Neste "Ladrões de Bicicletas", Vittorio De Sica traz-nos uma história sobre um pai de família, situada numa Itália pós-segunda guerra. Os tempos são duros para o povo e quando Antonio Ricci recebe a tão esperada oportunidade de emprego, tenta de tudo, com a ajuda da sua família, para não a desperdiçar. O único senão é que Ricci precisa obrigatoriamente de ter uma bicicleta, algo que a dada altura, lhe é roubado.
É um filme que se foca nos valores morais e familiares, os quais são colocados à prova quando roubam a bicicleta de Ricci, a qual no filme, simboliza literalmente o sustento da sua família. Enquanto o protagonista procura pelo ladrão ao longo de toda a Roma, é sempre acompanhado do seu filho. Aqui De Sica explora muito bem a relação entre um e outro. Para um pai existe toda uma responsabilidade em cuidar dos filhos e um dos maiores temores está na possibilidade de se falhar para com eles, um receio ainda mais agravado quanto mais cruéis forem os tempos. Por outro lado também a imagem do pai enquanto herói aos olhos do filho, não é esquecida e a forma como a interacção entre estas duas personagens se vai desenvolvendo é um dos aspectos mais maravilhosos do filme. Na forma como os filhos olham para os seus pais este filme fez-me lembrar "Eu nasci, mas..." de Yasujirô Ozu, ainda que o filme do realizador japonês seja completamente distinto deste.
É um daqueles filmes cuja humanidade transborda do ecrã directamente para o nosso coração. Um daqueles casos em que sabemos instantaneamente que esta será uma história que nos acompanhará para o resto da vida. Não é nada surpreendente que seja citado por vários realizadores como sendo uma grande influência. O que De Sicca criou aqui, vai viver para sempre.
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