segunda-feira, julho 29, 2013
sexta-feira, julho 26, 2013
Alternative Prison na Rádio
O sonho de participar em rádio aconteceu agora graças ao convite do Tadeu Almeida, um dos locutores da Rádio Limite que juntamente com Francisco Favinha, tem um programa cultural intitulado "Cartaz Daire". É verdade que já tinha feito uma "Hora do Bolo" na Radar, mas desta vez a participação foi muito maior.
No âmbito do programa fui falar de algumas novidades de BD, naquilo que se pode traduzir numa conversa entre amigos, onde acabou por se falar também de Cinema e televisão. Aproveitei a oportunidade para me focar na BD feita por portugueses, uma vez que se a BD é pouco falada nos meios de comunicação, a nacional ainda menos. Os escolhidos foram portanto Marco Mendes com o seu recente "Anos Dourados" e Jorge Coelho desenhador do "Polarity" que viu a sua conclusão este mês - dêem um desconto aos nervos que me fazem falar e falar.
Em relação às sugestões que dei de leitura, além das novidades, acabei por me concentrar no material que foi editado recentemente uma vez que há uma grande facilidade em encontrá-los à venda. Agora após ter terminado vejo que devia ter aconselhado alguma BD humorística, fica para uma próxima oportunidade.
Podem ouvir o programa aqui, mas aviso que se ao me lerem imaginavam uma voz de Mark Sandman, então é melhor não ouvirem. Aconselho também a audição das edições anteriores, todas disponíveis na Mixcloud.
Mais uma vez um muito obrigado ao Francisco Favinha e principalmente ao Tadeu Almeida pelo convite e voto de confiança.
quinta-feira, julho 25, 2013
O Batman Senta-se?
Espero que o título tenha captado a atenção, foi uma história que achei muito tola e curiosa - maioritariamente tola - e que ando para partilhar já à algumas semanas. Aliás é precisamente por ser tão disparatada que acredito que seja verdade.
Este tema de conversa sobre o Batman surge após uma carta aberta e, no seu seguimento, uma entrevista dada ao site Bleeding Cool por Paul Jenkins, relativamente à sua saída das grandes editoras de BD norte-americanas, a DC e a Marvel. Já aqui tinha falado do projecto mais recente do autor, "Fairy Quest", em que ele recorreu à plataforma do Kickstarter para o desenvolver e que está agora a ser editado pela "BOOM". Parece que o corte com as editoras mencionadas almeja ser permanente.
Nestes documentos Jenkins espelha bem o seu descontentamento com o modo de funcionamento destas editoras nomeadamente naquilo que chegam a apelidar de "bullying dos criadores". A partir da entrevista Jenkins respondeu a algumas questões dos fãs e uma delas chamou a especial atenção de todos - que foi posteriormente salientada aqui - e que passo a transcrever:
I would like to relay an editorial comment that I received near the end of my time writing the Dark Knight New 52 series. In one scene, I had written that Batman is sitting on a rooftop during an intense conversation, close to a person who has been injured. The editorial comment: “We’re not sure you are “getting” the character because it’s common knowledge that Batman never sits down.” This, mind you, after I had made it clear I was not going to rewrite material for the umpteenth time after it had already been approved.
Now aside from the fact that Batman could just as easily sit on his haunches as anything, if writing the character sitting down shows a basic lack of understanding of the character then I guess Alan Moore didn’t understand the character in Killing Joke:
And obviously Frank Miller missed out on the point during his Dark Knight Strikes Again series:
And, of course, Batman never sits down when he is in the Bat Cave looking at all those monitors. I think, perhaps, that if editorial comments are focused around, say, a character’s penchant for standing up as opposed to, say, the interactions between characters or the flow and structure of the story then the people behind such comments are missing the point. The requisite qualification for being a good editor does not have to be a degree in English (though that might help) but neither should it be a ridiculous adherence to past continuity, especially not a haphazard and inaccurate one.
Sucintamente, na altura em que Jenkins escrevia o título "The Dark Knight" (dos Novos 52) foi acusado de não estar a "compreender" bem a personagem do Batman porque escreve uma cena em que ele se encontra sentado. Obviamente que com tom jocoso Jenkins relembra rapidamente uma série de cenas em que Batman já surgiu sentado (The Killing Joke, Dark Knight Strikes Again, etc). Actualmente uma das imagens de marca de Batman é, precisamente, a dele sentado a olhar para os vários ecrãs da Batcave, mas enfim... É verdade que em muitas reuniões da Justice League, Batman permanecia de pé, mas dizer que a personagem nunca se senta e, principalmente, criticar um autor por isso não abona nada a favor da imagem dos editores da DC Comics (ou pelo menos deste em questão) e Jenkins critica isso com razão no último parágrafo que coloquei. É que além dos editores não terem nada a comentar em relação à interacção das personagens, a única coisa que criticam prende-se com uma questão relacionada com a continuidade antiga (estamos num reboot) e - a cereja no topo do bolo - incorrecta. Porque fosse algo importante tem termos de continuidade e faria todo o sentido a chamada de atenção - não é o caso.
Como tudo isto é do mais tolo que pode haver na indústria da BD, rapidamente alguém criou um tumblr sobre o assunto onde todos enviam imagens de Batman sentado nas BDs. Hilariante logo na imagem de apresentação. Vale a pena lembrar que nos dias de hoje é preciso ter muito cuidado com o que dizemos, a internet não perdoa. Podem consultar o tumblr aqui.
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terça-feira, julho 23, 2013
Wolverine - Vol.1 (#1-4) 1982
Com a estreia à porta de "The Wolverine" regresso com mais uma sugestão bedéfila, desta vez uma bastante óbvia, ou seja, o arco de Wolverine escrito em 1982 por Chris Claremont e desenhado por Frank Miller. Escolhi-a por ser a história em que o filme se inspira, mas também, e mais ainda, porque vale bem a pena conhecer.
A ideia destas sugestões é a de aproveitar a projecção que estes filmes têm para fazer uma ponte entre eles e a BD, aproveitando assim o sucesso de um para dar a conhecer mais do outro. A intenção não era a de sugerir que ficam melhor servidos a ler estas sugestões do que a ver os filmes em questão, afinal de contas, são desportos diferentes e o prazer de um não implica nem arruína o do outro. Contudo, este ano os filmes têm ficado aquém das minhas expectativas, apesar de terem todos grandes momentos - o "Iron Man 3" tira uma grande cartada com o Mandarim e a introdução de "Man of Steel" é imponente - no final fica a sensação de que se podia ter ido mais além. No caso de "The Wolverine", inicialmente fiquei muito entusiasmado quando Darren Aronofsky foi revelado como o realizador deste filme, imagino que muitos de nós ficaram. Ter o realizador de "The Fountain" a pegar neste material era tão promissor que só podia ser mentira... Passado algum tempo Aronofsky saiu do projecto, por razões que questiono se foram mesmo autênticas, mas não vale a pena entrar em especulações. O projecto continua e pelas amostras em trailers e primeiras críticas, parece ser mais do mesmo que vimos no primeiro, ou seja, fraquinho (o que me lembra que vale a pena ler a "Origem" de Wolverine). Pessoalmente vou arriscar e vê-lo em casa, não quero contribuir para que continuem a pegar nestas personagens e nos sirvam material muito aquém do que elas merecem. É preciso mostrar aos estúdios que não é por ter o nome de uma destas personagens no título de um filme que ele será um sucesso comercial, é preciso mostrar-lhes que precisam ter qualidade. Mas chega de falar do filme, até porque nem o vi e fica-me mal.
Em relação a esta história, penso que foi a primeira a ser escrita sob o título de "Wolverine", em adição, tenho ideia que também é a primeira que foca o passado da personagem no Japão associando-o aos samurais, algo que hoje é uma imagem de marca da mesma.
Quando Logan recebe a notícia do casamento de Mariko Yashida, a sua amada, regressa imediatamente ao Japão para a confrontar com esta história. Os seus sentimentos ainda entram em maior turbilhão quando a encontra e descobre que tem sido vítima de abusos domésticos por parte do seu novo marido, um casamento ao qual Mariko foi obrigada para não desonrar o seu pai que havia oferecido a sua mão. Shingen Yashida, líder do clã Yashida e pai de Mariko, havia sido considerado morto, mas agora, passado alguns anos, está de regresso para provar o contrário. Neste retorno parece ter vindo um homem mais cruel e, pior ainda, sem honra, algo que Mariko ainda não contemplou na sua plenitude, mas que está condenada a descobrir.
Num primeiro encontro entre Shingen e Logan, o segundo é humilhado em combate pelo primeiro, não por ter perdido, mas pela forma desleal com que chega a combater. O que o mancha aos olhos de Mariko, que desconhece que Logan foi envenenado antes, não se encontrando em situação leal. Após ter sucumbido ao seu lado animal e ter visto a vergonha no olhar de Mariko, Logan opta por deixá-la em paz. Mas Shingen tem outros planos para "o animal" e sem saber Logan envolve-se numa grande conspiração pelo poder do crime organizado no Japão.
Chris Claremont é um excelente contador de histórias visuais e foi um dos nomes mais importantes a passar pelos "X-Men", nomeadamente por Wolverine em particular. Aqui presenteia-nos com a primeira história de Wolverine a solo, nesta série limitada de quatro números que posteriormente seria precedida por uma série continua, também escrita por Claremont e que narra as aventuras do herói em Madripoor.
