Hoje no Lux não percam o concerto de Walter Benjamin & Friends que juntos vão tocar o mítico álbum dos The Smiths: "The Queen is Dead".
O concerto começa às 23h e custa 10€.
Mais informações aqui.
sexta-feira, dezembro 27, 2013
terça-feira, dezembro 24, 2013
Conto de Natal
O conto foi aceite e a antologia encontra-se disponível gratuitamente aqui. Para bem e para o mal deixo em seguida o meu conto. Mesmo que não gostem a intenção de o colocar para vos desejar Feliz Natal é boa.
NOITE DE SONHO
A noite prosseguia fria mas acolhedora. A lua exibia-se cheia e abraçava todos
os seus caminhantes, como se estivesse a desejar-lhes a tal noite feliz que se
espera numa véspera de Natal. A maioria apressava-se para chegar a casa e
festejar a consoada em família, mas alguns apenas caminhavam para quebrar
o gelo que se apoderava dos seus corpos, com receio de adormecerem nas
ruas uma última vez. Muitos dirão que para eles este é um dia como todos os
outros, mas muitos estarão enganados.
Por entre a multidão caminhante, havia apenas uma figura que se encontrava
imóvel, ou melhor, imutável. A sua presença não era notada e nem o vento
glacial era capaz de lhe arrancar um suspiro ou tremor, por mais pequeno que
fosse. Silencioso mantinha o seu olhar fixo numa janela. Sorrateiramente uma
voz surgiu-lhe nas costas.
— Desconhecia que eras um entusiasta das épocas festivas.
O vigilante moveu-se, não por curiosidade, mas por cortesia. Não existe face
que lhe seja desconhecida, neste ou noutro mundo qualquer. Quem se
aproximava na sua forma de criança, irrequieta e falsamente cândida, era o
espírito dos sonhos.
— Boa noite Sonho. Por aqui tão cedo? Esta noite todos se deitam mais tarde.
— Há sempre alguém no meu mundo e os passeios nocturnos daquele que tudo
sabe intrigam-me sempre. A que devemos a honra, Destino?
Enquanto respondia, Sonho deixava-se perder no olhar do seu conhecido.
Destino não possui olhos, mas antes vários universos dentro de si. Ao abrir as
pálpebras, a luz das estrelas e do cosmos, emanavam com um poder tal que,
se ficássemos muito tempo a olhar para eles, poderíamos ir a qualquer lado.
Sonho adorava a sensação.
— Conhecer e viver são duas coisas diferentes, tu que mexes com a fantasia
devias saber a distinção — respondeu-lhe Destino voltando novamente a sua
atenção para a janela que observava. — Estás a ver esta casa à nossa frente?
Está quase a acontecer.
Sonho virou a sua atenção para a mesma janela, onde, sentada, uma mãe
conversava seriamente com o seu filho.
— Está a contar-lhe que o Pai Natal não existe — disse Destino com um olhar
brilhante.— Presta atenção, o seu olhar está a ficar cristalino, a sua face
vermelha, mas não chora. Está zangado não porque lhe mentiram, mas porque
neste momento se apercebeu que não há mais nada no mundo, não existe
magia, não há o impossível — aproximou a sua face da de Sonho, envolvendo-o
quase por completo. — Por vezes gosto de sair e ver a chama nos seus olhares
apagar, porque são estes pequenos momentos que os aproximam de mim e do
caminho que vão seguir.
Sonho ouvia sossegado, a sua face era serena e imperturbada, ele conhecia a
entidade com quem conversava e sabia que ela não tinha qualquer poder
sobre ele. A criança sentava-se agora sozinha a olhar para a janela e enquanto
a sua mãe abandonava a sala, também Destino abandonou Sonho, sem uma
despedida, ou uma nota final.
Enquanto caminhava em direcção à janela, Sonho ouviu uma nova voz
familiar, gritando pelo seu nome ao longe. Era o espírito da floresta que
saltava e rodopiava na sua direcção.
— Alguma ocasião especial para te encontrar pela cidade? — questionou-o
Sonho.
— Ouvi que ia nevar hoje — disse alegremente enquanto despenteava, com as
mãos castanhas, o seu farto cabelo verde — Não é todos os dias que neva em
Lisboa.
Não, não é todos os dias, mas acontece. Pensou Sonho sorrindo.
— Então e tu, a trabalhar?
— Ainda não — respondeu-lhe Sonho encostando a mão na janela. — Por vezes
gosto de vir aqui ver a chama no olhar dos deuses iluminar-se, é nesse
momento que eles acreditam que tudo sabem, que tudo controlam, não
imaginando que um dia vão estar enganados, porque eu vou estar sempre
aqui.
A criança do outro lado espreitava para fora. Não podia vê-lo - ainda estava
acordada - mas por alguma razão encostou a palma da sua mão onde Sonho
tinha a dele. Começou a nevar.
segunda-feira, dezembro 23, 2013
The Dying Draughtsman / O Desenhador Defunto
Não queria deixar terminar o ano sem falar de "The Dying Draughtsman / O Desenhador Defunto" de Francisco Sousa Lobo editado recentemente pela "Chili Com Carne".
É uma obra que explora conceitos e linguagens, que arrisca e nos intriga. Numa altura em que balanços povoam todo o lado, queria destacar aquela que me parece ser uma das edições de BD em Portugal mais interessantes do ano.
Para conhecerem mais sobre este livro podem ler aqui o que escrevi na "Rua de Baixo".
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domingo, dezembro 22, 2013
TCN Blog Awards 2013 - Melhor Artigo de TV
Ontem nos TCN venci a claquete para o melhor artigo de TV com o meu texto sobre os 25 melhores momentos em "Dragon Ball Z" escrito para o o TVDependente.
Não quero deixar de agradecer ao TVDependente por me terem recebido tão bem e continuarem a aceitar estas minhas sugestões; ao Carlos Reis, ao José Soares e a toda a academia TCN, que está sempre pronta a receber feedback dos bloggers e que ninguém pode criticar que não se esforce para melhorar todos os anos. Por fim a todos vocês que me lêem. Sem leitores não há blogs.
Há também que dar os parabéns ao apresentador Manuel Reis e a todos envolvidos no espectáculo. Aproveito para salientar os outros nomeados e vencedores que provam que afinal a blogoesfera continua muito produtiva, pois há pessoas que ainda gostam de escrever e desenvolver ideias. Parabéns a todos.
Adorei e detestei o prémio memória, uma das novidades deste ano. Adorei porque a Cláudia do Wasted Blues foi inspiradora e detestei porque me senti velhote nestas andanças. Lembro-me perfeitamente do blog dela quando comecei a ter este cantinho.
Acho que era uma passagem obrigatória para todos os que gostavam de Cinema - num tempo em que o Carlos Reis ainda assinava Knoxville. Vale a pena espreitá-lo que continua activo (ainda mantenho o seu link por aqui).
Ah e antes que me esqueça, que privilégio ter sido a música do Doctor Who a tocar quando apresentaram este prémio. Uma daquelas coincidências maravilhosas.
Os vencedores podem ser consultados aqui.
Pronto é isto, para o ano há mais.
Obrigado.
quinta-feira, dezembro 19, 2013
O Vento nos Salgueiros
A primeira vez que tive contacto com o clássico de 1908, “O Vento nos Salgueiros”, de Kenneth Grahame, foi com uma série de animação que passou há uns bons anos na TV. Podem espreitar o genérico aqui, para recordarem. Lembro-me de muito pouco em torno da série, no que tocava à história, mas os bonecos, as personagens, essas ficaram gravadas para sempre.
Desde há uns tempos para cá que a paixão por este universo criado por Grahame se foi intensificando e hoje possuo na estante três livros deste clássico da literatura infantil. Tenho uma versão com ilustrações na língua original e outra em português (ver imagem acima) e ainda uma BD. A adaptação em BD é de Michel Plessix e encontra-se dividida em duas partes (com 4 livros cada). Na realidade ainda não tenho a colecção completa deste - falta-me a segunda parte -, mas aproveitei as férias na Bélgica para comprar o número 1 da primeira parte, que segundo sei está esgotadíssimo cá. Tenho ideia também que por cá só se publicaram os primeiro 4. Em relação aos desenhos de Plessix, são absolutamente maravilhosos. A forma como ele deu imagem às palavras de Grahame rende-nos imediatamente sem nos dar qualquer hipótese de resistir.
Quanto à edição da Tinta da China, as ilustrações que contém são de E. H. Shepard (também conhecido pelo seu trabalho em “Winnie-the-Pooh”) e datam de 1931. São desenhos dotados de uma grande sensibilidade, que enriquecem em muito esta, já por si, bonita edição. Tenho ideia que Grahame não queria ver o seu mundo ilustrado, mas o trabalho de Shepard, fê-lo dar o braço a torcer.
