segunda-feira, novembro 29, 2010
Irvin Kershner 1923-2010
domingo, novembro 28, 2010
Let's Call The Whole Thing Off
A banda sonora do fim-de-semana.
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Ella Fitzgerald,
Louis Armstrong,
Música
sexta-feira, novembro 26, 2010
D'artagnan e os Três Mosqueteiros
Lembro-me de cantarolar a canção quando andava na primária (a voz é que não a recordava nada assim).
Esta é a famosa série dos três mosqueteiros que contém um dos maiores Twists de sempre, maior que o Darth Vader ser o pai de Luke Skywalker. Estou a falar do episódio em que descobrimos que Aramis é uma mulher.
Nunca Dumas imaginou que tal fosse acontecer.
Já agora esta é uma série de animação japonesa cujo título original é: "Sanjushi".
quinta-feira, novembro 25, 2010
Misfits (Season 1)
Primeiro veio o filme, depois a banda e agora é a vez da série. O que é que estes três têm a ver uns com os outros? O nome e nada mais, mas é um nome poderoso: "Misfits", os desajustados, os outcast.
Esta série Inglesa é uma espécie de Skins meets Heroes. É sobre um grupo de 5 jovens que se conhecem a cumprir serviço comunitário. Durante o primeiro dia uma estranha tempestade ocorre e quando se tentam proteger são atingidos, juntamente com o supervisor, por um raio. Com o tempo começam a descobrir que desenvolveram poderes. O problema é que não foram os únicos a receber estes "dons" afinal a tempestade aconteceu por toda a cidade (quem sabe mais até) e nem todos, ao contrário deles, mantiveram a sua sanidade mental após a mesma.
Os poderes que os 5 receberam estão relacionados com as suas personalidades o que mostra que apesar de os raios terem causado poderes especiais, estes são desenvolvidos de forma diferente em cada um.
Kelly Bailey (Lauren Socha) está a cumprir serviço comunitário por ter andado à porrada. Percebe-se portanto que uma característica chave da sua personalidade é a agressividade, o que lhe valeu logo o estereótipo de chav para os outros. É também quem se preocupa mais com os amigos e apesar de não o demonstrar preocupa-se muito com o que os outros pensam dela, agora graças ao seu poder, telepatia, já vai saber, para o bem e para o mal.
Simon Bellamy (Iwan Rheon) é o rapaz estranho, o freak. Tentou pegar fogo a uma casa e é olhado pelos outros como sendo bizarro e, verdade seja dita, ele é. Simon não tem amigos, ninguém lhe liga e sempre foi invisível para o mundo. Já perceberam que o poder de Simon é o da invisibilidade. Este é um poder complicado, sejamos bons ou maus, quem for invisivel automaticamente vai cometer actos desonestos e este poder calhou logo àquele que parece ser o mais instável psicológicamente, lindo.
Curtis Donovan (Nathan Stewart-Jarrett) é a estrela caída. Atleta de competição, poderia ter tido uma carreira de futuro nas Olimpiadas se não fosse apanhado com cocaína. Curtis é o que mais sofre com a sua situação, pois de todos foi o que mais perdeu. Por momentos pensei que iria ter super-velocidade, afinal é um atleta de corrida e também por causa da forma como decorre a cena em que ele usa o poder e todos se começam a mexer muito devagar aos seus olhos. Mas estava errado, afinal o que é que Curtis mais deseja é voltar ao passado para apagar o seu erro. Pois bem, este é precisamente o seu dom. Curtis consegue voltar atrás no tempo. No entanto não é capaz de controlar o seu poder, recuando apenas em momentos de grande stress. Saliento o episódio dedicado a ele, em que volta atrás no tempo e tem a oportunidade de se livrar da cocaína antes de ser apanhado. Claro que tudo isto é um enorme paradoxo, se Curtis nunca chegasse a ser preso poderia nunca receber o seu poder então nunca poderia alterar as coisas desta forma, ou poderia? Ahh adoro histórias sobre viagens no tempo.
Em qualquer série há sempre um engraçadinho e uma gaja boa não é? Bem Alisha Dixon (Antonia Thomas) é a rapariga que irá causar arrepios nas virilhas dos rapazes. Está constantemente a usar a sua sensualidade nos outros e agora depois da tempestade está condenada a fazê-lo sempre que a toquem. Alisha deve libertar algum tipo de feromonas especiais quando a tocam, pois faz com que seja intensa e violentamente desejada. Os homens perdem o controle e nem se lembram do que aconteceu depois, mas enquanto lhe tocam só conseguem pensar numa coisa: em fazer amor com ela. Fez-me lembrar um pouco a Rogue dos X-Men, são ambas personagens que têm problemas com o toque. A 1º porque suga a energia deles e a Alisha porque, se não quiser, o mais certo é ser violada. Está a cumprir serviço comunitário por connduzir embriagada.
Por fim temos o engraçadinho, Nathan Young (Robert Sheehan) que é quanto a mim "O" personagem da série, aquele que faz com que "Misfits" seja um autêntico vício. Eu gosto dos outros também, principalmente do Simon que se vai revelando episódio a episódio, mas Robert Sheehan está para "Misfits" como Johnny Depp para os "Piratas das Caraíbas".
No final do primeiro episódio todos descobriram quais são os seus poderes, todos menos Nathan que das duas uma, ou não tem poderes, ou ainda não o descobriu. Felizmente tem outro dom o do humor. A interpretação de uma piada é importantíssima e Robert Sheehan faz um trabalho excepcional nesta série. Já espreitei a BD feita a partir da série e não é a mesma coisa sem ele.