Um dos grandes focos nesta história consiste na abordagem à dualidade na vida de Logan, à sua constante luta interior entre o seu lado humano e animal - Dr. Jeckyl e Mr. Hyde saltam à memória - e que é bem desenvolvida pelo autor. Estando no Japão o código de honra de um guerreiro ganha especial relevo e é interessante ver como Logan começa por se perder no início da história, para posteriormente se encontrar, descobrindo que não tem de ser o animal que Shingen o faz crer que é. Acima de tudo Logan é um guerreiro e um com honra.
A Claremont junta-se Frank Miller e é pena que apenas nestes quatro números. Tenho ideia que Miller foi uma influência forte na história e a nível de desenho é mais um trabalho notável seu, gostava de o ver mais vezes a desenhar o Wolverine. Lembro-me que a início me deslumbrei mais com as capacidades narrativas de Miller, mas quanto mais conheço o seu trabalho gráfico mais o admiro também como desenhador. Tem sempre um olho atento para a personagem que está a trabalhar avaliando clinicamente a forma como esta se deve mover, e claro, lutar. A forma como um Aranha, um Daredevil ou um Wolverine combatem é diferente e isso nota-se muito bem no trabalho de Miller.
Algo que se torna muito dispensável quando lemos a história seguida são as constantes introduções à personagem em todos os números. No início de todos os comics Claremont explica sempre quais os poderes de Wolverine. Era algo comum na altura, principalmente sendo o início da série a solo da personagem, para que qualquer leitor pudesse pegar em qualquer número e situar-se minimamente na narrativa.
Para concluir resta-me dizer que esta história teve um forte impacto na "carreira" da personagem. tendo-se tornado numa das mais populares. Além do filme também este arco foi adaptado na série de animé de Wolverine. A série também se encontra editada em português pela Devir.
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segunda-feira, julho 22, 2013
Anos Dourados
Depois de “Diário Rasgado”, o autor Marco Mendes está de regresso com “Anos Dourados”. Desta vez, o Colégio das Artes da Universidade de Coimbra junta-se à parceria entre a Mundo Fantasma e a Associação Turbina, uma vez que a sua edição é feita no contexto da exposição “Maré Baixa”, integrada na XV semana cultural desta Universidade.
Neste novo livro o autor compila uma série de desenhos que realizou ao longo dos últimos 10 anos. A sua proximidade no tema e no formato fazem de “Diário Rasgado” e de “Anos Dourados” dois livros irmãos, onde no primeiro se encontram reunidas as BD`s do autor e, no segundo, as suas ilustrações (salvo uma excepção).
Para saberem mais sobre este livro podem ler aqui o meu texto na "Rua de Baixo".
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sexta-feira, julho 19, 2013
Balcão Trauma - Lançamento
Depois de "Sexo, Mentiras e Fotocópias", Álvaro está de regresso com "Balcão Trauma" que parece seguir a mesma linha humorística que o seu antecessor, ou seja, prometendo uma série de situações mirabulantes entre um qualquer cliente e um qualquer funcionário, que certamente trarão boas gargalhadas.
O lançamento irá decorrer, neste sábado dia 20 de Julho pelas 17h00, na Feira do Livro de Poesia e Banda Desenhada na Guilherme Cossoul de Campolide, Rua Professor Sousa da Câmara, 156, Campolide - Lisboa. A apresentação está a cargo de Geraldes Lino.
Hannibal: Temporada 1
Depois de ter gabado o início de Hannibal aqui, venho agora, após 13 episódios, confirmar que a primeira temporada foi um dos grandes acontecimentos televisivos do ano.
O início da série foca-se muito em nos apresentar o detective Will Graham interpretado por Hugh Dancy que faz um trabalho notável a dar vida a este investigador atormentado que tem o "dom" de conseguir estabelecer facilmente empatia com as pessoas, o que o faz compreender a mente de um serial killer como poucos. O que Graham tem a mais, os psicopatas têm a menos, mas mesmo assim, quando o mesmo mergulha a fundo nas profundezas da psique de um maníaco, isso pode deixar as suas marcas e a sanidade de Graham começa a ser questionada.
Posteriormente, a série volta a sua maior atenção a Hannibal, que começa a estabelecer uma amizade com Will Graham. Sei que todos temos a imagem de Hopkins muito presente na memória quando se trata desta personagem, mas aqui Mads Mikkelsen é mestre e senhor, dando uma nova roupagem à personagem e tornando-a sua. A forma como Fuller a desenvolve no papel e, posteriormente, como Mikkelsen a transporta para o ecrã, rapidamente nos conquistam, só é preciso dar-lhes uma oportunidade.
De resto, como referi anteriormente, toda a estética dos episódios é muito bem orquestrada. Por se tratar de uma série que passa em sinal aberto, Fuller teve de se conter nas doses de sangue, mas nada que se faça sentir, a abordagem mais fria às cenas do crime é muito funcional e deixa a sua marca no espectador. Não resisto à tentação de referir que "Hannibal" é como uma refeição gourmet, preparada com muita atenção e delicadeza, o que me lembra as cenas com os preparativos culinários de Hannibal, os quais resultam sempre em grandes momentos de televisão, e onde aproveito para salientar o fantástico "Sorbet".
Trata-se também de uma série muito imaginativa, vi aqui alguns dos crimes mais horrendos e criativos da história da televisão. Tudo isto juntamente com a relação entre Hannibal e Will Graham, fizeram de "Hannibal"uma das séries mais antecipadas da semana. Todas as quintas estava ansioso para que desse mais um episódio. Já agora aproveito também para referir o quanto bom foi rever Caroline Dhavernas como Dr. Alana Bloom - está tão crescida desde "Wonderfalls" - e Gillian Anderson como Dr. Bedelia Du Maurier.
De resto, tendo por pano de fundo alguns crimes distintos, há sempre uma clara linha narrativa em que a série segue, desenvolvendo muito as repercurssões que o assassino de "Minnesota Shrike" teve em Will. Tal como é referenciado nos livros, este foi um caso que o atormentou particularmente.
A recta final é portentosa, onde vamos assinstindo ao culminar de todo um plano maticuloso de Hannibal que foi sendo contruído a cada episódio.Para todos os fãs desta mitologia o final é extremamente simbólico e, por isso mesmo, ainda mais poderoso.
Uma grande série, que felizmente já tem a segunda temporada confirmada.
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terça-feira, julho 16, 2013
12 Years a Slave - Trailer
"I don't want to survive. I want to live."
segunda-feira, julho 15, 2013
Uma Injecção de Woody Allen II
Woody Allen é um daqueles nomes que quanto mais se conhece, mais se adora. Agora sempre que me dedico a conhecer mais um pouco da sua filmografia os meus planos para ver um filme dele extendem-se em ver mais, como foi o caso este fim-de-semana em que vi três. Um filme de Allen por dia é uma alegria (estou a contar a sexta à noite).
Desde este post já vi o "Take the Money and Run" que é a segunda longa realizada por Allen e trata de uma história hilariante sobre o pior assaltante do mundo, Virgil Starkwell, interpretado, pois claro, por Woody Allen. Aquela cena em que Virgil (caramba até o nome é engraçado) ao assaltar o banco acaba por discutir a sua ortografia com o funcionário é um dos momentos mais icónicos do filme.
De seguida fui ao cinema ver "To Rome With Love", que mesmo estando furos abaixo do anterior "Midnight in Paris" é um filme bastante agradável e que gostei particularmente pela oportunidade de rever Allen na interpretação, que saudades.
Este fim-de-semana dediquei-me então aos seguintes, sobre os quais vou escrever muito breves apontamentos, porque de outra forma acabaria por não falar deles e são filmes que merecem ser espalhados como a boa nova:
Love and Death (1975)
Este é o filme com que Woody Allen encerra uma fase da sua carreira, uma mais ligada ao seu lado comediante. É verdade que o humor é algo que se mantém em quase todos os seus filmes, é parte essencial do seu charme, mas há uma clara distinção entre um Allen pré e pós-Annie Hall. Já o referi aqui, acho que a primeira fase de Allen também é genial, são filmes muito distintos dos futuros "mais sérios", mas que no seu género são do melhor que vi. Dificilmente imagino um filme que encerre melhor esta fase do que "Love and Death" que neste registo é Allen no seu expoente máximo. O filme tem um ritmo de piadas alucinante e, ainda por cima, vai buscar inspiração a alguns clássicos de literatura Russa, como obras de Tolstói e Dostoiévski - aquele diálogo final entre pai e filho sobre as personagens de Dostoiévski é fantástico. Posso estar a ser influenciado por o ter bem presente na memória agora, mas de momento parece-me o melhor filme de Allen pré-Annie Hall, pelo menos em termos de comédias malucas, as chamadas screwball comedies. Também se nota aqui, talvez pela primeira vez, o gosto de Allen pelo cinema de Ingmar Bergman, como se pode ver na sequência final da personagem de Diane Keaton, uma clara homenagem ao filme "Persona". A música, como não podia deixar de ser, tinha de ter uma forte identidade russa e o escolhido para a missão foi: Serguei Prokofiev. Curioso que pensava que "Match Point" era o primeiro filme com aquele teor tão negro de Allen e com uma banda sonora de música clássica em vez do típico Jazz usado pelo realizador. Agora após ter visto "Crimes and Misdemeanors" e este, já confirmei que estava errado nos dois pressupostos.