Esta é a história do perspicaz senhor Toupeira, do poeta Rato d’Água, do sapiente Texugo e do excêntrico Sapo. Quatro amigos que nos levarão a conhecer um mundo cheio de aventuras, magia e bons sentimentos. Não sei se livros como este e o “Livro da Selva” ainda são muito lidos às crianças - nem se alguma vez o foram -, mas deviam, sem dúvida que deviam.
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quarta-feira, dezembro 18, 2013
Doctor Who - Temporada 3
There's no such thing as an ordinary human.
The Doctor
SPOILERS
A recta final desta temporada foi tão emocionante que nem me estou a lembrar de como tudo começou. É preciso acalmar, respirar e cá vamos nós.
Depois de nos termos despedido de Rose, uma estranha mulher vestida de noiva surgiu inesperadamente na Tardis, seu nome: Donna Noble. Pensava que Noble iria ser a próxima Companion do Doctor, mas foi-o apenas durante o especial de Natal, é pena. Tudo à volta desta personagem foi uma surpresa, não só o seu aparecimento, como a sua própria personalidade. Esta não era a Companion que imaginaria (apesar do meu conhecímento mínimo ainda) a aliar-se com o Doctor e por isso é que funcionou tão bem. Gostei particularmente da sua atitude que não mostrou qualquer problema em dar dois pares de estalos ao Doctor, que por vezes bem precisa.
Depois de nos despedirmos dela, entra em cena Martha Jones, cuja actriz já tinha surgido na segunda temporada, mas a interpretar uma personagem diferente (dizem que uma prima). Jones já entra num registo mais próximo ao de uma Rose e a personagem sofre mais por isso. Ela é jovem, bonita (até agora é a Companion mais linda) e fascinada pelo Doctor, mas todos nós - incluído a própria série - ainda estamos de luto pela loira. Por isso é que acho que a opção de uma Companion como a Donna, nesta altura, teria sido mais proveitoso. Eu gostei da Martha, mas, infelizmente, nunca conseguiu sair da sombra de Rose. O que até faz sentido, ninguém queria que o Doctor se esquecesse dela assim tão rápido.
Após a primeira aventura destes dois, na Lua, o Doctor não aceita imediatamente Jones como sua Companion, oferecendo-lhe, pela ajuda, uma viagem na Tardis. Ûma viagem até ao passado para conhecer William Shakespeare, não foi mesmo nada mau, mas quem vê o passado, quer ver o futuro e com o tempo Jones torna-se oficialmente - com direito a chave e tudo - na sua fiel Companion, que muito lhe valeu nesta temporada.
No regresso do Doctor a "New Earth", as coisas estão muito diferentes desde a última vez que lá esteve com Rose. Aparentemente, devido a um vírus, aqueles que moravam à superfície morreram, com excepção da "The Face of Boe" e sua ajudante, que têm vindo a ajudar o resto dos sobreviventes. É, finalmente, neste episódio que Boe revela o seu famoso segredo ao "Doctor" e que consiste em: "You Are Not Alone". Apesar do Doctor desvalorizar isto, é impossível não pensar que existe a possibilidade de além dele termos outro Time Lord a vaguear pelo espaço e tempo. Outra curiosidade que surge no final da temporada é que "The Face of Boe" poderá ser um futuro Captain Jack Harkness, que desde que voltou à vida na primeira temporada, é imortal (parece que Rose fez mais do que queria).
Lembram-se do "The Cult of Skaro"? esse grupo secreto de Daleks safou-se no final da temporada anterior, tendo viajado no tempo e ido parar a Manhattan em 1930. A fim de lutar pela sobrevivência da espécie, o líder dos Daleks decidiu assimilar DNA humano, tornando-se no primeiro Dalek Humano. Mas já tinhamos visto na primeira temporada o que o contacto com a nossa humanidade poderia fazer a estas criaturas sem sentimentos. De facto o Dalek Humano acaba por concluir que a via dos Daleks é errada e chega a dar a sua vida para defender isso. A possibilidade dos Daleks continuarem a sua existência assim era boa demais para ser verdade e, claro, não se pode perder um dos vilões icónicos. De qualquer das formas fica a sensação que se perdeu uma grande oportunidade aqui, a ideia é muito boa, mas o episódio nunca chega ao ponto certo, apesar de ser interessante o retrato do ambiente de uma América nos anos 30. Neste duplo episódio há que salientar a aparição do
Depois de mais algumas aventuras - na Terra e no espaço - quando a série chega a "Human Nature" arranca com um fôlego que nunca mais perde. Neste episódio duplo (com "The Family of Blood"), o Doctor esconde-se na Terra, escondendo as suas memórias num relógio e alterando a sua fisionomia para a de um humano. Tudo isto para não enfrentar uma família de aliens que o procura para se alimentarem dele. Neste episódio temos o vislumbre de como o Doctor poderia levar uma vida humana, sendo um professor chamado John Smith que até encontra o amor. Quando a presença do Doctor é necessária, John Smith não quer abdicar desta vida que construiu, pois ao recuperar a sua memória, a pessoa que é hoje, morrerá. Adorei este confronto emocional de Smith, que acaba por dar a sua vida para salvar o mundo. No final, percebemos que o Doctor não se estava a esconder por receio, mas para poupar a família que o caçava. A ira de um Time Lord não é algo que facilmente se esquece.
Segue-se "Blink", que não é só o melhor episódio desta temporada, como um dos melhores da série. A criação dos sinistros "Weeping Angels" e a exploração das viagens no tempo neste episódio, foi nada menos do que épico. O Doctor poderá aparecer pouco, mas a sua presença fez-se bem sentir, a série tem uma atmosfera que é inconfundível. Quanto à protagonista é Sally Sparrow, interpretada por Carey Mullingan, que lidera muito bem uma das aventuras de maior suspense que a série nos trouxe. Este foi mesmo daqueles que mais me fascinou, arrisco-me a dizer que quem não gosta de "Blink" muito provavelmente nunca vai gostar de "Doctor Who".
Nos últimos três episódios, temos a season finale, que introduz um novo vilão. Depois dos Daleks e dos Cybermen, chegou a vez do "The Master" fazer a sua aparição. É aqui que vemos como tudo foi tão bem planeado ao longo da temporada, é que ainda antes de termos assistido à libertação do Master, já partes do seu plano começavam a decorrer no presente - é uma das vantagens de trabalhar com viagens no tempo. O Master é um Time Lord, que durante a grande guerra do tempo com os Daleks, escapou para um futuro longíquo, próximo do final do Universo (nenhum Time Lord tinha ido tão longe). Para escapar à morte escondeu-se aí recorrendo ao mesmo truque do Doctor, ou seja, guardando as suas memórias e transformando-se em humano. O seu nome é professor Yana que são as primeiras letras da profecia de Boe: You Are Not Alone. Em "Utopia" esta revelação foi qualquer coisa de fantástico. Ao Yada abrir o relógio assistimos assim ao regresso do Master, claramente um dos vilões mais perigosos do Doctor. Acho até agora esta foi a season finale mais terrífica, o Master preparou-se muito bem e a dada altura tudo parecia mesmo perdido. Na primeira temporada também, mas aconteceu tudo muito rápido, desta vez o tempo que o Master dominou na Terra foi muito maior e o seu plano ainda mais aterrador, mas se há coisa que esta aventura nos ensinou é que nunca devemos deixar de acreditar no Doctor. Claro que Davies mete o Doctor a vencer através de momentos Deux Ex-Machina, mas lá que ele consegue canalizar emoção nesses momentos, isso consegue.
Gostei muito de ver o Derek Jacobi como professor Yada e posteriormente como Master. Tenho pena que não tenha tido mais tempo de antena, pois a personagem recorreu rapidamente à arte da regeneração mudando de corpo para o actor John Simm, que também esteve excelente na pele deste insano Time Lord.
Outra excelente notícia, é que nestes três episódios finais tivemos o regresso do grande Captain Jack Harkness que actualmente se encontra a trabalhar em "Torchwood" uma equipa muito diferente daquela que o Doctor conheceu.
No final, mais uma despedida, a de Martha Jones. Ela compreende que o seu amor pelo Doctor não será correspondido e prefere dedicar-se a ela e à família, do que continuar a segui-lo na esperança de que, um dia, ele olhe para ela de forma diferente. Terminamos assim a terceira temporada, há semelhança da segunda, com um Doctor sozinho e a partir para novas aventuras. Antes de viajar ainda assistimos a um acidente, parece que o Titanic esbarrou com a Tardis, mas para saber mais só no especial de Natal e isso já é a 4º temporada.