Está constantemente a gozar com tudo e todos, e afirma que a razão de estar ali foi por ter sido apanhado a roubar doces, o que ninguém acredita.
Acho que "Misfits" está muito bem realizado, tem uma excelente banda sonora, que é crucial em determinados momentos, e tem um enredo divertido, interessante e por vezes completamente louco. Mas o seu grande trunfo quanto a mim é o humor: sujo, incorrecto, completamente errado, mas sempre, sempre muito engraçado. E aqui, novamente, tenho de salientar o nome de Robert Sheehan (este tipo vai ser grande). O seu discurso no último episódio sobre a sua geração é belíssimo e rivaliza com o de um William Wallace em Braveheart ou de um Maximus em "Gladiator".
Felizmente esta é uma série inglesa pois se fosse americana dúvido que tivessem os tomates de a filmar desta forma, uma forma carnal, arrojada e sem preconceitos.
Para verem o trailer cliquem aqui.
segunda-feira, novembro 22, 2010
sexta-feira, novembro 19, 2010
O Jogador
“O Jogador” foi escrito na mesma altura em que “Crime e Castigo”. Este segundo iria abordar originalmente os problemas causados pelo alcoolismo, porém a história cresceu noutra direcção e tornou-se algo diferente. Apesar de a temática do álcool ter sido mantida a partir de alguns personagens, deixaria de ser o cerne da história (ver Crime e Castigo). Isto apenas para referir que estes dois livros nasceram da ideia de vícios, “Crime e Castigo” do álcool e “O Jogador” do jogo, neste caso em particular focando-se na roleta.
A história tem início com a chegada de Alexei Ivanovich, o narrador, a Roletemburo, uma cidade Alemã conhecida pelos seus casinos. Nela encontra-se já hospedada a família daquele que é conhecido por General, uma família Russa na qual Alexei trabalha como tutor. Ao chegar começa logo a desconfiar de várias atitudes por parte do General, que se revelam algo desesperadas no que toca a dinheiro, e das suas mais recentes companhias, entre as quais o francês De Grieux, que Alexei detesta, e a Madamoiselle De Cominges uma mulher lindíssima que parece ter conquistado o coração do pobre General. A pouco e pouco Alexei começa a desvendar o que se passa, principalmente quando percebe que Polina, a enteada do General e sua amada, também está envolvida e poderá precisar de ajuda.
A relação que Alexei e Polina mantêm é verdadeiramente particular ou talvez particularmente verdadeira. Alexei é um homem astuto e até bastante orgulhoso, no entanto, não hesita em humilhar-se perante Polina. Ele ama-a tanto que se tornou seu escravo, fazendo tudo o que ela lhe pedir, mesmo que isso inclua atirar-se de um precipício abaixo. Esta foi a forma que Alexei encontrou de passar o máximo de tempo com ela, tornando-se numa espécie de seu confidente. Infelizmente para ele, Polina despreza-o, mas por vezes, em alguns preciosos momentos, Alexei jura que consegue vê-la como mais ninguém e isso para ele é inestimável.
Dostoevsky era também, um entusiasta da roleta, por isso a sua descrição do jogo e, mais importante, de um jogador, são rigorosíssimos. Aquela impaciência que se sente por nunca mais chegar a hora de podermos jogar, os minutos que se transformam em horas tão rápido que quando nos apercebemos já passámos um dia inteiro a jogar e curiosamente sem sentir necessidade de mais nada. A frustração da derrota que nos enfurece e não nos deixa parar e aquele perigoso sabor doce, Oh tão doce e passageiro, da vitória. Tudo isto são sentimentos que são comuns na vida de um jogador, seja o jogo da roleta, ou do poker ou de outro qualquer, quem já jogou de certeza que já os vislumbrou e quem é jogador vive-os todos os dias.
Para terminar a cereja no topo do bolo, a ironia das ironias, “O Jogador” foi escrito para pagar as dívidas de jogo do autor. Caso não terminasse o livro a tempo o seu cobrador ficaria com o direito de publicar as suas obras durante 9 anos sem qualquer tipo de remuneração.
PS: Depois de o ler acabei por ir ao “Estoril Film Festival”, onde fui ver o “Scott Pilgrim VS The World”. No final acabámos por ir espreitar a sala de jogo, fiquei a olhar para a roleta, ao vivo e a cores, pela primeira vez. Nunca foi um jogo que me tinha atraído…até agora. Não joguei claro, mas tenho de experimentar um dia. Não se preocupem está tudo controlado, não há problema, a sério que não há é só vencer uma vez e ir embora, depois nunca mais volto não me deixo enganar como os outros, até tenho um método e tudo é que as probabilidades vão por água abaixo com o desgaste do material, é só descobrir quais os números em que a bola cai mais e apostar nesses, é isso, descobri, está feito, até uma próxima.
quarta-feira, novembro 17, 2010
Green Lantern - Trailer
O vilão principal parece ser Hector Hammond. Dá apra ver o Sinestro no trailer, esperemos que construam bem a sua ligação a Hal Jordan, para a explorar depois.
Mas não me convenceu confesso, resta-me deixar isto:
"In brightest day, in blackest night,
No evil shall escape my sight
Let those who worship evil's might,
Beware my power... Green Lantern's light!"