Sleeper (1973)
Este é o filme anterior a "Love and Death" uma viagem pelo mundo da ficção-científica e o primeiro em que entra Diane Keaton, cuja presença se manteria até "Manhattan". Miles Monroe (Woody Allen) é oriundo de 1973 e foi crio-preservado após complicações no hospital. Para sua grande surpresa vê-se despertado 200 anos no futuro por um grupo de rebeldes cuja missão é destronar o actual regime. Como Miles é o único humano que não está catalogado pode servir como um grande espião para a resitência. É mais um Allen cheio de momentos hilariantes que prima muito pela comédia fisica e também por isso mais reminiscente das comédias mudas - certamente que já quase todos passaram os olhos pela sua figura a imitar um robô. Gostei também particularmente do fim, quando Miles espelha a sua falta de fé no sistema político e na religião, referindo que as únicas coisas em que acredita na vida, são o sexo e a morte. As peripécias são sempre acompanhadas de um bom ritmo Jazz, com o próprio Allen no clarinete.
Manhattan (1979)
Já andava com o olho fisgado neste há muito tempo. Quando se fala de Woody Allen, todos mencionam "Annie Hall" e "Manhattan". Mas também por essa razão quis guardá-lo para ver posteriormente, como algo que guardamos com carinho para ver numa altura especial. Compreendo perfeitamente a paixão que o filme suscita, a bela Manhattan a ser filmada em preto-e-branco e os amores e desamores de Isaac, são Allen no seu melhor e adoro esta sua persona - quase de certeza auto-biográfica - de intelectual hipocondríaco. Allen tem dos melhores diálogos no Cinema, sempre com uma série de referências de valor. Lembro-me do seu primeiro encontro com Mary (Diane Keaton) em que discutem a sobre-valorização de certos autores, uma conversa excelente onde surgem nomes como os de Fitzgerald, Mahler e, claro, Ingmar Bergman. Se Isaac os defende a todos nota-se aqui, novamente, um destaque dado à importância que o autor dá ao cinema de Bergman, um dos realizadores por quem nutre maior admiração. É um filme ao qual é díficil não ficar rendido, Allen escreve muito bem sobre relações humanas e com uma cidade fantástica como pano de fundo. Um dos seus planos mais conhecidos tem de ser o dele ao lado de Keaton sobre a ponte de Brooklyn, após aquela longa e íntima conversa nocturna entre os dois e que foi posteriormente usada para o poster. A introdução ao filme é também uma cena marcante, enquanto visitamos a cidade Isaac tenta escrever o início do seu livro, uma história, que pelo que ele descreve, me parece ser a história de "Manhattan".
Desde este post já vi o "Take the Money and Run" que é a segunda longa realizada por Allen e trata de uma história hilariante sobre o pior assaltante do mundo, Virgil Starkwell, interpretado, pois claro, por Woody Allen. Aquela cena em que Virgil (caramba até o nome é engraçado) ao assaltar o banco acaba por discutir a sua ortografia com o funcionário é um dos momentos mais icónicos do filme.
De seguida fui ao cinema ver "To Rome With Love", que mesmo estando furos abaixo do anterior "Midnight in Paris" é um filme bastante agradável e que gostei particularmente pela oportunidade de rever Allen na interpretação, que saudades.
Este fim-de-semana dediquei-me então aos seguintes, sobre os quais vou escrever muito breves apontamentos, porque de outra forma acabaria por não falar deles e são filmes que merecem ser espalhados como a boa nova:
Love and Death (1975)
Este é o filme com que Woody Allen encerra uma fase da sua carreira, uma mais ligada ao seu lado comediante. É verdade que o humor é algo que se mantém em quase todos os seus filmes, é parte essencial do seu charme, mas há uma clara distinção entre um Allen pré e pós-Annie Hall. Já o referi aqui, acho que a primeira fase de Allen também é genial, são filmes muito distintos dos futuros "mais sérios", mas que no seu género são do melhor que vi. Dificilmente imagino um filme que encerre melhor esta fase do que "Love and Death" que neste registo é Allen no seu expoente máximo. O filme tem um ritmo de piadas alucinante e, ainda por cima, vai buscar inspiração a alguns clássicos de literatura Russa, como obras de Tolstói e Dostoiévski - aquele diálogo final entre pai e filho sobre as personagens de Dostoiévski é fantástico. Posso estar a ser influenciado por o ter bem presente na memória agora, mas de momento parece-me o melhor filme de Allen pré-Annie Hall, pelo menos em termos de comédias malucas, as chamadas screwball comedies. Também se nota aqui, talvez pela primeira vez, o gosto de Allen pelo cinema de Ingmar Bergman, como se pode ver na sequência final da personagem de Diane Keaton, uma clara homenagem ao filme "Persona". A música, como não podia deixar de ser, tinha de ter uma forte identidade russa e o escolhido para a missão foi: Serguei Prokofiev. Curioso que pensava que "Match Point" era o primeiro filme com aquele teor tão negro de Allen e com uma banda sonora de música clássica em vez do típico Jazz usado pelo realizador. Agora após ter visto "Crimes and Misdemeanors" e este, já confirmei que estava errado nos dois pressupostos.
Sleeper (1973)
Este é o filme anterior a "Love and Death" uma viagem pelo mundo da ficção-científica e o primeiro em que entra Diane Keaton, cuja presença se manteria até "Manhattan". Miles Monroe (Woody Allen) é oriundo de 1973 e foi crio-preservado após complicações no hospital. Para sua grande surpresa vê-se despertado 200 anos no futuro por um grupo de rebeldes cuja missão é destronar o actual regime. Como Miles é o único humano que não está catalogado pode servir como um grande espião para a resitência. É mais um Allen cheio de momentos hilariantes que prima muito pela comédia fisica e também por isso mais reminiscente das comédias mudas - certamente que já quase todos passaram os olhos pela sua figura a imitar um robô. Gostei também particularmente do fim, quando Miles espelha a sua falta de fé no sistema político e na religião, referindo que as únicas coisas em que acredita na vida, são o sexo e a morte. As peripécias são sempre acompanhadas de um bom ritmo Jazz, com o próprio Allen no clarinete.
Manhattan (1979)
Já andava com o olho fisgado neste há muito tempo. Quando se fala de Woody Allen, todos mencionam "Annie Hall" e "Manhattan". Mas também por essa razão quis guardá-lo para ver posteriormente, como algo que guardamos com carinho para ver numa altura especial. Compreendo perfeitamente a paixão que o filme suscita, a bela Manhattan a ser filmada em preto-e-branco e os amores e desamores de Isaac, são Allen no seu melhor e adoro esta sua persona - quase de certeza auto-biográfica - de intelectual hipocondríaco. Allen tem dos melhores diálogos no Cinema, sempre com uma série de referências de valor. Lembro-me do seu primeiro encontro com Mary (Diane Keaton) em que discutem a sobre-valorização de certos autores, uma conversa excelente onde surgem nomes como os de Fitzgerald, Mahler e, claro, Ingmar Bergman. Se Isaac os defende a todos nota-se aqui, novamente, um destaque dado à importância que o autor dá ao cinema de Bergman, um dos realizadores por quem nutre maior admiração. É um filme ao qual é díficil não ficar rendido, Allen escreve muito bem sobre relações humanas e com uma cidade fantástica como pano de fundo. Um dos seus planos mais conhecidos tem de ser o dele ao lado de Keaton sobre a ponte de Brooklyn, após aquela longa e íntima conversa nocturna entre os dois e que foi posteriormente usada para o poster. A introdução ao filme é também uma cena marcante, enquanto visitamos a cidade Isaac tenta escrever o início do seu livro, uma história, que pelo que ele descreve, me parece ser a história de "Manhattan".
sábado, julho 13, 2013
O que ando a ler de BD Norte-Americana actual
Depois de ter falado do que ando a ler no campo dos "Super-Heróis" actualmente, chega a vez de falar de outros géneros (bem há aqui um que ainda entra no campo do Super). Porque há muito mais vida além dos Super-Heróis na indústria norte-americana de comics e que vale a pena conhecer.
Sou um grande apreciador de muitas das histórias editadas do outro lado do oceano, mas normalmente conheço-as posteriormente comprando as compilações, é mais fácil acertar no que vale realmente a pena assim. Desta vez estou a tentar estar mais a par do que se faz na actualidade e talvez consiga ter uma bela série para coleccionar em formato comic.
Como a ficção espelha muitas vezes a realidade, tem-se notado muito em algum material novo o quanto a actual crise económica tem influenciado o trabalho dos autores, sem mencionar um que é todo ele direccionado para nos alertar sobre o assunto, mas já lá vou.
Occupy Comics
Em 2012 vimos nascer uma nova editora de BD norte-americana intitulada "Black Mask" que foi fundada pelos autores de BD Matt Pizzolo e Steve Niles, e pelo músico dos "Bad Religion" Brett Gurewitz. Esta editora surge da necessidade em criar uma editora que publique comics mais transgressivos e que apoie mais os seus criadores. Um dos seus títulos que nasceu do apoio na plataforma do "Kickstarter" foi esta antologia "Occupy Comics" que será composta por três números. Nesta antologia juntaram-se muitos nomes de referência na indústria da BD, nomeadamente Alan Moore (que assinala um extenso artigo sobre a história da BD), Art Spiegelman, David Lloyd, Ben Templesmith, J. M. DeMatteis, entre tantos outros.
