domingo, agosto 26, 2012

The Amazing Spider-Man


O Homem-Aranha está de regresso para uma nova carreira no grande ecrã uma década após a sua estreia sob o leme de Sam Raimi. Tirando o terceiro filme, a incursão do Aranha no cinema por Raimi foi um grande sucesso e por isso, para muitos, um desperdício de tempo este recomeçar do zero. Há razões comerciais para este filme existir, a FOX precisa fazê-los para manter os direitos da personagem e em vez de um Spider-Man 4 optou-se por um novo início, assim nos surge "The Amazing Spider-Man".

Não sendo grande fã dos filmes anteriores (reconheço-lhes qualidades claro, Alfred Molina será sempre o Dr. Octopus) estava muito curioso em ver esta nova abordagem de Marc Webb, pois a escolha do elenco parecia-me muito mais lógica e nesse aspecto não saí nada desiludido do Cinema, o ponto mais forte deste filme são os actores.

Não é, obviamente, necessário que um actor seja um conhecedor de comics para interpretar uma personagem deste meio, Ledger e Fassbender mais que o provaram se para tal houvesse necessidade. Claro que tal conhecimento não faz mal nenhum também e foi uma surpresa ver como Andrew Garfield é tão apaixonado pela personagem (veja-se aqui), a pressão era então ainda maior, mas o actor que não se preocupe mais tal como sempre suspeitei tens tudo para ser um grande Peter Parker, e foste. Há uma modernização da personagem, algo esperado, o Aranha tem 50 anos afinal de contas (completados este ano e caso para dizer muitos parabéns). Aqui Parker usa lentes de contacto e estranhamente anda de skate e enfrenta o matulão da escola, são escolhas que a início me surgiram estranhas, mas que em nada estragam a personagem, como disse, opções. De resto temos um Parker perfeito, a sua inabilidade social e mais importante de tudo o seu humor. Uma das características fundamentais e mais amadas do Aranha é que ele tem sempre uma piada na ponta da língua, o uso recorrente ao humor para esconder também os seus receios, como tantos de nós o fazem. A ciência é outro dos aspectos fundamentais da personagem e esse pensamento científico marca uma forte presença no filme, ou seja, nem vale a pena realçar que os lançadores de teias voltaram para ficar.


Emma Stone como Gwen Stacy, foi mais uma sábia escolha, aliás um duplo triunfo, primeiro porque a química entre Stone e Garfiel é imensa e passa para nós, a relação entre estes dois foi o que mais gostei de ver. Outra excelente decisão foi precisamente o de iniciarem a vida amorosa de Parker com Gwen Stacy. Em Cinema não temos todo o tempo do mundo como na BD para desenvolver as personagens, mas Stacy é e continua a ser uma das personagens mais importantes neste universo e o primeiro grande amor do Aranha. O seu pai que na BD admirava tanto o Aranha aqui é um dos que o procura para trazer à justiça e o papel coube a Denis Leary. Gostei do seu desenvolvimento principalmente por causa do impacto que tem na personagem, o Capitão Stacy ajuda o Aranha a encontrar-se, pelo menos eu senti isso naquela conversa ao jantar.

E não se pode falar do Aranha sem se falar nos seus tios. Martin Sheen é um grande tio Ben, e não se preocupem com a falta da frase "com grande poder vem grande responsabilidade" é algo que também não veio no comic original mas cuja mensagem se compreende na perfeição. A tia May não teve tanto tempo de antena, mas Sally Field cumpre na perfeição e terá tempo de nos mostrar mais da sua personagem, pois se há coisa que se nota neste filme é que é algo pensado para uma continuação, há uma série de informações colocadas para nos fazer entrar neste "mundo". Muitos não gostaram disto, de perguntas sem respostas, mas se a trilogia correr bem penso que no final tudo ficará no sítio certo e compensará. De salientar também que aqui vemos um desenvolvimento no percurso de Peter Parker que começa a sua carreira como Aranha alimentado por uma sede de vingança e que pouco a pouco encontra o seu verdadeiro caminho enquanto herói.

É curioso que tanto no filme de Raimi como neste, o criminoso que mata o tio Ben assalta alguém que foi um completo idiota para o Peter Parker, digo curioso porque assim a audiência sente mais simpatia pelos motivos do Aranha não o travar quando tem hipótese.e que resultam na morte do seu tio. Mas, na BD não foi assim, o Aranha não fez nada porque achava que não lhe competia, foi arrogante e pagou muito caro por isso, o sentimento que passa é bastante diferente.


Tudo indicava que o Lizard ia ser um os próximos vilões de Raimi, mas acabou por surgir primeiro neste filme. Gostei da escolha de Rhys Ifans e de uma forma geral gostei deste Lizard, mas gostava que o vilão tivesse sido mais desenvolvido, faltou até uma cena de transformação com maior suspense, e pessoalmente mantinha-lhe a família, aspecto muito importante na história do Dr. Connors. Espero que mantenham a personagem nos restantes filmes para pequenos cameos. E já que disse a palavra cameo este filme tem provavelmente o melhor de todos com Stan Lee. Já agora espero também que continuem a dar atenção ao Flash Thompson, ele pode começar por ser o colega brutamontes do Parker mas cresce muito enquanto personagem e gostava que mantivessem isso.

Mal o Aranha surge e é rapidamente apelidado de ameaça pelo Daily Bugle. J.J. Jameson no seu melhor, mas que ainda não surge neste filme, vemos isto apenas pela capa de um jornal. Foi uma decisão consciente, J.K. Simmons havia marcado muito bem o papel e ia ser uma tarefa complicada substitui-lo. Neste filme Webb safa-se com a sua não inclusão, numa sequela é algo que terá de resolver. Apesar de ser apelidado como uma ameaça, o grupo de pessoas que vai salvando em Nova Iorque acabam por vê-lo pelo herói que é criando assim uma relação entre o aracnídeo e um grupo desta comunidade. Raimi já tinha mostrado isso e Webb também não se esqueceu.

As cenas de acção convenceram-me, adorei os movimentos do Aranha pela cidade de Nova Iorque, a noção de equilíbrio que ele tem, as posições aracnídeas e a forma como usa as teias, está tudo lá directamente da BD para o grande ecrã, achei magnífico. A banda sonora podia ser melhor, no entanto.


O filme é bom e até acho que marca a sua posição nos filmes de super-heróis alto, no entanto, saí do cinema a sentir que podia ter sido ainda melhor, que o argumento podia ter sido mais bem desenvolvido e com mais calma, pois senti-o por vezes apressado a saltar de cena em cena.

Claro que o maior defeito deste filme, até nem é culpa sua, ou seja, é o facto de ser um reboot prematuro. Por muito que Webb tenha mudado a história da sua origem, focando aqui os seus pais, a verdade é que há lugares comuns aos quais ele não podia fugir e isso soa a repetitivo.

1 comentário:

Sarah disse...

Fiquei deveras surpreendida devo dizer, e eu era daquelas cépticas que não acreditava que um reboot da saga fosse uma escolha acertada. Adorei os actores!

Sarah
http://depoisdocinema.blogspot.pt