imagens de Conefrey.

Fica a sensação que as fotografias poderiam ter ido mais longe na terceira história, porque de resto, não só o traço, mas as cores terrenas de Conefrey fazem deste livro um dos melhores do ano passado. É também uma excelente oportunidade de conhecer Herberto Hélder.


Guardians of the Galaxy (2014)


Tem sido elogiado como o grande Blockbuster do Verão, um título que parece ser merecido. Numa altura em que filmes deste género invadem cada vez mais as salas de cinema "Guardians of the Galaxy" consegue distinguir-se dos demais, o que é algo de muito valor.

É o "Avengers" dos anti-heróis, cheio de boa disposição e humor. Vale a pena ir ao cinema e deixarmo-nos levar por este grupo de bandidos tão heróico. O Bradley Cooper, pode não aparecer, mas tem aqui um dos seus melhores trabalhos. A forma como deu voz ao Rocket Racoon, conferiu uma grande tridimensionalidade à personagem. Fantástico. O elenco é liderado pelo carismático Chris Pratt, mais conhecido pelo papel em "Parks and Recreation" (se bem que agora já não). O seu Star-Lord é diferente daquele que me recordo ter lido (outras personagens também), mas funciona muito bem. Quem leu vai ter muitas "prendas" ao longo do filme.

Um dos melhores da Marvel.

sexta-feira, setembro 05, 2014

The 12th Doctor journey has begun



Barney: What devilry is this, sir?
The Doctor: I don't know. But I probably blame the English.

The Doctor: This is your power source, feeble though it is. And I can use it to blow this whole room if I see one thing I don't like. And that includes karaoke and mimes, so take no chances.

The Doctor: This is Clara. She’s not my assistant; she’s some other word.
Clara: I’m his carer.
The Doctor: Yeah, my carer. She cares so I don’t have to.

The Doctor: he's the top layer if you want to say a few words.

A dois episódios da 8º temporada queria apenas dizer que o Peter Capaldi já merecia um livro com as suas one-liners editadas. Que grande entrada como 12th Doctor. Impressionante como cada actor tem dado uma faceta distinta, conseguindo conquistar-nos sempre até agora. O Doctor de Capaldi promete continuar a manter este legado não só vivo como fantástico.

Mesmo num segundo episódio com algumas falhas que o mancham, o Doctor esteve sempre em alta.

Além da intro oficial, baseada na criada por um fã, deixo-vos outra, bem interessante, também da autoria de um fã.

O Mandarim



E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do norte ao sul e do oeste a leste, desde a Grande Muralha da Tartária até ás ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!

Ia pegar no "Primo Basílio", mas um golpe do destino, colocou-me "O Mandarim" no colo primeiro (um golpe do destino aqui equivale a: um é meu e o outro é emprestado, logo teve primazia).

"O Mandarim" trata-se de uma história, que a partir de uma acção fantasista nos envolve numa enorme lição de vida. Tudo começa quando Teodoro, homem de classe média, se vê confrontado com a possibilidade de se tornar milionário com o mero tocar de uma campaínha. Qual o problema? Ao tocar na campaínha, um Mandarim morre. É uma ideia que tem sido explorada em outros meios, tenho quase a certeza que existe um episódio da "Twilight Zone" sobre isto e, também, um recente filme do realizador de "Donnie Darko" (um que não vi).

A ideia é muito simples e pretende mostrar-nos até que ponto Teodoro consegue realmente ser feliz ao ter recebido o dinheiro nestas condições. Aqueles que sofrem desse mal chamado consciência, provavelmente têm esta noção mais vincada, sabem que determinadas acções nunca terão o mesmo sabor se vierem contaminadas com venenos deste género. Porque somos mais felizes quando temos o coração livre. De qualquer das formas acabo por tender para o parágrafo final desta obra, achando, com pena, que a maioria iria mesmo tocar na campaínha, mas quem sou eu para atirar pedras enquanto não confrontado com similar situação.

É uma histórias bastante curta, sempre centrada numa única personagem, Teodoro. O homem cuja tentação do Diabo irá dar mote as acções desta histórias que decorrerão tanto em Portugal como na China, dois países que Eça de Queiroz descreve com detalhe e emoção.

No final fica sempre a lição, uma que todos já devíamos saber. Caminhem nesta vida orgulhosos, de coração aberto e NUNCA toquem nas campaínhas (a não ser que seja para entrar em algum lado).

quinta-feira, setembro 04, 2014

Torchwood - Miracle Day (Temporada 4)




Stop being so nice. We left nice behind a hundred miles back. I'm trying to be honest, okay? Because do you know what the worst thing is of all? Out of all the shit we have seen, all the bloodshed, all the horror...You know what is worse than all that? I loved it. I bloody loved it.

Gwen Cooper

SPOILERS

Há semelhança de "Doctor Who" também "Torchwood" tem sofrido "regenerações" ao longo destas temporadas, onde a 3º e 4º seguem um estilo distinto das anteriores, previligiando um mistério com continuidade ao longo de todos os episódios. "Miracle Day" mantém o registo de "Childrens of the Earth", mas duplicando o número de episódios. Infelizmente essa não foi a única diferença, por alguma razão qualquer, "Miracle Day" é uma co-produção americana e essa influência do outro lado do Atlântico faz-se sentir, por vezes, de forma negativa. E eu que pensava que a terceira teria tido um sucesso comercial tão grande que "Torchwood" tinha a continuação garantida.