A antologia é criada por causa do movimento "Occupy Wall Street" e por isso mesmo todos os lucros revertam a favor de movimentos "Occupy". Para Matt Pizzolo este era um projecto que fazia todo o sentido uma vez que o movimento "Occupy" está associado a uma estética artística, tendo começado com a imagem de uma bailarina em cima do touro de Wall Street com protestantes no fundo. Também o grupo "Anonymous" pegou na máscara de Guy Fawkes popularizada por "V For Vendetta" como imagem de marca. A força da simbologia desta máscara tem-se tornado tão grande que não será certamente estranho vê-la surgir várias vezes na antologia, seja em histórias ou ilustrações. A ilustração de David Lloyd onde a personagem V toureia o touro de Wall Street, foi uma das imagens de marca desta nova antologia, por exemplo, mas saliento também a belíssima ilustração da máscara por David Mack no #2 (ver acima). De momento já saíram dois números e mantenho a minha satisfação e apreço por esta antologia. Há aqui ilustrações de topo e algumas histórias emocionantes (lembro-me daquela sobre o furacão Sandy), bem como artigos de grande qualidade, como já referi um deles é de Alan Moore que como sempre assinala aqui um trabalho hercúleo e soberbo. Os lucros também são todos revertidos para ajudar acções relacionadas com o movimento "Occupy".
East of West
Como não ficar entusiasmado com uma premissa destas? Além do mais tem o nome de Jonathan Hickman no argumento, um autor cada vez mais elogiado, por isso decidi arriscar e seguir a série. Há uma profecia antiga cuja hora parece ter chegado, onde os quatro cavaleiros do Apocalipse irão emergir da terra para consumir o mundo. É esta a cena com que nos deparamos nas primeiras páginas, o "levantar" de Guerra, Peste e Fome. Mas algo está errado, falta um... Parece que Morte tem outros planos e já "acordou" primeiro dirigindo-se neste preciso momento até ao Presidente dos Estados Unidos... para o matar.
Em "East of West" estamos perante um futuro diferente daquele que iremos conhecer, a dada altura o caminho que a América seguiu na guerra civil foi diferente, criando hoje (2064) um país muito distinto e governado por sete nações distintas. O que Hickman nos apresenta são várias peças de um puzzle que vamos juntando à medida que avançamos na narrativa. Parece que os cavaleiros do Apocalipse já foram humanos em tempos e que a Morte busca a sua vingança pelo que lhe fizeram a si e à sua familia. Ainda falta descobrir muita coisa e nesse sentido estes textos são mesmo mais apresentações do que apreciações.
De qualquer das formas com três números já disponíveis, "East of West" está a ser bastante entusiasmante e divertido. Nick Dragotta está a cargo do desenho e Frabk Martin da cor, uma parceria que resulta muito bem. Já todos vimos muita coisa sobre os Cavaleiros, mas nunca neste estilo e registo, "East of West" é um western futurista com uma mitologia que promete ser forte. Vale a pena espreitar.
Este livro é da "Image Comics" e é de salientar a qualidade do papel, aqui sim até faz sentido o preço ter chegado aos 3,5 dólares por comic.
Polarity
Esta mini-série de quatro números, editada pelo "BOOM Comics" chamou-me a atenção por ter Jorge Coelho no desenho (entrevista ao autor aqui). Max Bemis teve aqui uma ideia bem interessante e que mostra que há ainda novas formas de explorar o mito do Super-Herói. Imaginem alguém que sofre de bipolaridade descobrir que afinal tem super-poderes quando deixa de tomar os seus medicamentos? A ideia que tenho - e vem muito do "Six Feet Under" - é que mesmo sob medicação a vida de alguém que sofre desta condição é muito complicada, sentindo-se muitas vezes amarrado psicologicamente, culpa dos medicamentos que para pararem determinados aspectos da nossa psique, param outros também. Este libertar mental para o protagonista assume ainda proporções maiores aqui. No segundo número, contudo, já achei que o autor enveredou por caminhos mais comuns e que a psique do protagonista podia ter sido mais bem explorada, mas a um título do fim, parece-me uma aposta divertida e com uns desenhos fantásticos de Coelho que só por isso já vale a pena.
Jupiter's Legacy
Gosto do que li de Mark Millar e já falei dos seus "Ultimates" por aqui, uma abordagem moderna e cativante aos "Avengers". Contudo, aqui o grande factor que me levou a comprar "Jupiter's Legacy" prende-se com o desenhador, Frank Quitely que é de certa forma um herdeiro de Moebius, logo, um dos grandes desenhadores de BD do mundo. O gosto em querer ter algo dele em comic foi o factor decisivo. Há semelhança de "East of West" também aqui temos um desvio na História de um país. Durante a grande depressão Americana um grupo de Americanos preocupados partem em busca de uma ilha mística, encontrando-a (alguém espirrou "Lost"?). Millar não perde tempo a descrever-nos a mitologia por detrás desta ilha (nem me parece que o fará), usando-a apenas como um dispositivo narrativo (estou a tentar traduzir plot device) a fim de justificar porque este grupo de exploradores regressa de lá com super-poderes para salvar o sonho americano.
A partir desta curta intro damos um salto para o futuro. Estes heróis fazem parte integrante da actualidade Americana, tendo-a salvo de tempos negros e continuando o seu trabalho em defesa do sonho. Mais velhos, muitos deles têm agora descendência, uma descendência que por ter crescido neste meio e com super-poderes, parece ter-se tornado arrogante, desligada e irresponsável. Pelo menos é assim que são apresentados os filhos de Utopian - o líder da expedição.
Em tempos de nova crise económica, alguns heróis questionam até onde devem ajudar os governos. Utopian tem o pensamento tradicionalista do Super-Herói, ou seja, que está aqui para ajudar o povo e não para se intrometer em questões governamentais. Dito de uma forma geral, é um facto que no Universo dos Super-Heróis estes basicamente contribuem apenas para o mundo não ficar pior salvando-o da destruição. Mas questões como o combate à fome e às doenças, a corrupção, entre outros assuntos são trabalho para o homem comum. Neste universo Millar parece que irá enveredar por este caminho como o mostra no choque de opiniões distintas entre Utopian e o seu irmão, o qual acredita que o papel dos "Super-Heróis" deve ir mais além e por isso mesmo preparou uma série de tácticas para combater a actual crise económica. Contra a opinião de Utopian prepara-se para a apresentar ao governo dos Estados Unidos.
É precisamente esta linha de argumento que mais me interessou em "Jupiter's Legacy" ver até onde o papel de alguém com poderes pode ir e o quão perigoso também pode ser. Isto lembra-me que ando a ler "Marshall Law" e é fabuloso, mas sobre este falarei posteriormente.
The Crow: Curare
Após o regresso de James O’Barr ao título que lhe deu sucesso, “The Crow”, em “Skinning the Wolves”, parece que o autor lhe tomou o gosto voltando assim com mais uma mini-série de três números para a IDW sobre mais uma história de vingança dentro deste mundo. Como gosto do estilo negro de O’Barr e da mitologia do Corvo fiquei curioso quando soube do seu regresso e segui-o em “Skinning the Wolves”. Trata-se de uma história bastante curta, sobre um injustiçado (foram tantos) que foi assassinado num campo de concentração durante a segunda guerra. Em três números dificilmente teriámos uma história que desse para grandes desenvolvimentos, ainda assim este curto conto negro de tragédia tinha um número pormenores suficientes para o fazerem interessante além do seu maior trunfo que é a vingança em si. Desta vez o regresso neste “Curare” volta a ser de três números, ou seja, mais uma curta - mas esperemos que intensa – história de tragédia e vingança.
A primeira coisa que salta à vista é que desta vez O’Barr usou uma criança para ser trazida de volta pelo Corvo e que talvez por causa disso mesmo precise de ajuda na sua missão, apelando ao detective encarregue do seu caso, Joe Salk - cuja vida pessoal está pelas ruas da amargura devido à sua profissão. Gostei do tom negro da história onde os desenhos de Antoine Dodé funcionam muito bem a transmitir uma atmosfera melancólica e perturbada. Novamente a violência é um ponto central destas histórias e não é nada descurada, além do próprio crime principal, a história que o detective conta, durante o pequeno-almoço, à sua mulher é, bastante intensa e é um bom exemplo das razões porque o seu casamento entrou numa espiral de descendência. Para quem é fã do género acho que tem aqui uma boa opção a experimentar. Por enquanto ainda só saiu um número.
Sou um grande apreciador de muitas das histórias editadas do outro lado do oceano, mas normalmente conheço-as posteriormente comprando as compilações, é mais fácil acertar no que vale realmente a pena assim. Desta vez estou a tentar estar mais a par do que se faz na actualidade e talvez consiga ter uma bela série para coleccionar em formato comic.
Como a ficção espelha muitas vezes a realidade, tem-se notado muito em algum material novo o quanto a actual crise económica tem influenciado o trabalho dos autores, sem mencionar um que é todo ele direccionado para nos alertar sobre o assunto, mas já lá vou.
Occupy Comics
Em 2012 vimos nascer uma nova editora de BD norte-americana intitulada "Black Mask" que foi fundada pelos autores de BD Matt Pizzolo e Steve Niles, e pelo músico dos "Bad Religion" Brett Gurewitz. Esta editora surge da necessidade em criar uma editora que publique comics mais transgressivos e que apoie mais os seus criadores. Um dos seus títulos que nasceu do apoio na plataforma do "Kickstarter" foi esta antologia "Occupy Comics" que será composta por três números. Nesta antologia juntaram-se muitos nomes de referência na indústria da BD, nomeadamente Alan Moore (que assinala um extenso artigo sobre a história da BD), Art Spiegelman, David Lloyd, Ben Templesmith, J. M. DeMatteis, entre tantos outros.
