segunda-feira, junho 18, 2012

Primavera Sound - Segundo Round

Agora sim, começam as dificuldades no festival. Com os quatro palcos em funcionamento e concertos a funcionarem ao mesmo tempo é absolutamente impossível de assistir a tudo. Não vai custar assim tanto porque não conheço metade das bandas a tocar, porém, algo que também gosto muito e penso fazer parte do objectivo de festivais é a oportunidade de conhecer novos projectos.


Infelizmente não chego a tempo de ver Linda Martini, projecto pelo qual nutro grande gosto. Menos mal que são portugueses e a oportunidade de os ver é maior. Mas, já os vi pelo menos duas vezes e vale sempre a pena. Sigo então para o Palco Club, um dos que ainda não conhecia, para ver os Other Lies. Este é o palco mais pequeno, coberto em cima e com chão de cimento. Oriundos de Oklahoma, tocam um indie rock bastante agradável por vezes a fazer lembrar uns Fleet Foxes.


Em seguida, voltamos aos palcos conhecidos para assistir aos Yo La tengo. Li algures que a primeira canção teve a participação do vocalista dos Flaming Lips, mas não a apanhei, com muita pena minha. Mesmo que o meu conhecimento da banda seja fraco, os Yo La Tengo são um nome de referência no panorama indie e por isso era um concerto que não queria perder. Gostei particularmente dos momentos onde a distorção foi rainha e senhora com um Ira Kaplan em grande destaque.

Agora viria um dos concertos do dia para mim, o grande senhor Rufus Wainwright. O músico entra em palco a cantar à capela. Que magnífico início, Wainwright é possuidor de uma uma voz maravilhosa e que só por si é mais do que suficiente de nos emocionar a todos. Por entre várias canções, Rufus Wainwright esteve sempre muito empático com o público e gostei particularmente quando mencionou que gostaria de conhecer a língua portuguesa para assim poder ler os nossos autores. Qual bandeira em cima das costas qual quê, isto sim é de valor. Prestes a sair ainda volta atrás dizendo que "vocês merecem mais uma" e para despedida brinda-nos com a sua cover de Coen da hallelujah.


É altura de ir para o outro palco, os Flaming Lips vão começar a qualquer instante. Banda mítica do pop/rock, que marcou indubitavelmente o género. O concerto dos Flaming Lips é uma festa de cores e diversão. Explosões de confetis, balões, Wayne Coyne dentro de uma bola de plástico a mover-se por cima do público e muito mais, este foi sem dúvida o concertos mais "teatral" de todos. Tudo sempre com uma banda sonora a rigor, canções a esta banda não faltam. Diz quem já os viu que eles andam há alguns anos a reproduzir o mesmo concerto, mas, para quem como eu nunca os tinha visto, ficou  certamente mais que satisfeito e deslumbrado. Over the top ou não, um dos vencedores da noite para mim. de destacar o público que esteve ao rubro e isso fez-se sentir muito bem na própria banda.


Depois de um concerto daqueles qualquer um que viesse a seguir teria um trabalho complicado. Seguiram-se os Wilco, num concerto mais contido mas muito profissional e onde a música (que é o mais importante) esteve sempre muito bem apresentada. Pelo meio o concerto perdeu algum do seu impacto tornando-se mais morno, pelo menos para mim que pouco conheço dos seus trabalho, pois pelo que percebi os fãs estavam mais que satisfeitos pelo final.

É tempo de regressar ao Palco Club para ver os Beach House. Aconteceu o que se previa a lembrar os Gossip no Alive, ou seja, a tenda onde os Beach House tocaram provou-se pequena para a grande adesão de fãs. Ainda assim o espaço era talvez o melhor para a banda tocar e o concerto foi maravilhoso e rapidamente escalou para o topo dos meus favoritos. O som, a voz bizarra de Victoria Legrand, tudo estava no seu lugar certo. Depois ao sair quase que dava para levantar os pés do chão e ser carregado na mesma, tamanha era a multidão a descolar-se para (penso eu) ir ver os M83.

O concerto dos M83 foi daqueles que mais passou a correr. No fim parece que estamos ali há meia-hora quando no fundo passou o dobro do tempo. Esta sensação agridoce acaba por ser o maior elogio que posso fazer ao projecto de Anthony Gonzalez. É que até conseguiram fazer desaparecer qualquer cansaço que se sentia. Soube a pouco, mas soube muito bem.



Nota: Fotos da autoria de Cube.

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