Reinette: Monsieur, be careful!
The Doctor: Just a nightmare, Reinette. Don't worry about it. Everyone has nightmares. Even monsters from under the bed have nightmares. Don't you, monster?
Reinette: What do monsters have nightmares about?
The Doctor: Me!
SPOILERS
Russell T. Davies foi imperativo no regresso de "Doctor Who" em 2005. Juntamente com o duo de protagonistas, conseguiram cativar um novo grupo de fãs que foi crescendo (e continua a crescer) com o tempo. O passado também nunca foi esquecido e as referências a tempos e vilões passados fez-se sentir para aqueles que conheciam a série original. Davies, como referi, teve um papel crucial, mas dificilmente conseguiria cativar os espectadores se não tivesse um duo de protagonistas à altura. Christopher Eccleston como Doctor e Billie Piper como Rose criaram uma parceria assombrosa e apesar de Eccleston apenas ter estado uma temporada, acho que o seu trabalho, que contribuiu muito na revitalização deste franchise, nunca poderá ser esquecido. Continuo mesmo a achar que o Doctor de Eccleston só não é tão mencionado como os outros porque contou apenas com 13 episódios. Gosto muito do seu "Doctor Soldado" aquele que traz sempre no olhar o sentimento de ter perdido o seu povo na Time War contra os Daleks, uma prestação bastante séria, apesar do tom da série, que acentou muito bem. Na primeira temporada, juntamente com Rose, despedimo-nos dele para abraçar David Tennant como o 10º Doctor.
As alterações na personalidade dos vários Doctors são a "prova" de que o DNA é realmente crucial no nosso desenvolvimento e não só o ambiente. É que sempre que o Doctor recorre ao seu processo de regeneração o seu corpo muda, logo o seu DNA, e a pessoa que surge perante nós não só é diferente fisicamente como também em determinados traços da sua personalidade, apesar de estarmos perante a mesma personagem com as mesmas memórias. Claro que isto foi um artíficio criado para a série durar mais tempo, mas um artíficio que se tornou icónico e funcional. Muitos poderiam achar que faria sentido o Doctor manter a mesma personalidade, mas em vez de termos uma série de actores a copiarem-se uns aos outros, eu gosto mais desta hipótese. É o mesmo Doctor e não é o mesmo Doctor. Porque consoante o corpo, a sua tendência para determinados traços emotivos pode ser maior ou menor. Ora Tennant sobressai logo por ser mais divertido que o seu antecessor, por vezes um Doctor mais cartunesco até (óculos 3D, brillant).
Esta segunda temporada começou muito bem com aventuras tanto no futuro como no passado. No episódio de Natal, aquele em que o Doctor ainda está a finalizar o seu processo de regeneração, acabámos por reencontrar Harriet Jones, agora primeiro-ministro do Reino Unido, para mais uma aventura. Se bem que o final desta vez não foi tão promissor para o futuro desta mulher, da qual se esperava um caminho mais produtivo politicamente. Foi aqui também que tivemos a primeira menção a Torchwood, uma organização secreta que lida com tudo o que é de origem aliénigena e que teve especial destaque ao longo da temporada. Também porque 2006 foi o ano em que o spin-off com esse nome foi lançado (e onde podemos rever o Captain Jack Harkness).
Segue-se "New Earth" um episódio onde o Doctor tem de enfrentar um grupo de freiras felinas que criam clones humanos para testar neles todas as doenças, numa aventura onde "Doctor Who" volta a esticar a corda até ao ponto de ruptura dos nossos sentidos de lógica - esta é uma série que consegue ser tanto infantil como adulta, é mágica."Tooth and Claw" junta a Rainha Vitctória no século XIX ao mito dos lobisomens e mostra-nos a origem de Torchwood e "School Reunion" além de um enredo escolar carregado de suspense trouxe de volta Sarah Jane Smith e K9, dois grandes companheiros do passado do Doctor. Um momento importante também pelo facto de Rose, pela primeira vez, se aperceber que não é única. Uma bela reunião, uma belo início de temporada.
Tudo corria muito bem com este Doctor e com Rose a criarem cada vez uma ligação mais forte. Contudo, como em tudo que ocorre uma mudança deste género, primeiro estranha-se e depois entranha-se, ou seja, a presença de Eccleston ainda se fazia sentir e apesar de Tennant ter muita pinta e humor, ainda não me tinha conquistado plenamente. Até surgir "The Girl in the Fireplace" aquele que para mim, até à data, é um dos melhores episódios da série. A história é muito imaginativa, os vilões criaram uma aura de terror fantástica e acima de tudo a relação entre o Doctor e Reinette é uma que não será esquecida. Pela primeira vez vi este Doctor com o seu lado mais sensível e atormentado expostos. Agora sim, Tennant é o Doctor.
Quanto ao pobre do Mickey Smith, ainda criou coragem para partir à aventura ao lado de Doctor e Rose, mas rapidamente percebeu que estava a mais. Esta não já não é a Rose que ele conheceu e namorou. No entanto, uma personagem que normalmente era usada apenas para comic relief, foi crescendo e conquistando o seu espaço, acabando por ficar a travar uma batalha contra os Cybermen num universo paralelo. Um que voltaria a regressar na season finale.
Aventuras a evocar o ambiente de "Twilight Zone" como em "The Idiot's Lantern" e explorações do conceito e da entidade do Diabo em "The Impossible Planet" e "The Satan Pit" foram explorados em seguida - uns melhor que outros.Tivemos também o primeiro episódio que não foi centrado no duo de protagonistas. Em "Love & Monsters" conhecemos a história de Elton e do seu precurso em busca do Doctor, uma abordagem diferente e interessante.
Mas no que toca à recta final, a da 1º temporada foi melhor pois começou no soberbo "Empty Child" e continuou em alta até à despedida do 9º Doctor em "The Parting of the Ways". Mesmo assim o episódio duplo da season finale desta segunda temporada também foi muito dinâmico e emocionante. Davies não resistiu em trazer-nos mais uma vez uma horde de Daleks, mas desta vez com os Cybermen à mistura. A guerra na Terra parece perdida, mas mais uma vez o espirituoso Doctor prova-se à altura do seu nome. O problema é que a solução para este problema implica o afastamento de Rose. Caramba depois de uma grande despedida na primeira temporada, temos outra na segunda. O seu adeus foi tão sentido com aquele momento em que confirmou aquilo que todos sabíamos. Rose vai deixar mesmo muitas saudades, ela foi uma Companion magnífica e agora ficará para sempre (ou não) num outro universo, longe do seu Doctor, que ao contrário do que lhe disse, não vai continuar a viajar sozinho.
Quando foi preciso Rose deu o salto para dentro da Tardis e partiu à aventura. A início tremendo, mas rapidamente tomando-lhe o gosto por estas aventuras deslumbrantes. Aventuras essas que ficarão a ecoar na eternidade. O seu espírito aventureiro e carinho pelos outros sempre deram um toque especial a estes episódios e mesmo não conhecendo outra Companion apetece-me dizer que a sua ligação com o Doctor é das mais especiais. Temo que despedidas é algo que podemos esperar em todas as temporadas.
Agora venha a terceira e vamos lá conhecer quem é esta noiva em fuga que dá pelo nome de Donna Noble.