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Doze séries para o vosso Natal
No "TVDependente" sugerem-se 12 séries para o Natal. Não são sugestões que se prendem com a quadra natalícia, mas antes com o período em que as séries que seguimos regularmente entram de férias. Para preencher esse tempo, vários colaboradores deram os seus conselhos, limitando-se a séries curtas ou com apenas uma temporada (ainda). A lista pode ser vista aqui.
Aproveito para realçar a minha escolha, uma que já queria ter falado aqui há algum tempo. "No Heroics" é uma série inglesa que foi para mim uma das mais divertidas paródias ao género do super-herói. São apenas 6 episódios de 20 minutos, pois, infelizmente, a série viria a ser cancelada. Vale muito a pena ver (como acredito que valham as restantes 11).
terça-feira, dezembro 17, 2013
Calafrios! #002
A revista de BD portuguesa dedicada a histórias de terror publicadas nos E.U.A. na década de 1950, está de regresso com o seu segundo número.
Como novidades temos o envolvimento de André Azevedo (BD no Sotão) que apresenta os três contos da revista e a participação da desconhecida “Doc” Thor T. Ure que contribuiu com a a publicação de um conto.
Para mais informações consultem o blog "A Filactera" do criador deste projecto, Filipe Azeredo.
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segunda-feira, dezembro 16, 2013
Câmara de Lisboa quer diminuir número de bibliotecas municipais
Infelizmente parece que a Câmara de Lisboa tem planos para desagregar a Rede Municipal de Bibliotecas de Lisboa (BLX).
Existe um grupo de oito bibliotecas municipais (bedeteca incluída) que poderão passar a ser geridas pelas respectivas juntas de freguesia. O mais certo é que isto irá terminar com o funcionamento em rede das "BLX" que tem sido nada menos do que exemplar - é considerada uma das melhores do país. Poderá também resultar no encerramento de bibliotecas...
As razões do excelente funcionamento das "BLX" encontram-se expostas na seguinte petição, a qual procura combater contra esta futura medida. Quem estiver interessado pode consultar e assinar.
Existe um grupo de oito bibliotecas municipais (bedeteca incluída) que poderão passar a ser geridas pelas respectivas juntas de freguesia. O mais certo é que isto irá terminar com o funcionamento em rede das "BLX" que tem sido nada menos do que exemplar - é considerada uma das melhores do país. Poderá também resultar no encerramento de bibliotecas...
As razões do excelente funcionamento das "BLX" encontram-se expostas na seguinte petição, a qual procura combater contra esta futura medida. Quem estiver interessado pode consultar e assinar.
quarta-feira, dezembro 11, 2013
DON'T BLINK!!!
Don't blink.
Blink and you're dead.
Don't turn your back.
Don't look away.
And don't blink.
Good Luck.
The Doctor
terça-feira, dezembro 10, 2013
The League - 5º Temporada
Chegou ao fim mais uma temporada de "The League". Uma que trouxe novos convidados, novos prémios (ou o mesmo mas com um nome diferente) e até um episódio completamente diferente, que poderia ser o lançamento de uma nova série. Mas não parece ser o caso e arrisco-me a dizer, ainda bem.
Mas não me vou alongar mais, uma vez que falei sobre todos os episódios detalhadamente no "TVDependente" aqui.
Este ano tentei fazer algo diferente, uma espécie de desafio para me estimular à medida que ia escrevendo sobre a série. Esse desafio consistia em que todos os textos que escrevi tivessem de conter algo diferente, por mais mínima que essa diferença fosse - tal como escrever a crítica com a ordem inversa, começando na conclusão e terminando na introdução.
Para o episódio final guardei esta ideia louca de o escrever em verso. Cumpri o que pretendia e para quem o viu, acho que poderá ter alguma graça.
Também achei que esta era uma série ideal para correr este tipo de riscos. Espero que me tenha safado.
segunda-feira, dezembro 09, 2013
Astronauta - Magnetar
As colecções "MSP 50" abriram as portas para todo um novo mundo da "Turma da Mônica". Para quem não conhece, este projecto tinha por objectivo comemorar os 50 anos de carreira de Maurício de Sousa, convidando uma série de autores brasileiros para criarem curtas com personagens do universo da "Turma da Mônica". O sucesso foi tanto que seguiram-se mais dois volumes. Só tenho o 1º - infelizmente a partilha entre nós e o Brasil não é tão grande como se esperaria - mas sobre esse posso dizer que foi uma ideia vencedora.
Aqui se viu que as potencialidades em abordagens mais maduras por autores convidados era boa demais para ser ignorada e imagino que por esta razão o projecto "Graphic MSP" tenha nascido. A abrir as hostes temos o Astronauta, a personagem mais solitária de Maurício de Sousa que vagueia pelo espaço em inúmeras aventuras.
Em "Magnetar" é Danilo Beyruth quem tem as honras de pegar nesta personagem e desenvolvê-la. Como não podia deixar de ser o primeiro foco do autor é precisamente na solidão desta personagem, experienciada aqui de uma forma como nunca antes vimos.
A narração gráfica é muito boa e a cor de Cris Peter combina muito bem com o traço de Beyruth. Vale a pena espreitar a todos aqueles que gostam de aventuras espaciais, mas irá sempre ter um gosto mais especial aos que vibraram, no passado, com as aventuras do Astronauta de Maurício de Sousa.
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quinta-feira, dezembro 05, 2013
Ar Puro e Água Fresca
A Banda Desenhada, na maioria dos casos, utiliza uma mistura de linguagens: a palavra e o desenho. Mas para ser Banda Desenhada apenas o desenho é obrigatório na narração das histórias.
O autor Pero decidiu assim aventurar-se - pela primeira vez num projecto mais longo - a contar esta fábula sobre a natureza do Homem, recorrendo exclusivamente ao desenho. O seu traço e planeamento gráfico, conseguiram passar a sua mensagem na perfeição, apesar de recorrer a alguns facilitismos, como desenhos dentro dos balões para expressar certas acções.
O resultado final traz-nos um bonito trabalho de BD - editado este ano pela "Polvo" - que nos faz ter curiosidade em conhecer o futuro deste autor.
quarta-feira, dezembro 04, 2013
A Chili com Carne vai ao Portinho Bender o Corpinho
Em relação às serigrafias, estas ficarão à venda até 4 de Janeiro de 2014 e tratam-se de um conjunto de imagens ligadas aos projectos “Bestiário Ilustríssimo”, “Futuro Primitivo” e “Love Hole”. Uma oportunidade a não perder.
Ainda não falei do "Love Hole" do Afonso Ferreira, mas posso adiantar que já li e é dos livros mais alucinados do ano. Uma trip psicadélica que vale muito a pena conhecer.
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Chili Com Carne,
Duas de Letra
terça-feira, dezembro 03, 2013
A MORTE DE IVAN ILIITCH
Em poucas páginas Tolstói conta-nos a trágica e dolorosa história da morte de Ivan Iliitch, ou melhor, da vida de Ivan Iliitch, com especial incidência no desenvolvimento da sua doença que o conduziu àquilo que todos esperamos desde que pomos os olhos no título deste livro.
"A Morte de Ivan Iliitch" foi publicado em 1986 após "Anna Karenina" (1977) e "Guerra e Paz" (1869), numa fase em que o autor cada vez mais abdicava da sua interiorização em prol da sua exteriorização. Algo que provavelmente se deve à sua recente conversão religiosa que ocorre no final dos anos 70. Tolstói é um Homem de grande consciência e bondade, na fase em que este livro foi escrito, cada vez mais o autor abandonava o acto de escrita solitária e egoísta em prol do contacto com a sociedade e pela escrita de outros géneros de livros - segundo o posfácio de Vladimir Nabokov. O acto da escrita pode ser solitário e egoísta, mas o resultado de livros como "Guerra e Paz" é tudo menos isso e a sua inspiração e legado perdurarão para a eternidade.
Nesta história nota-se um tom de fábula, algo intencional e ligado a este lado mais espiritual do autor. Ivan Illitch foi alguém que levou uma vida isolada e vazia de significado, acabando por ter na morte uma experiência mais agitada, consciente e, por consequência, sofredora. São vários os sentimentos e temas ao longo do livro, mas a resumi-lo, em uma frase, teria de ser algo similar a esta que escrevi, citando Nabokov: "Ivan viveu uma vida má e visto que uma vida má é apenas a morte da vida, este viveu uma morte viva". Até no final, Illicth aceita aquilo que vinha sempre a negar, a inocuidade da sua existência, haverá revelação pior do que esta ao nos aproximarmos do fim?