A antologia é criada por causa do movimento "Occupy Wall Street" e por isso mesmo todos os lucros revertam a favor de movimentos "Occupy". Para Matt Pizzolo este era um projecto que fazia todo o sentido uma vez que o movimento "Occupy" está associado a uma estética artística, tendo começado com a imagem de uma bailarina em cima do touro de Wall Street com protestantes no fundo. Também o grupo "Anonymous" pegou na máscara de Guy Fawkes popularizada por "V For Vendetta" como imagem de marca. A força da simbologia desta máscara tem-se tornado tão grande que não será certamente estranho vê-la surgir várias vezes na antologia, seja em histórias ou ilustrações. A ilustração de David Lloyd onde a personagem V toureia o touro de Wall Street, foi uma das imagens de marca desta nova antologia, por exemplo, mas saliento também a belíssima ilustração da máscara por David Mack no #2 (ver acima). De momento já saíram dois números e mantenho a minha satisfação e apreço por esta antologia. Há aqui ilustrações de topo e algumas histórias emocionantes (lembro-me daquela sobre o furacão Sandy), bem como artigos de grande qualidade, como já referi um deles é de Alan Moore que como sempre assinala aqui um trabalho hercúleo e soberbo. Os lucros também são todos revertidos para ajudar acções relacionadas com o movimento "Occupy".
East of West
This is the world. It is not the one we wanted, but it is the one we
deserved. The Four Horsemen of the Apocalypse roam the Earth, signaling
the End Times for humanity, and our best hope for life, lies in Death.
Como não ficar entusiasmado com uma premissa destas? Além do mais tem o nome de Jonathan Hickman no argumento, um autor cada vez mais elogiado, por isso decidi arriscar e seguir a série. Há uma profecia antiga cuja hora parece ter chegado, onde os quatro cavaleiros do Apocalipse irão emergir da terra para consumir o mundo. É esta a cena com que nos deparamos nas primeiras páginas, o "levantar" de Guerra, Peste e Fome. Mas algo está errado, falta um... Parece que Morte tem outros planos e já "acordou" primeiro dirigindo-se neste preciso momento até ao Presidente dos Estados Unidos... para o matar.
Em "East of West" estamos perante um futuro diferente daquele que iremos conhecer, a dada altura o caminho que a América seguiu na guerra civil foi diferente, criando hoje (2064) um país muito distinto e governado por sete nações distintas. O que Hickman nos apresenta são várias peças de um puzzle que vamos juntando à medida que avançamos na narrativa. Parece que os cavaleiros do Apocalipse já foram humanos em tempos e que a Morte busca a sua vingança pelo que lhe fizeram a si e à sua familia. Ainda falta descobrir muita coisa e nesse sentido estes textos são mesmo mais apresentações do que apreciações.
De qualquer das formas com três números já disponíveis, "East of West" está a ser bastante entusiasmante e divertido. Nick Dragotta está a cargo do desenho e Frabk Martin da cor, uma parceria que resulta muito bem. Já todos vimos muita coisa sobre os Cavaleiros, mas nunca neste estilo e registo, "East of West" é um western futurista com uma mitologia que promete ser forte. Vale a pena espreitar.
Este livro é da "Image Comics" e é de salientar a qualidade do papel, aqui sim até faz sentido o preço ter chegado aos 3,5 dólares por comic.
Polarity
Esta mini-série de quatro números, editada pelo "BOOM Comics" chamou-me a atenção por ter Jorge Coelho no desenho (entrevista ao autor aqui). Max Bemis teve aqui uma ideia bem interessante e que mostra que há ainda novas formas de explorar o mito do Super-Herói. Imaginem alguém que sofre de bipolaridade descobrir que afinal tem super-poderes quando deixa de tomar os seus medicamentos? A ideia que tenho - e vem muito do "Six Feet Under" - é que mesmo sob medicação a vida de alguém que sofre desta condição é muito complicada, sentindo-se muitas vezes amarrado psicologicamente, culpa dos medicamentos que para pararem determinados aspectos da nossa psique, param outros também. Este libertar mental para o protagonista assume ainda proporções maiores aqui. No segundo número, contudo, já achei que o autor enveredou por caminhos mais comuns e que a psique do protagonista podia ter sido mais bem explorada, mas a um título do fim, parece-me uma aposta divertida e com uns desenhos fantásticos de Coelho que só por isso já vale a pena.
Jupiter's Legacy
Gosto do que li de Mark Millar e já falei dos seus "Ultimates" por aqui, uma abordagem moderna e cativante aos "Avengers". Contudo, aqui o grande factor que me levou a comprar "Jupiter's Legacy" prende-se com o desenhador, Frank Quitely que é de certa forma um herdeiro de Moebius, logo, um dos grandes desenhadores de BD do mundo. O gosto em querer ter algo dele em comic foi o factor decisivo. Há semelhança de "East of West" também aqui temos um desvio na História de um país. Durante a grande depressão Americana um grupo de Americanos preocupados partem em busca de uma ilha mística, encontrando-a (alguém espirrou "Lost"?). Millar não perde tempo a descrever-nos a mitologia por detrás desta ilha (nem me parece que o fará), usando-a apenas como um dispositivo narrativo (estou a tentar traduzir plot device) a fim de justificar porque este grupo de exploradores regressa de lá com super-poderes para salvar o sonho americano.
A partir desta curta intro damos um salto para o futuro. Estes heróis fazem parte integrante da actualidade Americana, tendo-a salvo de tempos negros e continuando o seu trabalho em defesa do sonho. Mais velhos, muitos deles têm agora descendência, uma descendência que por ter crescido neste meio e com super-poderes, parece ter-se tornado arrogante, desligada e irresponsável. Pelo menos é assim que são apresentados os filhos de Utopian - o líder da expedição.
Em tempos de nova crise económica, alguns heróis questionam até onde devem ajudar os governos. Utopian tem o pensamento tradicionalista do Super-Herói, ou seja, que está aqui para ajudar o povo e não para se intrometer em questões governamentais. Dito de uma forma geral, é um facto que no Universo dos Super-Heróis estes basicamente contribuem apenas para o mundo não ficar pior salvando-o da destruição. Mas questões como o combate à fome e às doenças, a corrupção, entre outros assuntos são trabalho para o homem comum. Neste universo Millar parece que irá enveredar por este caminho como o mostra no choque de opiniões distintas entre Utopian e o seu irmão, o qual acredita que o papel dos "Super-Heróis" deve ir mais além e por isso mesmo preparou uma série de tácticas para combater a actual crise económica. Contra a opinião de Utopian prepara-se para a apresentar ao governo dos Estados Unidos.
É precisamente esta linha de argumento que mais me interessou em "Jupiter's Legacy" ver até onde o papel de alguém com poderes pode ir e o quão perigoso também pode ser. Isto lembra-me que ando a ler "Marshall Law" e é fabuloso, mas sobre este falarei posteriormente.
The Crow: Curare
Após o regresso de James O’Barr ao título que lhe deu sucesso, “The Crow”, em “Skinning the Wolves”, parece que o autor lhe tomou o gosto voltando assim com mais uma mini-série de três números para a IDW sobre mais uma história de vingança dentro deste mundo. Como gosto do estilo negro de O’Barr e da mitologia do Corvo fiquei curioso quando soube do seu regresso e segui-o em “Skinning the Wolves”. Trata-se de uma história bastante curta, sobre um injustiçado (foram tantos) que foi assassinado num campo de concentração durante a segunda guerra. Em três números dificilmente teriámos uma história que desse para grandes desenvolvimentos, ainda assim este curto conto negro de tragédia tinha um número pormenores suficientes para o fazerem interessante além do seu maior trunfo que é a vingança em si. Desta vez o regresso neste “Curare” volta a ser de três números, ou seja, mais uma curta - mas esperemos que intensa – história de tragédia e vingança.
A primeira coisa que salta à vista é que desta vez O’Barr usou uma criança para ser trazida de volta pelo Corvo e que talvez por causa disso mesmo precise de ajuda na sua missão, apelando ao detective encarregue do seu caso, Joe Salk - cuja vida pessoal está pelas ruas da amargura devido à sua profissão. Gostei do tom negro da história onde os desenhos de Antoine Dodé funcionam muito bem a transmitir uma atmosfera melancólica e perturbada. Novamente a violência é um ponto central destas histórias e não é nada descurada, além do próprio crime principal, a história que o detective conta, durante o pequeno-almoço, à sua mulher é, bastante intensa e é um bom exemplo das razões porque o seu casamento entrou numa espiral de descendência. Para quem é fã do género acho que tem aqui uma boa opção a experimentar. Por enquanto ainda só saiu um número.
Lazarus
Para terminar falo de mais uma aventura na "Image Comics" de Greg Rucka (argumento) e Michael Lark (desenho). Esta é mais uma deambulação por um futuro distópico onde Rucka - inspirado pela crise actual - decidiu tornar o 1% de riqueza, em 0,00001%, ou seja, estamos perante um mundo ainda mais severo onde os mantimentos são poder e esse poder pertence apenas a um mísero número de familia. Isto é bem notório logo nas primeiras páginas em que um grupo de pessoas arromba uma casa para roubar apenas comida.
