sexta-feira, dezembro 27, 2013

THE SMITHS I THE QUEEN IS DEAD - by Walter Benjamin & Friends

Hoje no Lux não percam o concerto de Walter Benjamin & Friends que juntos vão tocar o mítico álbum dos The Smiths: "The Queen is Dead".

O concerto começa às 23h e custa 10€.

Mais informações aqui.

terça-feira, dezembro 24, 2013

Conto de Natal


Como é costume, coloco todos os anos por esta altura um post a desejar-vos a todos um Feliz Natal. Desta vez queria acrescentar também um conto de Natal que escrevi para concorrer a uma antologia que o Rui Alex me deu a conhecer. A antologia em questão é a "Fénix" (a imagem é da capa) que neste seu terceiro número procurava contos de fantasia, ou ficção científica ou horror, com o tema do Natal. Os contos não podiam exceder as 650 palavras (com alguma margem).


O conto foi aceite e a antologia encontra-se disponível gratuitamente aqui. Para bem e para o mal deixo em seguida o meu conto. Mesmo que não gostem a intenção de o colocar para vos desejar Feliz Natal é boa.



NOITE DE SONHO


A noite prosseguia fria mas acolhedora. A lua exibia-se cheia e abraçava todos os seus caminhantes, como se estivesse a desejar-lhes a tal noite feliz que se espera numa véspera de Natal. A maioria apressava-se para chegar a casa e festejar a consoada em família, mas alguns apenas caminhavam para quebrar o gelo que se apoderava dos seus corpos, com receio de adormecerem nas ruas uma última vez. Muitos dirão que para eles este é um dia como todos os outros, mas muitos estarão enganados.

Por entre a multidão caminhante, havia apenas uma figura que se encontrava imóvel, ou melhor, imutável. A sua presença não era notada e nem o vento glacial era capaz de lhe arrancar um suspiro ou tremor, por mais pequeno que fosse. Silencioso mantinha o seu olhar fixo numa janela. Sorrateiramente uma voz surgiu-lhe nas costas.

— Desconhecia que eras um entusiasta das épocas festivas.

O vigilante moveu-se, não por curiosidade, mas por cortesia. Não existe face que lhe seja desconhecida, neste ou noutro mundo qualquer. Quem se aproximava na sua forma de criança, irrequieta e falsamente cândida, era o espírito dos sonhos.

— Boa noite Sonho. Por aqui tão cedo? Esta noite todos se deitam mais tarde.

— Há sempre alguém no meu mundo e os passeios nocturnos daquele que tudo sabe intrigam-me sempre. A que devemos a honra, Destino?

Enquanto respondia, Sonho deixava-se perder no olhar do seu conhecido. Destino não possui olhos, mas antes vários universos dentro de si. Ao abrir as pálpebras, a luz das estrelas e do cosmos, emanavam com um poder tal que, se ficássemos muito tempo a olhar para eles, poderíamos ir a qualquer lado. Sonho adorava a sensação.

— Conhecer e viver são duas coisas diferentes, tu que mexes com a fantasia devias saber a distinção — respondeu-lhe Destino voltando novamente a sua atenção para a janela que observava. — Estás a ver esta casa à nossa frente? Está quase a acontecer.

Sonho virou a sua atenção para a mesma janela, onde, sentada, uma mãe conversava seriamente com o seu filho.

— Está a contar-lhe que o Pai Natal não existe — disse Destino com um olhar brilhante.— Presta atenção, o seu olhar está a ficar cristalino, a sua face vermelha, mas não chora. Está zangado não porque lhe mentiram, mas porque neste momento se apercebeu que não há mais nada no mundo, não existe magia, não há o impossível — aproximou a sua face da de Sonho, envolvendo-o quase por completo. — Por vezes gosto de sair e ver a chama nos seus olhares apagar, porque são estes pequenos momentos que os aproximam de mim e do caminho que vão seguir.

Sonho ouvia sossegado, a sua face era serena e imperturbada, ele conhecia a entidade com quem conversava e sabia que ela não tinha qualquer poder sobre ele. A criança sentava-se agora sozinha a olhar para a janela e enquanto a sua mãe abandonava a sala, também Destino abandonou Sonho, sem uma despedida, ou uma nota final.

Enquanto caminhava em direcção à janela, Sonho ouviu uma nova voz familiar, gritando pelo seu nome ao longe. Era o espírito da floresta que saltava e rodopiava na sua direcção.