Independentemente da lição o retrato da personagem e seu posterior desenvolvimento são de uma mestria impressionante. O percurso de vida de Illitch e seus objectivos são apresentados em metade do livro, seguindo-se o surgimento da doença, algo que nunca sabemos especificamente do que se trata, bem como a sua causa. A forma como a sua (Iliitch) percepção da realidade vai mudando, bem como a relação que mantém com os outros, é descrita de forma magistral. Sem falar naquele sentimento de esperança, que por mais miserável que seja, nos obriga a agarrar-nos a ele. Acho que foi Dostoievski em "Crime e Castigo" que disse que um Homem mesmo que esteja a viver numa pequena ilha (que lhe segura apenas o corpo) se irá lá manter, agarrando-se sempre à oportunidade de viver (algo assim, não me lembro da frase ao certo). De facto, isto acontece a Illitch e quem de nós o pode censurar? Illitch, homem ligado ao direito, racional e que privilegia a lógica, chega a questionar a própria fé em determinados momentos. Porque mal não faz e se houver uma esperança de vida...
A morte sempre atormentou e continua a atormentar a humanidade. O vazio de uma existência, o derradeiro final é um tema que me faz sofrer a mim e a muitos por antecipação. Se existe razão para a criação de credos e religiões, passa muito pela justificação desse desconhecido que tanto nos assusta. A vida para aqueles que têm algo mais a que se agarrar poderá ser mais reconfortante nestes instantes, pois para aqueles que não acreditam em nada mais, estas questões são ainda mais sufocantes. Apesar de não me identificar com o protagonista e sua forma de vida (tanto profissional, como social e familiar), o seguir o seu desenvolvimento foi extremamente doloroso e arrepiante. Há momentos na vida que se sobrepõem a personalidades e gostos. A morte e questões existencialistas, são exemplos disso. Aqui não é só Illitch que se questiona sobre o propósito da existência, mas o autor também.
O primeiro capítulo que nos apresenta a história é o único que decorre após a morte de Illitch, uma decisão interessante e, penso que na altura, diferente. O título não deixa margens para dúvidas, não há surpresas a estragar. Nesta abordagem o autor apresenta-nos o protagonista a partir dos seus amigos e mulher, mas mais do que isso, a forma como a morte dos outros nos a afecta a nós, em diferentes estágios. Também o relato do velório e do que se passa dentro de nós nestes momentos é mais um excelente retrato da sociedade. Sejamos russos ou portugueses, há aspectos que são humanos, independentemente da nação. E Tolstói é um dos grandes mestres cronistas dos tempos e da sociedade.
De salientar ainda o posfácio de Vladimir Nabokov que fui mencionado ao longo do texto. Nabokov era um conhecido apaixonado pela escrita de Tolstói, principalmente deste e de "Anna Karenina". Um bom suplemento para ler após concluída a viagem de Ivan Illitch.
Para quem não tem este suplemento vou escrever o que foi referido pelo autor de "Lolita" sobre a escolha do nome do protagonista:
- Em russo Ivan é John, que em hebraico significa "Deus é bom, é gracioso". Illiitch por sua vez é filho de Ilya, a versão russa do nome Elias que em hebraico é Jeová (Deus).
- Ilya é um nome comum em russo que se pronúncia com uma sonoridade muito parecida ao il y a francês.
- Por fim, em inglês se separarmos o apelido temos Ill (doente) + Iitch (comichão), os males e as comichões da vida mortal.
Concluindo: obra-prima.
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segunda-feira, dezembro 02, 2013
Mouse Guard - The Black Axe
Chegou a altura de regressar ao universo criado por David Petersen neste terceiro volume de "Mouse Guard". Após "Fall" e "Winter", Petersen trouxe-nos uma prequela, onde se conta a história do famoso Black Axe.
A presença desta personagem, o rato que usa o nome Black Axe, fez-se logo sentir na sua primeira aparição e por isso o surgimento de uma história como estas é tudo menos uma surpresa.
Petersen continua a dotar este mundo de uma grande beleza e sensibilidade. As relações entre estes ratos e outros animais, são tão humanas e tão inspiradoras. Vale a pena espreitar.
sexta-feira, novembro 29, 2013
Doctor Who - Temporada 2
Reinette: Monsieur, be careful!
The Doctor: Just a nightmare, Reinette. Don't worry about it. Everyone has nightmares. Even monsters from under the bed have nightmares. Don't you, monster?
Reinette: What do monsters have nightmares about?
The Doctor: Me!
SPOILERS
Russell T. Davies foi imperativo no regresso de "Doctor Who" em 2005. Juntamente com o duo de protagonistas, conseguiram cativar um novo grupo de fãs que foi crescendo (e continua a crescer) com o tempo. O passado também nunca foi esquecido e as referências a tempos e vilões passados fez-se sentir para aqueles que conheciam a série original. Davies, como referi, teve um papel crucial, mas dificilmente conseguiria cativar os espectadores se não tivesse um duo de protagonistas à altura. Christopher Eccleston como Doctor e Billie Piper como Rose criaram uma parceria assombrosa e apesar de Eccleston apenas ter estado uma temporada, acho que o seu trabalho, que contribuiu muito na revitalização deste franchise, nunca poderá ser esquecido. Continuo mesmo a achar que o Doctor de Eccleston só não é tão mencionado como os outros porque contou apenas com 13 episódios. Gosto muito do seu "Doctor Soldado" aquele que traz sempre no olhar o sentimento de ter perdido o seu povo na Time War contra os Daleks, uma prestação bastante séria, apesar do tom da série, que acentou muito bem. Na primeira temporada, juntamente com Rose, despedimo-nos dele para abraçar David Tennant como o 10º Doctor.
As alterações na personalidade dos vários Doctors são a "prova" de que o DNA é realmente crucial no nosso desenvolvimento e não só o ambiente. É que sempre que o Doctor recorre ao seu processo de regeneração o seu corpo muda, logo o seu DNA, e a pessoa que surge perante nós não só é diferente fisicamente como também em determinados traços da sua personalidade, apesar de estarmos perante a mesma personagem com as mesmas memórias. Claro que isto foi um artíficio criado para a série durar mais tempo, mas um artíficio que se tornou icónico e funcional. Muitos poderiam achar que faria sentido o Doctor manter a mesma personalidade, mas em vez de termos uma série de actores a copiarem-se uns aos outros, eu gosto mais desta hipótese. É o mesmo Doctor e não é o mesmo Doctor. Porque consoante o corpo, a sua tendência para determinados traços emotivos pode ser maior ou menor. Ora Tennant sobressai logo por ser mais divertido que o seu antecessor, por vezes um Doctor mais cartunesco até (óculos 3D, brillant).
Esta segunda temporada começou muito bem com aventuras tanto no futuro como no passado. No episódio de Natal, aquele em que o Doctor ainda está a finalizar o seu processo de regeneração, acabámos por reencontrar Harriet Jones, agora primeiro-ministro do Reino Unido, para mais uma aventura. Se bem que o final desta vez não foi tão promissor para o futuro desta mulher, da qual se esperava um caminho mais produtivo politicamente. Foi aqui também que tivemos a primeira menção a Torchwood, uma organização secreta que lida com tudo o que é de origem aliénigena e que teve especial destaque ao longo da temporada. Também porque 2006 foi o ano em que o spin-off com esse nome foi lançado (e onde podemos rever o Captain Jack Harkness).
Segue-se "New Earth" um episódio onde o Doctor tem de enfrentar um grupo de freiras felinas que criam clones humanos para testar neles todas as doenças, numa aventura onde "Doctor Who" volta a esticar a corda até ao ponto de ruptura dos nossos sentidos de lógica - esta é uma série que consegue ser tanto infantil como adulta, é mágica."Tooth and Claw" junta a Rainha Vitctória no século XIX ao mito dos lobisomens e mostra-nos a origem de Torchwood e "School Reunion" além de um enredo escolar carregado de suspense trouxe de volta Sarah Jane Smith e K9, dois grandes companheiros do passado do Doctor. Um momento importante também pelo facto de Rose, pela primeira vez, se aperceber que não é única. Uma bela reunião, uma belo início de temporada.
Tudo corria muito bem com este Doctor e com Rose a criarem cada vez uma ligação mais forte. Contudo, como em tudo que ocorre uma mudança deste género, primeiro estranha-se e depois entranha-se, ou seja, a presença de Eccleston ainda se fazia sentir e apesar de Tennant ter muita pinta e humor, ainda não me tinha conquistado plenamente. Até surgir "The Girl in the Fireplace" aquele que para mim, até à data, é um dos melhores episódios da série. A história é muito imaginativa, os vilões criaram uma aura de terror fantástica e acima de tudo a relação entre o Doctor e Reinette é uma que não será esquecida. Pela primeira vez vi este Doctor com o seu lado mais sensível e atormentado expostos. Agora sim, Tennant é o Doctor.