Hal Jordan
XVII Caminhos do Cinema Português
Peço desculpa pelo atraso mas aqui fica o aviso de que o festival Caminhos já começou e irá decorrer até 23 de Novembro em Coimbra. Cliquem na imagem para mais informações e deixo aqui o press release:
"Coimbra, 12 de Novembro de 2010: Realiza-se de 14 a 23 de Novembro a XVII edição do Caminhos do Cinema Português, o único festival de cinema nacional exclusivamente dedicado ao cinema português.
Durante essa semana vão estar em competição 65 filmes portugueses, entre curtas e longasmetragens, que vão tornar Coimbra na capital do cinema lusitano. Para além da secção competitiva, os espectadores podem ainda assistir a uma série de secções paralelas de forma totalmente gratuita. Entre estas inclui-se a já habitual secção “Caminhos do Cinema Europeu”, este ano dedicado ao cinema turco. De 15 a 22 de Novembro, sempre às 22 horas, o cinema turco é mostrado na sala do Theatrix, espaço recém-inaugurado a partir do antigo Cine-Teatro Avenida.
Os alunos das escolas de cinema têm também oportunidade de mostrar os seus trabalhos no mesmo local na secção “Ensaios Visuais”, com exibições a partir das 17h30, de 15 a 19 de Novembro.
Para graúdos… e miúdos
As manhãs estão reservadas para quem não tem idade para ficar acordado até tarde. Sempre às 10h00 no TAGV, os mais novos tem a oportunidade de tomar o primeiro contacto com o cinema português através da secção “Caminhos Juniores”. Às 15 horas inicia-se a “Retrospectiva Cinema Novo”, com a exibição de películas como “Perdido por Cem”, de António Pedro Vasconcelos, e “Belarmino”, de Fernando Lopes.
Ainda no âmbito do festival, o Foyer do TAGV vai receber duas conferências que vão ajudar a tornar o “Caminhos” num espaço de reflexão cultural e cinematográfica. No dia 17 de Novembro, Paulo Granja vai moderar a conferência “Do Cinema Novo ao cinema.
domingo, novembro 14, 2010
The General
A primeira vez que ouvi falar de Buster Keaton foi no filme “Benny & Joon” de 1993, há muitos anos atrás. A personagem, Sam, interpretada por Johnny Depp era um grande entusiasta de Keaton e interagia com a vida como se fosse o próprio nos seus filmes. Foi assim que o nome daquele que é juntamente com Charles Chaplin uma das maiores lendas do cinema mudo de comédia me chegou aos ouvidos.
Em 1927 quando “The General”, realizado por Buster Keaton e Clyde Bruckman, chegou aos cinemas o resultado foi um falhanço, tanto a nível de crítica como de vendas, curiosamente este até era o filme predilecto de Keaton. Com o tempo isto mudou e hoje em dia é um dos filmes mais conhecidos e apreciados do realizador, tendo já sido considerado em 2002 numa sondagem de críticos, como um dos melhores filmes de sempre.
O filme é inspirado numa grande perseguição a uma locomotiva que decorreu em1862 durante a guerra civil americana, quando um grupo de membros do Union Army, o exército do Norte, tomaram em sua posse o comboio “The General”.
Keaton interpreta o maquinista deste comboio, um homem do Sul, que se aventura na sua perseguição imediatamente após lho roubarem. Para piorar as coisas a mulher que ama encontra-se dentro do comboio como refém.
Como não sou um grande conhecedor a frase que vou escrever vale o que vale, mas mesmo assim queria salientar que este foi o melhor filme que vi do género. Keaton tem uma grande presença cómica e é impossível não nos rendermos ao seu talento.
Ele é também o responsável por todas as suas acrobacias no filme, que são a sua imagem de marca e lhe valeram a alcunha,“The Great Stone Face”, pois durante as mesmas mantinha sempre uma expressão calma sem alterações emotivas. Algumas destas peripécias físicas eram bastante perigosas, sendo a mais famosa, neste filme, a cena inicial em que ele se encontra sentado numa das vigas que liga as rodas do comboio e este começa a andar. Se algo corresse mal ele poderia correr risco de vida. Mas Keaton era assim, se tinha graça, para ele, valia a pena.
Outra cena clássica é a da queda de um comboio de uma ponte abaixo. Não sendo fã de utilizar miniaturas Keaton quis que a cena fosse real o que tornaria, acho, este filme como a sua produção mais cara.
Palavras para quê? “The General” é um clássico e Keaton um mestre, o resto é conversa.
Em 1927 quando “The General”, realizado por Buster Keaton e Clyde Bruckman, chegou aos cinemas o resultado foi um falhanço, tanto a nível de crítica como de vendas, curiosamente este até era o filme predilecto de Keaton. Com o tempo isto mudou e hoje em dia é um dos filmes mais conhecidos e apreciados do realizador, tendo já sido considerado em 2002 numa sondagem de críticos, como um dos melhores filmes de sempre.
O filme é inspirado numa grande perseguição a uma locomotiva que decorreu em1862 durante a guerra civil americana, quando um grupo de membros do Union Army, o exército do Norte, tomaram em sua posse o comboio “The General”.
Keaton interpreta o maquinista deste comboio, um homem do Sul, que se aventura na sua perseguição imediatamente após lho roubarem. Para piorar as coisas a mulher que ama encontra-se dentro do comboio como refém.
Como não sou um grande conhecedor a frase que vou escrever vale o que vale, mas mesmo assim queria salientar que este foi o melhor filme que vi do género. Keaton tem uma grande presença cómica e é impossível não nos rendermos ao seu talento.