— Alguma ocasião especial para te encontrar pela cidade? — questionou-o Sonho.

— Ouvi que ia nevar hoje — disse alegremente enquanto despenteava, com as mãos castanhas, o seu farto cabelo verde — Não é todos os dias que neva em Lisboa.

Não, não é todos os dias, mas acontece. Pensou Sonho sorrindo.

— Então e tu, a trabalhar?

— Ainda não — respondeu-lhe Sonho encostando a mão na janela. — Por vezes gosto de vir aqui ver a chama no olhar dos deuses iluminar-se, é nesse momento que eles acreditam que tudo sabem, que tudo controlam, não imaginando que um dia vão estar enganados, porque eu vou estar sempre aqui.

A criança do outro lado espreitava para fora. Não podia vê-lo - ainda estava acordada - mas por alguma razão encostou a palma da sua mão onde Sonho tinha a dele. Começou a nevar.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

The Dying Draughtsman / O Desenhador Defunto


Não queria deixar terminar o ano sem falar de "The Dying Draughtsman / O Desenhador Defunto" de Francisco Sousa Lobo editado recentemente pela "Chili Com Carne".

É uma obra que explora conceitos e linguagens, que arrisca e nos intriga. Numa altura em que balanços povoam todo o lado, queria destacar aquela que me parece ser uma das edições de BD em Portugal mais interessantes do ano.

Para conhecerem mais sobre este livro podem ler aqui o que escrevi na "Rua de Baixo".

domingo, dezembro 22, 2013

TCN Blog Awards 2013 - Melhor Artigo de TV


Ontem nos TCN venci a claquete para o melhor artigo de TV com o meu texto sobre os 25 melhores momentos em "Dragon Ball Z" escrito para o o TVDependente.

Não quero deixar de agradecer ao TVDependente por me terem recebido tão bem e continuarem a aceitar estas minhas sugestões; ao Carlos Reis, ao José Soares e a toda a academia TCN, que está sempre pronta a receber feedback dos bloggers e que ninguém pode criticar que não se esforce para melhorar todos os anos. Por fim a todos vocês que me lêem. Sem leitores não há blogs.

Há também que dar os parabéns ao apresentador Manuel Reis e a todos envolvidos no espectáculo. Aproveito para salientar os outros nomeados e vencedores que provam que afinal a blogoesfera continua muito produtiva, pois há pessoas que ainda gostam de escrever e desenvolver ideias. Parabéns a todos.

Adorei e detestei o prémio memória, uma das novidades deste ano. Adorei porque a Cláudia do Wasted Blues foi inspiradora e detestei porque me senti velhote nestas andanças. Lembro-me perfeitamente do blog dela quando comecei a ter este cantinho.

Acho que era uma passagem obrigatória para todos os que gostavam de Cinema - num tempo em que o Carlos Reis ainda assinava Knoxville. Vale a pena espreitá-lo que continua activo (ainda mantenho o seu link por aqui).

Ah e antes que me esqueça, que privilégio ter sido a música do Doctor Who a tocar quando apresentaram este prémio. Uma daquelas coincidências maravilhosas.

Os vencedores podem ser consultados aqui.

Pronto é isto, para o ano há mais.

Obrigado.

quinta-feira, dezembro 19, 2013

O Vento nos Salgueiros


A primeira vez que tive contacto com o clássico de 1908, “O Vento nos Salgueiros”, de Kenneth Grahame, foi com uma série de animação que passou há uns bons anos na TV. Podem espreitar o genérico aqui, para recordarem. Lembro-me de muito pouco em torno da série, no que tocava à história, mas os bonecos, as personagens, essas ficaram gravadas para sempre.


 
Desde há uns tempos para cá que a paixão por este universo criado por Grahame se foi intensificando e hoje possuo na estante três livros deste clássico da literatura infantil. Tenho uma versão com ilustrações na língua original e outra em português (ver imagem acima) e ainda uma BD. A adaptação em BD é de Michel Plessix e encontra-se dividida em duas partes (com 4 livros cada). Na realidade ainda não tenho a colecção completa deste - falta-me a segunda parte -, mas aproveitei as férias na Bélgica para comprar o número 1 da primeira parte, que segundo sei está esgotadíssimo cá. Tenho ideia também que por cá só se publicaram os primeiro 4. Em relação aos desenhos de Plessix, são absolutamente maravilhosos. A forma como ele deu imagem às palavras de Grahame rende-nos imediatamente sem nos dar qualquer hipótese de resistir.