Quanto ao pobre do Mickey Smith, ainda criou coragem para partir à aventura ao lado de Doctor e Rose, mas rapidamente percebeu que estava a mais. Esta não já não é a Rose que ele conheceu e namorou. No entanto, uma personagem que normalmente era usada apenas para comic relief, foi crescendo e conquistando o seu espaço, acabando por ficar a travar uma batalha contra os Cybermen num universo paralelo. Um que voltaria a regressar na season finale.
Aventuras a evocar o ambiente de "Twilight Zone" como em "The Idiot's Lantern" e explorações do conceito e da entidade do Diabo em "The Impossible Planet" e "The Satan Pit" foram explorados em seguida - uns melhor que outros.Tivemos também o primeiro episódio que não foi centrado no duo de protagonistas. Em "Love & Monsters" conhecemos a história de Elton e do seu precurso em busca do Doctor, uma abordagem diferente e interessante.
Mas no que toca à recta final, a da 1º temporada foi melhor pois começou no soberbo "Empty Child" e continuou em alta até à despedida do 9º Doctor em "The Parting of the Ways". Mesmo assim o episódio duplo da season finale desta segunda temporada também foi muito dinâmico e emocionante. Davies não resistiu em trazer-nos mais uma vez uma horde de Daleks, mas desta vez com os Cybermen à mistura. A guerra na Terra parece perdida, mas mais uma vez o espirituoso Doctor prova-se à altura do seu nome. O problema é que a solução para este problema implica o afastamento de Rose. Caramba depois de uma grande despedida na primeira temporada, temos outra na segunda. O seu adeus foi tão sentido com aquele momento em que confirmou aquilo que todos sabíamos. Rose vai deixar mesmo muitas saudades, ela foi uma Companion magnífica e agora ficará para sempre (ou não) num outro universo, longe do seu Doctor, que ao contrário do que lhe disse, não vai continuar a viajar sozinho.
Quando foi preciso Rose deu o salto para dentro da Tardis e partiu à aventura. A início tremendo, mas rapidamente tomando-lhe o gosto por estas aventuras deslumbrantes. Aventuras essas que ficarão a ecoar na eternidade. O seu espírito aventureiro e carinho pelos outros sempre deram um toque especial a estes episódios e mesmo não conhecendo outra Companion apetece-me dizer que a sua ligação com o Doctor é das mais especiais. Temo que despedidas é algo que podemos esperar em todas as temporadas.
Agora venha a terceira e vamos lá conhecer quem é esta noiva em fuga que dá pelo nome de Donna Noble.
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terça-feira, novembro 26, 2013
Exposição de Paulo e Susa Monteiro na Mundo Fantasma - Histórias da Planície
Foi já no Sábado 16 de Novembro que teve início a exposição intitulada "Histórias da Planície" na loja de BD "Mundo Fantasma". A inauguração contou com as presenças dos autores, Paulo e Susa Monteiro. A notícia já vem tarde, mas a exposição continuará até 5 de Janeiro. Por isso a quem estiver ou passar pelo Porto nesses dias, fica a sugestão.
Já queria ter falado aqui há muito do livro "O Amor Infinito que te tenho e outras histórias" de Paulo Monteiro, cujas pranchas (algumas) se encontram expostas. O livro do Paulo, editado pela Polvo em 2010, foi um dos melhores lançamentos destes últimos anos. Os seus desenhos pautados por frases poéticas, resultam numa série de momentos de imensa sensibilidade e beleza, com o que me pareceu, alguns toques auto-biográficos. O livro tem sido alvo de vários elogios e conquistou em 2010 o prémio de melhor álbum no festival "Amadora BD" e em 2011 de melhor publicação independente nos "Troféus Central Comics". Além de Portugal já foi também editado na Polónia, França e Espanha.
Em relação à autora Susa Monteiro, conheci-a precisamente com o livro que tem exposto, "A Carga", que foi editado em 2008 no Festival de Beja (o primeiro a que fui). Numa primeira impressão é clara a simbiose entre os trabalhos dos dois, tanto no traço como no ambiente, afinal de contas vivem juntos e certamente acabam por se influenciar mutuamente, mas sobre isto vale a pena ler o que Paulo Monteiro escreveu aqui. Além deste "A Carga" só conheço o álbum que fez sobre o Jorge Palma para a colecção "Pop Rock Português".
É preciso também salientar que o trabalho desenvolvido na BD por estes dois autores, vai além do autoral uma vez que pertencem à organização da Bedeteca de Beja e do famoso Festival que lá se desenrola.
A não perder.
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sexta-feira, novembro 22, 2013
O Capuchinho Vermelho - Na versão que as crianças mais gostam
A "Polvo" é das editoras nacionais com catálogo mais invejável em termos de BD. É sempre uma excelente oportunidade visitar a sua banca em festivais e ir completando a colecção. Foi precisamente isso que fiz este ano no "Amadora BD" começando por esta versão da história do Capuchinho Vermelho por Richard Câmara, que talvez não seja a versão favorita das crianças, mas é uma das minhas certamente.
Apesar de termos aqui uma visão diferente do conto, uma com o final mais bizarro de todos, o que mais gosto neste livro é a forma como a história é contade. Do pouco que conheço de Câmara já vi que o autor gosta de explorar a linguagem da BD e é precisamente isso que quero focar neste livro.
No "Capuchinho Vermelho" as pranchas são divididas em quatro vinhetas, onde cada uma corresponde a uma das quatro personagens desta história: Capuchinho, Lobo, Caçador e Avózinha. Assim cada vinheta vai contando a história a partir do ponto de vista da sua personagem, por exemplo, se quisermos seguir apenas o Capuchinho só temos de ler a primeira vinheta de todas as páginas. Claro que a dada altura as histórias se vão cruzando e é curioso ver como o autor explora alguns desses momentos.
Um exercício de estilo e linguagem muito engraçado tornam este "O Capuchinho Vermelho - Na versão que as crianças mais gostam" uma bela sugestão de leitura para todos os apreciadores de BD, sejam eles pequenos ou graúdos.
quinta-feira, novembro 21, 2013
Susana (1951)
Da negra tempestade surge Susana, com seu corpo angelical e alma demoníaca. É recebida pela família Guadalupe que lhe dá abrigo e carinho. Como se fosse um membro da família Susana é assim integrada naquela dinâmica familiar tão celestial. Mas os símbolos estão lá, Susana é o mal, no dia em que chega à quinta um potro morre e uma égua adoece, se isto não fosse claro o final volta a reforçá-lo, tudo fica bem sem a presença de Susana.
Ela é a serpente do paraíso em contraste com a família perfeita e católica (até o nome do filho é Jesus) e o efeito sedutor que tem nos homens, não demora a fazer-se sentir. Susana sabe que a sedução é algo que lhe vem de forma natural e manipula o seu dom a seu bel-prazer. Em pouco tempo, não há homem na quinta que não saiba quem ela é e que não sonhe com ela. O problema de ser demasiado sedutor é que por vezes seduzimos mesmo quando nem tentamos.
Toda a família cai em tentação, cada um à sua maneira e, no entanto, apenas Susana é recriminada como sendo "o diabo", a culpada. Ela que nos é apresentada como prisioneira num reformatório onde parece ser constantemente recriminada pelas suas acções, afinal de contas, não é pura nem virtuosa. O filme trata-a assim a partir de todos os simbolismos, mas será que a mensagem é mesmo essa por parte de Buñuel? Não é. Há aqui uma forte ironia em toda esta situação, mas uma ironia tão suave que fintou de forma genial a censura da altura como muito bem explica este belo texto de João Bénard da Costa que encontrei no Cine Resort.
Neste meu precurso pela filmografia de Luis Buñuel, chegou a vez de "Susana" o filme com a maior carga de sensualidade e erotismo que vi do realizador. A sensualidade e a nudez não são a mesma coisa e "Susana" não deixa de ser uma lição nesse campo, para muitos outros filmes que falham em capturar semelhante atmosfera.
O final recordou-me o de "A History of Violence" aquele regressar às origens como se nada se tivesse passado. Claro que neste caso o contexto é diferente e o final muito mais surreal e inverosimil. Uma coisa é certa: para passar a provação é sempre mais fácil remover a tentação.
terça-feira, novembro 19, 2013
2001: A Space Odyssey (1968) - O Regresso aos Cinemas
Cada vez mais se sente que as sessões clássicas no "UCI El Corte Inglês" vieram para ficar. Uma iniciativa que abriu as hostes com "Taxi Driver" e que continuou com "Lawrence of Arabia" e "From Here to Eternity". A preocupação na escolha dos títulos continua a mostrar-se cuidada, a encerrar o ano temos agora a estreia desse filme tão grande como a vida que é "2001 A Space Odyssey" e mais perto do Natal podem já marcar nas agendas o regresso de "Casablanca".