Ele é também o responsável por todas as suas acrobacias no filme, que são a sua imagem de marca e lhe valeram a alcunha,“The Great Stone Face”, pois durante as mesmas mantinha sempre uma expressão calma sem alterações emotivas. Algumas destas peripécias físicas eram bastante perigosas, sendo a mais famosa, neste filme, a cena inicial em que ele se encontra sentado numa das vigas que liga as rodas do comboio e este começa a andar. Se algo corresse mal ele poderia correr risco de vida. Mas Keaton era assim, se tinha graça, para ele, valia a pena.
Outra cena clássica é a da queda de um comboio de uma ponte abaixo. Não sendo fã de utilizar miniaturas Keaton quis que a cena fosse real o que tornaria, acho, este filme como a sua produção mais cara.
Palavras para quê? “The General” é um clássico e Keaton um mestre, o resto é conversa.
quinta-feira, novembro 11, 2010
Shaman Warrior Vol. 1
Já há algum tempo que queria conhecer o estilo de Banda Desenhada que dá pelo nome de Manhwa, por isso quando me deparei com este “Shaman Warrior”, de Park Joong-Ki, não hesitei e trouxe para casa o 1º volume. Manhwa está para a Coreia como Manga para o Japão. Pelo que percebi, tanto Manhwa como Manga são termos gerais para designar BD nos seus países de origem, fora deles é que ficaram associados especificamente a BD coreana e japonesa respectivamente.
Manhwa apresenta um traço muito similar ao do Manga. Algo que notei ser diferente é por exemplo a forma de desenhar as faces. O nariz e os olhos são bastante distintos dos típicos desenhados em Manga. A leitura também é diferente, pois é feita como no Ocidente, ou seja, da esquerda para a direita. Isto acontece porque o hangul é tipicamente escrito nesse sentido. Curiosamente aqui, tal como acontece frequentemente em Manga, também se mantém a tradição de desenhar alguns personagens que há primeira vista não sabemos se são homens ou mulheres.
Neste primeiro volume seguimos os personagens, Yarong, um Shaman Warrior (guerreiro com poderes especiais), e Batou o seu discípulo, que se deslocaram até uma taverna na fronteira de Kugai. Logo a inicio são atacados por um vasto grupo de combatentes e a partir daqui o que nos espera é um festival de pancada que dura praticamente até ao final do livro tendo apenas um capítulo que consiste num flashback e onde se conta um pouco sobre quem são Yarong e Batu e qual a razão de estarem ali. Ficamos também a conhecer Yaki a filha de Yarong, ainda bebé, mas que no final do livro se percebe que será uma personagem central nesta trama.
Grande parte deste volume 1, como disse consiste em porrada, a história desenvolve-se muito pouco e não posso neste momento tecer grandes comentários sobre ela, posso apenas dizer que no final torna-se mais intrigante e deu-me vontade de a continuar a descobrir. A arte é muito boa e quanto às cenas de luta o autor consegue dotá-las de uma grande velocidade e dinamismo, que irão certamente agradar aos fãs do género. Pecam no entanto, na minha opinião, por alguma censura. Não digo que todas estas histórias devam seguir o caminho de um “Blade of the Immortal” onde as cenas de luta não têm problemas em mostrar membros esquartejados e grandes quantidades de sangue a borrifar as páginas, mas logo no início de “Shaman Warrior” temos uma cena de decapitação que é tapada por um balão a expressar o som. Pessoalmente se não queriam mostrar uma cabeça a ser cortada eu optaria por mudar a cena, mas nunca tapá-la. Claro que isto é apenas um pequeno pormenor que tem a ver com o meu gosto pessoal, nada que arruíne a leitura.
Nesta edição, da Dark Horse, gostei da ideia de colocarem no final de cada capítulo uma página que nos mostra os esboços iniciais de vários personagens de “Shaman Warrior”. É muito engraçado ver como evoluíram desde essa altura.
Manhwa apresenta um traço muito similar ao do Manga. Algo que notei ser diferente é por exemplo a forma de desenhar as faces. O nariz e os olhos são bastante distintos dos típicos desenhados em Manga. A leitura também é diferente, pois é feita como no Ocidente, ou seja, da esquerda para a direita. Isto acontece porque o hangul é tipicamente escrito nesse sentido. Curiosamente aqui, tal como acontece frequentemente em Manga, também se mantém a tradição de desenhar alguns personagens que há primeira vista não sabemos se são homens ou mulheres.
Neste primeiro volume seguimos os personagens, Yarong, um Shaman Warrior (guerreiro com poderes especiais), e Batou o seu discípulo, que se deslocaram até uma taverna na fronteira de Kugai. Logo a inicio são atacados por um vasto grupo de combatentes e a partir daqui o que nos espera é um festival de pancada que dura praticamente até ao final do livro tendo apenas um capítulo que consiste num flashback e onde se conta um pouco sobre quem são Yarong e Batu e qual a razão de estarem ali. Ficamos também a conhecer Yaki a filha de Yarong, ainda bebé, mas que no final do livro se percebe que será uma personagem central nesta trama.
Grande parte deste volume 1, como disse consiste em porrada, a história desenvolve-se muito pouco e não posso neste momento tecer grandes comentários sobre ela, posso apenas dizer que no final torna-se mais intrigante e deu-me vontade de a continuar a descobrir. A arte é muito boa e quanto às cenas de luta o autor consegue dotá-las de uma grande velocidade e dinamismo, que irão certamente agradar aos fãs do género. Pecam no entanto, na minha opinião, por alguma censura. Não digo que todas estas histórias devam seguir o caminho de um “Blade of the Immortal” onde as cenas de luta não têm problemas em mostrar membros esquartejados e grandes quantidades de sangue a borrifar as páginas, mas logo no início de “Shaman Warrior” temos uma cena de decapitação que é tapada por um balão a expressar o som. Pessoalmente se não queriam mostrar uma cabeça a ser cortada eu optaria por mudar a cena, mas nunca tapá-la. Claro que isto é apenas um pequeno pormenor que tem a ver com o meu gosto pessoal, nada que arruíne a leitura.
