Os nomeados e vencedores (a negrito) deste ano são:
Galardão Anual Comic Con Portugal BD Melhor Álbum:
- Filhos do Rato, de Luís Zhang e Fábio Veras (Comic Heart/G.Floy)
- Mar de Aral, de José Carlos Fernandes e Roberto Gomes (Comic Heart/G.Floy) - VENCEDOR
- O Outro Lado de Z, de Nuno Duarte e Mosi (Kingpin Books/Comic Heart/G.Floy)
- Watchers, de Luís Louro (Asa/Leya)
Galardão Melhor Argumento
- Arlindo Fagundes, em O Colega de Sevilha – Uma Aventura de Pitanga (Arcádia)
- José Carlos Fernandes, em Mar de Aral (Comic Heart/G.Floy) - VENCEDOR
- Luís Louro, em Watchers (Asa/Leya)
- Nuno Duarte, em O Outro Lado de Z (Kingpin Books/Comic Heart/G.Floy)
Galardão Melhor Desenho
- Fábio Veras, em Filhos do Rato (Comic Heart/G.Floy)
- Joana Afonso, em Zahna (Polvo)
- Luís Louro, em Watchers (Asa/Leya)
- Roberto Gomes, em Mar de Aral (Comic Heart/G.Floy) - VENCEDOR
Galardão Melhor Curta de BD
- No Meu Lugar, de André Oliveira e Filipe Andrade, da antologia Almanaque (Bicho Carpinteiro)
- Sacred Monster, de Rui Lacas, da antologia Humanus (Escorpião Azul) - VENCEDOR
- O Segredo, de Rita Alfaiate, da antologia Humanus (Escorpião Azul)
- A Verdade da Mentira, de Álvaro, da antologia Humanus (Escorpião Azul)
Galardão Melhor Álbum de Autor Estrangeiro
- Angola Janga, de Marcelo D’Salete (Polvo)
- Fade Out, de Ed Brubaker e Sean Phillips (G.Floy) - VENCEDOR
- A Morte Viva, de Olivier Vatine e Alberto Varanda (Ala dos Livros)
- Uma Irmã, de Bastien Vivès (Levoir)
Este ano tivemos um"regresso" inesperado de José Carlos Fernandes à BD. Na verdade de regresso a publicação de Mar de Aral tem muito pouco, sendo uma das BD's de Fernandes que ficou pelo caminho (o autor já escreveu um obituário para o seu alter ego da BD e tudo). De qualquer das formas para quem cresceu com os seus livros esta foi uma publicação especial, soube muito bem recordar os mundos de Carlos Fernandes.
Este gosto não terá passado só por mim, pois como se poderá ver pelos resultados valeu a pena esta insistência da Comic Heart e da G.Floy, Mar de Aral foi o grande vencedor deste ano. Convém sempre lembrar que o melhor álbum na Comic Con vence 2000€, um prémio que é sempre uma ajuda nesta estrada penosa que é a publicação em Portugal.
Destaque também para o trabalho de Roberto Gomes (vencedor melhor desenho) que alterna entre estilos com grande à vontade neste Mar de Aral (conjunto de curtas). No entanto, não percam de vista Fábio Veras, o rapaz já conta com a segunda nomeação nesta categoria e só tem dois livros. É uma questão de tempo até o levar para casa.
Outra particularidade curiosa da edição deste ano foi ver o autor do melhor álbum estrangeiro subir ao palco para o reclamar, vantagens em ter Ed Brubaker na edição deste ano.
Sem me deambular mais pelos nomeados queria destacar aqueles que a meu ver faltaram na lista e que merecem ser recordados:
- Madoka Machina #6, de André Pereira (Polvo)
Da mesma forma que reconhecemos imediatamente um filme de Tim Burton ou Wes Anderson, o mesmo acontece com as páginas de André Pereira. Após o início da sua publicação em 2015, este foi o ano em que finalmente vimos a conclusão da série Madoka Machina. Existem várias idéias aqui que podem já ser bem conhecidas pelo leitor, porém, elas são desenvolvidas de uma forma muito distinta, utilizando conceitos relacionados com uma fantasia, por norma ligada a tempos medievais, para um tempo mais moderno e tecnológico. Tudo isto transposto para o meio da BD através de layouts incríveis, construídos de uma maneira muito dinâmica e, quando necessário, obscura. Este é um universo próprio, o universo de André Pereira. Deve-se notar também que, apesar de toda a fantasia explorada em segundo plano, Madoka Machina é, na sua essência, um dos melhores retratos, através da BD, sobre nossa nova geração de working class heroes
- Pequenos Problemas, de Francisco Sousa Lobo (Chili Com Carne)
Talvez seja um livro mais para os fãs... talvez. Para mim esta reunião de todas as curtas de Sousa Lobo é que é um verdadeiro livro de auto-ajuda, no sentido em que me poupa andar È procura de todas. As histórias foram produzidas entre 2004 e 2018, reunindo mais de 10 anos de trabalho. É muito interessante encontrar aqui muitas reflexões que surgiriam mais tarde no futuro e em obras mais longas de Sousa Lobo, onde ele continuou a explorar os temas de família, religião e importância da arte, além da descrição de certos episódios relacionados o clapso psicótico do autor, que desencadeou o famoso Desenhador Defunto. É realmente um privilégio a maneira como Sousa Lobo é tão aberto e honesto sobre esse momento difícil, tendo sempre algo novo a acrescentar, uma camada extra para compartilhar connosco. Em jeito de nota queria também referir que em 2018 Sousa Lobo também publicou a curta “Master Song” sobre uma babá de Londres que nunca se recuperou da leitura de Fifty Shades of Grey, fantástico.
- Sírio, de Martín Lopez Lam (Chili com Carne)
Mais uma nova coleção desta associação, a colecção rubi, que promete encontrar pedras preciosas naturais na BD. Sírio é o livro que abre as honras e abre-as muito bem. A forma como Lam joga com o silêncio, o tédio e um mistério de homícidio tornam este livro numa peça indispensável a todos aqueles que gostam de ver novas e distintas explorações na linguagem da BD.
- Antologia da Mente, de Tommi Musturi (MMMNNNRRRG)
Outro de auto-ajuda (mas dos que valem mesmo a pena). Esta antologia reúne uma série de trabalhos curtos de Tommi Musturi. Aqui, no mesmo livro, voltamos a ficar impressionados com a forma como Musturi procura explorar diferentes traços e estilos, um factor que faz parte do seu DNA enquanto autor, uma opção sobre a qual o autor se debruça no artigo A Prisão Do Estilo (E Um Plano De Fuga) que também se encontra disponível nesta edição.
O júri deste ano dos Galardões Comic Con contou com estes 17 nomes, onde me incluo: Cristina Alves, Dário Duarte, Diogo Campos, Gabriel Martins, João Marques, João Vasconcelos, José Pedro Castelo Branco, Manuel Ruas Moreira, Nuno Neves, Nuno Pereira de Sousa, Pedro Alves Martins, Pedro Bouça, Pedro Cruz, Rui Cartaxo e Sérgio Plácido.