Vi este filme pela primeira vez em casa em DVD, tal como a maioria da minha geração. Posteriormente, vi-o na "Casa da Música" com a banda sonora tocada ao vivo pela orquestra do Porto, sem dúvida alguma uma visualização muito especial. Kubrick era um perfeccionista em todas as vertentes do processo de realizar um filme e a banda sonora não era excepção. Quem conhece o filme, sabe bem o quanto estas composições musicais fazem parte da estrutura do mesmo, da sua alma. Haverá início cinematográfico mais épico que este ao som de "Also Sprach Zarathustra" de Richard Strauss? Existe outro filme que conseguiu captar um bailado no espaço como o que vislumbramos aqui ao som de "An der schönen blauen Donau" de Johann Strauss? E o que dizer da perturbante "Requiem" de Ligeti que nos assombra ao longo da narrativa?
Se em termos musicais dificilmente voltarei a ter uma melhor experiência do que esta, em termos visuais não era o caso. Por isso desta vez não ia perder a oportunidade de ver "2001" numa sala de cinema (trata-se de uma versão restaurada digitalmente). Agora sim a imersão no espaço foi muito mais profunda, há determinadas cenas em que ganham um poder inegavelmente maior. "2001" é um filme para ser vivido numa sala de cinema, caso haja oportunidade, por isso esta é uma experiência imperdível para todos os apaixonados por Cinema.
São várias as virtudes de "2001", estamos a falar de um filme que marcou e até mudou o Cinema. Segundo João Lopes "2001" e "The Birds" de Hitchcock foram os filmes da década de 60 mais importantes no que toca aos avanços dos efeitos especiais. Nuno Galopim, outro dos apresentadores desta sessão de ante-estreia, também chamou muito bem a atenção para o facto de nunca antes, nem nunca depois, o cinema e a literatura de ficção-científica terem estado tão próximos como neste momento. Uma vez que estamos a falar de um filme escrito por Kubrick e Arthur C. Clark e que viria a dar origem num livro também.
(Spoilers)
Apesar de estarmos perante um filme que explora temáticas como a da existência humana, não deixo de achar curioso que a personagem mais bem desenvolvida em todo o filme seja um robô. "2001" pode ser tudo, mas não é um filme de actores, onde determinada interpretação nos tenha impressionado em particular. De facto este é talvez o ponto mais criticado do filme, a falta de uma maior caracterização de personagens e que levam a acusações de o realizador ser demasiado frio e cerebral. Há verdade nestas afirmações, "2001" não é esse tipo de filme, nem tem de ser. Contudo, considero mesmo que existe uma personagem muito bem construida e interpretada (pela voz de Douglas Rain) que é o Hal 9000. Curiosamente acaba por ser a personagem mais humana do filme, aquele momento final em que Dave está a desligar Hal é dos momentos que mais me arrepia a ver o filme, aquele "I'm afraid Dave" diz tudo.
(Fim de Spoilers)
No final acabei por conversar com amigos sobre a resposta Russa ao "2001", o "Solyaris" de Andrei Tarkovsky. Quis salientar este filme no texto porque não deixa de ser interessante reparar que a grande virtude do filme Russo reside precisamente no foco dado às personagens, estando longe da imponência visual de "2001". Apesar de um filme lembrar sempre o outro, estamos perante duas obras ímpares e muito distintas do Cinema em geral e da ficção-científica em particular.
A quem tiver a oportunidade, não a perca, certamente não dará o tempo por perdido. Não há nada como ver um filme destes no formato para o qual foi pensado e criado.
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domingo, novembro 17, 2013
Contos de Máximo Gorki: Vinte e seis e mais uma
Poema
Em pouco tempo calávamos quem ousava dizer tal coisa: precisávamos de amar alguma coisa - tínhamo-la encontrado e amávamo-la; como tal, essa coisa que nós, todos os 26, amávamos, tinha de ser inacessível, como se fosse sagrada, e qualquer um que nos fizesse frente nessa questão era nosso inimigo.
Tchelkashe
Gavrilo continuava a rir, olhando estupidamente para o seu patrão. Aquele olhava-o também, pensativo e lúcido. Via à sua frente um homem cuja vida estava nas suas patas de lobo. Tchelkashe sentia que podia controlá-lo a seu gosto. Podia rasgá-lo em pedaços, como uma carta de jogar, ou podia ajudá-lo a fazer-se um homem sério.
sábado, novembro 16, 2013
O Triunfo do Barroco
Daqui a 2 horas na Casa da Música.
Programa:
ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICARinaldo Alessandrini direcção musical
Roberta Invernizzi soprano
G.F. Handel Abertura e árias de Il Trionfo del Tempo e del Disinganno
Georg Muffat Chacconne Alessandro Stradella Sinfonia e ária de S. Giovanni Battista
Alessandro Scarlatti Sinfonia e ária de Colpa, Pentimento e Grazia; Cantata "Su le sponde del Tebro"
Arcangelo Corelli Concerto Grosso em Ré maior, op.6 nº 4
sexta-feira, novembro 15, 2013
Há aranhas gigantes em Lisboa!!!
Não me lembro nunca de ter visto uma publicidade tão fantástica como esta para promover banda desenhada.
Os meus parabéns ao Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa. Esta vídeo que rapidamente se tornou viral foi uma jogada de mestre na promoção do último livro da trilogia "Dog Mendonça e Pizzaboy" que tem o subtítulo "Requiem".
O livro já se encontra dispinível nas livrarias.
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As Crónicas de Gelo e Fogo: A Feast For Crows
Jaime, sweetling, I have known you since you were a babe at Joanna's breast. You smile like Gerion and fight like Tyg and there's some of Kevan in you, else you would not wear that cloak...but Tyrion is Tywin's son, not you. I said so once to your father's face, and he would not speak to me for half a year.
Genna Lannister
Após ter terminado "A Storm of Swords" George R. R. Martin começou a trabalhar no volume seguinte, o 4º. Se há algo que é bem notório neste universo é a dedicação e tempo despendido na criação deste mundo e na caracterização das suas personagens. Mesmo em personagens que surgem apenas num capítulo, a forma como são descritas denota atenção e cuidado.
O problema de ter um universo tão amplo é que nos podemos começar a perder dentro dele. Por perder entenda-se nas inúmeras possibilidades narrativas. É o que me parece que esteja a acontecer ao autor, uma vez que o 4º volume estava a transformar-se num testamento tão grande que Martin viu-se obrigado a dividi-lo em dois: este "Feast of Crows" e o mais recente "A Dance With Dragons". Em vez de cortar a história ao meio, o autor optou por separar as várias personagens a partir das quais os capítulos são contados. Por isso as histórias em ambos os livros decorrem na sua maioria ao mesmo tempo e há personagens cuja falta é sentida neste, como é o caso de Jon Snow, Tyrion Lannister e Daenerys Targaryen cuja aparição ficou guardada para o 5º Volume.
"A Feast of Crows" é um livro com um sabor a interlúdio. Depois dos grandes acontecimentos em "A Storm of Swords", este tem um sabor diferemte focando-se mais na caracterização de determinadas personagens do que no desenvolvimento do enredo. Apesar de este autor ser impiedoso no que toca às suas personagens, a paixão que nutre por elas é bem explícita, mas talvez seja isso mesmo que o acabe por levar a prolongar-se demasiado na história de algumas. Gosto muito da Brienne, mas ao chegar ao final dos seus capítulos, não deixei de sentir um certo vazio, tanta coisa para tão pouco. O mesmo pode ser dito do Sam.
Como gosto destas personagens, não me incomoda lê-las, antes pelo contrário, mas se compararmos "A Feast of Crows" com os seus antecessores, este é um livro que fica claramente atrás deles. Independentepente da ordem de preferência dos três primeiros, este é o menos conseguido de Martin e depois da explosão que foi o 3º volume, isso ainda se nota mais. Mas há coisas fantásticas nele também e duas são os capítulos dos gémeos Lannister. Pela primeira vez conhecemos a história da perspectiva
de Cersei e isso foi um dos pontos mais positivos que este volume nos trouxe. Os seus capítulos são sempre terríficos e é um prazer vê-la tomar decisões que considera muito mais inteligentes do que realmente o são. Quanto a Jaime, já tinha surgido em "A Storm of Swords" e aqui continua a deslumbrar, mesmo quando acontece pouco na sua história, gosto muito de o ler. Neste seu regresso a King's Landing, qualquer ilusão que tinha de reatar a sua antiga relação com a irmã, vai-se desvanecendo com o tempo. Não porque ambos não se amem ainda, mas porque Jaime, mesmo que ainda não se tenha apercebido, regressou um homem diferente, daquele que nos foi apresentado no início.