Nesta edição, da Dark Horse, gostei da ideia de colocarem no final de cada capítulo uma página que nos mostra os esboços iniciais de vários personagens de “Shaman Warrior”. É muito engraçado ver como evoluíram desde essa altura.
terça-feira, novembro 09, 2010
Scott Pilgrim em Portugal
“Scott Pilgrim” de Bryan Lee O'Malley começou por ser editado em 2010 e rapidamente se tornou um fenómeno. O sucesso foi tal que uma adaptação ao grande ecrã era inevitável e foi feita ainda antes da BD estar terminada.
Felizmente surgiu em Portugal uma nova editora, a Booksmile, que decidiu apostar em “Scott Pilgrim” lançando os dois primeiros volumes: “Na Boa Vida” e “Contra o Mundo” em português e que já se encontram disponíveis desde 4 de Novembro.
É sempre bom ver editoras a apostar em BD por cá e penso que esta edição chega em muito boa hora uma vez que graças ao filme muitas pessoas estão a conhecer este personagem e, espero eu, talvez se venham a interessar por conhecê-lo no universo da BD.
Quanto ao filme a sua estreia está cada vez mais próxima, pois será no dia 8 de Dezembro. Porém para aqueles que sentem não poder esperar mais, aproveitem neste Sábado para ir à antestreia do filme no Estoril Film Festival.
Deixo-vos uma sinopse da obra retirada da press release do lançamento:
"Scott Pilgrim tem 23 anos e está feliz com a vida pacífica que leva. Divide os dias entre o ócio do desemprego voluntário e os ensaios da banda de rock, os Sex Bob-Omb.
Namora com Knives Chau, uma chinesa de apenas 17 anos, facto que preocupa do seus amigos sobretudo quanto às intenções futuras de Scott para com uma rapariga tão nova.
No entanto, a rotina diária dividida entre consolas, a banda e o tempo dedicado à preguiça, vai sofrer um abalo sísmico provocado. A culpada é Ramona Flowers, uma norte-americana recém-chegada ao Canadá, a única estafeta da Amazon na região.
Dois encontros breves foram o suficiente para Pilgrim se apaixonar. Um dia decide fazer uma encomenda pela internet e fica à espera da amada. Ramona gosta de Scott e os dois começam a sair. A história poderia acabar aqui e ter um final feliz. Mas não.
O passado de Ramona vai assombrar a relação. Scott vai ter de lutar contra sete ex-namorados maléficos caso queira continuar a sair com ela. Cada um irá desafiar o herói para uma luta.
É este o universo de Scott Pilgrim. Uma mistura de elementos de videojogos, manga, filmes de kung fu, música e cinema, que se une às questões do amor jovem e do início da vida adulta."
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Scott Pilgrim
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
Alberto Caeiro em "O Guardador de Rebanhos"
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
Alberto Caeiro em "O Guardador de Rebanhos"
sexta-feira, novembro 05, 2010
The Social Network
A semana passada em conversa com um amigo o nome deste filme surgiu, o “Filme do Facebook” como se tem tornado mais conhecido. Ele não demonstrava grande interesse nele, mas quando atirei o nome de David Fincher para a mesa os seus olhos brilharam num pequeno instante, o interesse, tão rápido como o premir de um gatilho, tinha nascido.
Com isto não pretendo menosprezar o tema que tem muito valor, quero apenas salientar que Fincher conquistou tal reputação e admiração, que se quisesse filmar sobre a plantação de nabos o filme iria suscitar interesse na mesma.
Como todos sabem, esta é a história do nascimento daquela que é hoje em dia a rede social mais popular a nível mundial, o Facebook, seguindo o seu criador Mark Zuckerberg muito bem interpretado por Jesse Eisenberg que lhe providencia uma aura de “génio anti-social” nas medidas certas.
Saí do filme a questionar-me em que pé estaria a Humanidade se não existissem as mulheres. Sem contar obviamente com a questão biológica pois sem elas não havia humanidade e centrando-me apenas nas grandes invenções ou mesmo obras de arte criadas pelos homens. Será que existiriam, sem uma mulher para as incentivar? Não que a capacidade não esteja lá na mesma, mas sem uma mulher para as ver, porquê darmo-nos ao trabalho? O Facebook tal como muitas ideias acaba por nascer em parte, também, por causa de uma mulher, neste caso, da necessidade que Mark Zuckerberg tinha em vencer e impressioná-la. Aliado a isto está claro outra necessidade, a de que Zuckerberg tinha em ser aceite por clubes sociais e não falo dos digitais. Em Portugal a vida académica funciona de forma bastante diferente, mas graças aos filmes Americanos temos algumas ideias de como alguns destes clubes universitários funcionam.
É um regresso em grande deste realizador que se está a tornar um cronista dos nossos tempos, primeiro com “Fight Club” e agora, de uma forma mais realista, com “The Social Network”. A construção do argumento de Aaron Sorkin (que faz um curto cameo) adaptado do livro "The Accidental Billionaires" de Ben Mezrich e a edição a cargo de Kirk Baxter e Angus Wall são impecáveis que dotaram o filme de uma grande dinâmica alternando entre as relações pessoais de Zuckerberg durante a criação do Facebook e os processos de tribunal que sofreu anos mais tarde devido a essas mesmas relações. A música de Trent Reznor e Atticus Ross também está longe de passar despercebida, o som industrial que pauta o filme é de realçar, muito bom.