Quanto à edição da Tinta da China, as ilustrações que contém são de E. H. Shepard (também conhecido pelo seu trabalho em “Winnie-the-Pooh”) e datam de 1931. São desenhos dotados de uma grande sensibilidade, que enriquecem em muito esta, já por si, bonita edição. Tenho ideia que Grahame não queria ver o seu mundo ilustrado, mas o trabalho de Shepard, fê-lo dar o braço a torcer.


Esta é a história do perspicaz senhor Toupeira, do poeta Rato d’Água, do sapiente Texugo e do excêntrico Sapo. Quatro amigos que nos levarão a conhecer um mundo cheio de aventuras, magia e bons sentimentos. Não sei se livros como este e o “Livro da Selva” ainda são muito lidos às crianças - nem se alguma vez o foram -, mas deviam, sem dúvida que deviam.

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Doctor Who - Temporada 3



There's no such thing as an ordinary human.
The Doctor


SPOILERS

A recta final desta temporada foi tão emocionante que nem me estou a lembrar de como tudo começou. É preciso acalmar, respirar e cá vamos nós.

Depois de nos termos despedido de Rose, uma estranha mulher vestida de noiva surgiu inesperadamente na Tardis, seu nome: Donna Noble. Pensava que Noble iria ser a próxima Companion do Doctor, mas foi-o apenas durante o especial de Natal, é pena. Tudo à volta desta personagem foi uma surpresa, não só o seu aparecimento, como a sua própria personalidade. Esta não era a Companion que imaginaria (apesar do meu conhecímento mínimo ainda) a aliar-se com o Doctor e por isso é que funcionou tão bem. Gostei particularmente da sua atitude que não mostrou qualquer problema em dar dois pares de estalos ao Doctor, que por vezes bem precisa.

Depois de nos despedirmos dela, entra em cena Martha Jones, cuja actriz já tinha surgido na segunda temporada, mas a interpretar uma personagem diferente (dizem que uma prima). Jones já entra num registo mais próximo ao de uma Rose e a personagem sofre mais por isso. Ela é jovem, bonita (até agora é a Companion mais linda) e fascinada pelo Doctor, mas todos nós - incluído a própria série - ainda estamos de luto pela loira. Por isso é que acho que a opção de uma Companion como a Donna, nesta altura, teria sido mais proveitoso. Eu gostei da Martha, mas, infelizmente, nunca conseguiu sair da sombra de Rose. O que até faz sentido, ninguém queria que o Doctor se esquecesse dela assim tão rápido.

Após a primeira aventura destes dois, na Lua, o Doctor não aceita imediatamente Jones como sua Companion, oferecendo-lhe, pela ajuda, uma viagem na Tardis. Ûma viagem até ao passado para conhecer William Shakespeare, não foi mesmo nada mau, mas quem vê o passado, quer ver o futuro e com o tempo Jones torna-se oficialmente - com direito a chave e tudo - na sua fiel Companion, que muito lhe valeu nesta temporada.

No regresso do Doctor a "New Earth", as coisas estão muito diferentes desde a última vez que lá esteve com Rose. Aparentemente, devido a um vírus, aqueles que moravam à superfície morreram, com excepção da "The Face of Boe" e sua ajudante, que têm vindo a ajudar o resto dos sobreviventes. É, finalmente, neste episódio que Boe revela o seu famoso segredo ao "Doctor" e que consiste em: "You Are Not Alone". Apesar do Doctor desvalorizar isto, é impossível não pensar que existe a possibilidade de além dele termos outro Time Lord a vaguear pelo espaço e tempo. Outra curiosidade que surge no final da temporada é que "The Face of Boe" poderá ser um futuro Captain Jack Harkness, que desde que voltou à vida na primeira temporada, é imortal (parece que Rose fez mais do que queria).

