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Após a saga "Requiem" que abordou de forma sublime a morte do herói, o Silver Surfer está de volta. O seu regresso vem reforçar a ideia de que tal como se suspeitava "Requiem" é muito provavelmente uma estória que se desenrola fora da continuidade da
Marvel, há semelhança de um "The Dark Knight Returns" da
DC Comics, ou apenas mais um título "The End". Este último consiste em estórias publicadas pela
Marvel que abordam possíveis mortes de alguns dos seus personagens .
Portanto antes de "Requiem" a última vez que tínhamos ouvido falar neste herói ele era novamente
Herald de Galactus, cargo que aceitou devido aos acontecimentos que ocorreram durante a saga "Annihilation". Apesar de o próprio Galactus ter partilhado que o Surfer o iria trair novamente, não temos qualquer conhecimento desse acto, pois em "In Thy Name" o Surfer encontra-se "livre", o que nos leva a especular se esta estória se passa no presente ou no passado. Mas duvido que isto tenha sido uma preocupação da editora uma vez que como Simon Spurrier, o escritor desta estória, já afirmou a
Marvel apenas queria ter uma série do Silver Surfer na mesma altura em que o DVD do
Fantastic Four 2 estivesse à venda.
A estória tem início com o Silver Surfer a meditar algures no Universo sobre a vida, como surge, como é maravilhosa e como ele se encontra numa posição de a valorizar, mas também como por vezes é impossível não a odiar. É durante este monólogo que o herói é atacado por uma nave de
OrganPirates, piratas espaciais que traficam órgãos, campos de bioenergia, tudo que possa ser usado para curar àqueles que pagarem melhor.
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Durante este encontro o Surfer é ajudado por Ruqtar Koil um membro da
Ama Collective que consiste em uma federação de planetas que se desenvolveu em uma sociedade Utópica. Sendo um pacifista por natureza, e porque as utopias são poucas Norrin Radd (Silver Surfer) decide conhecer esta
Ama Collective, até porque esta ideia lhe traz recordações do seu planeta Natal Zenn-La, também ele um mundo utópico onde todos viviam em paz até à chegada do "Devorador de Mundos", Galactus.
O Surfer desloca-se até à capital
Ama-Prime para conhecer a sua Imperadora e o mundo pacífico que lhe prometeram. Aqui ele não encontra classes divididas, horror, nem ódio, é como tenho vindo a dizer utópico. Mas com o tempo começa a descobrir que nem tudo é tão pacífico como aparenta, nomeadamente
Brekknis um planeta industrial, pobre e muito menos desenvolvido que a capital de
Ama.Brekknis encontra-se no momento a ser atacada por um monstro espectral e a Imperadora pede a ajuda do Surfer.
Os
Brekks são um povo religioso e quando testemunham a sua salvação às mãos do Silver Surfer, julgam que o seu Salvador, o seu Messias está de regresso para os guiar e salvar.
O Surfer recusa tal título e decide abandonar a confederação, mas é impedido pelo mesmo grupo de
OrganPirates que o tinham previamente atacado. Já desconfiado que algo não está certo e de que esta sociedade se comporta aos seus olhos cada vez menos de uma forma utópica, decide descobrir o que se está verdadeiramente a passar acabando por se envolver numa complicada trama que tem por objectivo iniciar uma guerra entre os dois povos de
Ama-Prime e
Brekknis. Mas nem tudo é o que aparenta ser e há medida que vamos descobrindo mais sobre a estória de ambos os povos nos questionamos quem serão afinal os bons e os maus? E se essa divisão poderá ser assim tão simples.
Assim e até ao final da estória o Surfer tentará por todos os meios e a todo o custo que ambos os povos vivam pacificamente
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Esta estória de Spurrier é bastante interessante, no entanto um Ser como o Silver Surfer já deveria saber que a paz nunca poderá ser atingida através do medo e da força e aqui acho que o escritor poderá ter falhado no que toca à personalidade do herói. Estamos a falar de alguém que já viveu e assistiu a muita coisa, jamais imaginaria um filósofo como é o Silver Surfer a sugerir que se o medo é capaz de parar guerras, então essa será a sua missão no Universo, pois ele já devia saber que o medo até pode parar guerras, mas nunca trará paz aos seus povos.
Mas como disse acima, esta estória poderá decorrer no passado e por isso podemos ter aqui um Silver Surfer inexperiente e esta ser apenas mais uma estória onde ele aprende uma lição valiosa.
A arte está a cargo de Tan Eng Huat que tinha chamado a atenção há uns anos atrás pelo seu trabalho em Doom Patrol. Agora com um estilo bem diferente desses tempos e aliado às cores de Jose Villarrubia, traz-nos um desenho bastante interessante com algumas imagens de uma enorme beleza.