Cada familia escolhe um dos seus membros para ser o seu protector, para ser o seu "Lazarus", alguém que recebe toda a potencialidade da tecnologia de ponta para se tornar numa máquina de guerra. A nossa protagonista, chamada Forever, é o Lazarus da familia Carlyle, que há semelhança do Lazarus biblico, também "ressuscita" após um ataque dos "bandidos" mencionados acima. Forever cumpre na perfeição o seu papel, mas claramente o que isso representa está cada vez mais a afectá-la. Ela não nasceu para matar esfomeados e perseguir inocentes e é uma clara questão de tempo até Forever se revoltar contra a sua família.
Gostei do estilo de Lark, da escrita de Rucka e apesar de o tema não ser nada de novo, gostei bastante da forma como estão a desenvolver nesta história. Ainda só temos um #1, mas é um #1 promissor. No final temos um texto de Rucka onde nos fala sobre o processo de criação de "Lazarus" onde tem algumas histórias interessantes como aquele em que recorreu à ajuda do grande Warren Ellis para lidar com as questões de ficção-científica. Vale a pena espreitar.
sexta-feira, julho 12, 2013
Sigur Rós - Kveikur
Conheci-os com "Ágætis Byrjun" um álbum incrível a todos os níveis, não só pela qualidade da música, mas porque era realmente um produto diferente, fresco e inovador. Uma voz gélida que se entranhava dentro do nosso corpo de uma forma nunca antes sentida. Seguiu-se a descoberta do anterior - e maioritariamente instrumental - "Von" e posteriormente o terceiro tomo "()". Este trio de álbuns consolidou e fortificou a minha opinião que estávamos perante uma das bandas ímpares da altura e que deixaria uma forte marca na História da música. Agora que me lembro também comprei o EP "Ba Ba Ti Ki Di Do", basicamente tudo que via deles à venda comprava. Por esta altura vi-os ao vivo no coliseu, foi, sem dúvida, um dos primeiros grandes concertos da minha vida, já lá vão cerca de 10 anos.
Depois veio "Takk", até tenho dois álbuns deste, porque da 1º vez não comprei a edição limitada - tamanho era o vício. Mais um forte álbum da banda que apenas me parecia não estar a desbravar novos caminhos, mas cuja qualidade se mantinha inegável. Do "Með suð í eyrum við spilum endalaust" lembro-me menos bem, apenas que trazia uns "Sigur Rós" mais alegres e com influências folk. Tenho ideia que foi o álbum que menos me entusiasmou, mas tal não quer dizer que não seja mais uma peça de grande qualidade - está a precisar de nova audição. Aliás não me recordo de nunca de ter ouvido um mau álbum destes rapazes.
Vergonhosamente deixei passar o "Valtari" que saiu o ano passado, sinto que estive um pouco desatento da carreira deles, talvez por terem estado alguns anos parados, ou por achar que estavam a cair no mesmo registo. Tenho de ouvi-lo rapidamente.
De qualquer das formas não perdi tempo a comprar "Kveikur", o mais recente longa duração de "Sigur Rós", e de onde esta canção é retirada (ver vídeo abaixo). Excelente compra, de um formidável regresso destes rapazes da terra do gelo. É claramente um regresso distinto, nota-se mais uma mudança de percurso na banda com uma sonoridade mais dinâmica como, talvez, nunca lhes tenhamos ouvido. Vem em alguma oposição aos sons mais etéreos dos últimos trabalhos que lhes ouvi e resulta maravilhosamente.
É claro que uma banda pode compor sempre o mesmo estilo e ser uma banda de topo, mas a título pessoal entusiasma-me muito quando os músicos não se prendem a determinados sons, adoro isto, adoro os "Sigur Rós" e basicamente era só isso que queria dizer.
quinta-feira, julho 11, 2013
DC Comics "Novos 52": Trocas e Baldrocas
Neste post tinha referido quais os comics dos "Novos 52" que estava a seguir. A ideia de ter uma colecção contínua de algumas destas personagens clássicas era apelativa, mas com o preço actual dos comics é complicado, principalmente quando alguns destes não estavam a render em termos de histórias. Chegado ao número #20 tive de fazer umas alterações. Não acabei foi por poupar assim tanto porque mal cancelei uns substitui-os por outros. Aqui ficam umas muito breves apreciações.
Justice League
Falei dos primeiros seis números aqui. Após um início engraçado a JL continuou o seu precurso de consolidação enquanto "a" equipa de Super-Heróis da Terra. Como qualquer família começou a ter problemas e divergências internas o que levou à saída de Hal Jordan. Temos também uma aparição do Green Arrow que tenta em vão juntar-se à equipa e o início do romance entre Superman e Wonder Woman. Porém, chegaria o tempo em que a Liga necessitaria de começar a ramificar-se (ler "Justice League of America") e o Green Arrow acabaria por ser chamado. Por falar em ramificação parece que o Marciano está de regresso também, mas não no núcleo principal. Ainda assim recentemente fez uma aparição onde derrotou violentamente Despero, mostrando que quando o escrevem bem o Marciano é das criaturas mais temíveis do Universo DC. De uma forma geral o título entretém, mas sem grandes deslumbramentos. A saga do Trono de Atlantis prometia mas como era necessário comprar outors comics para a seguir, tornou isto numa chulice ainda maior. Dito isto é um título de momento dispensável, que ainda mantenho porque no fim tinha sempre algumas páginas sobre o Shazam (que me esqueci vergonhosamente de mencionar no meu texto sobre a JL). Já que estava a ler a nova origem do Shazam queria chegar até ao fim, algo que aconteceu no mês passado, onde a "JL #21" lhe foi dedicado.É um início diferente este de Billy Batson e não sendo um grande conhecedor da personagem sempre achei alguma graça ao vilão Black Adam. Como vem aí agora a saga "Trinity Wars" vou manter o título, mas penso que por pouco tempo, já me cheira a cancelamento. Em relação à equipa criativa Geoff Johns tem-se mantido constante no argumento, mas Jim Lee chegou a ser substituído a dada altura, por exemplo, por Ivan Reis, entre outro ou outros.
Veredicto final: ...em espera... a tender para o futuro cancelamento.
Superman
Deste falei aqui. Mantenho a opinião de que destes todos o "Superman" é dos títulos mais fracos senão mesmo o mais fraco. Mas nem tudo é mau, houve aqui boas ideias, como o foco que se deu à imprensa sensacionalista e "cor-de-rosa" da actualidade e como isso levou o Clark Kent a despedir-se do Daily Planet. Os tempos mudaram, o digital veio para ficar e isso passa bem no comic, mas não é suficiente para me fazer continuar a lê-lo, é pena porque é das poucas que mantém o antigo preço. Destes primeiros 20 números saliento a passagem de Helspont, uma personagem do universo Wildstorm que agora foi inserida no dos "Novos 52" e que já se afirmou como vilão do Super. O confronto entre estes dois promete regressar em peso e é algo que gostava de ver. De resto tivemos também mais uma saga que se espalha por outros comics, a saga de H'El com o título sugestivo de "H'El on Earth", aqui o melhor foi mesmo a visita de Superman e Superboy à prisão para ver Lex "the man" Luthor.
Dito isto já perceberam que foi um dos que levou com o machado. Este deve ser o título que masi vezes mudou de equipa criativa, o que também quer dizer qualquer coisa.
Veredicto final: Cancelado.
Action Comics
Deste grupo o "Action Comics" foi o meu segundo título predilecto e seria para continuar caso Grant Morrison não tivesse saído do leme. Adoro a forma como o Morrison escreve o Super/Clark e o Lex Luthor. Aquela cena em que Luthor ajuda o Superman porque se alguém o matará tem de ser ele, espelha muito bem a relação entre estes dois. De resto tivemos ainda uma passagem por Brainiac e na recta final visitas desses seres místicos da 5º dimensão cujos nomes são mesmo dificeis de pronunciar, mas há quem o consiga. Parece-me justo dizer que "Action Comics" começou melhor do que terminou, talvez porque Morrison teve de arrumar as malas à pressa e começar a desenvolver as histórias a outro ritmo. Ainda assim foi desta primeira leva de comics dos que valeu mais a pena, ele é um autor que gosta de mergulhar a fundo na mitologia dos heróis com resultados por vezes bem interessantes - apesar de já ter escrito um "Superman" muito mais emocionante (ver All-Star Superman). Já agora convém mencionar que Rags Morales saiu com Morrison do título. Os títulos seguintes já se mostraram imediatamente menos inspirados e por isso...
Veredicto: Cancelado.
Detective Comics
Tony S. Daniels assinalou um primeiro número que captou a atenção de todos quando nos deixou no último painel a face do Joker colada na parede. Um momento tenebroso e surpreendente, mas do qual Daniels nunca viria a colher os seus frutos. O enredo do Joker seria algo para ser usado no futuro, mas não seria por ele (e ainda bem), que seria afastado do título. Em termos de desenho foi fantástico, mas os argumentos eram medianos/fracos, parece-me que nesse campo ainda está a começar e acredito que venha a melhorar no futuro. Entram assim John Layman no argumento e Jason Fabok e Andy Clarke na arte, mas mesmo assim a dupla trouxe pouca vida a "Detective Comics". O arco do "Emperor Penguin" teve o seu interesse por vermos um novo vilão emergir, mas terminou abruptamente deixando um sabor amargo no final. Também houve momentos engraçados quando em "Batman" decorria "A Death of the Family", ou seja, para quem gosta de Batman estas histórias lêem-se sempre relativamente bem, mas não valem o tempo nem o dinheiro. Pelo especial #0 (que saiu um ano depois do #1) ainda tivemos a colaboração de Gregg Hurwitz no argumento com Tony S. Daniels, que juntos visitaram um episódio do treino de Bruce Wayne para se tornar no Batman. Seria interessante ver mais destes dois juntos, pois como já referi se Daniels não é um grande argumentista do Morcego é um grande desenhador. Já Hurwitz, apesar de não ter lido o seu "Dark Knight" li o seu "Penguin Pain e Prejudice" e aconselho. No #19 houve uma edição muito especial por corresponder à #900 caso os "Novos 52" nunca tivessem acontecido. Mas é uma edição demasiado cara para o que trouxe, pois o aumento das páginas não correspondeu a aumento de qualidade.