Logo para começar, é de valorizar que o enredo desta temporada tenha sido tão ambicioso, a ideia de impedir a morte em todo o mundo podia descarrilar como um comboio a alta velocidade, mas funcionou bastante bem. Como todo o mundo se tornou imortal, o Captain Jack ficou mortal, algo que já não víamos há muito tempo. Outro aspecto de bom gosto prende-se com o facto da equipa (agora só Jack e Gwen) se ter deslocado à América. Um toque que apreciei por vermos o regresso do Captain Jack à sua terra Natal. Infelizmente alguns clichés e cenas de sexo gratuito conseguiram esgueirar-se para dentro desta série, quando não faziam falta nenhuma, uma quase certa influência da co-produção... De qualquer das formas, e apesar de ter revirado os olhos nuns quantos momentos, "Miracle Day" viu-se bastante bem, não deixando de ser uma aventura entusiasmante (apenas bem afastada da qualidade de "Children of the Earth", algo que não a ajuda, uma vez que se trata da temporada seguinte a essa).

Se na temporada anterior a razão porque os Aliens queriam as crianças foi um toque tanto surpreendente como terrífico, aqui a exploração desta imortalidade também teve a sua graça. Mantermos-nos vivos não é necessariamente melhor em muitas situações e isso teve algumas abordagens de valor.

Além das  novas personagens que se aliam ao grupo, tivemos a participação do veterano Bill Pullman, no papel de um pedófilo que é impedido de morrer, devido ao "Milagre", no dia da sua setença. O desenvolvimento desta personagem começou por ser um dos aspectos que aparentava ter mais potencial na série e mesmo podendo ter sido mais explorado, teve um bom par de momentos. Para os fãs de "Six Feet Under" voltar a ver Lauren Ambrose é sempre digno de nota, quase irreconhecível tapada por tanto batom.

No campo humorístico gostei particularmente das interacções entre Jack e Rex, a forma como Rex o apelidava de "World War II" ou as várias oportunidades que Jack não perdia para assustar Rex com alusões homossexuais, foram bem divertidas. Esther é a analista da CIA que trabalha com Rex e acaba por ser obrigada a ter uma participação mais activa, cometendo algusn erros crassos no caminho. É a personagem amorosa da temporada, completamente distinta da Gwen. Ainda tivemos uma personagem nova que é preciso mencionar, a doutora Vera. Apesar desta médica se ter despedido mais cedo do que se antecipava, a marca que deixou foi forte, tratou-se das mortes mais tristes desta história, também por todo o momento em si.

Sendo picuinhas e pertencendo esta série ao universo "WHO", estranha-se que o Doctor nunca tenha mencionado o "The blessing" nem que não tenha reparado que houve uns tempos em que ninguém na Terra morria, uma vez que ele anda sempre por cá. Mas é um pormenor que se desculpa. Outro aspecto digno de nota é que "Torchwood" é uma organização que combate as ameaças alenígenas e que, pela primeira vez, se defrontou com uma ameaça 100% terráquea, uma divertida surpresa, quando se especulava que tudo tivesse origem "fora de portas".

Para final de série (uma vez que isto acabou por não ter continuação) é que tínhamos ficado melhor servidos com o final da temporada anterior.Independentemente disso, vou ter mesmo saudades disto.

quarta-feira, setembro 03, 2014

Torchwood - Children of the Earth (Temporada 3)


SPOILERS


There's a saying here on Earth. A very old, very wise friend of mine taught me it; An injury to one is an injury to all. And when people act accordingly to the philosophy, the human race is the finest species in the universe.

Captain Jack Harkness


Depois de nos termos despedido de Owen e Tosh, mudanças seriam de esperar nesta terceira temporada de "Torchwood". Contudo, a série foi muito além da simples manobra de recrutar novos membros para esta equipa. A terceira temporada iniciou uma nova fase, onde os casos da semana foram subtituidos por temporadas mais temáticas e com continuidade entre os episódios. Com o sub-título de "Childrens of the Earth" a terceira temporada de "Torchwood" foi reduzida no número de episódios (são só 5, que correspondem a 5 dias), mas aumentada na sua qualidade.

“Childrens of Earth” resulta num dos maiores confrontos que a Terra já assistiu, quando vê as suas crianças serem ameaçadas de uma forma tão simples e eficaz. Mas além de todo o mistério, muito estimulante, que a série nos traz, esta temporada á acima de tudo um potentíssimo drama, que irá questionar algumas das decisões que o Captain Jack fez no passado, voltando-o a confrontar com as mesmas no presente. Será que os fins justificam os meios? Será que devemos sacrificar poucos para salvar muitos? Que Jack tem muitos pecados ninguém dúvida, mas será ele hoje, o mesmo homem que foi em tempos? Algo que sempre me apaixonou nesta série, prende-se nas diferenças entre o seu protagonista e o Doctor. São aventuras que decorrem no mesmo Universo, mas lideradas por dois homens muito diferentes, apesar de por vezes se tocarem. Será o Doctor assim tão diferente, quando ele próprio foi quem colocou um ponto final na Time War?

Gwen continua a crescer, é uma personagem que tem sofrido um percurso bem agitado nesta série, conseguindo criar tanto simpatia como antipatia pelas suas decisões. Ao menos as piadas sobre Rhys pararam e a personagem assumiu um papel bem definido e importante nesta equipa. Ianto é outro cujo percurso ascendente é bem notório, notou-se crescimento na personagem e no actor. O seu romance com o Captain Jack assume um tom ainda mais trágico, porque assistimos à sua despedida. Uma muito rápida que resulta do confronto entre Jack e o inimigo. Ianto deixará mesmo muitas saudades. A menção, por parte de Jack, a uma citação de Nelson Mandela (salientada no início do texto) foi outro toque sublime, numa temporada nada abaixo do fantástica.

E no fundo é isto, se “Torchwood” já era uma série com alguns momentos memoráveis, “Childrens of Earth” só contribuiu para aumentar ainda mais o seu estatuto. Uma pena que o futuro não tenha sido tão promissor e agradável como seria de esperar após este portento televisivo.