Acho que o elenco também foi muito bem escolhido, já elogiei acima Eisenberg e de resto nunca me pareceu que alguém tenha destoado do seu papel. Andrew Garfield que descobri em “The Imaginarium of Dr. Parnassus” está muito bem no papel do melhor amigo de Zuckerber, Eduardo Saverin o co-criador do Facebook e que é peça fulcral na carga mais dramática do filme a sua relação com a de Zuckerber (e vai ser o novo Homem-Aranha, espectáculo). Armie Hammer também tem grande presença a interpretar os gémeos Cameron e Tyler Winklevoss. Já agora Tyler foi interpretado por Josh Pence do pescoço para baixo durante todo o filme, no entanto Armie Hammer por ser o mais parecido nas feições teve a sua cara a substituir a de Pence digitalmente. Por fim temos Justin Timberlake na pele de Sean Parker o criador do Napster. Vi-o recentemente em “Alpha Dog” e também gostei bastante da sua prestação além do mais há que adorar ver um músico como é Timberlake a gozar com a indústria musical neste filme.
É curioso, ou talvez não, que os filmes deste género têm sempre algo em comum. Quando alguém começa a tornar-se muito famoso e a receber quantidades exorbitantes de dinheiro, as relações de amizade vão, infelizmente, para as urtigas e estou a falar de filmes baseados em histórias verídicas.
Como é que o Facebook se tornou a rede social mais popular na Internet? Mais importante como é que ainda consegue manter esse estatuto? E como modificou a vida dos seus criadores e a de uma geração inteira? Não me alongando mais, fica a sugestão para irem conhecer a história do bilionário mais jovem do planeta e descobrirem as respostas ou o mais próximo que estaremos delas. Na minha opinião um dos grandes deste ano.
Com isto não pretendo menosprezar o tema que tem muito valor, quero apenas salientar que Fincher conquistou tal reputação e admiração, que se quisesse filmar sobre a plantação de nabos o filme iria suscitar interesse na mesma.
Como todos sabem, esta é a história do nascimento daquela que é hoje em dia a rede social mais popular a nível mundial, o Facebook, seguindo o seu criador Mark Zuckerberg muito bem interpretado por Jesse Eisenberg que lhe providencia uma aura de “génio anti-social” nas medidas certas.
Saí do filme a questionar-me em que pé estaria a Humanidade se não existissem as mulheres. Sem contar obviamente com a questão biológica pois sem elas não havia humanidade e centrando-me apenas nas grandes invenções ou mesmo obras de arte criadas pelos homens. Será que existiriam, sem uma mulher para as incentivar? Não que a capacidade não esteja lá na mesma, mas sem uma mulher para as ver, porquê darmo-nos ao trabalho? O Facebook tal como muitas ideias acaba por nascer em parte, também, por causa de uma mulher, neste caso, da necessidade que Mark Zuckerberg tinha em vencer e impressioná-la. Aliado a isto está claro outra necessidade, a de que Zuckerberg tinha em ser aceite por clubes sociais e não falo dos digitais. Em Portugal a vida académica funciona de forma bastante diferente, mas graças aos filmes Americanos temos algumas ideias de como alguns destes clubes universitários funcionam.
É um regresso em grande deste realizador que se está a tornar um cronista dos nossos tempos, primeiro com “Fight Club” e agora, de uma forma mais realista, com “The Social Network”. A construção do argumento de Aaron Sorkin (que faz um curto cameo) adaptado do livro "The Accidental Billionaires" de Ben Mezrich e a edição a cargo de Kirk Baxter e Angus Wall são impecáveis que dotaram o filme de uma grande dinâmica alternando entre as relações pessoais de Zuckerberg durante a criação do Facebook e os processos de tribunal que sofreu anos mais tarde devido a essas mesmas relações. A música de Trent Reznor e Atticus Ross também está longe de passar despercebida, o som industrial que pauta o filme é de realçar, muito bom.
Acho que o elenco também foi muito bem escolhido, já elogiei acima Eisenberg e de resto nunca me pareceu que alguém tenha destoado do seu papel. Andrew Garfield que descobri em “The Imaginarium of Dr. Parnassus” está muito bem no papel do melhor amigo de Zuckerber, Eduardo Saverin o co-criador do Facebook e que é peça fulcral na carga mais dramática do filme a sua relação com a de Zuckerber (e vai ser o novo Homem-Aranha, espectáculo). Armie Hammer também tem grande presença a interpretar os gémeos Cameron e Tyler Winklevoss. Já agora Tyler foi interpretado por Josh Pence do pescoço para baixo durante todo o filme, no entanto Armie Hammer por ser o mais parecido nas feições teve a sua cara a substituir a de Pence digitalmente. Por fim temos Justin Timberlake na pele de Sean Parker o criador do Napster. Vi-o recentemente em “Alpha Dog” e também gostei bastante da sua prestação além do mais há que adorar ver um músico como é Timberlake a gozar com a indústria musical neste filme.
É curioso, ou talvez não, que os filmes deste género têm sempre algo em comum. Quando alguém começa a tornar-se muito famoso e a receber quantidades exorbitantes de dinheiro, as relações de amizade vão, infelizmente, para as urtigas e estou a falar de filmes baseados em histórias verídicas.