Lembram-se do "The Cult of Skaro"? esse grupo secreto de Daleks safou-se no final da temporada anterior, tendo viajado no tempo e ido parar a  Manhattan em 1930. A fim de lutar pela sobrevivência da espécie, o líder dos Daleks decidiu assimilar DNA humano, tornando-se no primeiro Dalek Humano. Mas já tinhamos visto na primeira temporada o que o contacto com a nossa humanidade poderia fazer a estas criaturas sem sentimentos. De facto o Dalek Humano acaba por concluir que a via dos Daleks é errada e chega a dar a sua vida para defender isso. A possibilidade dos Daleks continuarem a sua existência assim era boa demais para ser verdade e, claro, não se pode perder um dos vilões icónicos. De qualquer das formas fica a sensação que se perdeu uma grande oportunidade aqui, a ideia é muito boa, mas o episódio nunca chega ao ponto certo, apesar de ser interessante o retrato do ambiente de uma América nos anos 30. Neste duplo episódio há que salientar a aparição do Spider-Man Andrew Garfield.

Depois de mais algumas aventuras - na Terra e no espaço - quando a série chega a "Human Nature" arranca com um fôlego que nunca mais perde. Neste episódio duplo (com "The Family of Blood"), o Doctor esconde-se na Terra, escondendo as suas memórias num relógio e alterando a sua fisionomia para a de um humano. Tudo isto para não enfrentar uma família de aliens que o procura para se alimentarem dele. Neste episódio temos o vislumbre de como o Doctor poderia levar uma vida humana, sendo um professor chamado John Smith que até encontra o amor. Quando a presença do Doctor é necessária, John Smith não quer abdicar desta vida que construiu, pois ao recuperar a sua memória, a pessoa que é hoje, morrerá. Adorei este confronto emocional de Smith, que acaba por dar a sua vida para salvar o mundo. No final, percebemos que o Doctor não se estava a esconder por receio, mas para poupar a família que o caçava. A ira de um Time Lord não é algo que facilmente se esquece.

Segue-se "Blink", que não é só o melhor episódio desta temporada, como um dos melhores da série. A criação dos sinistros "Weeping Angels" e a exploração das viagens no tempo neste episódio, foi nada menos do que épico. O Doctor poderá aparecer pouco, mas a sua presença fez-se bem sentir, a série tem uma atmosfera que é inconfundível. Quanto à protagonista é Sally Sparrow, interpretada por Carey Mullingan, que lidera muito bem uma das aventuras de maior suspense que a série nos trouxe. Este foi mesmo daqueles que mais me fascinou, arrisco-me a dizer que quem não gosta de "Blink" muito provavelmente nunca vai gostar de "Doctor Who".

Nos últimos três episódios, temos a season finale, que introduz um novo vilão. Depois dos Daleks e dos Cybermen, chegou a vez do "The Master" fazer a sua aparição. É aqui que vemos como tudo foi tão bem planeado ao longo da temporada, é que ainda antes de termos assistido à libertação do Master, já partes do seu plano começavam a decorrer no presente - é uma das vantagens de trabalhar com viagens no tempo. O Master é um Time Lord, que durante a grande guerra do tempo com os Daleks, escapou para um futuro longíquo, próximo do final do Universo (nenhum Time Lord tinha ido tão longe). Para escapar à morte escondeu-se aí recorrendo ao mesmo truque do Doctor, ou seja, guardando as suas memórias e transformando-se em humano. O seu nome é professor Yana que são as primeiras letras da profecia de Boe: You Are Not Alone. Em "Utopia" esta revelação foi qualquer coisa de fantástico. Ao Yada abrir o relógio assistimos assim ao regresso do Master, claramente um dos vilões mais perigosos do Doctor. Acho até agora esta foi a season finale mais terrífica, o Master preparou-se muito bem e a dada altura tudo parecia mesmo perdido. Na primeira temporada também, mas aconteceu tudo muito rápido, desta vez o tempo que o Master dominou na Terra foi muito maior e o seu plano ainda mais aterrador, mas se há coisa que esta aventura nos ensinou é que nunca devemos deixar de acreditar no Doctor. Claro que Davies mete o Doctor a vencer através de momentos Deux Ex-Machina, mas lá que ele consegue canalizar emoção nesses momentos, isso consegue.

Gostei muito de ver o Derek Jacobi como professor Yada e posteriormente como Master. Tenho pena que não tenha tido mais tempo de antena, pois a personagem recorreu rapidamente à arte da regeneração mudando de corpo para o actor John Simm, que também esteve excelente na pele deste insano Time Lord.

Outra excelente notícia, é que nestes três episódios finais tivemos o regresso do grande Captain Jack Harkness que actualmente se encontra a trabalhar em "Torchwood" uma equipa muito diferente daquela que o Doctor conheceu.