Um aspecto diferente neste volume, foi também a opção de contar determinados enredos, não a partir de um, mas de várias personagens "ponto de vista", como foi o caso dos capítulos das ilhas de Ferro e de Dorne, uma boa oportunidade de conhecer melhor ambas as terras, em particular Dorne que ainda não tinha sido descrita. Outra característica relevante é que pela primeira vez Martin debruçou-se sobre os Septon's e a religião dos sete de forma mais profunda, dando-nos uma contextualização muito maior. Aliás houve também espaço para outras religiões como pudemos ver no percurso de Arya Stark, um precurso que soube a tão pouco, gosto muito desta personagem e gostava que tivéssemos tido mais sobre ela, é aguardar pelo próximo. Também continuamos a seguir a sua irmã desde os fantásticos acontecimentos de "A Storm of Swords". Algo que gosto muito nos seus capítulos é a presença de Littlefinger, ainda que curta, sempre de referência.
Como referi este é um livro mais focado nas personagens, uma espécie de interlúdio após o crescendo dos acontecimentos anteriores. Nesse sentido é mais contido, não conseguindo emocionar tanto como os anteriores, mas sem dúvida com algumas virtudes. Ainda assim temo que o autor perca demasiado tempo a desenvolver alguns enredos que acabam por acrescentar pouco a estas aventuras, ou que podiam ser narrados em muito menos páginas.
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quarta-feira, novembro 13, 2013
Contos de Fiódor Dostoievski
A Árvore de Natal e o Casamento
"A severidade clássica de cada linha do seu rosto transmitia uma significância e solenidade peculiares à sua própria beleza. Mas através daquele severidade e solenidade, através da tristeza, brilhava a inocência de uma criança. Havia algo inexpressivamente ingénuo, irriquieto e jovem nas suas feições, que, sem palavras, pareciam suplicar piedade."
Bobok - Extraído do diário de alguém
"Em minha opinião, o mais sábio de todos é aquele capaz de, nem que seja apenas uma vez por mês, autodenominar-se tolo - uma faculdade inédita hpje em dia. Antigamente, na pior das hipóteses, um tolo reconhecia que o era uma vez por ano, mas agora, nada disso. E eles baralharam tudo, tanto que não há como distinguir um tolo de um sábio. Eles fizeram-no de propósito."
segunda-feira, novembro 11, 2013
Pickpocket (1959)
Ao tomar conhecimento de que "Pickpocket" é um filme vagamente inspirado no livro "Crime e Castigo" de Dostoevsky, não hesitei e fui vê-lo imediatamente. Queria conhecer o cinema de Robert Bresson e dificilmente iria encontrar maior estímulo do que este. Já agora sei que devem existir uma série de adaptações cinematográficas do livro, mas nunca as vi.
Apesar da história do filme ser diferente - o livro de Dostoevsky mergulha mais fundo na psique humana - é fácil reconhecer sequências do livro que aqui ganham vida na personagem de Michel (Martin LaSalle).
No início do filme Michel é-nos apresentado como alguém que vive sérias dificuldades financeiras, como o quarto onde vive o bem exemplifica. Gosto particularmente do pormenor de ele nunca fechar a porta quando sai, afinal de contas não existe necessidade, nada há que ele tenha merecedor de ser roubado.
Tal como Raskolnikov (Crime e Castigo) é um crente no Niilismo, neste caso na liberdade de escolha por parte de determinados indíviduos mais dotados mentalmente, liberdade essa que pode ir além da autoridade. Como Michel crê pertencer a esta elite de pensadores, recusa os esforços do seu amigo em lhe arranjar um emprego e segue uma vida de carteirista, a qual vai aperfeiçoando ao longo do filme.
Sempre achei que ao adaptar uma história como esta teria de se recorrer à utilização de "voz off", neste caso, do pensamento do protagonista. De facto Bresson assim o faz, mas é de salientar que muitos dos sentimentos e ideias do filme são transmitidos fisicamente, por gestos, olhares e expressões. É notória a atenção na forma como as cenas nos são apresentadas e na postura dos actores ao longo do filme.
Esta é uma história de culpa e redenção, onde um não existe sem o outro, pois não fosse o trilho ardiloso percorrido por Michel e este talvez nunca encontrasse a paz, o amor. é um filme dotado de grande sensibilidade que me faz terminar o texto salientando que esta escolha se confirmou como uma excelente porta de entrada ao universo cinematográfico deste autor.
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domingo, novembro 10, 2013
Dragon Ball Z: Battle of Gods
"Dragon Ball Z" regressou este ano com mais um filme, trata-se do 18º desta série e o primeiro a ter estreia no cinema em 17 anos.
Uma das novidades que contribuiu para um maior interesse em torno do mesmo foi o regresso do criador Akira Toriyama a trabalhar neste universo.
Sobre o filme falei dele no "TVDependente", cliquem aqui para ler mais.
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sábado, novembro 09, 2013
Zona Gráfica Vol. 3 - Lançamento
segunda-feira, novembro 04, 2013
Dog Mendonça e Pizzaboy III - Book Tour
Com algum atraso aqui deixo o plano de actividades de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa em relação à apresentação do mais recente livro das aventuras de "Dog Mendonça e Pizzaboy".
sábado, novembro 02, 2013
Thor: The Dark World
Chegou às salas de cinema a sequela de "Thor". O primeiro filme, realizado por Kenneth Branagh, tinha a árdua tarefa de adaptar não só uma personagem da Marvel, mas todo um Universo. Thor é mais que um super-herói, é um deus da mitologia nórdica e ao trazê-lo para o cinema teria, automaticamente, de se trazer Asgard também - Branagh conseguiu-o. É um filme que por vezes soa apressado, mas, verdade seja dita, também seria complicado Thor ter a lição da sua vida em menos de hora e meia. Contudo, apesar das suas falhas, foi um introdução interessante, que tinha como ponto forte o elenco, em particular a escolha de Hiddleston para Loki, personagem que viria a ser aproveitada para a grande reunião em "The Avengers".
Agora chega-nos "Thor: The Dark World" desta vez realizado por Alan Taylor. Como qualquer sequela de um franchise comercial, "The Dark World" é maior e mais esplendoroso visualmente que o seu antecessor. Passamos mais tempo na maravilhosa Asgard e as sequências de acção são pautadas por uma maior injecção de efeitos especiais. Confesso que tenho curiosidade em saber o que Branagh alcançaria a
trabalhar com este material e orçamento, acredito que lhe poderia ter dado um toque mais autoral que contribuiria para destacar ainda mais o filme, mas isto é pura especulação.
A premissa é muito simples e linear, mas funcional, serve o propósito de colocar determinadas personagens em determinados lugares, algo que irá ter repercurssões no futuro. Agora temos sempre de pensar mais além nos filmes da Marvel, apesar de esta história ser fechada, tudo aqui são peças num tabuleiro a caminharem para outros eventos. Mas se uma premissa simples sobrevive bastante bem neste género de filme - ninguém espera de "Thor" grandes complexidades narrativas -, já a fraca caracterização dos Dark Elves não. Malekith parece ser uma personagem interessante, mas nunca temos um investimento emocional na mesma, os Dark Elves surgem para nos fazer regressar à escuridão e pronto acabou. Percebemos que são um inimigo perigoso, mas ao chegarmos ao final do filme a conclusão é que não passaram de personagens unidimensionais e este é claramente o calcanhar de Aquiles de "The Dark World".
Em contrapartida os diálogos e interacções entre as personagens são uma das, senão a maior, qualidade do filme. "The Dark World" sabe o tipo de filme que é e sabe divertir-se com isso. O seu argumento consegue alternar entre acção, tensão dramática e diálogos espirituosos - muito bem escritos - que para quem já conhece estas personagens ainda funcionam melhor. Existem sequências, em particular na Terra, que até parecem saídas de uma sitcom, como vermos Thor a pendurar o seu martelo num bengaleiro. Nesse sentido nota-se que estamos perante um filme que pretende ter muitos estilos, o que poderá nem sempre funcionar a seu favor, há momentos que mereciam mais atenção. No entanto, sente-se um claro prazer em brincar com este universo, estamos num mundo onde existem pessoas a voar com capas e não há vergonha nenhuma nisso.