Como é que o Facebook se tornou a rede social mais popular na Internet? Mais importante como é que ainda consegue manter esse estatuto? E como modificou a vida dos seus criadores e a de uma geração inteira? Não me alongando mais, fica a sugestão para irem conhecer a história do bilionário mais jovem do planeta e descobrirem as respostas ou o mais próximo que estaremos delas. Na minha opinião um dos grandes deste ano.
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quinta-feira, novembro 04, 2010
O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde
Existem livros que se tornam marcos na literatura mundial, aplaudidos ou pelo público ou pela crítica ou até pelos dois. Alguns destes tornam-se conhecidos em todo o mundo outros nem por isso, o que não quer dizer necessariamente que uns sejam melhores que outros, existem obras-primas nos dois campos. No entanto por alguma razão em particular há livros que são do conhecimento público, mesmo antes de serem lidos. Tal é o caso de obras como “Guerra e Paz” ou “Crime e Castigo”. Todos sabem da sua existência e muitos até quem são os autores, mas será do conhecimento geral as suas histórias? Os seus personagens? Conhecerá a maioria das pessoas que não os leu que o primeiro decorre nas guerras napoleónicas e qual é o crime e o castigo de Raskolnikov no segundo? No geral, penso que não.
Aqui há então uma clara divisão entre livros conhecidos e histórias ou personagens conhecidas. Mesmo quem não leu “Romeu e Julieta” sabe quem são estes dois e o triste fado que os espera, o mesmo para os “Três Mosqueteiros”. É verdade que muitos pensam que Frankenstein é o “monstro” sendo na verdade o cientista, mas ainda assim conhecem a história do homem que criou vida a partir de vários cadáveres. “Drácula” é outro caso e até não fazendo qualquer ideia de como se desenrola a história de “Dorian Gray” muitos saberão que um quadro envelhece no seu lugar, mas em menor escala que os acima referidos. É neste patamar que acredito que se encontra também o clássico de Robert Louis Stevenson, “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e do Sr. Hyde” editado em 1886. Stevenson que é também o autor do não menos conhecido, “A Ilha do Tesouro”.
Considero que isto acontece porque os livros atrás mencionados sofreram inúmeras adaptações (nem sempre fiéis ao original). Desde adaptações ao teatro, ao cinema ou mesmo desenhos animados. Só deste livro em particular há 123 filmes. Com uma exposição em tantos meios diferentes é normal que o conhecimento delas seja vasto, são histórias que se tornaram parte do nosso meio cultural.
Este é um dos casos em que é uma pena sabermos tanto antes de ler o livro. Ao já conhecermos a ligação entre Jekyll e Hyde perdemos o mistério que lhe é inerente, ou seja, a tentativa de descobrir o que une o doutor respeitado Henry Jekyll a uma figura horripilante que dá pelo nome de Edward Hyde. Nisto tive pena, gostava de ter experienciado ler o livro sem este conhecimento, tentar descobrir por mim o que se passava, mas não foi nem será a última vez que tal acontece. Felizmente a história é sólida e muito boa, não vive apenas de uma descoberta, está muito bem desenvolvida e a sua temática é interessante, pois mais do que um mistério é um estudo sobre a dualidade do ser humano, em como uma pessoa é boa e má ao mesmo tempo.
Ao contrário da maior parte das adaptações a história não é contada do ponto de vista de Jekyll ou Hyde, nem assim deveria ser. A personagem que seguimos ao longo da história é Gabriel John Utterson (esquecido em várias adaptações), um advogado e velho amigo do Dr. Jekyll.
Tudo começa quando Utterson tem conhecimento, a partir do seu amigo Enfield, da descrição de um estranho homem que dá pelo nome de Edward Hyde. Baixo como um anão e de feições horrendas apesar de nunca ninguém as conseguir descrever muito bem, Hyde é tido em conta como uma pessoa sem escrúpulos e que liberta uma aura de incrível malevolência. O que desperta particular atenção ao advogado é a ligação que este Hyde tem ao seu grande amigo Dr. Jekyll, pois é o herdeiro de toda a fortuna do doutor e como é que duas criaturas tão díspares são agora tão próximas é um mistério que Utterson se sente compelido a desvendar, não vá o seu pobre amigo estar a ser vítima de chantagem.
Como referi acima o tema desta obra é o da dualidade entre o bem e o mal que existe dentro de todos nós. Este é o tema da pesquisa do Dr. Jekyll que se restringiu apenas a esta dualidade mas tendo consciência de como o ser humano tem várias camadas. O interesse do doutor neste assunto prende-se com o facto de mesmo sendo uma pessoa na sua maioria integra e respeitada, tem um lado negro que não consegue suprimir. O autor nunca nos revela quais são estas necessidades que tanto envergonham o personagem, quem sabe se trate da recorrência a prostitutas ou de relações homossexuais, afinal estamos em pelo séc XIX numa Londres Victoriana onde tais actos eram condenados (e nalguns locais, infelizmente, ainda são). Ou até algo realmente cruel, a verdade é que nunca saberemos.