Veredícto: Cancelado
Batman
Suponho que um dos sinais indicativos de que uma série está a correr bem é quando a equipa criativa não muda. Scott Snyder (argumento) e Greg Cappullo (desenho) mantêm-se unidos desde o #1 e assim esperemos que continue por muito tempo. Depois do fantástico arco "The Court of Owls" seguiu-se a vez de "Death of The Family", o regresso do Joker. Afinal seriam Snyder e Capullo a desenvolver o conceito que Tony S. Daniels criou no Detective Comics #1. O regresso do palhaço do crime foi um como nunca antes o vimos, não só a sua face estava agora presa por molas na cara como regressa ainda mais tenebroso, até Harley Quinn treme na sua presença. Podemos dizer que para o Joker algo está podre no reino de Gotham City e ele como o fiél Bobo do Rei Batman precisa mostrar-lhe o quanto este se perdeu na sua demandada. No final o título ganha todo o sentido, isto não é uma história sobre a morte de um familiar mas antes sobre a morte da familia. Ficou a sensação de que os autores poderiam ter ido mais longe, mas provavelmente não os deixariam mesmo se quisessem. Ainda asism temos aqui grandes diálogos uma excelente exploração da relação Batman/Joker e uma arte fantástica de Capullo que cada vez mais se tem consolidado como mais um dos grandes desenhadores do universo Batman. O único ponto negativo a apontar a esta dupla, são as curtas histórias que existem enquanto eles não enveredam por um novo arco mais longo e desenvolvido. Agora após o desaparecimento de Joker, Snyder e Capullo irão mergulhar na origem do Morcego, que dos principais nos "Novos 52" deve ser o único cuja origem ainda não foi revelada. O "Earth One" é uma visão alternativa e não conta (ainda bem). O #0 já tinha sido uma espécie de aperitivo avisando que este seria um caminho a seguir no futuro, futuro esse que nos chega finalmente em Batman #21 e que conta com o nome: "Zero Year". Ainda só com um número é dificil comentar, Snyder gosta de contar as coisas com calma e de as ter bem desenvolvidas, mas estou confiante. De salientar também as capas, além dos desenhos o próprio design tem sido bem engraçado, na primeira de "Death of The Family", por exemplo, tinhamos uma máscara em cartão do Joker a cobrir a cara do Batman. Já agora esta saga dedicada ao Joker esteve espalhada por mais comics (o costume) mas de uma forma independente do que decorria no arco principal, não obrigando a comprar outros, o que é muito mais do meu agrado.
Veredicto: A continuar.
Durante este tempo também já tive tempo de espreitar "Stormwatch" e "I Vampire", enquanto guardo outros títulos para após ter terminado material mais antigo dessas personagens, tais como "Swamp Thing", "Animal Man", "Green Lantern" e "Flash".
Quanto aos novos comics que comecei a comprar deste Universo foram estes dois:
Superman Unchained
Preferia o primeiro nome anunciado para esta série: "Man of Steel", mas não se pode ter tudo. Decidi substituir o "Superman" por este porque é da dupla Scott Snyder e Jim Lee. Além do mais Snyder disse numa entrevista que se só tivesse oportunidade de escrever uma história do Super seria esta. Ora tendo em conta que é um argumentista que ando a gostar bastante, depois de saber isto mais reforço a ideia de que pelo menos o 1º arco de "Unchained" vai valer a pena. O #1 já saiu e como referi em "Batman" é ainda muito cedo para o comentar em termos de história, mas gostei da forma como vai envolver o bombardeamento de Hiroshima e Nagasaki na altura da segunda Guerra. Parece que o que aconteceu nesse dia não foi exactamente o que vem descrito nos livros da História e o Super está prestes a descobri-lo. Em termos de desenho é mais do que o Jim Lee nos tem habituado, há quem adore, há quem abomine, eu acho que combina muito bem com o universo dos Super-Heróis especialmente com o do Superman. Porém, já ouvi dizer que Lee já foi melhor do que é hoje, tenho de conhecer mais da sua carreira para trás, de momento só me lembro dos seus "X-Men" com o Claremont. Neste #1 colocaram um poster a dada altura, que é engraçado e tal não fosse o aumento do preço...
Batman/Superman
Apesar de haverem vários heróis que se conhecem, que trabalham juntos e que até desenvolvem laços de amizade, há sempre aqueles que criam laços mais fortes com uns dos que com outros. Tal é o caso do Hal Jordan com o Barry Allen ou com o Oliver Queen e, pois claro, do Clark Kent com o Bruce Wayne. A amizade entre os dois heróis mais icónicos da DC Comics é uma das que mais aprecio. Enquanto um simboliza a luz outro simboliza as trevas, são ambos muito distintos na forma de agir sobre o mundo, mas são ambos dois dos melhores heróis, a fazerem o melhor que podem, e que se respeitam mutuamente. Existe um número muito - mesmo muito - reduzido de pessoas em que Batman confia, Superman é uma delas. E não haverá também muitos a quem Kal-El quissesse entregar um anel com Kryptonite, para o caso de ele um dia constituir uma ameaça - Batman recebeu esse anel de Superman. Mas mesmo gostando da relação deles, por questões monetárias não ia adquirir esta história, até que vi o nome de Jae Lee como um dos envolvidos. Conheci os seus desenhos com o seu Ozymandias em "Before Watchmen" e fiquei fascinado. Adoro o traço, o storytelling, a cor, enfim, tudo. E quando vi a capa não tive dúvidas, tinha de ter isto. Por este primeiro número não estou nada arrependido, a história de Greg Pak promete e o desenho de Lee é aquilo a que ele nos tem habituado, bestial. A dada altura o desenho passa para o cargo de Ben Oliver, mas faz sentido na história e até acho que funciona bem. A hitória aborda a primeira vez que estes dois heróis travam conhecimento um com o outro, neste novo universo da DC. Muitos pensavam que tal tinha sido no #1 da Justice League... mas não.
E da DC é tudo (e já é muito). Num próximo post falarei das séries e mini-séries actuais que ando a seguir na Image, IDW e BOOM Comics.
Justice League
Falei dos primeiros seis números aqui. Após um início engraçado a JL continuou o seu precurso de consolidação enquanto "a" equipa de Super-Heróis da Terra. Como qualquer família começou a ter problemas e divergências internas o que levou à saída de Hal Jordan. Temos também uma aparição do Green Arrow que tenta em vão juntar-se à equipa e o início do romance entre Superman e Wonder Woman. Porém, chegaria o tempo em que a Liga necessitaria de começar a ramificar-se (ler "Justice League of America") e o Green Arrow acabaria por ser chamado. Por falar em ramificação parece que o Marciano está de regresso também, mas não no núcleo principal. Ainda assim recentemente fez uma aparição onde derrotou violentamente Despero, mostrando que quando o escrevem bem o Marciano é das criaturas mais temíveis do Universo DC. De uma forma geral o título entretém, mas sem grandes deslumbramentos. A saga do Trono de Atlantis prometia mas como era necessário comprar outors comics para a seguir, tornou isto numa chulice ainda maior. Dito isto é um título de momento dispensável, que ainda mantenho porque no fim tinha sempre algumas páginas sobre o Shazam (que me esqueci vergonhosamente de mencionar no meu texto sobre a JL). Já que estava a ler a nova origem do Shazam queria chegar até ao fim, algo que aconteceu no mês passado, onde a "JL #21" lhe foi dedicado.É um início diferente este de Billy Batson e não sendo um grande conhecedor da personagem sempre achei alguma graça ao vilão Black Adam. Como vem aí agora a saga "Trinity Wars" vou manter o título, mas penso que por pouco tempo, já me cheira a cancelamento. Em relação à equipa criativa Geoff Johns tem-se mantido constante no argumento, mas Jim Lee chegou a ser substituído a dada altura, por exemplo, por Ivan Reis, entre outro ou outros.
Veredicto final: ...em espera... a tender para o futuro cancelamento.
Superman
Deste falei aqui. Mantenho a opinião de que destes todos o "Superman" é dos títulos mais fracos senão mesmo o mais fraco. Mas nem tudo é mau, houve aqui boas ideias, como o foco que se deu à imprensa sensacionalista e "cor-de-rosa" da actualidade e como isso levou o Clark Kent a despedir-se do Daily Planet. Os tempos mudaram, o digital veio para ficar e isso passa bem no comic, mas não é suficiente para me fazer continuar a lê-lo, é pena porque é das poucas que mantém o antigo preço. Destes primeiros 20 números saliento a passagem de Helspont, uma personagem do universo Wildstorm que agora foi inserida no dos "Novos 52" e que já se afirmou como vilão do Super. O confronto entre estes dois promete regressar em peso e é algo que gostava de ver. De resto tivemos também mais uma saga que se espalha por outros comics, a saga de H'El com o título sugestivo de "H'El on Earth", aqui o melhor foi mesmo a visita de Superman e Superboy à prisão para ver Lex "the man" Luthor.
