sábado, abril 20, 2013

Hän Solo


Hän era um estudante Holandês de Erasmus que acabou por ficar por Portugal. Esta não é a sua história, apenas um pequeno fragmento da mesma, uma curta visão sobre uma determinada fase da sua vida. A escolha do nome Hän por parte de Lacas não é nada inocente como se comprova no título. Uma vez que Han é um solitário, quando passa por Madrid, ganha, automaticamente, a alcunha de Hän Solo.

O livro de Lacas consiste num exercício deambulatório e deve ser visto a essa luz. Seguimos esta personagem solitária pelas ruas de Lisboa e ficamos a conhecer as suas paixões (mulheres, desenho e fotografia), parte do seu passado e os seus medos - uma luta constante contra a bipolaridade. Neste sentido não é um livro que prime pelo seu argumento, contudo, considero que falha no final, num término algo abrupto e que podia ter sido contornado.

Em termos de desenho e, principalmente, storytelling, Lacas continua a provar que é um virtuoso, dá prazer passar as páginas e ver a naturalidade com que a história flui perante os nossos olhos. Em termos de cor optou-se apenas pelo uso de duas, num tom simples que se adequa muito bem à história. Lacas é também um excelente colorista.

Além da parte gráfica, o grande trunfo de "Hän Solo" é a sua autenticidade, é uma história com muito sentimento e isso passa para o leitor, não o deixando nunca indiferente. De salientar também a contextualização da narrativa onde se foca a situação actual em que vivemos, nomeadamente quando Hän fotografa a manifestação madrilena, perto do final do livro.



2 comentários:

Nuno Neves disse...

Também voto que o Lacas é um excelente desenhador e colorista ;)

Loot disse...

Viva Nuno :)

E ele planea muito bem as pranchas, sabe construir uma narrativa em BD. Da cor, recentemente também vi um trabalho em que participou apenas na coloração, o "Março Anormal", e achei um belíssimo trabalho.

Abraço