No final, mais uma despedida, a de Martha Jones. Ela compreende que o seu amor pelo Doctor não será correspondido e prefere dedicar-se a ela e à família, do que continuar a segui-lo na esperança de que, um dia, ele olhe para ela de forma diferente. Terminamos assim a terceira temporada, há semelhança da segunda, com um Doctor sozinho e a partir para novas aventuras. Antes de viajar ainda assistimos a um acidente, parece que o Titanic esbarrou com a Tardis, mas para saber mais só no especial de Natal e isso já é a 4º temporada.

Doze séries para o vosso Natal


No "TVDependente" sugerem-se 12 séries para o Natal. Não são sugestões que se prendem com a quadra natalícia, mas antes com o período em que as séries que seguimos regularmente entram de férias. Para preencher esse tempo, vários colaboradores deram os seus conselhos, limitando-se a séries curtas ou com apenas uma temporada (ainda). A lista pode ser vista aqui.

Aproveito para realçar a minha escolha, uma que já queria ter falado aqui há algum tempo. "No Heroics" é uma série inglesa que foi para mim uma das mais divertidas paródias ao género do super-herói. São apenas 6 episódios de 20 minutos, pois, infelizmente, a série viria a ser cancelada. Vale muito a pena ver (como acredito que valham as restantes 11).

terça-feira, dezembro 17, 2013

Calafrios! #002


A revista de BD portuguesa dedicada a histórias de terror publicadas nos E.U.A. na década de 1950, está de regresso com o seu segundo número.

Como novidades temos o envolvimento de André Azevedo (BD no Sotão) que apresenta os três contos da revista e a participação da desconhecida “Doc” Thor T. Ure que contribuiu com a a publicação de um conto.

Para mais informações consultem o blog "A Filactera" do criador deste projecto, Filipe Azeredo.

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Câmara de Lisboa quer diminuir número de bibliotecas municipais

Infelizmente parece que a Câmara de Lisboa tem planos para desagregar a Rede Municipal de Bibliotecas de Lisboa (BLX).

Existe um grupo de oito bibliotecas municipais (bedeteca incluída) que poderão passar a ser geridas pelas respectivas juntas de freguesia. O mais certo é que isto irá terminar com o funcionamento em rede das "BLX" que tem sido nada menos do que exemplar - é considerada uma das melhores do país. Poderá também resultar no encerramento de bibliotecas...

As razões do excelente funcionamento das "BLX" encontram-se expostas na seguinte petição, a qual procura combater contra esta futura medida. Quem estiver interessado pode consultar e assinar.

quarta-feira, dezembro 11, 2013

DON'T BLINK!!!



Don't blink.

Blink and you're dead.

Don't turn your back.

Don't look away.

And don't blink.

Good Luck. 

The Doctor

terça-feira, dezembro 10, 2013

The League - 5º Temporada


Chegou ao fim mais uma temporada de "The League". Uma que trouxe novos convidados, novos prémios (ou o mesmo mas com um nome diferente) e até um episódio completamente diferente, que poderia ser o lançamento de uma nova série. Mas não parece ser o caso e arrisco-me a dizer, ainda bem.

Mas não me vou alongar mais, uma vez que falei sobre todos os episódios detalhadamente no "TVDependente" aqui.

Este ano tentei fazer algo diferente, uma espécie de desafio para me estimular à medida que ia escrevendo sobre a série. Esse desafio consistia em que todos os textos que escrevi tivessem de conter algo diferente, por mais mínima que essa diferença fosse - tal como escrever a crítica com a ordem inversa, começando na conclusão e terminando na introdução.

Para o episódio final guardei esta ideia louca de o escrever em verso. Cumpri o que pretendia e para quem o viu, acho que poderá ter alguma graça.

Também achei que esta era uma série ideal para correr este tipo de riscos. Espero que me tenha safado.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Astronauta - Magnetar

 
As colecções "MSP 50" abriram as portas para todo um novo mundo da "Turma da Mônica". Para quem não conhece, este projecto tinha por objectivo comemorar os 50 anos de carreira de Maurício de Sousa, convidando uma série de autores brasileiros para criarem curtas com personagens do universo da "Turma da Mônica". O sucesso foi tanto que seguiram-se mais dois volumes. Só tenho o 1º - infelizmente a partilha entre nós e o Brasil não é tão grande como se esperaria - mas sobre esse posso dizer que foi uma ideia vencedora.