Todo o elenco está de regresso, excepto Josh Dallas na pele de Fandral. Uma ausência que poderá ser devida ao seu papel em "Once Upon a Time", de qualquer das formas o seu subtituto é Zachary Levi, uma escolha tanto certeira como surpreendente. Chris Hemsworth continua a provar-se um deus do trovão à altura, ele tem a presença e o coração para a personagem. Desta vez Rene Russo tem um maior destaque - maior até do que Antony Hopkins -, é sempre um prazer rever esta actriz que tornou a sua personagem em uma das mais interessantes desta mitologia. eral todos os actores são bastante competentes - Idris Elba como Heimdall é sempre imponente - mas com tantas personagens o tempo de antena de muitas é sempre curto.
Apesar de achar que todo o elenco funciona bem, até Portman me parece melhor na sequela, vou ter de, mais uma vez, destacar o Loki de Tom Hiddleston. Sempre que esta personagem surge em cena, o ritmo do filme é outro, sendo sem dúvida aquele que sobressai mais em termos de representação. Hiddleston tem aqui uma grande personagem, não só possuidora dos melhores momentos, como também aquela que transparece melhor as suas emoções. Desta vez o vilão é outro, mas o que nós queremos ver é sempre mais de Loki. Ele já tinha sido o vilão no 1º, o vilão no "Avengers", poderíamos pensar que a sua ausência está para breve, mas se "The Dark World" provou alguma coisa é que esta personagem é essencial para este universo e a sua química com Hemsworth é realmente fantástica, Thor e Loki juntos é uma daquelas parcerias que não falha. Sempre acreditei que neste filme o final de Loki seria um e posso revelar que a escolha foi ainda melhor.
Quanto à premissa, como Odin diz no trailer, antes de tudo existia a escuridão... e sobreviveu. Os Dark Elves são criaturas provenientes dessa mesma escuridão, que planeiam destruir o Universo, fazendo-o retornar às trevas. Para isso acontecer precisam de esperar por o momento certo, ou seja, pela convergência, o momento em que a Terra, Asgard e todos os outros mundos se encontram alinhados. Só nessa altura Malekith poderá libertar a força destruidora que é o Aether (5º elemento?) cumprindo assim a sua missão.
No final quando temos a - sempre existente - batalha final entre protagonista e antagonista, achei interessante a forma como abordaram segmentos da luta aproveitando os locais onde as leis da física estão mais frágeis devido à convergência. Foi uma boa opção para tornar as coisas mais divertidas e aquela cena do Thor no metro é hilariante.
Concluindo "Thor: The Dark World" poderá estar abaixo de "Iron Man" e "The Avengers", porém, não deixa de ser uma das propostas mais competentes produzidas pela Marvel, uma que trará diversão assegurada aos fãs deste género e sim, o Hiddleston é mesmo metade do filme, só por ele já valia a pena ter ido ver. Em adição temos um cameo surpresa extremamente divertido e não, não é o do Stan Lee.
Li algures que muitos acham que o poder de Thor nos filmes não tem sido muito explorado, mas quem passa mais despercebido nos mesmos até é Odin. Este "deus" é um Sky-father, sem dúvida o mais poderoso em Asgard e aquele que abdicou de um olho em troca de sabedoria. Coloco deus entre aspas porque tal termo advém da adoração que se criou a estes seres em tempos passados na Terra. Na realidade os Asgarnianos são seres de um outro mundo, tecnicamente extraterrestres.
Quanto às cenas pós-créditos, existe ainda uma segunda por isso fiquem até ao fim. Infelizmente esta escapou-me desta vez, normalmente faço as pessoas esperarem, mas depois de ver a primeira não me esforcei por pensar que era a única. Nunca mais!!!
Em relação à primeira:
SPOILERS
É a prova de que a Marvel está seriamente investida numa longa continuidade destes filmes. Entram assim as "Infinity Gems", que serão certamente mencionadas em futuros filmes. Cá para mim isto tudo se encaminha para "Avengers 3" onde Thanos será, quase de certeza, o vilão. Mas até lá anda temos muito que esperar e muito para ver.
quinta-feira, outubro 31, 2013
The Mighty Thor Disassembled: Ragnarok
Já referi que não sou um grande conhecedor de "Thor" por isso não tenho muito por onde escolher. Como li algures que neste filme o herói irá seguir um caminho tortuoso em busca da salvação de todos, lembrei-me deste "Ragnarok".
Esta história decorre na altura de "Avengers Disassembled", um evento que foi destrutivo para a equipa de heróis culminando na sua ruptura. Durante este período os Avengers não puderam contar com a ajuda de Thor uma vez que o deus do trovão tinha em mãos o destino de Asgard. Chegou o tempo do Ragnarok, do fim dos tempos para os Asgarnianos. Se Thor quiser salvar o seu povo terá de mergulhar num duro percurso em busca de sabedoria, o mesmo que em tempos foi percorrido pelo seu pai. No início o Captain America e o Iron Man ainda fazem uma curta visita a Asgard para ajudar o companheiro, mas a luta não é deles e Thor envia-os de volta para a Terra.
Gostei da história por toda a mistura de lendas da mitologia nórdica com o estilo de aventuras da Marvel. Na altura que o li tinha escrito um texto sobre ele e até sobre outras histórias da saga "Disassembled", mas infelizmente perdi-os num acidente no blog.
"The Mighty Thor Disassembled" é de Michael Avon Oeming e Andrea DiVito.
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Thor, Captain America e The X-Men - TRAILERS
"Thor: -The Dark World" chega hoje às salas de Cinema.
Gostei do primeiro, é honesto e respeito muito isso. É um filme que sabe o que quer mostrar e não tem vergonha em o dizer. Além do mais esta é uma das personagens mais complicadas de adaptar, até por Asgard, mas o resultado, mesmo que não tenha sido memorável em termos cinematográficos, foi competente.
Nesta sequela o filme parece seguir no mesmo caminho, mas a um nível ainda maior. Kenneth Branagh sai da cadeira de realizador e entra Alan Taylor mais conhecido por realizar episódios de "Sopranos" e "Game of Thrones".Uma excelente notícia é que ainda vamos ter a participação do Loki. Quanto ao vilão será Christopher Eccleston, pois claro o 9th Doctor!
Pelas opiniões que se têm levantado na internet, parece que estamos perante um dos grandes filmes da Marvel. Mal posso esperar.
O primeiro Captain America não foi dos filmes mais amados, contudo tinha uma primeira metade fantástica, só perdendo algum fulgor posteriormente. O vilão icónico também ajudou.
Pelo trailer da sequela, acho muito possível que tal como "Thor" venha a superar o primeiro. Desta vez tiveram a excelente ideia de irem buscar inspiração à saga do "Winter Soldier" criada por Ed Brubaker. O trabalho deste autor tem sido amplamente elogiado e a sua saga do "Captain America" considerada uma das melhores dentro do género do super-herói na actualidade.
Apesar de "Iron Man" ter sido uma surpresa fantástica, tornando-se rapidamente um dos melhores filmes da Marvel, a verdade é que as sequelas não conseguiram voltar a captar esse brilho. Mesmo o terceiro, não sendo um mau filme (longe disso), não me conquistou. Por isso fico bastante entusiasmado tanto com a continuação deste como com a do Thor. Claro que prognósticos são uma coisa e o resultado final outra.
O facto de a editora Marvel estar ligada a estes projectos também traz alguma segurança.
Aqui Joe Johnston também é substituído por uma dupla de realizadores mais ligadas à TV, Anthony e Joe Russo, conhecidos por "Arrested Development" e "Community".
Agora vamos para a FOX (acho) mas continuamos dentro do universo bedéfilo da Marvel: "X-Men: Days of Future Past".
Claramente andam a aprender nas escolhas. "Days of Future Past" é uma das sagas mais icónicas da história destes mutantes. Singer regressa à cadeira de realizador o que me parece uma boa escolha, apesar de Matthew Vaughn ter feito um trabalho igualmente fantástico em "First Class".
Se Singer se tivesse mantido no 3º filme, muito possivelmente adaptaria a saga da "Dark Phoenix", infelizmente arruinaram-lhe isso. Esperemos que agora tenha a oportunidade de compensar com este novo filme. Já que a história envolve viagens no tempo pode ser que eliminem o "Last Stand" da cronologia, isso é que era bonito.
O trailer graças à música do "Sunshine" e ao portentoso elenco, emociona. Caramba o Xavier e o Magneto estão tão bem representados em ambas as gerações que é impossível não ficar impressionado.
Pelo trailer podemos ver finalmente o Bishop e outros novos mutantes que irão aparecer, entre eles: Blink, Warpath e sunspot.
A cronologia é que será uma aventura, uma vez que vão misturar o "First Class" com os anteriores.
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