O problema em negar e tentar esconder as nossas tentações debaixo de um tapete mental nem sempre resultam da melhor forma. Por vezes escondidos no inconsciente esses sentimentos ganham forças e um dia assaltam-nos de surpresa. Stevenson desenvolve esta ideia de uma forma mais drástica e irreal que é extremamente aliciante e assustadora.
terça-feira, novembro 02, 2010
Las Serpientes Ciegas
"Las Serpientes Ciegas" viria a nascer da vontade que Bartolomé Seguí (desenhador e ilustrador) tinha em desenhar uma história que se desenrolasse durante a guerra civil espanhola mas também numa Nova Iorque dos anos 30. Tendo dito isto a Felipe Hernández Cava (autor de BD, guionista para TV, crítico de arte e director editorial), este começou a orquestrar a trama que juntasse estes elementos. Inicialmente, Seguí, pediu a Gabi Beltrán para coloriar a BD, mas eventualmente acabaria por ser o próprio a fazê-lo.
A história começa em 1939 com a chegada de um adversário a Nova Iorque. Conta-nos que se encontra ali porque está em busca de um homem chamado Ben Koch. No entanto nunca nos revela o seu nome e qual a razão da sua perseguição. Encontra-se muito bem vestido, envergando um fato e um chapéu, vermelhos. Será este homem um detective da policia ou um investigador contratado por terceiros? Independentemente da resposta o que podemos concluir é que este misterioso homem não se preocupa em chamar a atenção, nem tem particular pressa em encontrar o seu alvo, instalando-se confortávelmente na pensão de um amigo de Koch e esperando que este venha até si enquanto conhece a cidade.
Em paralelo conhecemos a história do perseguido, Ben Koch, que curiosamente também se encontra em busca de alguém, Curtis Rusciano. A História de Ben vai alternando entre o presente e o passado, de modo a nos dar a conhecer qual a relação entre Ben e Curtis, como ambos se conheceram num grupo comunista em 1936 em Nova Iorque e como se voltaram a encontrar em Barcelona quando Ben foi combater na guerra civil espanhola.
Este foi o primeiro trabalho que conheci de ambos os autores e fiquei muito bem impressionado.
O argumento de Felipe Hernández Cava está muito bem construído, dividindo a história em 7 capitulos cada um com 8 páginas. A história surge-nos a início como um thriller policial e tal como um bom detective, há medida que a vamos descobrindo, cada vez mais mergulhamos numa outra temática, a das ideologias politicas de cada um e como podem ser perigosas quando levadas ao extremo.
A arte de Bartolomé Seguí também não fica nada atrás na qual reconheço influências de Miguelanxo Prado. Adorei o seu retrato de Nova Iorque para o qual usou como referência as fotografias de Berenice Abbott. Pelo que descobri sobre o autor costuma dedicar-se mais ao preto e branco aventurando-se aqui por um caminho menos comum ao ter decidido colori-la. Percebe-se perfeitamente o porquê da escolha pois é uma BD que ganha muito simbolismo na cor e ainda bem que o autor decidiu fazê-lo pois o resultado é espantoso.
Foi uma obra que não passou despercebida em Espanha tendo arrecadado vários prémios em 2009 e tendo sido também considerada em França como uma das melhores 15 BD´s em 2008.
Comprei-o o ano passado quando passei por Madrid. Gosto sempre de procurar pela BD de um país quando o estou a visitar. Claro que em certos locais a língua dificulta ou impossibilita a leitura, mas felizmente o castelhano não é um problema.
A história começa em 1939 com a chegada de um adversário a Nova Iorque. Conta-nos que se encontra ali porque está em busca de um homem chamado Ben Koch. No entanto nunca nos revela o seu nome e qual a razão da sua perseguição. Encontra-se muito bem vestido, envergando um fato e um chapéu, vermelhos. Será este homem um detective da policia ou um investigador contratado por terceiros? Independentemente da resposta o que podemos concluir é que este misterioso homem não se preocupa em chamar a atenção, nem tem particular pressa em encontrar o seu alvo, instalando-se confortávelmente na pensão de um amigo de Koch e esperando que este venha até si enquanto conhece a cidade.
Em paralelo conhecemos a história do perseguido, Ben Koch, que curiosamente também se encontra em busca de alguém, Curtis Rusciano. A História de Ben vai alternando entre o presente e o passado, de modo a nos dar a conhecer qual a relação entre Ben e Curtis, como ambos se conheceram num grupo comunista em 1936 em Nova Iorque e como se voltaram a encontrar em Barcelona quando Ben foi combater na guerra civil espanhola.
Este foi o primeiro trabalho que conheci de ambos os autores e fiquei muito bem impressionado.
O argumento de Felipe Hernández Cava está muito bem construído, dividindo a história em 7 capitulos cada um com 8 páginas. A história surge-nos a início como um thriller policial e tal como um bom detective, há medida que a vamos descobrindo, cada vez mais mergulhamos numa outra temática, a das ideologias politicas de cada um e como podem ser perigosas quando levadas ao extremo.
A arte de Bartolomé Seguí também não fica nada atrás na qual reconheço influências de Miguelanxo Prado. Adorei o seu retrato de Nova Iorque para o qual usou como referência as fotografias de Berenice Abbott. Pelo que descobri sobre o autor costuma dedicar-se mais ao preto e branco aventurando-se aqui por um caminho menos comum ao ter decidido colori-la. Percebe-se perfeitamente o porquê da escolha pois é uma BD que ganha muito simbolismo na cor e ainda bem que o autor decidiu fazê-lo pois o resultado é espantoso.
Foi uma obra que não passou despercebida em Espanha tendo arrecadado vários prémios em 2009 e tendo sido também considerada em França como uma das melhores 15 BD´s em 2008.
Comprei-o o ano passado quando passei por Madrid. Gosto sempre de procurar pela BD de um país quando o estou a visitar. Claro que em certos locais a língua dificulta ou impossibilita a leitura, mas felizmente o castelhano não é um problema.
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