Aqui se viu que as potencialidades em abordagens mais maduras por autores convidados era boa demais para ser ignorada e imagino que por esta razão o projecto "Graphic MSP" tenha nascido. A abrir as hostes temos o Astronauta, a personagem mais solitária de Maurício de Sousa que vagueia pelo espaço em inúmeras aventuras.

Em "Magnetar" é Danilo Beyruth quem tem as honras de pegar nesta personagem e desenvolvê-la. Como não podia deixar de ser o primeiro foco do autor é precisamente na solidão desta personagem, experienciada aqui de uma forma como nunca antes vimos.

A narração gráfica é muito boa e a cor de Cris Peter combina muito bem com o traço de Beyruth. Vale a pena espreitar a todos aqueles que gostam de aventuras espaciais, mas irá sempre ter um gosto mais especial aos que vibraram, no passado, com as aventuras do Astronauta de Maurício de Sousa.


quinta-feira, dezembro 05, 2013

Ar Puro e Água Fresca


A Banda Desenhada, na maioria dos casos, utiliza uma mistura de linguagens: a palavra e o desenho. Mas para ser Banda Desenhada apenas o desenho é obrigatório na narração das histórias.

O autor Pero decidiu assim aventurar-se - pela primeira vez num projecto mais longo - a contar esta fábula sobre a natureza do Homem, recorrendo exclusivamente ao desenho. O seu traço e planeamento gráfico, conseguiram passar a sua mensagem na perfeição, apesar de recorrer a alguns facilitismos, como desenhos dentro dos balões para expressar certas acções.

O resultado final traz-nos um bonito trabalho de BD  - editado este ano pela "Polvo" - que nos faz ter curiosidade em conhecer o futuro deste autor.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

A Chili com Carne vai ao Portinho Bender o Corpinho


Este Sábado, 7 de Dezembro, a “Associação Chili com Carne” vai estar pela Invicta no café “Duas de Letra” das 16 às 24h a bender o corpo, que neste caso é o mesmo que dizer muitos livros e discos estrangeiros a metade do preço, entre outros quase esgotados. Em adição ainda vão existir novidades editoriais a preços especiais de lançamento e serigrafias a preços tão baixos como nunca antes vistos (10€).

Em relação às serigrafias, estas ficarão à venda até 4 de Janeiro de 2014 e tratam-se de um conjunto de imagens ligadas aos projectos “Bestiário Ilustríssimo”, “Futuro Primitivo” e “Love Hole”. Uma oportunidade a não perder.

Ainda não falei do "Love Hole" do Afonso Ferreira, mas posso adiantar que já li e é dos livros mais alucinados do ano. Uma trip psicadélica que vale muito a pena conhecer.

terça-feira, dezembro 03, 2013

A MORTE DE IVAN ILIITCH


Em poucas páginas Tolstói conta-nos a trágica e dolorosa história da morte de Ivan Iliitch, ou melhor, da vida de Ivan Iliitch, com especial incidência no desenvolvimento da sua doença que o conduziu àquilo que todos esperamos desde que pomos os olhos no título deste livro.

"A Morte de Ivan Iliitch" foi publicado em 1986 após "Anna Karenina" (1977) e "Guerra e Paz" (1869), numa fase em que o autor cada vez mais abdicava da sua interiorização em prol da sua exteriorização. Algo que provavelmente se deve à sua recente conversão religiosa que ocorre no final dos anos 70. Tolstói é um Homem de grande consciência e bondade, na fase em que este livro foi escrito, cada vez mais o autor abandonava o acto de escrita solitária e egoísta em prol do contacto com a sociedade e pela escrita de outros géneros de livros - segundo o posfácio de Vladimir Nabokov. O acto da escrita pode ser solitário e egoísta, mas o resultado de livros como "Guerra e Paz" é tudo menos isso e a sua  inspiração e legado perdurarão para a eternidade.

Nesta história nota-se um tom de fábula, algo intencional e ligado a este lado mais espiritual do autor. Ivan Illitch foi alguém que levou uma vida isolada e vazia de significado, acabando por ter na morte uma experiência mais agitada, consciente e, por consequência, sofredora. São vários os sentimentos e temas ao longo do livro, mas a resumi-lo, em uma frase, teria de ser algo similar a esta que escrevi, citando Nabokov: "Ivan viveu uma vida má e visto que uma vida má é apenas a morte da vida, este viveu uma morte viva". Até no final, Illicth aceita aquilo que vinha sempre a negar, a inocuidade da sua existência, haverá revelação pior do que esta ao nos aproximarmos do fim?

