terça-feira, março 10, 2015

O Espelho de Mogli


"O Espelho de Mogli", editado no ano passado pela MMMNNNRRRG, trata-se de uma das peças de BD mais notáveis a chegar ao nosso mercado nos últimos anos. O livro de  Olivier Schrauwen, consegue cativar-nos pelo seu conteúdo, pela sua sensibilidade gráfica e até pelo objecto em si (o formato é o de uma espécie de jornal). Estamos a falar de uma peça que tem tudo para se tornar de culto.

A ideia pode ter nascido do livro de Kipling, quando o autor pegou no conceito do menino criado na selva, mas rapidamente seguiu o seu próprio curso e um muito diferente do explorado em o "Livro da Selva". Em "O Espelho de Mogli" seguimos o protagonista na procura de companhia, um exercício que acaba por se provar infrutífero, porque por mais que a selva seja uma casa para Mogli, este continua a ser um estrangeiro no meio dos seus habitantes.  Olivier Schrauwen, sem nunca recorrer ao uso de uma palavra, traz-nos assim uma excelente reflexão sobre a identidade do Homem e a fronteira que se ergue entre ele e o animal.  Uma viagem de reflexos e reflexões, para o Homem que procura conhecer-se melhor. Tudo isto sempre pautado por emoções diversas, pois Schrauwen é um mestre a compôr este trabalho, conseguindo colocar-nos a rir de Mogli com a mesma facilidade e à vontade que nos faz sentir a sua dor e desespero.

Em relação a esta edição, difere da original no tamanho - é maior, com 25 x 30 cm - e na cor, previligiando o uso do laranja e azul, numa composição muito terrena, de um livro que, por vezes, tem um sabor bastante onírico.

Foi um livro que acabou por surgir numa altura em que não estava a escrever sobre nada. Mas pelo impacto que teve em mim e por considerá-lo, provavelmente, o lançamento mais relevante de 2014, não podia deixar passá-lo despercebido aqui no blog. Estou a falar de lançamentos de material novo, pois 2014 teve a edição de MAUS e da Mafalda que serão sempre peças fundamentais deste universo que é a BD.


2 comentários:

MMMNNNRRRG disse...

wow!
gracias!!!
M

Loot disse...

Não conhecia o trabalho dele, foi uma grande surpresa. Por ter gostado tanto andava a incomodar-me não lhe ter dado mais destaque. Mais vale tarde que nunca.

Abraço