terça-feira, junho 18, 2013

Star Trek II: Into Darkness


Gosto desta nova abordagem ao "Star Trek" por J.J. Abrams, nem que seja pelo facto de conseguirem ter um Spock à altura de Leonard Nimoy, mas claro que é mais do que isso. É verdade que este "Star Trek" é muito diferente do antigo, é uma versão modernizada feita para atrair um maior grupo de espectadores, uma vez que o franchise cinematográfico da série criada por Gene Roddenberry - no cinema - estava pelas ruas da amargura e, provavelmente, não retornaria tão cedo. E a verdade é que goste-se ou não, funcionou, "Star Trek" está de regresso para o bem e para o mal.

Não vi a série original, mas sou fã dos filmes (não vi todos) e de facto tendo a concordar um pouco com a maldição dos filmes ímpar, apesar de gostar bastante de "Star Trek: The Motion Picutre". Seguir as novas aventuras desta Enterprise é um prazer diferente das antigas - aqui a dinâmica previligia os devaneios filosóficos - mas ainda assim um prazer e por isso estava ansioso com este "Into Darkness" até porque tudo apontava para termos o regresso de um dos vilões mais icónicos da saga e logo na pele de um dos actores do momento, Sir Benedict Cumberbatch (sim eu sei que não é Sir no Reino Unido mas é Sir aqui no Alternative Prison). Aliás uma curiosidade engraçada é que Mr. Spock é inspirado na personagem interpretada actualmente por Cumberbatch: Sherlock Holmes.

Em relação a esta sequela, no geral tem um saldo positivo, mas infelizmente espalha-se um pouco no final. É pena ser no final porque é essa memória que fica connosco quando saímos da sala de cinema.. Mas vamos por partes e todas elas com grandes SPOILERS, para ver o que tem de melhor e pior este filme.


SPOILERS SPOILERS SPOILERS 


O BOM




- O elenco da Enterprise

Continuo a achar que o elenco de "Star Trek" na sua maioria foi muito bem escolhido com destaque para Zachary Quinto como Spock e Karl Urban como Bones. Estes dois mantêm a relação de amor/ódio que sempre tiveram e evocam respeitosamente os actores que deram originalmente vida a estas personagens. Também Simon Pegg esteve hilariante como Scotty, sempre com aquele sotaque que faz toda a diferença na personagem. Aparecendo menos mas mostrando-se sempre à altura continuam Anton Yelchin como Chekov e John Cho como Sulu. A Uhura de Zoe Saldana é de todas as personagens a que ganhou mais protagonismo em comparação à versão do passado, aqui ela é a mulher de Mr. Spock, é uma abordagem mais distinta, mas gosto da actriz no papel. Quanto a Chris Pine como James T. Kirk, gosto da escolha, o rapaz tem um ar rebelde e não cumpridor das regras que resulta bem num jovem Kirk.

- Khan

Se houve coisa em que gostei mais da sequela do que do primeiro foi do vilão. Bennedict Cumberbatch cria um Khan fascinante e todas as cenas em que entra dão mais vida ao filme. Nota-se que ao pé dele Kirk brilha menos, não é tarefa fácil para o capitão da Enterprise, mas juntos têm cena sbem engraçadas. A abordagem de Cumberbatch é também bastante mais aterradora que a de Ricardo Montalban. Khan sempre que surge tem uma imponência que é impossível não sentir - a morte do Robocop é um excelente exemplo disso.

- The needs of the many outweigh the needs of the few

Para quem viu "Star Trek II: The Wrath of Khan" este filme ganha uma nova dimensão com as várias referências, onde se destaca a inversão de papéis entre Kirk e Mr. Spock a culminar no famoso grito "KHAAAAANNNN!", mas desta vez proferido não por Kirk mas por Spock, é um momento fantástico. Surge também Carol Marcus interpretada por Alice Eve que sabemos ser um interesse amoroso de Kirk e mãe do seu futuro filho. Desta vez a personagem confronta-se com Khan muito mais cedo que na série original, mas de uma forma geral Abrams tem sempre em conta a mitologia desta série colocando na história uma série de referências e piadas sobre o passado da mesma, algo que funciona muito bem pois faz as delícias de quem as conhece e não incomoda quem nunca viu.

- A história: Mr. Spock e Khan

Gostei da premissa e do mistério em torno de Khan que se esconde num planeta dos Klingon, uma espécie que está em vias de entrar em guerra com a Terra. Não é de todo um argumento prodigioso, mas gostei do ênfase dado à forma de ser e estar de Mr. Spock, bem explorada desde o momento em que lhe salvam a vida no início até à sua sede de vingança no final, nunca esquecendo que este é um Spock que viu o seu mundo morrer. As piadas na sua maioria funcionam bem, é bom ver o trio maravilha - Spock, Bones e Kirk - de volta.

- Leonard Nimoy

Talvez seja demais, mas é sempre bom ver Leonard Nimoy como Mr. Spock ainda que por breves momentos.

- Os efeitos especiais

Visualmente "Into Darkness" funciona muito bem.




O MAU





- A Morte de Kirk

A morte de Jim Kirk não é má per se, mas perde qualquer impacto que podia ter quando fazem tanta referência às capacidades regenerativas do sangue de Khan. Quando sabemos que Kirk vai morrer compreendemos imediatamente que será algo muito temporário. É uma parte do enredo demasiado óbvia e que perde emotividade com isso. Em "Wrath of Khan" o Mr. Spock morreu, podíamos suspeitar que ele regressasse (não há Trek sem Spock), mas para todos os efeitos nesse filme ele morre com direito a funeral e tudo.

- A especificidade do sangue de Khan

Achei exagerada a necessidade de ter Khan vivo para ressuscitar Kirk quando estão 72 corpos crio-preservados ali ao lado. Estamos a falar de 72 indíviduos manipulados à semelhança de Khan para serem seres humanos superiores. Por outro lado Bones só testou o sangue de Khan e na teoria os outros funcionariam, mas na prática ele só tinha a certeza deste. De um ponto de vista de segurança até compreendo a decisão, mas podia fazer menção a isso.

- A história: o final

A última parte do filme perde alguma força e charme tornando-se um pouco aborrecida, priveligiando a acção por acção. O último regresso do Khan já é dispensável, mas até vale a pena pelo combate entre ele e o Spock (por causa das habilidades distintas de ambos).




O VILÃO
 




- A polémica de Carol em roupa interior

Gerou-se uma pequena polémica à volta da personagem interpretada por Alice Eve, acusada de ter uma cena de nudez gratuita. A actriz surge em roupa interior (já vi biquinis que mostram mais) numa cena que é realmente dispensável, mas que gerou uma polémica muito exagerada. Além de não ser algo que já tivesse surgido nos filmes antigos desta saga, hoje em dia em comparação "Star Trek" é dos filmes saídos de Hollywood que menos deve explorar esta componente de sexo gratuito.

Além do mais, como já referi, Carol será um interesse amoroso de Kirk, será a mãe do seu filho, e tentarem criar alguma empatia entre as personagens era importante, apesar de esta cena em particular não ter funcionado, não teve a piada que era suposto.


- Space, the final frontier. These are the voyages of the Starship Enterprise. It's five-year mission: to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilizations, to boldly go where no man has gone before.

Muito se tem criticado o não cumprir deste mote em "Star Trek", o próprio Abrams esteve indeciso em enveredar por este caminho já na sequela. De qualquer das formas podem acalmar os ânimos porque o terceiro tomo seguirá o mote da série, até lá tivemos uma boa construção da história até a equipa ser aceite para esta missão de 5 anos. Afinal até não ficou assim tão mal.

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