Independentemente da lição o retrato da personagem e seu posterior desenvolvimento são de uma mestria impressionante. O percurso de vida de Illitch e seus objectivos são apresentados em metade do livro, seguindo-se o surgimento da doença, algo que nunca sabemos especificamente do que se trata, bem como a sua causa. A forma como a sua (Iliitch) percepção da realidade vai mudando, bem como a relação que mantém com os outros, é descrita de forma magistral. Sem falar naquele sentimento de esperança, que por mais miserável que seja, nos obriga a agarrar-nos a ele. Acho que foi Dostoievski em "Crime e Castigo" que disse que um Homem mesmo que esteja a viver numa pequena ilha (que lhe segura apenas o corpo) se irá lá manter, agarrando-se sempre à oportunidade de viver (algo assim, não me lembro da frase ao certo). De facto, isto acontece a Illitch e quem de nós o pode censurar? Illitch, homem ligado ao direito, racional e que privilegia a lógica, chega a questionar a própria fé em determinados momentos. Porque mal não faz e se houver uma esperança de vida...

A morte sempre atormentou e continua a atormentar a humanidade. O vazio de uma existência, o derradeiro final é um tema que me faz sofrer a mim e a muitos por antecipação. Se existe razão para a criação de credos e religiões, passa muito pela justificação desse desconhecido que tanto nos assusta. A vida para aqueles que têm algo mais a que se agarrar poderá ser mais reconfortante nestes instantes, pois para aqueles que não acreditam em nada mais, estas questões são ainda mais sufocantes. Apesar de não me identificar com o protagonista e sua forma de vida (tanto profissional, como social e familiar), o seguir o seu desenvolvimento foi extremamente doloroso e arrepiante. Há momentos na vida que se sobrepõem a personalidades e gostos. A morte e questões existencialistas, são exemplos disso. Aqui não é só Illitch que se questiona sobre o propósito da existência, mas o autor também.

O primeiro capítulo que nos apresenta a história é o único que decorre após a morte de Illitch, uma decisão interessante e, penso que na altura, diferente. O título não deixa margens para dúvidas, não há surpresas a estragar. Nesta abordagem o autor apresenta-nos o protagonista a partir dos seus amigos e mulher, mas mais do que isso, a forma como a morte dos outros nos a afecta a nós, em diferentes estágios. Também o relato do velório e do que se passa dentro de nós nestes momentos é mais um excelente retrato da sociedade. Sejamos russos ou portugueses, há aspectos que são humanos, independentemente da nação. E Tolstói é um dos grandes mestres cronistas dos tempos e da sociedade.

De salientar ainda o posfácio de Vladimir Nabokov que fui mencionado ao longo do texto. Nabokov era um conhecido apaixonado pela escrita de Tolstói, principalmente deste e de "Anna Karenina". Um bom suplemento para ler após concluída a viagem de Ivan Illitch.

Para quem não tem este suplemento vou escrever o que foi referido pelo autor de "Lolita" sobre a escolha do nome do protagonista:

- Em russo Ivan é John, que em hebraico significa "Deus é bom, é gracioso". Illiitch por sua vez é filho de Ilya, a versão russa do nome Elias que em hebraico é Jeová (Deus).

- Ilya é um nome comum em russo que se pronúncia com uma sonoridade muito parecida ao il y a francês.

- Por fim, em inglês se separarmos o apelido temos Ill (doente) + Iitch (comichão), os males e as comichões  da vida mortal.


Concluindo: obra-prima.

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Mouse Guard - The Black Axe


Chegou a altura de regressar ao universo criado por David Petersen neste terceiro volume de "Mouse Guard". Após "Fall" e "Winter", Petersen trouxe-nos uma prequela, onde se conta a história do famoso Black Axe.

A presença desta personagem, o rato que usa o nome Black Axe, fez-se logo sentir na sua primeira aparição e por isso o surgimento de uma história como estas é tudo menos uma surpresa.

Petersen continua a dotar este mundo de uma grande beleza e sensibilidade. As relações entre estes ratos e outros animais, são tão humanas e tão inspiradoras. Vale a pena espreitar.