Dito isto já perceberam que foi um dos que levou com o machado. Este deve ser o título que masi vezes mudou de equipa criativa, o que também quer dizer qualquer coisa.
Veredicto final: Cancelado.
Action Comics
Deste grupo o "Action Comics" foi o meu segundo título predilecto e seria para continuar caso Grant Morrison não tivesse saído do leme. Adoro a forma como o Morrison escreve o Super/Clark e o Lex Luthor. Aquela cena em que Luthor ajuda o Superman porque se alguém o matará tem de ser ele, espelha muito bem a relação entre estes dois. De resto tivemos ainda uma passagem por Brainiac e na recta final visitas desses seres místicos da 5º dimensão cujos nomes são mesmo dificeis de pronunciar, mas há quem o consiga. Parece-me justo dizer que "Action Comics" começou melhor do que terminou, talvez porque Morrison teve de arrumar as malas à pressa e começar a desenvolver as histórias a outro ritmo. Ainda assim foi desta primeira leva de comics dos que valeu mais a pena, ele é um autor que gosta de mergulhar a fundo na mitologia dos heróis com resultados por vezes bem interessantes - apesar de já ter escrito um "Superman" muito mais emocionante (ver All-Star Superman). Já agora convém mencionar que Rags Morales saiu com Morrison do título. Os títulos seguintes já se mostraram imediatamente menos inspirados e por isso...
Veredicto: Cancelado.
Detective Comics
Tony S. Daniels assinalou um primeiro número que captou a atenção de todos quando nos deixou no último painel a face do Joker colada na parede. Um momento tenebroso e surpreendente, mas do qual Daniels nunca viria a colher os seus frutos. O enredo do Joker seria algo para ser usado no futuro, mas não seria por ele (e ainda bem), que seria afastado do título. Em termos de desenho foi fantástico, mas os argumentos eram medianos/fracos, parece-me que nesse campo ainda está a começar e acredito que venha a melhorar no futuro. Entram assim John Layman no argumento e Jason Fabok e Andy Clarke na arte, mas mesmo assim a dupla trouxe pouca vida a "Detective Comics". O arco do "Emperor Penguin" teve o seu interesse por vermos um novo vilão emergir, mas terminou abruptamente deixando um sabor amargo no final. Também houve momentos engraçados quando em "Batman" decorria "A Death of the Family", ou seja, para quem gosta de Batman estas histórias lêem-se sempre relativamente bem, mas não valem o tempo nem o dinheiro. Pelo especial #0 (que saiu um ano depois do #1) ainda tivemos a colaboração de Gregg Hurwitz no argumento com Tony S. Daniels, que juntos visitaram um episódio do treino de Bruce Wayne para se tornar no Batman. Seria interessante ver mais destes dois juntos, pois como já referi se Daniels não é um grande argumentista do Morcego é um grande desenhador. Já Hurwitz, apesar de não ter lido o seu "Dark Knight" li o seu "Penguin Pain e Prejudice" e aconselho. No #19 houve uma edição muito especial por corresponder à #900 caso os "Novos 52" nunca tivessem acontecido. Mas é uma edição demasiado cara para o que trouxe, pois o aumento das páginas não correspondeu a aumento de qualidade.
Veredícto: Cancelado
Batman
Suponho que um dos sinais indicativos de que uma série está a correr bem é quando a equipa criativa não muda. Scott Snyder (argumento) e Greg Cappullo (desenho) mantêm-se unidos desde o #1 e assim esperemos que continue por muito tempo. Depois do fantástico arco "The Court of Owls" seguiu-se a vez de "Death of The Family", o regresso do Joker. Afinal seriam Snyder e Capullo a desenvolver o conceito que Tony S. Daniels criou no Detective Comics #1. O regresso do palhaço do crime foi um como nunca antes o vimos, não só a sua face estava agora presa por molas na cara como regressa ainda mais tenebroso, até Harley Quinn treme na sua presença. Podemos dizer que para o Joker algo está podre no reino de Gotham City e ele como o fiél Bobo do Rei Batman precisa mostrar-lhe o quanto este se perdeu na sua demandada. No final o título ganha todo o sentido, isto não é uma história sobre a morte de um familiar mas antes sobre a morte da familia. Ficou a sensação de que os autores poderiam ter ido mais longe, mas provavelmente não os deixariam mesmo se quisessem. Ainda asism temos aqui grandes diálogos uma excelente exploração da relação Batman/Joker e uma arte fantástica de Capullo que cada vez mais se tem consolidado como mais um dos grandes desenhadores do universo Batman. O único ponto negativo a apontar a esta dupla, são as curtas histórias que existem enquanto eles não enveredam por um novo arco mais longo e desenvolvido. Agora após o desaparecimento de Joker, Snyder e Capullo irão mergulhar na origem do Morcego, que dos principais nos "Novos 52" deve ser o único cuja origem ainda não foi revelada. O "Earth One" é uma visão alternativa e não conta (ainda bem). O #0 já tinha sido uma espécie de aperitivo avisando que este seria um caminho a seguir no futuro, futuro esse que nos chega finalmente em Batman #21 e que conta com o nome: "Zero Year". Ainda só com um número é dificil comentar, Snyder gosta de contar as coisas com calma e de as ter bem desenvolvidas, mas estou confiante. De salientar também as capas, além dos desenhos o próprio design tem sido bem engraçado, na primeira de "Death of The Family", por exemplo, tinhamos uma máscara em cartão do Joker a cobrir a cara do Batman. Já agora esta saga dedicada ao Joker esteve espalhada por mais comics (o costume) mas de uma forma independente do que decorria no arco principal, não obrigando a comprar outros, o que é muito mais do meu agrado.
Veredicto: A continuar.
Durante este tempo também já tive tempo de espreitar "Stormwatch" e "I Vampire", enquanto guardo outros títulos para após ter terminado material mais antigo dessas personagens, tais como "Swamp Thing", "Animal Man", "Green Lantern" e "Flash".
Quanto aos novos comics que comecei a comprar deste Universo foram estes dois:
Superman Unchained
Preferia o primeiro nome anunciado para esta série: "Man of Steel", mas não se pode ter tudo. Decidi substituir o "Superman" por este porque é da dupla Scott Snyder e Jim Lee. Além do mais Snyder disse numa entrevista que se só tivesse oportunidade de escrever uma história do Super seria esta. Ora tendo em conta que é um argumentista que ando a gostar bastante, depois de saber isto mais reforço a ideia de que pelo menos o 1º arco de "Unchained" vai valer a pena. O #1 já saiu e como referi em "Batman" é ainda muito cedo para o comentar em termos de história, mas gostei da forma como vai envolver o bombardeamento de Hiroshima e Nagasaki na altura da segunda Guerra. Parece que o que aconteceu nesse dia não foi exactamente o que vem descrito nos livros da História e o Super está prestes a descobri-lo. Em termos de desenho é mais do que o Jim Lee nos tem habituado, há quem adore, há quem abomine, eu acho que combina muito bem com o universo dos Super-Heróis especialmente com o do Superman. Porém, já ouvi dizer que Lee já foi melhor do que é hoje, tenho de conhecer mais da sua carreira para trás, de momento só me lembro dos seus "X-Men" com o Claremont. Neste #1 colocaram um poster a dada altura, que é engraçado e tal não fosse o aumento do preço...
Batman/Superman
Apesar de haverem vários heróis que se conhecem, que trabalham juntos e que até desenvolvem laços de amizade, há sempre aqueles que criam laços mais fortes com uns dos que com outros. Tal é o caso do Hal Jordan com o Barry Allen ou com o Oliver Queen e, pois claro, do Clark Kent com o Bruce Wayne. A amizade entre os dois heróis mais icónicos da DC Comics é uma das que mais aprecio. Enquanto um simboliza a luz outro simboliza as trevas, são ambos muito distintos na forma de agir sobre o mundo, mas são ambos dois dos melhores heróis, a fazerem o melhor que podem, e que se respeitam mutuamente. Existe um número muito - mesmo muito - reduzido de pessoas em que Batman confia, Superman é uma delas. E não haverá também muitos a quem Kal-El quissesse entregar um anel com Kryptonite, para o caso de ele um dia constituir uma ameaça - Batman recebeu esse anel de Superman. Mas mesmo gostando da relação deles, por questões monetárias não ia adquirir esta história, até que vi o nome de Jae Lee como um dos envolvidos. Conheci os seus desenhos com o seu Ozymandias em "Before Watchmen" e fiquei fascinado. Adoro o traço, o storytelling, a cor, enfim, tudo. E quando vi a capa não tive dúvidas, tinha de ter isto. Por este primeiro número não estou nada arrependido, a história de Greg Pak promete e o desenho de Lee é aquilo a que ele nos tem habituado, bestial. A dada altura o desenho passa para o cargo de Ben Oliver, mas faz sentido na história e até acho que funciona bem. A hitória aborda a primeira vez que estes dois heróis travam conhecimento um com o outro, neste novo universo da DC. Muitos pensavam que tal tinha sido no #1 da Justice League... mas não.
E da DC é tudo (e já é muito). Num próximo post falarei das séries e mini-séries actuais que ando a seguir na Image, IDW e BOOM Comics.
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